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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.34 no.86 São Paulo  2014

 

Teorias, pesquisas e estudos de casos

 

 

Gravidez e dinâmica familiar na perspectiva de adolescentes

 

Pregnancy and family dynamics from the perspective of teenagers

 

El embarazo y la dinámica familiar desde la perspectiva de los adolescentes

 

Edna Lúcia Coutinho da Silva1; Zeni Carvalho Lamy2; Lívia Janine Leda Fonseca Rocha3 Flor de Maria Araújo Mendonça4; Jéssica Rodrigues de Lima5

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

 

 


RESUMO

A gravidez na adolescência pode significar uma rápida passagem da situação de filha para a de mãe, em uma transição do papel social de mulher, ainda em formação, para o de adulta, trazendo à tona uma situação de crise de identidade e conflitos. A responsabilidade precoce imposta pela gravidez, paralela a um processo de amadurecimento, ainda em curso, resulta em dificuldades de enfrentamento diante das novas responsabilidades. A evasão escolar, sentimentos de insegurança, medo, e em alguns casos, até de alegria podem evidenciar situação nova. Assim, com a descoberta da gravidez, são desencadeadas repercussões que afetam tanto a adolescente quanto seu contexto social e familiar. O apoio familiar torna-se necessário para que a gestação ocorra de forma saudável e oriente a adolescente quanto às perspectivas futuras. Objetivase compreender as reações familiares diante da gravidez de adolescentes. Abordagem qualitativa. São realizadas entrevistas semiestruturadas com adolescentes grávidas com idade menor ou igual a 16 anos, entre fevereiro e maio de 2012. Utiliza-se Análise de Conteúdo na modalidade Temática. Assim, a partir do estudo percebe-se que a gravidez é encarada como um problema na família, provocando questões individuais e coletivas que envolvem abandono escolar e conflitos familiares. Além disso, o aspecto familiar e a motivação para a gravidez constituem importantes influências na forma como a adolescente lida com as expectativas de futuro e que pode comprometer inclusive, a relação mãebebê. A chegada do bebê reorganiza a configuração familiar levando a mudanças em prol da nova constituição familiar e, apesar da "gravidez problema", o bebê é aceito.

Palavras-chave: Gravidez na adolescência; conflitos; dinâmica familiar.


ABSTRACT

Teenage pregnancy can mean a quick passage of the situation of daughter to mother, in a transition of its social role as a woman still in training into an adult, bringing up a situation of conflict and psychological identity crisis. The early responsibility imposed by pregnancy, parallel to a maturing process, still ongoing, results in difficulties of coping with the new responsibilities. The school dropout, feelings of insecurity, fear, and in some cases, even joy can highlight the new situation. Thus, with the discovery of the pregnancy, repercussions that affect both the adolescent and their social and family context are triggered. Family support becomes necessary for pregnancy to occur in a healthy way and to guide the teenager about future prospects. The objective is to understand family reactions to teenager pregnancy. Qualitative approach. Semistructured interviews were conducted with pregnant adolescents less than or equal to 16 years old in the period from February to May 2012. We used content analysis in Theme mode. Thus, from the study it was realized that pregnancy is seen as a problem in the family, causing individual and collective issues involving school dropout and family conflicts. Moreover, the familiar aspect and the motivation for pregnancy are important influences on the way the adolescent deals with future expectations and may undermine even the mother-infant relationship. The arrival of the baby reorganizes the family configuration leading to changes in favor of the new familiar constitution and, despite the "problem pregnancy", the baby is accepted.

Keywords: Teenage pregnancy; conflicts; family dynamics.


RESUMEN

El embarazo en la adolescencia puede significar un rápido paso de la hija a la madre en una transición de su papel social como mujer, aun en formación hacia el adulto, desarrollando crisis de identidad y conflicto psicológico. La responsabilidad temprana impuesta por el embarazo, en paralelo a un proceso de maduración aún en curso, se traduce en dificultades para hacer frente a nuevas responsabilidades. El abandono escolar, sentimientos de inseguridad, miedo y en algunos casos, alegría, pueden resaltar esta nueva situación. Así, con el descubrimiento del embarazo, se desencadenan algunas repercusiones que afectan tanto al adolescente como su contexto social y familiar. El apoyo familiar se hace necesario para que el embarazo se desarrolle de manera saludable y oriente al adolescente sobre las perspectivas futuras. El objetivo es entender las reacciones de la familia ante el embarazo adolescente. Es empleado el enfoque cualitativo, a través de entrevistas semi-estructuradas realizadas a adolescentes embarazadas con edades menor o igual a 16 años de edad; estas se llevaron a cabo entre febrero y mayo de 2012. Se utiliza el análisis de contenido tipo temático. De este modo, a partir del estudio se puede observar que el embarazo es visto como un problema en la familia, causando dificultades individuales y colectivas que implican el abandono escolar y conflictos familiares. Por otra parte, el aspecto familiar y la motivación para el embarazo constituyen influencias importantes en la forma en que el adolescente lidia con las expectativas futuras, pudiendo comprometer la relación madre-hijo. La llegada del bebé reorganiza la configuración familiar, generando mudanzas que apuntan a una nueva constitución familiar, la cual, a pesar del "problema del embarazo", acepta al bebé.

