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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

Print version ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.34 no.86 São Paulo  2014

 

História da Psicologia

 

 

Pedro de Alcântara Marcondes Machado, Haim Grünspun, César Ades e a defesa da Vida: discurso de posse na Academia Paulista de Psicologia

 

Pedro Alcántara Marcondes Machado, HaimGrünspun, César Ades and the defense of Life: taking office speech at the Sao Paulo Academy of Psychology

 

Pedro Alcántara Marcondes Machado, HaimGrünspun, César Ades y la defensa a la Vida: Discurso de posesión en la Academia Paulista de Psicología

 

 

Dóris Lieth Peçanha1

Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos e Programa de Pós-graduação (EESC – USP)

 

 


RESUMO

Este artigo apresenta o discurso de posse da Profa. Dra. Doris Lieth Nunes Peçanha na Academia Paulista de Psicologia, ocupando a cadeira no. 19, deixada por seu antecessor, Prof. Dr. Cesar Ades. No texto a autora expõe sua saudação, agradecimentos e homenageia o Patrono da Cadeira, Pedro de Alcântara Marcondes Machado, e os acadêmicos Haim Grünspun e César Ades, destacando a defesa da vida constante nas suas obras, valor com o qual se identifica. Refletindo sobre a Psicologia, refere que esta se projeta ao se acolher e reverenciar, no agora, as lições do passado, generosamente deixadas pelos antecessores. A Acadêmica discorre sobre seu posicionamento face à ciência psicológica e à Academia Paulista de Psicologia. Diz acreditar no futuro interdisciplinar da psicologia, transcendendo dicotomias estreitas que dividem e separam sujeitos, saberes e poderes. Defende uma psicologia crítica que, independentemente da área de atuação ou de produção de conhecimento, seja "libertadora". Finalmente, após tratar da questão de paradigmas, em ciência, ressalta a importância de um genuíno "pensar" que implica em uma revolução nas estruturas do pensamento.

Palavras-chave: Academia; César Ades; pensamento complexo; estética.


ABSTRACT

This article presents the taking office speech of Prof. Dr. Doris Lieth Nunes Peçanha at the Sao Paulo Academy of Psychology, occupying the Chair #19, left by her predecessor, Prof. Dr. Cesar Ades. In the text the author exposes her greetings, thanks, and honors the Patron of the Chair, Pedro de Alcântara Marcondes Machado, and the academics Haim Grünspun and César Ades, highlighting the constant defense of life in their works, the value with which they identify. Reflecting on Psychology, she states that it is projected by welcoming and reverencing, in the present, the lessons of the past, generously left by the predecessors. The Academic discusses its position in relation to the psychological science and the Sao Paulo Academy of Psychology. She says she believes in the interdisciplinary future of Psychology, transcending narrow dichotomies that divide and separate subjects, knowledge and powers. She advocates a critical Psychology that, whatever the field of expertise or knowledge production, is "liberating". Finally, after addressing the issue of paradigms in science, she emphasizes the importance of a genuine "thinking" which implies a revolution in the structures of thought.

Keywords: Academy; César Ades; complex thought; aesthetics.


RESUMEN

Este artículo presenta el discurso de investidura de la Profesora Dra. Doris Lieth Nunes Peçanha como miembro de la Academia Paulista de Psicología, ocupando la silla 19, la cual perteneció al Prof. Dr. Cesar Ades, en ultimo lugar, en el texto la autora saluda, agradece y rinde homenaje al Patrón de la Silla Nº 19, Pedro de Alcántara Marcondes Machado y a sus antecesores: HaimGrünspun y César Ades, destacando la constante defensa de la vida, en sus obras de cada uno, valor con el cual se identifica. Reflexionando sobre la psicología, afirma que esta se proyecta al acoger y reverenciar en el ahora los aprendizajes del pasado, generosamente dejada por los predecesores. La Académica expone su posición de cara a la ciencia psicológica y la Academia Paulista de Psicología. Comenta que cree en el futuro de una psicología interdisciplinaria, que trascienda las dicotomías estrechas que se dividen y separan personas, saberes y poderes. Aboga por una psicología independientemente del área de actuación o de producción del conocimiento, sea "libertadora". Finalmente, después de abordar la cuestión de los paradigmas de la ciencia, enfatiza la importancia de un "pensamiento " genuino que implica una revolución en las estructuras del pensamiento.

Palabras-clave: Academia; pensamiento complejo; estética.