Palabras-clave: Embarazo en la adolescencia; conflictos; dinámica familiar.


 

 

Introdução

A adolescência é reconhecida como uma etapa distinta do desenvolvimento humano devido ao fato de compreender um período de constantes e difíceis mudanças, especialmente para as meninas, pois a dificuldade de adaptação ao novo papel social geram inseguranças e conflitos no meio familiar e social. Nessa etapa da vida o adolescente não só deve enfrentar o mundo dos adultos, desejado e temido, para o qual não está totalmente preparado, como também deve perder a sua condição de criança, cômoda e dependente (Aberastury e Knobel, 2008).

É também nesta fase do desenvolvimento que o indivíduo passa por diversas mudanças: físicas, psíquicas e, principalmente, no relacionamento com os responsáveis. Essas mudanças nas quais perde a sua identidade de criança implicam a busca de uma nova identidade que vai se construindo e também à busca por novos ideais (Bareiro, 2005).

Neste sentido, compreende-se que a gravidez na adolescência não implica apenas problemas individuais, mas afeta todo o contexto de vida da adolescente, sendo a família um elemento-chave para a organização ou desorganização desse processo, assim como a ausência ou presença do companheiro, um elemento crucial na aceitação e condução da maternidade.

Falar em família implica considerar a pluralidade de condições sociais, econômicas, culturais e religiosas em que cada família é constituída, para que se possa entender como cada uma delas possa reagir frente a uma gestação precoce.

Assim, a gravidez na adolescência pode representar um momento de conflito para a família, exigindo uma redefinição de crenças, valores e atitudes, além da necessidade de novos arranjos no espaço físico no lar, de tempo e de finanças. Para a adolescente, a gravidez pode significar uma reformulação sobre seus projetos de vida e a necessidade de assumir o papel de mãe para o qual ainda não está e muitas vezes não se sente preparada (Dias e Aquino, 2006). Para o adolescente pode gerar sentimentos ambivalentes de vergonha no momento inicial e de orgulho posteriormente, por assumir o papel de pai perante a sociedade (Piccinini e outros, 2004; Brandão e Heilborn, 2006; Meincke e Carraro, 2009).

Por outro lado, a atividade sexual para eles é considerada como um dos requisitos sociais para o reconhecimento da sua masculinidade, assim, por questões culturais, muitas famílias esperam que o adolescente apresente uma multiplicidade de experiências sexuais (Luz & Berni, 2010). Desse modo, tornarse pai pode ser tomado pelo adolescente como o reconhecimento irrevogável de que agora ele é um homem, não mais um jovem.

Para a família a experiência de ter uma adolescente solteira e grávida, pode ser marcada por sentimentos diversificados, de alegria, surpresa, decepção, raiva, culpa e também questionamentos: Por que isso aconteceu? Onde foi que eu errei? Será que dei liberdade demais para minha filha? Será que não conversei suficientemente com ela (Dias & Aquino, 2006)?

Para Ewerton (2010), quando se estuda a gravidez na adolescência, sobretudo quando a jovem é solteira, contextualizando o evento dentro da família, muda-se o foco desta padronização e organização, para avaliar como esse evento está ligado a muitos outros aspectos familiares e comportamentos dos demais membros da estrutura familiar. Segundo Pratta e Santos (2007), a adolescência não afeta apenas os indivíduos que estão passando por esse período, mas também as pessoas que convivem com os que passam por esta fase, especialmente a família, tendo em vista que esta não é constituída simplesmente pela soma dos seus membros, mas pelo conjunto de relações interdependentes.

Desta forma, a família pode ser compreendida sob o ponto de vista sistêmico conforme a teoria, seus membros são ligados por interações específicas, envolvendo pelo menos três gerações. Essa provável influência dos antepassados pode ser evidenciada nos casos de maternidade e paternidade precoces, bem como na transmissão de valores às gerações futuras (Paiva e outros,1998).

Passando por muitas mudanças ao longo do tempo, a família trocou o modelo hierárquico, no qual as funções familiares eram pré-estabelecidas e o poder centralizado na figura do pai, por um modelo mais igualitário, no qual se destacam os ideais de liberdade e respeito à individualidade, desconstruindo, em alguns casos, padrões e normas antes estabelecidas, com muitas funções e papéis negociados entre os membros (Figueira, 1991). Por outro lado, Levisky (1995) destaca que a autoridade parental é necessária, nem que seja para ser contrariada, pois é ela que possibilita ao jovem a construção de sua identidade.