 

 

Saudação

Dra. Neusa Helena Menezes – Digníssima Superintendente de Assuntos Institucionais e de Recursos Humanos; Ilmo. Professor Dr. Arrigo Leonardo Angelini - Digníssimo Presidente da Academia Paulista de Psicologia; Professora Dra. Aidyl Macedo de Queiroz Pérez – Ramos – Digníssima Secretária Geral da Academia Paulista de Psicologia; Professor Waldecy Alberto Miranda – Digníssimo Diretor de Eventos e Tesoureiro da Academia Paulista de Psicologia; Membros desta Entidade; Ilustres Autoridades Presentes; Senhoras e Senhores;

 

Acolhimento

Excelentíssimo Senhor Presidente da Academia Paulista de Psicologia, Prof. Dr. Arrigo Leonardo Angelini, imensa honra ser recebida pelo Senhor. Permita-me, desde já vivificar a história nesta Academia, o Dr Angelini foi o primeiro psicólogo em São Paulo, com registro de número hum no Conselho Regional de Psicologia que ajudou a fundar, juntamente com o Prof. Waldecy Alberto Miranda, presente nesta mesa Diretora. Ilustríssima Secretária desta Academia, Prof. Dra. Aidyl Macedo de Queiroz Pérez-Ramos, primeira psicóloga em Pediatria Hospitalar no Brasil, gratidão por todos os ensinamentos, apoio e amizade. Ilustríssimos acadêmicos e membros da Diretoria da Academia Paulista de Psicologia, aqui presentes: Professores Drs. Elsa Lima Gonçalves Antunha, neurocientista, a quem agradeço, sensibilizada, o privilégio de ser apresentada neste Sodalício e desfrutar de sua amizade e grande erudição; Prof. Waldecy Alberto Miranda, Diretor de Eventos, a quem devemos o brilho de nossas festividades e muito da organização da Psicologia, no Brasil, enquanto profissão; queridos Norberto Abreu e Silva Neto, Edda Bomtempo e Yolanda C. Forghieri. Saúdo o Dr. Luiz Gonzaga Bertelli, presidente executivo desta Casa que nos acolhe, representado pela Dra. Neusa Helena Menezes, Superintendente de Assuntos Institucionais e de Recursos Humanos do CIEE, meus cumprimentos.

Caríssimos membros desta Entidade, ilustres Autoridades; Senhoras e Senhores; Querida Profª. Dra. Maria Júlia Kovács, colega da Sociedade Brasileira de Psicooncologia onde tive o prazer de apreciar suas elevadas qualidades humanas e profissionais, é uma grande alegria tê-la também como companheira de Posse. Será acaso ou sincronia, a Profa. Júlia ser Coordenadora do Laboratóriode Estudos sobre a Morte (no IP-USP) e eu, Coordenadora do Laboratório VIDA – Vivência Intrapsíquica e Desenvolvimento Ambiento-organizacional (no DPsi- UFSCar)? Acredito que tal fato é promissor, pois genuínas são as mudanças que ocorrem quando se integra essa duas faces que, em seu todo maior, constitui o que chamo de "a Grande Vida", agradecendo o presente momento. Gratidão aos antepassados, antecessores nesta Cadeira e mestres na pessoa da Dra. Aidyl Macedo de Queiroz Pérez Ramos. Tive o privilégio de estudar nas melhores instituições nacionais e internacionais e com renomados autores e encontrei na Dra. Aidyl um exemplo da compreensão clínica que, efetivamente, nasce na prática. Ou seja, uma clínica despida de rótulos, que não se utiliza de teorias como anteparo, mas, sim, que à luz de conhecimentos prévios ou de forma inteiramente nova apreende o sentido de uma conduta de forma contextualizada e no processo transacional de avaliação-intervenção. Imenso é o prazer de acompanhá-la, ao longo de décadas, na compreensão psicodinâmica e sistêmica, de apreciar e aprender com o caráter estético e científico de suas comunicações. Agradeço à minha família, em primeiro lugar, aos meus genitores, fonte de amor, vida e respeito por tudo e todos! A meu pai, Antônio da Porciúncula Peçanha (in memorium), que qualifico com os adjetivos: doação, equilíbrio, paz. A minha mãe, Horfila Nunes Peçanha, aqui presente, pelo cuidado, inspiração e coragem. Ao meu irmão Sérgio Hamilton, pelo apoio, amizade e sabedoria. Aos meus filhos, Munir e Cássio Peçanha Rockenbach, engenheiros de produção, que desde tenra infância compreenderam e cuidaram para que eu pudesse realizar esta parte de minha missão que é o trabalho clínico e intelectual. Gratidão às amigas, amigos e colegas pelo apoio nos mais diversos momentos desta minha trajetória humana; aos colegas que também postularam este lugar na dança das cadeiras; a todos que trazem luz a esta cerimônia, especialmente aos familiares dos antecessores, muito obrigada! Aceito esta honra por acreditar que agrada ao meu antecessor, César Ades; porque me sinto comprometida com a vivência e difusão do legado de amor à Vida que considero a marca deste lugar de número 19; como também a busca da verdade - valor desta Academia, com coragem e alegria; e o respeito à Vida no ser Criança e em toda sua diversidade de formas e expressões.

 

2. Notas biográficas e homenagem ao Patrono Pedro de Alcântara Marcondes Machado (★ 01.05.1901 - †18.05.1979)

Médico de grandioso legado para a medicina e psicologia brasileira, iniciou sua trajetória profissional ao se formar na Universidade de São Paulo, em 1924, apresentando a Tese "Ensaio de moral sexual". Como livre-docente, defendeu outra Tese "Contribuição para o estudo da proteção da criança contra os agravos psíquicos". Foi um dos fundadores da Escola Paulista de Medicina, em 1933, e pertenceu ao Conselho Técnico e Administrativo dessa instituição durante 10 anos. Criou a Cátedra de Higiene da Primeira Infância na Faculdade de Higiene Pública em 1945. Foi Catedrático de duas Escolas Médicas e uma de Saúde Pública. Lecionou em ambas instituições por mais de 20 anos, formando muitas gerações de pediatras. Merece destaque a memorável Seção de Higiene Mental na Clínica Pediátrica, pois, graças à sensibilidade humana do Dr. Pedro ali nasceu o trabalho hospitalar pediátrico no Brasil. A psicóloga então contratada, nos anos de 1950, foi a Acadêmica, Dra. Aidyl Macedo de Queiroz Pérez-Ramos que atuou numa equipe interprofissional de atendimento à criança. Nessa época a denominação técnica para a função era "psicologista". Tenho o privilégio de ouvir muitos relatos sobre essa época inicial da Psicologia no Brasil e sobre este Patrono feitos, com admiração e entusiasmo, pela querida Dra Aidyl. Ela sempre destaca, no Dr. Pedro, qualidades como: sensibilidade, alegria e bom humor, acompanhados da importantíssima habilidade de despertar sorrisos em seus interlocutores. A referida Seção, fundada pelo Dr. Pedro em 1956, originou o hoje renomado Instituto da Criança no Hospital de Clínicas de São Paulo. Saliento que Pedro de Alcântara Marcondes Machado foi patrono em duas Academias: de Pediatria e de Psicologia, sugerindo, nas palavras de nosso antecessor, César Ades, o "quanto pode ser frutífera a convergência entre campos do saber" (Ades, 2008, p. 181)". Por fim, ao pensar em nosso Patrono e neste saudoso Antecessor, lembro a importância da estética para a ciência, promissor caminho a ser trilhado no futuro da Psicologia. Assim, de grande magnitude é o fato de que o Dr. Pedro de Alcântara, além da medicina, dedicou sua atenção às artes, em especial, à pintura. Pertenceu ao Conselho Administrativo do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e pronunciou muitas conferências em eventos ligados à arte.

 

3. Notas biográficas e homenagem a Haim Grünspun (★ 16.08.1927 – †14.10.2006)

Haim Grünspun, romeno e judeu, filho de Hers Grünspum e Livsa Grünspum, chegou a São Paulo, juntamente com seus pais, em 1932, e naturalizou-se brasileiro em 1950. Formou-se médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 1952. Casado, teve três filhos, o médico Henrique, a psicanalista Suzana Grünspun e outra criança, falecida (Assumpção, 2007). Em 1953, concursado, assumiu o cargo de Psiquiatra no antigo IAPC (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários). Criou o curso de Psicoterapia Lúdica no Instituto Sedes Sapientiae; posteriormente, implementou o atendimento na Clínica Psicológica dessa instituição, sendo nomeado Diretor Clínico, cargo que exerceu de 1955 a 1975. O Dr. Grünspun foi professor de psicopatologia infantil. Ao ser criado o curso de Psicologia na PUC/SP, foi convidado a exercer a docência em Psicoterapia Infantil. Juntamente com outros professores, encarregou-se da Cadeira de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da PUC/SP. Formou-se em Direito, em 1970, e, agregando conhecimentos diversos e afins, passou a participar de julgamentos de separação de casais, sendo indicado por diversos juízes. Sua experiência em mediação familiar foi compartilhada por meio de cursos, palestras e livros sobre o tema.