Durante séculos, a vida das mulheres foi marcada, e mesmo determinada, pela maternidade, seguindo ordens impostas pelos discursos sobre as funções maternas (Pacheco, 2004). Na Idade Média meninas eram casadas com homens mais velhos (Monteiro e outros, 1998) engravidar antes dos 19 anos estava longe de ser uma questão. Uma gravidez precoce não caracterizava um problema de saúde pública, eram fatores com alterações no padrão de fecundidade, as expectativas na posição social da mulher e o fato de a maioria das gestações acontecerem fora de uma relação conjugal, que despertaram atenção e interesse para o assunto em questão (Brandão & Heilborn, 2006).

É preciso lembrar ainda que a noção de adolescência se constrói a partir do século XVIII. O surgimento está vinculado, entre outros, ao fato de a chamada burguesia ter modificado progressivamente sua atitude em relação aos seus descendentes. A redução da fecundidade levou os pais a darem mais atenção aos filhos. Doravante, com apenas dois ou três filhos, cada um torna-se muito valioso, e é preciso ter muito cuidado com o desenvolvimento e a formação de cada um. A educação extrafamiliar e os cuidados, inclusive médicos, visando assegurar o melhor desenvolvimento e o sucesso profissional e social, vão se impondo progressivamente, terminando por conferir um papel novo a uma nova fase da vida: a adolescência. Assim, é preciso essa nova noção para se vir a falar de uma gravidez precoce.

Para se entender famílias é indispensável considera-las dentro da complexa trama social e histórica que as envolve, "[...] sendo a família uma construção e organização através da história, na sua constituição social requer conhecimentos das modificações por ela enfrentadas, sejam em suas estruturas, sejam em suas funções na atualidade" (José Filho, 2002).

Ao descrever as famílias que antecedem o século XX, Ariès (1981) a destaca que, até o século XVII, se organizava com pouca privacidade. O direito da sociedade era superior à privacidade do casal e as pessoas viviam misturadas umas com as outras, senhores e criados, crianças e adultos, em casas permanentemente expostas aos olhares dos visitantes.

Como já apontado, os casamentos no século XVII ocorriam quando as mulheres ainda eram muito jovens, a maternidade nessa etapa era estimulada, e mesmo vista como um caminho natural (Frota, 2003). Durante o Brasil Colônia, por exemplo, homens de 60 anos costumavam casar-se com meninas de aproximadamente 12 anos e tinham uma família na qual a esposa parecia filha e os filhos, netos (Costa, 1999).

Apesar de uma crescente preocupação dos pais em vigiar os filhos mais de perto, as crianças continuaram a ser entregues às amas-de-leite até o fim do século XIX (Ariès, 1981). Venâncio (1997) traz o costume corrente, principalmente nos séculos XVII e XVIII, das mães abandonarem seus filhos na Roda dos Expostos, espécie de depositário que existia nas portarias dos orfanatos e creches (alguns na época anexos de conventos) onde se deixavam as crianças enjeitadas, que não tinham melhor sorte do que as enviados às amas-de-leite contratadas.

Mas, apesar de algumas variações, no Brasil mãe e filho continuavam subjugados ao marido/pai, e a condição da mulher era de submissão, reduzida à função de procriadora. Contudo, com o advento das mudanças sociais e políticas e com a emancipação feminina, idealizada pelos "anos dourados", observa Silva (1998), os religiosos e políticos começaram a repensar o lugar e o papel da mulher brasileira. Isso tudo bem no momento em que a urbanização das cidades e a industrialização abriam para elas novas possibilidades de trabalho e atuação. Começava a nascer a mulher moderna do século XX, que se orgulha de ser consideravelmente mais independente do que suas avós o eram.

A relação conjugal começa a sofrer modificações graduais, passando a ser temperada pelo afeto, quando advém a prática do casamento por amor. Configurase a moderna família nuclear composta por marido, esposa e filhos (Badinter, 1985). De início, essa transformação na realidade e no sentimento da família se limitava às classes abastadas e, a partir do século XVIII, se estendeu por todas as camadas sociais (Ariès, 1981).

Desde a Revolução Industrial, que separou o mundo do trabalho do mundo familiar e instituiu a dimensão privada da família (contraposta ao mundo público), mudanças significativas referentes à família relacionam-se ao impacto do desenvolvimento tecnológico. Mais recentemente destacam-se as descobertas científicas que resultaram em intervenções tecnológicas sobre a reprodução humana (Scavone, 2001).

No final do século XX, surge, assim, a família pós-moderna, na qual convivem vários tipos de arranjos não tradicionais, bem mais flexíveis que aqueles das famílias da modernidade. Torna-se comum uma mãe ou um pai, solteiro ou que assume sozinho, a responsabilidade dos cuidados com os filhos. Surgem diversas formas de organização familiar (Hintz, 2001; Boarini, 2003), desde famílias monoparentais, formadas por pais ou mães, cujo número tem crescido consideravelmente, passando por um significativo aumento na quantidade de famílias reconstituídas devido à maior independência da mulher, onde convivem como irmãos na mesma casa filhos de um e do outro mas de casamentos anteriores, até as famílias de homossexuais que adotaram uma criança. Os formatos são variados.

Dentre eles, um tipo, cada vez mais comum, é a família constituída por pais adolescentes, onde geralmente as decisões são tomadas no contexto familiar por mais pessoas, além dos dois adolescentes e seus pais. A adolescente grávida, na maioria das vezes, continua residindo com os pais, e estes, por conseguinte, acabam assumindo de alguma forma, parcial ou totalmente, os cuidados e as responsabilidades com o novo membro (o bebê). Nesse contexto, na maioria das vezes, o pai do bebê é afastado do processo de gravidez e do nascimento do filho (Hintz, 2001).

Sarti (1995) referenda que mesmo nos casos de mães solteiras ou separadas, embora suas unidades domésticas possam ser definidas com múltiplas funções, não necessariamente se altera o padrão de autoridade preconizado na figura masculina, que normalmente é transferido para outros parentes, como pai, irmão ou filho. Ewerton (2010), afirma que "os novos padrões familiares, mesmo se constituindo como novos, são padrões decorrentes dos anteriores. A família continua se constituindo com o novo, sem negar um fio condutor entre as gerações".

Minuchin e outros (1999) afirmam que "[...] as famílias definem seus membros, em parte, com relação às qualidades e papéis dos outros membros, criando algo de uma profecia autocumpridora, que afeta a auto-imagem e o comportamento de cada indivíduo." Como exemplo de uma profecia autocumpridora, pode-se citar uma mãe que fala para a adolescente "Eu sabia que você engravidaria [...]". Seguindo a mesma linha de autores como Vasconcellos (2002), Pratta e Santos (2007) e Ewerton (2010), no sistema familiar uma mudança em qualquer um dos membros afeta todos os demais e o todo é regulado por uma série de correntes (eventos conectados entre si).

No que concerne à adolescência, a família passa por mudanças em sua estrutura e organização. Os pais não podem mais ficar fixados na mesma forma de lidar com as questões das crianças. As demandas adolescentes tendem a precipitar mudanças no relacionamento entre as gerações, mudanças na família como um todo. Os pais, por sua vez, na tentativa de resolver conflitos, frequentemente se vêem repetindo os mesmos padrões de relacionamento da família de origem (Carter e McGoldrick, 2008).

Pelloso, Carvalho e Souza (2002), associaram a gravidez precoce com o contexto familiar e sua disfuncionalidade, considerando que nele é que são transmitidos valores, princípios e atitudes para os mais diversos âmbitos. Neste contexto, a gravidez na adolescência pode estar relacionada à ausência da figura paterna, buscando no companheiro esse preenchimento em sua vida (Persona, Shimo e Tarallo, 2004).

Witter e Guimarães (2008) também chegaram a conclusões semelhantes, tendo encontrado famílias desestruturadas na origem das adolescentes grávidas e atribuído forte influência dessa situação no estado das jovens.

De acordo com estudos relacionados à gravidez na adolescência, tem crescido o número de famílias monoparentais femininas, sendo estas consideradas com condições econômicas e culturais mais precárias (Pantoja, 2003; Lima, Feliciano e Carvalho, 2004; Dias e Aquino, 2006; Silva e Tonete, 2006).

Para Sganzerla e Levandowski (2010), a falta de envolvimento do pai na vida dos filhos adolescentes decorre de sua ausência prolongada ou definitiva, trazendo repercussões negativas para o desenvolvimento destes, tanto diretamente, por seus efeitos no âmbito pessoal, como indiretamente, pelos efeitos no funcionamento familiar.

A ausência paterna no núcleo familiar pode influenciar no comportamento da adolescente. Neste estudo, a maioria delas teve sua primeira relação sexual na faixa etária entre 13 e 16 anos. Cantone (2004), ao pesquisar adolescentes grávidas na faixa etária entre 15 e 16 anos, identificou que as famílias das entrevistadas pareciam possuir laços afetivos bastante precários e conflituosos, onde as configurações familiares apresentavam, de modo geral, características que revelavam um pai ausente, o que predispõe a uma gravidez precoce.

A transgeracionalidade constitui-se um aspecto importante para que haja compreensão das famílias ao longo das épocas, identificando, por conseguinte, as influências transmitidas através das gerações, de modo nem sempre consciente. Na transgeracionalidade pode se perpetuar ou modificar comportamentos, e possivelmente tem relação com a gravidez na adolescência (Cunha e Wendling, 2011). Quando se observa, por exemplo, uma família de uma mãe adolescente cujo parceiro não assumiu as responsabilidades com o bebê, família que tem atrás de si uma longa história de homens ausentes, ainda que por diversos motivos, mas sempre famílias num esteio feminino.

Compreender as reações familiares diante da gravidez na adolescência foi o objetivo da pesquisa.