O homenageado escreveu mais de 50 artigos em revistas nacionais e internacionais, além de uma variedade de livros nos quais registrou suas contribuições, muitas vezes inéditas, nas áreas de Psicologia, Psiquiatria, Educação e Direito. Publicado em 1961, a conhecida obra "Distúrbios psiquiátricos na criança", apresenta precioso material para a formação de profissionais vinculados à saúde mental da infância e da adolescência, tema pouco divulgado naquela época. Já em 1966, no livro "Distúrbios neuróticos e distúrbios psicossomáticos", levava a público o valor do atendimento multidisciplinar à criança, numa período em que pouco se falava da importância de uma equipe interprofissional no diagnóstico e tratamento infantil. Na segunda edição da publicação "Distúrbios neuróticos da criança", sistematizou o diagnóstico e possibilidades terapêuticas de problemas psicomotores, e criou, também no Sedes Sapientiae, um curso de especialização em psicomotricidade. Na quinta edição dessa obra, o subtítulo Psicopatologia e Psicodinâmica, atualizado em seu conteúdo, foi por ele disponibilizado na internet, evidenciando seu espírito inovador, ávido por novas possibilidades de difundir conhecimentos. Nessa linha de conjugar publicações à docência universitária, com a mente voltada para a formação de especialistas, redigiu outros livros e artigos, como: Crianças e adolescentes com transtornos psicológicos; Psicoterapia lúdica de grupo com crianças; Mediação Familiar - o mediador na separação de casais com filhos. Lembremos que a referida obra "Psicoterapia lúdica de grupo com crianças" fundamentou o primeiro curso de extensão universitária sobre o tema.

Na década de 60, o Dr Grünspun colaborou ativamente na fundação da Escola de Pais do Brasil, movimento voluntário de educação de pais que os congregava juntamente com profissionais. A seguir foi mentor desse movimento, especialmente na organização de eventos ligados a essa Escola. Tal experiência resultou numa série de publicações sobre temas relacionados com a vida familiar. Publicou com sua esposa Feiga, enfermeira e psicóloga, importantes trabalhos como: Autoridade dos pais e educação da liberdade, Casamento e acalanto, Assuntos de família, pais e filhos e tóxicos, entre outros. Trabalhou intensamente na defesa dos direitos das crianças, atuou em entidades e associações profissionais, dedicando-se a promover o bem-estar infantil e familiar. Participou da fundação da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (ABENEPI), juntamente com Stanislau Krynski e Antonio Lefèvre, ambos falecidos. Sua participação na Escola de Pais do Brasil foi tão significativa que recebeu muitas homenagens de reconhecimento, inclusive, postumamente.

Entre 2000 e 2005, como alguém ligado a inovações planejou programas, via internet, de consultoria na área psicológica, incluindo bibliografias, projetos e pesquisas, concedeu muitas entrevistas à televisão versando sobre psicologia da criança e do adolescente, incluindo temas sobre filhos únicos e pais em idade avançada. Preocupou-se também com a questão do trabalho infantil, no livro "O trabalho das crianças e dos adolescentes", publicado em 2000. Enfim, suas contribuições encontram-se descritas por ele próprio no livro de memórias "Trem para o hospício", publicado em 1980.

 

4. Notas biográficas e homenagem ao antecessor César Ades (★08.01.1943 - †15.03.2012)

Psicólogo (1965), etólogo, livre docente (1991), professor titular (1994), acadêmico (2008) e saudoso amigo de todos nós, personalidade com grande erudição e destaque na Universidade de São Paulo (USP-SP), no Brasil e em centros no exterior. Filho de Tewfik Ibrahim Ades e de Celine Cesar Sasson, também judeu como seu antecessor, nasceu no Cairo, Egito, aos 07 de janeiro de 1943 (no registo 08.01) e naturalizou-se brasileiro em 1965. Foi em 1958 que Cesar veio para o Brasil em companhia dos pais e irmãos, Mireille e Alberto. Contribuem para atestar sua importância, as muitas homenagens que lhes foram prestadas em Congressos, Associações e Sociedades de Psicologia ao longo do ano de sua partida, como também o Prêmio César Ades, instituído pelo Conselho Federal de Psicologia, mobilizando psicólogos em todo o país em torno do pensar a Psicologia que constituiu uma das preocupações desse Acadêmico. Ele mostrou a importância de uma epistemologia que contextualiza os assuntos psicológicos num enquadre conceitual mais amplo de forma coerente com a complexidade dos organismos vivos. C. Ades notabilizou-se na construção da "teia" da História da Psicologia no Instituto de Psicologia da USP (IP-USP) onde atuou durante 47 anos. Ele dizia que fora "criado" na USP e a Biblioteca Dante Moreira Leite (IPUSP) era um lugar onde podia ser frequentemente encontrado. Foi Diretor desse Instituto (2000-2004) e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP, 2008-2012) que o Prof. concebia como um lugar para pensar. Foi membro do Conselho Universitário da USP (1998 a 2004), do Conselho Deliberativo do Hospital Universitário da USP (2000 a 2004), do Conselho Curador da FUVEST (2004-2008), do "International Council of Ethologists" e da "International Society of Comparative Psychology". Participava dos Conselhos Editoriais dos periódicos "Acta Ethologica" e "Behavior and Philosophy". Fundou a Sociedade Brasileira de Etologia e foi Editor da Revista de Etologia. Instituiu novas direções de pesquisa, foi coordenador do laboratório de Etologia (IP-USP) e fez acréscimos decisivos ao conhecimento científico, notadamente nessa área de Etologia. Firmou intercâmbios científicos com Paris (Univ. Paris XIII) e Lisboa (Instituto Superior de Psicologia Aplicada). Prestou assessoria a agências de fomento à pesquisa (FAPESP, CAPES, CNPq). Trabalhou na divulgação científica de temas controvertidos como a evolução da consciência, direito animal e comportamento sexual. Primava pela estética, pela história (memória), pela simplicidade, generosidade, entusiasmo, alegria e respeito em todas as relações. O amor pela natureza, interesse e observação de tudo que era vivo, reflexão crítica, espírito de justiça e habilidade para lidar com questões interpessoais também eram qualidades suas. Destacava-se ainda pela capacidade de superar dicotomias (Carvalho, 2012), de integrar enfoques e de provocar, com humildade, novos questionamentos. Era um sábio, um contador de histórias, sempre disposto a ver, escutar, transmitir e aprender e que, nas suas palavras, "gostaria de ter mais tempo para escrever". Caderneta de anotações e máquina fotográfica eram suas grandes companheiras.