 

2. Métodos

Utilizou-se para a realização deste estudo uma pesquisa qualitativa, buscando compreender o significado atribuído pelos sujeitos aos fatos, relações, práticas e fenômenos sociais. A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa, assim como o objeto não é um dado inerte e neutro, ele está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações (Minayo e Deslandes, 2010).

Para percorrer os caminhos da pesquisa, foram seguidos os seguintes passos: a) fase exploratória, recorrendo às diversas fontes bibliográficas para maior apropriação do objeto de estudo; b) trabalho de campo, correlacionando a prática empírica no campo com as construções teóricas previamente elaboradas; c) análise e tratamento do material empírico e documental, incluindo a articulação com a teoria, compreensão e interpretação dos dados coletados (Minayo e Deslandes, 2010).

O estudo foi pautado em mães adolescentes cadastradas no Projeto BRISA – Coorte de Nascimento Brasileira Ribeirão Preto e São Luís – cujo banco de dados refere-se às mães adolescentes na faixa etária menor ou igual a 16 anos de idade. As adolescentes foram então selecionadas e realizou-se busca ativa das mesmas com agendamento de entrevista no âmbito domiciliar. Esse contato no domicílio permitiu observar seu cotidiano e deixar a adolescente mais à vontade com o pesquisador. Considera-se a interação entre o pesquisador e os sujeitos elemento essencial na pesquisa qualitativa.

Deste universo, foi determinada uma amostra qualitativa, que é de caráter intencional e segue o critério de saturação, perfazendo um total de 21 entrevistas. A amostragem por saturação é uma ferramenta frequentemente empregada nas investigações qualitativas em diferentes áreas no campo da saúde. Utilizouse como técnica de pesquisa a entrevista semiestruturada, constituída de perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema abordado sem sentir-se preso a respostas pré-formuladas. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas, conforme consentimento dos participantes mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

A análise do material coletado buscou atingir os significados manifestos e latentes das falas. Segundo Minayo e Deslandes (2010), a Análise Temática, uma modalidade da Análise de Conteúdo, é muito adequada à investigação qualitativa do material sobre saúde. Sua operacionalização desdobra-se em três fases: ordenação dos dados que corresponde à etapa de transcrição do conteúdo das fitas e organização do material coletado; leitura flutuante e exaustiva do material e definição das unidades de significação voltadas para a categorização dos dados.

Cada entrevistada foi identificada com um pseudônimo, ou seja, as adolescentes tiveram seus nomes modificados, tendo sido estabelecido que se iniciariam com a letra "M".

Esta pesquisa foi financiada pela FAPEMA/SES-MA/MS/CNPq/ nº 012/2009 e possui o Parecer Consubstanciado de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) sob nº 124/10, registro CEP 245/09 e Processo nº 005625/2009-00, sendo este aprovado em 10/05/2010; cumprindo as exigências da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e suas complementares que tratam de pesquisas em humanos.

 

3. Resultados e discussão

A gravidez na adolescência vem adquirindo proporções importantes e cada vez mais encaradas como um problema para os jovens, que inicia uma família sem planejamento. A situação interfere, especialmente, nas possibilidades de elaborar um projeto de vida estável e viável, destacando que o acontecimento tende a ser mais traumático quando ocorre nas famílias de baixa renda (Gurgel e outros 2008). Portanto, o problema da gravidez na adolescência, sua percepção, sua vivência, apresenta uma alternância de acordo com as expectativas sociais e históricas vivenciadas para cada família.

Todas as adolescentes estudadas tiveram sua primeira gestação entre 13 e 16 anos. Para alguns autores, muitas adolescentes engravidam antes dos 15 anos como uma forma de libertar-se da repressão materna, buscando a afetividade na relação sexual (Adamo, 2001). No momento da entrevista, as adolescentes tinham entre 15 e 18 anos, sendo que duas já tinham tido um segundo filho e uma delas encontrava-se na segunda gestação de um novo relacionamento. Conforme Gonçalves e outros (2001), nem sempre a gravidez na adolescência é um acontecimento único, mas pode se repetir, até porque a falta de planejamento familiar é ainda um fator muito presente especialmente nas famílias de baixa renda.

Para Chalem e outros (2007), a repetição de uma gestação ainda na adolescência reflete que nem a vivência anterior e as consequências que esta traz são efetivas para o desenvolvimento de um comportamento sexual responsável, evitando assim, uma gravidez não-planejada e indesejada. Além disso, o combate à reincidência constitui grande desafio das políticas de planejamento familiar, em especial na adolescência, já que quando não se alcança a inclusão social da adolescente grávida, há maior tendência a recidivas e, muitas vezes, em pior situação que a primeira (Duarte e outros, 2006; Sousa e Gomes, 2009). As falas a seguir apresentam a situação de uma nova gravidez.

- Eu comecei a namorar com outro rapaz... Pouco tempo, tava com 3 meses. Aí eu fui morar com ele no quarto mês que a gente se conhecia. Aí eu engravidei no quinto mês já. Aí eu já engravidei dele (Maísa).

- [...] quando a mais novinha, nasceu, a Mayara né? Aí nós separamos e eu voltei pra casa da minha mãe [...] (Mônica).

O aumento do risco de ocorrer gestações repetidas também tem sido apontado em decorrência das adolescentes terem um novo parceiro que não o pai do bebê da gestação anterior, especialmente quando ele ainda não possui filhos (Neri e outros, 2011).

Em relação à primeira relação sexual, a idade variou entre 12 e 16 anos. Assim, a história sexual e reprodutiva das adolescentes estudadas denota um encurtamento da infância, fenômeno identificado, sobretudo, em famílias de baixa renda por Santos (2001). O processo de maturação sexual iniciado na puberdade denota uma suposta capacidade reprodutiva e, em virtude da falta de orientação no núcleo familiar e escolar, acaba gerando adolescentes desinformadas e mais sujeitas a uma gravidez indesejada (Ximenes Neto e outros, 2007).

Todas as adolescentes referiram realizar as consultas de pré-natal, na quantidade mínima de cinco consultas. Isto diverge do critério de pré-natal adequado do Manual Técnico de Pré-natal e Puerpério publicado pelo Ministério da Saúde (2006), que preconiza no mínimo seis consultas; sendo preferencialmente uma no primeiro, duas no segundo e três no último trimestre da gestação. Apesar disso, a maioria das adolescentes referiu que o bebê nasceu sem complicações. Uma referiu ter contraído toxoplasmose e seu bebê teve que tomar medicações durante um mês. Não foi relatada necessidade de intervenção em UTI e apenas três adolescentes referiram parto pré-termo.

Com relação à aceitação, planejamento e desejo de engravidar, todas afirmaram não ter sido planejada ou indesejada, mas posteriormente, aceita. Apenas uma adolescente referiu ter desejado a gravidez conforme exposto na fala: "Eu planejei, eu que quis [...] ter um bebê na adolescência" (Maísa).

O desejo de engravidar pela adolescente pode estar associado à necessidade de auto realização, até mesmo como fuga da realidade por ela vivenciada ou ainda, pela falta de perspectiva de futuro (Ximenes Neto, 2007). O caso de Maísa, como da maioria das adolescentes que apresentavam condições socioeconômicas precárias e realidade familiar conflituosa, pode evidenciar a tendência de desejar a construção de um novo lar.

As adolescentes que relataram ter aceitado a gravidez posteriormente, demonstraram comportamento que parece ter passado por um processo de elaboração, até compreenderem que de fato seriam mães e que de certa forma, teriam que abdicar de alguns planos e projetos anteriormente idealizados.

- Pelo menos pra mim foi bem difícil de aceitar logo no começo... Eu era acostumada a sair, e eu não gostava de sair mais, ficar me mostrando muito [...] (Manuela).

- Meu Deus, eu não acredito que eu tô grávida, não acredito mesmo [...] Aí eu falei no momento lá quando eu descobri, veio a tristeza, e eu pensei: Ah, vai atrapalhar meus estudos, o que é que os outros vão falar? (Mirtes).

Para Trindade (2005), a falta de planejamento familiar é muito evidenciada na realidade da maioria das adolescentes, ocasionando então, gestações precoces e de fato não planejadas, causando sérias implicações em seus projetos sociais de maneira geral (Nascimento e outros, 2011). As falas a seguir abordam implicações da gravidez na interrupção ou mudança de projetos na vida escolar, a necessidade de ter que buscar uma atividade remunerada, ou até mesmo sensações de falta de expectativa diante da nova situação.

- Eu tô esperando completar logo 18 anos pra terminar os estudos, pra mim poder dar conforto pra Ana Júlia futuramente, me formar... Antigamente eu queria ser veterinária, agora... Ainda tô sem expectativa [...] (Maytê).

- E financeiramente, se Deus quiser, eu arranjar um serviço, e se Deus ver que eu mereço eu pretendo dar pra ele, não digo não uma vida de luxo, mas uma coisa assim, confortável pra ele [filho]. Eu gostaria de dar uma vida bem razoável [...] (Míriam).

Assim, a forma de enfrentamento ao saber que estava grávida variou para cada adolescente. Todas, entretanto, foram unânimes em relação ao fato de serem muito jovens (no levantamento das condições socioeconômicas verificou-se que eram todas primíparas sendo a mais jovem de 13 anos de idade); não saberem cuidar de um bebê; e não se sentirem preparadas para assumir o papel materno. A imaturidade própria da faixa etária demonstrou-se na insegurança em ter que lidar com a nova situação, como apontado nas falas abaixo.

- Ah, foi decepção com certeza, né? Acho que o sonho do meu pai era pagar uma faculdade pra mim e tudo...Até que eu entendo o lado dele realmente porque, tu é doida, muito difícil... Foi muito difícil pra ele, eu era muito nova... A decepção foi muito grande pra ele, tudo ao mesmo tempo...Muito nova (Melanie).