O interesse por aranhas veio na adolescência, passando por Tese de doutoramento (1973) e estendeu-se a quase 60 espécies de animais. Suas temáticas de estudos também foram muito diversificadas: percepção, motivação, emoção, memória aprendizagem, estereotipia e plasticidade, comportamento parental, comunicação animal e proto-simbolismo na comunicação entre cães e humanos. Contudo, a relação entre espécie e tema focalizado não era aleatória, mas, sim, em PsicoEtologia, guiada pelo conceito de "comportamento ecologicamente relevante", através do qual o autor enfatizava a função adaptativa. Cada espécie tem uma trajetória filogenética que precisa ser entendida. E cada animal (incluindo o ser humano) "atualiza à sua maneira, a experiência da espécie" (Vieira, 2012, p.268).

Como grande divulgador do conhecimento científico, também se voltou para o público infantil. Publicou artigos em "Ciência Hoje das Crianças" e capítulos de livros com títulos como o Namoro dos bichos, Os bichos também brincam e Bicho sabido. Aliás, seu amor, interesse e afinidade com as crianças eram notáveis. No discurso de posse nesta Academia, ele destacou a defesa das crianças feita por seus antecessores. Pois César igualmente as defendia na medida em que as cuidava através de suas estórias e no seu engajamento por um mundo melhor, mais respeitoso e cuidadoso. Nossos amados sobrinhos, dele, o Henrique (o Quiqui), e o meu José Otávio condensavam em nossas conversas o amor dedicado a todas as crianças. C. Ades foi um grande defensor da Vida, lutou por brotos da figueira da Glete (Ades, 2004), costumava enviar-me fotos, particularmente de animais, dizendo "sei que gosta de animais e de tudo o que é vivo!". Ele salientava que "a preservação dos ambientes naturais, a conservação de espécies ameaçadas, a tentativa de manutenção da biodiversidade (e da própria sobrevivência humana, com as suas taxas incríveis de crescimento) são questões que inauguram novas análises éticas" (Ades, em Kinouchi & Ramos, 2011, p. 196). O Prof. preconizava uma ética que não hierarquiza os seres vivos, assim como a defendemos numa abordagem sistêmica (Peçanha & Santos, 2009) mas que olha "o olhar do outro" (Ades, 2007), promovendo bem-estar e enriquecimento ambiental ao desvelar "características únicas das espécies a serem respeitadas na grande teia da vida" (Peçanha, 2012).

Um legado inexplorado de C. Ades é sua politização (no sentido Gramsciano do termo). Seu herói era Simão Bolívar (Peçanha, 2012). Tivemos o imenso prazer de vê-lo debatendo fatos e ideias políticas bem como a pertinência com que as fundamentava em defesa da Vida e a gentileza, tranquilidade e sabedoria ao lidar com pessoas cujas informações limitavam-se ao discurso oficial, ou seja, aquele veiculado pela grande mídia atrelada a determinados interesses. A propósito, observo que muitas dissenções em psicologia são políticas, ou seja, ligadas ao poder pessoal e de grupos e não a um projeto maior capaz de reconhecer as estratégias e contexto do poder e, de forma politizada e harmoniosa, buscar a verdade e o bem-estar de todos.

Na oportunidade desta posse, misto de saudade, alegria e luz de César, limito-me a esta síntese, pois muitos são os depoimentos de seus colegas e amigos. Procurei apresentar uma "face" mais pessoal do amigo, como o amor à família, em especial às filhas, Lia Ades Gabbay e Tatiana Ades, fotos e momentos partilhados, como também um poema que tomou forma a partir da generosidade marcante de César. A oferta que ele me fez de sua caneta cor-de-rosa, com seu nome gravado - episódio já relatado (Peçanha, 2012), motivou tal poesia que parte do intercâmbio desse objeto e, hoje, desta Cadeira, falando de memórias importantes para César, como o rinoceronte azul que ele trouxe da seção egípcia do Louvre. A poesia brotou em inglês (embora falássemos muito em francês) e tive o privilégio de lhe entrega-la em vida. Hoje, percebo a adequação daquela língua em homenagem a um pesquisador de múltiplos lugares, ampliando as possibilidades de leitura. Nada foi por acaso, nem o lugar que não consegui escrever outro que "Earth Planet". As datas aludem à escritura, mas também a uma brincadeira de César. O título é uma licença poética aceita por críticos ingleses. Com ela, ao gosto estético de César (apreciávamos Bach e F. Pessoa), fecho esta fala sobre o grande amigo e colega, ciente da abertura e inspiração que é sua eterna presença. Ele iniciou sua partida deste mundo, no dia 08 de março, mas antes de sair caminhando pela nossa querida região da Paulista (onde foi pego por um carro), enviou bela mensagem pelo dia Internacional da Mulher. Assim, gentilmente, se despediu. Todos que tiveram o privilégio de com ele conviver reiteram que César Ades deixou um legado de Vida, de alegria ("Faíscas saiam do sorriso eternamente surpreso" (Hilton Japiassu, in Carvalho, 2012), de dedicação e de amor pela verdade; daí, provavelmente, a leveza, a simplicidade e alegria deste momento de Posse. Concluindo, a melhor forma de homenageá-lo "é continuar a seguir e tornar ainda mais elevado esse exemplo de paixão pela vida e pela ciência" (ANPEPP, 2012).

 

A ROSE LETTER

To Cesar Ades

What can I compose / with a rose pen? / Maybe a fine song / that only you admire.

Is the rose pen mine or is it yours? / Never mind! / This is my pledge, dearest one, / by the end we will be just as one light.

But in this very moment / may I sketch something with the rose pen? / Maybe a blue river-horse / and its worthy Egyptian thought.

What can I get / with my rose pen? / It doesn’t matter! / A rose pig flies / and the picture is mine.

In the fascinating byways of using a given pen / I could write you a rose letter to celebrate life./ I would like it to be an echo through the chambers of your memory / or a simple reminder: "I am thinking about you. You make me smile!"

Every way the magical pen writes / soulfully and "bodyfully", properly and improperly / it makes its own way. It takes root in the hallow of my hand / and I cannot come near Heaven than I kiss the words of this rose letter.

"Oh, what good will writing do?" / Like the rose pen I want / to put my finger out and draw you.

Doris Lieth Nunes Peçanha

Earth Planet, 2012 the 07/08 Jan./Feb.

 

 

5. Notas auto-biográficas e posicionamento face à ciência psicológica e à Academia Paulista de Psicologia

Acredito que um posicionamento frente à ciência seja indissociável da vida e obra de seu autor. Assim, buscando a coerência e a humildade adotadas pelo nosso querido antecessor, C. Ades, apresento algumas notas autobiográficas, norteada pela máxima: "É ao humilde que ele (a grande Vida) revela seus mistérios (Ecles. 3, 30-31)". Observo continuidade entre minha infância e maturidade, o que influencia meu posicionamento. Desde remota lembrança, era pesquisadora, experimentando, entre outros materiais da natureza, a argila multicolorida dos riachos da "campanha" (região do RS), e descobrindo novas cores para vestir minhas bonecas (= vidros coloridos). Ao final do dia corria em direção ao sol, ávida por ir além e conhecer... Meu sonho era estudar muito, ser Doutora e o melhor possível como pessoa, inspirada pela ética dos livros que minha mãe lia para mim e meu irmão e, mais tarde, por mim mesma, assídua frequentadora de bibliotecas. Naqueles passeios campestres, ouvia de minha mãe belos poemas. Aos sete anos, escrevi a primeira poesia, acompanhada do prazer pela literatura que partilhava com mãe e avó. Na fase infantil de cuidadora (adulta, centenas de pessoas atendidas, na maioria crianças), ocupava-me, ao lado de meu pai, da saúde de plantas e animais da propriedade familiar (hoje, coordeno Projeto de pesquisa, apoio FAPESP, sobre dinâmica de empresa familiar). Subia em frondosa timbauva cujos galhos eram o meu "avião" e viajava, imaginando transportar alegria a muitas pessoas em longínquos lugares. Essa mesma alegria experimentei ao levar nosso método de avaliação e tratamento sistêmico de grupos também para o exterior, constatando a melhoria no bem-estar e produtividade de equipes de saúde e beneficiando muitas crianças, famílias e, atualmente, também as empresas. Ser professora, quando não estava brincando com meu irmão, era uma das atividades preferidas. Aos nove anos, quando passei a morar na cidade de Dom Pedrito (RS), realmente, "dava aulas", ajudando outras crianças a aprender. A inclusão desta nota autobiográfica visa dizer que partilho com meus antecessores o amor pelas crianças e a defesa da Vida, acreditando que toda prática profissional situa-se num contexto pessoal, socioeconômico, político e cultural; que o conhecimento de vida e obra de um autor pode contribuir para melhor compreender suas contribuições. Assim, na teoria sistêmica, Murray Bowen dedicou-se aos estudos sobre a "diferenciação de si", e esse era um problema na sua família; Bozormeii Nagi muito trabalhou sobre "lealdades", e ele pertencia a uma família de advogados.