- "Milena, tu tá grávida mesmo?" Aí eu disse: "Mãe, eu tô"... E aí ela: "Milena, e agora? Tu é muito nova..." Eu disse: "Agora? Só entregar nas mãos de Deus" (Milena).

A maioria das adolescentes referiu que a gravidez não foi planejada e, de inicio, indesejada, mas com o passar do tempo foi aceita. É preciso levar em conta, além da reação da adolescente, a aceitação ou repúdio por parte dos familiares envolvidos. Além disso, todas as adolescentes destacaram as inúmeras mudanças após a experiência da maternidade;

- Tudo... Tudo... Tudo em mim... Tudo na minha vida mudou! Porque eu acordava tarde, agora eu tenho que acordar cedo, tem que ter responsabilidade, levar ele pro médico, não deixar faltar nada pra ele, estudar que é pra ter um bom trabalho e poder dar as coisas pra ele, ter que sair com ele no braço e dar tudo que eu puder (Marilda).

- Ah, mudou tudo! Mudou tudo... Eu amadureci mais, eu acho que mudou tudo!" (Manuela).

A gravidez precoce e indesejada muitas vezes se torna um período de grandes transformações, com várias consequências na família, como o desajuste familiar ou impulsionando, a família e a adolescente, a refazerem seus projetos de vida. Isto geralmente desencadeia, conforme já citado, a interrupção escolar e o abandono do trabalho (Nascimento e outros, 2011).

As falas abaixo discorrem a respeito da aceitação da família diante da notícia da gravidez:

- Eles disseram que eu tinha feito a maior besteira, que eu era muito nova, que eu não ia aproveitar mais nada na minha vida, não sei o quê (Marisol).

- Quando descobriram, viu que não tinha mais jeito, né? Que aquela criança já tava dentro de mim... Não tinha mais como mudar essa... Como reverter a história... Aí, eles tiveram que aceitar (Marta).

A gravidez na adolescência é observada cada vez mais como uma questão que afeta a mãe adolescente no primeiro momento, em decorrência de ser um acontecimento inesperado e precoce, mas que, com o passar do tempo, pode apresentar efeitos progressivamente positivos, fazendo com que passe a ter uma boa repercussão e aceitação por parte dos membros da família (Nascimento e outros, 2011). Neste sentido, apresentam-se algumas expressões das adolescentes no momento em que tiveram que compartilhar a notícia com a família.

- Eu fiquei muito feliz, a minha mãe já (risos) ficou muito assim... Triste porque ela ainda não esperava isso de mim, o meu pai também.. Mas aí, graças a Deus! Eles aceitaram... Aí eu tive a minha filha, hoje eles também aceitam. Foi assim. (Monique).

- Primeiro ele [pai dela] não queria acreditar. Mas depois que ele viu a menina: a cara dele, a cara do avô, ela! (Mônica).

No caso da notícia da gravidez, as adolescentes demonstraram atitudes diferentes, mas sempre com temor por não saber qual seria a reação dos familiares diante da situação, sendo então relatada para diversas pessoas do núcleo familiar e social das adolescentes, dentre elas, a mãe, os irmãos, as amigas, o namorado e os pais deste.

A gravidez na adolescência torna-se conflituosa em função de interromper os projetos de vida, na maioria das vezes, além dos sentimentos de insegurança e medo frente às reações imprevisíveis dos pais e do companheiro (Castro e outros, 2004).

- Pro meu irmão, eu falei pra ele... A mamãe ficou até com raiva dele porque ele não contou pra ela (Melanie).

- Minha amiga. Aí ela esperou eu contar pra ela [mãe]. Quando eu cheguei pra ela um dia... E aí ela perguntou o que eu tinha... E aí eu disse pra ela que eu tava grávida e aí, ela falou que queria falar com ele [pai do bebê] (Mel).

Para Moreira e Sarriera (2008), os conflitos vivenciados pelas adolescentes na descoberta da gravidez se dão na percepção dessa gestação como um acontecimento indesejado, no medo de enfrentar tal situação perante sua família e, sobretudo na reação dos pais, além de ressaltar a condição socioeconômica desfavorável como um dos fatores determinantes para a não aceitação desse novo evento familiar.

As formas de transmitir a notícia também diferiram independentemente da estratégia adotada, que foi mais intensa nos casos em que não havia um vínculo claramente estabelecido entre a adolescente e o pai da criança.

- Falei também para minha tia que eu chamo de mãe e contou pro meu pai, ele não teve reação de nada. E ele bebeu tanto, que eu nunca tinha visto ele beber tanto como foi nesse dia. Aí ele falou pra minha mãe, só que ela já sabia, eu já tinha falado com ela (Melanie).