Encontramos nas palavras do saudoso acadêmico e amigo, Juan Pérez- Ramos, uma síntese de nosso posicionamento. Afirmou ele: "As modificações que se antecipam, seguramente levarão a ciência psicológica a se transformar em meta-disciplina, baseada em fundamentos de natureza transcultural e transdisciplinar, com caráter global dentro da diversidade cultural e ambiental" (Pérez-Ramos, 1999, p.4).

Por que mudamos, agora, o tempo verbal desta fala para a primeira pessoa do plural? Por um sentimento de justiça e humildade (qualidades de C. Ades), considerando os muitos "Eus" que nos habitam; ou, nas palavras de César, as muitas faces que compõem uma personalidade. Isso consiste também uma forma de lhe expressar gratidão, bem como ao nosso Patrono, ao antecessor, H. Grunspun, e demais "mestres" que continuam a nos inspirar na construção do ser e estar psicólogos.

O futuro da Psicologia foi alvo de investigação de César Ades, entre seus muitos objetos, ou melhor, sujeitos de estudo, pois o Prof. pesquisava o comportamento como "duas curiosidades em confronto" (Ades, 2010). Como ele, entendemos que dois são os sujeitos envolvidos no processo de conhecer, contrariamente ao paradigma ainda vigente, pretensamente ‘neutro’, que separa e hierarquiza objeto e sujeito.

No meio científico multidisciplinar em que o Prof. Ades vivia (por ex., Instituto de Estudos Avançados-USP), deparava-se ele com críticas ao status científico da psicologia pela variedade de teorias e objetos de estudo. Mas C. Ades reconhecia e desejava a continuidade da "beleza" instigante dessa diversidade. Da mesma forma, ansiamos pelo respeito e diálogo entre as áreas, ou seja, pela interdisciplinaridade em Psicologia, tanto entre ciências básicas e aplicadas, como na interconexão de seus diversos saberes, e que a estética amplie seu lugar nos estudos psicológicos. Acreditamos no futuro interdisciplinar da psicologia, transcendendo dicotomias estreitas que dividem e separam sujeitos, saberes e poderes. Assim procedendo, a psicologia evolucionista poderá trazer contribuições decisivas para o avanço do bem-estar dos seres, incluindo o humano, nos séculos vindouros. Para tanto, o efetivo diálogo inter e transdisciplinar será imperioso, em oposição à idolatria, às simplicidades teóricas, metodológicas e paradigmáticas. A Psicologia do futuro deverá constituir-se como "Ciência com Consciência" (Morin, 2005; Peçanha, 2012), envolvendo reflexão, consciência, compromisso, ética e estética. O Prof. Ades ao realizá-la entendeu, pela ótica da ciência do futuro, que um princípio organizador - o pensamento complexo impõe-se às especialidades e para além delas. Acreditamos que, nessa complexidade, reside o paradigma sistêmico que deve fundamentar as teorias psicológicas, independentemente de seus campos de aplicação e pesquisa para que possamos, efetivamente, evoluir.

Assim, um desafio atual para a Psicologia consiste em abandonar o pensamento unilateral que adota determinada teoria como a única e verdadeira; assim como, na prática profissional, ultrapassar a concepção de que problemas emocionais e comportamentais são decorrentes de patologias individuais, ignorando a complexidade desses fenômenos: intrapsíquica, familiar, intersubjetiva, organizacional, socio-economica, política, cultural e, ousamos dizer, espiritual. Seguindo a visão sistêmica, esperamos que predomine o reconhecimento de que sintomas enraizam-se num sistema mais amplo, com uma história particular, ainda que o individuo possa desempenhar importante papel nesse processo. O futuro da Psicologia, sobretudo latino-americana, passa pelo resgate ou apropriação de bases de identidade, do questionamento dialético de fontes teóricas e de metodologias de prática e pesquisa. Dessa forma poderá consolidar-se uma psicologia crítica que, independentemente da área de atuação ou de produção de conhecimento, seja "libertadora", no sentido dado pelo nosso grande educador, Paulo Freire (1970). É oportuno citá-lo porque sua praxis inspira muitos profissionais, inclusive nesta Academia.Utilizamos o termo "praxis" no sentido dado por seu criador, Antonio Gramcsi – isto é, trata-se do movimento subjetivo, coletivo e histórico que integra teoria e prática na construção de uma mudança social.

No Brasil, a política educacional (anos 70) excluiu a filosofia do ensino médio e colocou, no ensino superior, a técnica e a instrumentalização do conhecimento em detrimento da reflexão crítica, da análise dos fins e das teorias psicológicas que embasam essas técnicas. Além disso, o estudo da história da Psicologia vem sendo relegado na maioria dos cursos de graduação. Tarefa que o Boletim, revista científica desta Academia, corajosamente, vem enfrentando. Lembremos que o ilustre acadêmico, C. Ades, privilegiava a história e a memória na construção da Psicologia e investiu seu talento na criação do Centro de Memória (CM-IPUSP) e na reflexão por uma nova Psicologia. Esta também se projeta quando se acolhe e reverencia, no agora, as lições do passado, generosamente deixadas por nossos antecessores.

Importante lembrar que o Boletim Academia Paulista de Psicologia é um dos poucos periódicos que sobrevivem há mais de trinta anos no país. Além disso, vem sendo publicado de forma sistemática e pontual, a despeito de imensa dificuldade que, por vezes, se lhe impõe. Encontra-se indexado em quatro bases, desfruta de muito boa classificação no Qualis Capes (sistema de avaliação de periódicos) e é uma das raras publicações em Psicologia, figurando em outras áreas do conhecimento, como a Engenharia. A indexação do Boletim e acesso aberto, via internet, possibilita a Academia tornar "visível" (Sampaio & Sabadini, 2012) suas contribuições. Isso tudo graças à dedicação desta Academia e colaboradores, em especial de sua Editora, a querida Dra Aidyl que não mede esforços para tornar pública uma ciência que conjugue qualidade de conteúdo, estética na comunicação, e acolhida à diversidade de áreas e temas em psicologia. Portanto, além da honra de pertencer a esta Academia, temos consciência do seu papel na história e na difusão do conhecimento científico em Psicologia, com os quais estamos comprometidas. A existência da Academia e de seu Boletim é um sopro de vida neste tempo em que a Psicologia encontra-se, muitas vezes, amordaçada pelas exigências das agências financiadoras da pesquisa e dos organismos reguladores do ensino.

Contudo, nossa ciência vem se afirmando, de forma crescente, no cenário nacional e internacional, mediante geração e apropriação de conhecimento. Há um direcionamento para práticas libertadoras que visam à promoção da saúde e da cidadania, do respeito a todos os seres, da qualidade de vida humana, bem como do bem-estar animal através de trabalhos pioneiros como o de C. Ades em psicoetologia. Entretanto, além de problematizar certas articulações como qualidade da produção cientifica e relevância social, pesquisa e reflexão, ciência e profissão (Gomes & Gauer, 2010), nossa Psicologia ainda precisa de humildade e abertura para realizar a necessária integração.

Muitos são as potencialidades e desafios para esta Academia. No Brasil, a internalização de práticas autoritárias como o desrespeito à subjetividade, a negação de saberes e a imposição do um pensamento hegemônico são desafios que esta Academia vem enfrentando corajosamente. Estes dizem respeito também ao paradigma vigente no mundo ocidental que dicotomiza e hierarquiza teoria e prática, pesquisadores e profissionais, quantidades e qualidades (data x capta), ciências básicas e aplicadas etc. Contudo, as possibilidades para a Academia são muitas pois seu legado é sólido, e ela trabalha de forma sistemática e sistematizada na difusão do conhecimento psicológico. Para tanto, importa a dedicação de seus membros e, muito importante, que estes assumam suas identidades de Acadêmicos nas comunicações científicos e eventos para os quais são convidados a contribuir com seu saber e experiência.

Por fim, orgulhemo-nos de nossa história, de nossas raízes étnico-culturais, da diversidade que nos coloca na vanguarda para experimentar a interdisciplinaridade no campo psicológico e a desejada transdisciplinaridade que, segundo Morin (2005), está na base de todos os grandes avanços científicos. "Não haverá transformação sem revolução nas estruturas do pensamento" (Morin, 2005, p. 11). Tal "pensar" é um ato heroico que envolve a afetividade, a coragem do "conhece-te a ti mesmo", terreno onde a Psicologia pode reinar, soberana, acolhedora e respeitosa.

Muito Obrigada!

 

REFERÊNCIAS

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Recebido: 06/04/2014 / Corrigido: 10/04/2014 / Aceito: 15/04/2014.

 

 

1.Psicóloga, Profª. Associada IV do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos e do Programa de Pós-graduação (EESC – USP). Contato: Alameda das Crisandálias, 616/ 32 – Cidade Jardim – São Carlos, SP. CEP 13566-570. E-mail: doris@ufscar.br

 

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