- Eu tava sentindo uma dor na barriga... Aí eu fui pro médico por causa de uma outra coisa e quando eu cheguei lá, a médica me perguntou se eu tava grávida e eu falei: "Não, eu não sabia". Aí ela falou assim: "Então, eu vou pedir os exames". Aí a mamãe: "Poxa, tá bom eu vou buscar no outro dia". Quando ela falou: "Tá grávida!" Eu... Aí eu olhei pra cara dela (risos) e eu: "Ô, que legal!" Aí a mamãe fez uma cara de desesperada, mas todo mundo aceitou. Ficou bem, graças a Deus! (Marilda).

Em algumas famílias, a gravidez foi ocultada porque havia o temor de uma possível punição, conforme expresso a seguir.

- Eu sou uma ótima atriz (risos)... Porque eu realmente ficava muito tempo sozinha em casa porque minha mãe trabalha o dia todo, então, eu tinha como me disfarçar (Melanie).

- Eu sempre fui mais 'cheinha' (risos) e aí eu tinha roupas mais 'soltas'. Aí com quatro meses, a barriga já começa a aparecer bem...Aí eu me acostumei. E ela [mãe] também já tinha percebido... Aí não dava mais pra esconder. Porque eu também tinha muita ânsia de vômito (Mel, grifo nosso).

Francoso e Mauro (2006) destacam que quanto mais jovem for a adolescente, maior é a demora em procurar a assistência pré-natal, porque em geral, esconde a gravidez com medo de assumi-la publicamente, sobretudo com relação aos familiares e pessoas próximas.

- [...] Mas quem mais ficou zangado [...] foi meu padrasto (Matilde).

- Quando eu passava com a minha barriga, todo mundo ficava olhando, comentando (Melanie).

- [...] Mas também não brigou, não foi de me expulsar de casa (Mônica).

Como já apontado, com o passar do tempo a notícia da gravidez no meio familiar, na maioria das vezes, passa a ser recebida com sentimentos mais positivos, ocasionando uma aceitação mais tranquila, com boas expectativas com relação ao nascimento da criança (Silva e Tonete, 2006).

- Todo mundo ficou assim, bem [...] Como minha família é muito unida, né? Todo mundo se mete, todo mundo dá a sua opinião... E meu pai logo brigou, ficou uma semana meio... comigo. Meu tio também falou, todo mundo... Mas, depois que passou o tempo, minha barriga foi crescendo, eu acho que... Eles tiveram que se conformar e hoje ela [bebê] é o xodó... Então assim, hoje graças a Deus!, tá bem (Manuela).

- Aí eu pensei: '"Poxa, eu tô grávida...". Como eu pensei de contar pra ela [mãe]? Aí eu fiquei assim... Não sabendo como contar... Eu não contei. Foi um dia que ela me viu vomitando e me perguntou... Aí eu contei, eu abri o jogo com ela. Aí, logo depois, ela contou pro meu pai. Aí o pai conversou comigo. Ele foi mais complicado de aceitar... Porque ele era bem rígido, na época, mas agora ele...Brinca é muito com ela [nenê], ele é amores com ela (Marta).

Inicialmente, a família da adolescente não reage favoravelmente à gravidez da filha, afirmando que ela é muito jovem. Entretanto, após esse primeiro momento, algumas famílias aceitam o fato, posicionando-se inclusive contra o aborto. A gravidez então passa a ser vivida por toda a família, sendo o filho um traço de união entre os seus membros (Silva e Tonete, 2006).

No estudo, foi possível identificar que onze adolescentes pertenciam a famílias monoparentais femininas, portanto a figura paterna não era comum. Em três casos o pai, mesmo residindo no domicílio, era ausente. Em dois casos a mãe da adolescente já vivia com um novo companheiro que, muitas vezes, não exercia o papel paterno. Cinco adolescentes conviviam com seus pais biológicos e não retrataram nenhuma situação de ausência dos mesmos. Julgavam ter um bom relacionamento, mas não tão próximo, de afetividade.

Pelloso e outros (2002) e Persona e outros (2004) associaram a gravidez precoce com o contexto familiar e sua disfuncionalidade, considerando que nele é que são transmitidos valores, princípios e atitudes para os mais diversos âmbitos. Neste sentido, a gravidez na adolescência pode estar relacionada à ausência da figura paterna, buscando no companheiro esse preenchimento em sua vida.

De acordo com estudos relacionados à gravidez na adolescência, tem crescido o número de famílias monoparentais femininas, sendo estas consideradas com condições econômicas e culturais mais precárias (Dias e Aquino, 2006; Silva e Tonete, 2006), conforme apresentado nas falas abaixo:

- Agora, mais tarde não tem o que o bebê comer. Vou ligar pra minha mãe (Matilde). - Meu tio me dá as coisas assim. Às vezes, ela [mãe] faz faxina, ela faz no final de semana. Ela não tem um serviço assim, fixo. Aí com o dinheiro que a gente vai recebendo, a gente vai comprando as coisas (Melissa).

Diante das falas foi possível identificar a ausência paterna refletindo em condições socioeconômicas desfavoráveis e, por conseguinte, na forma de enfrentar e assumir a gravidez.

De certa forma, em todas as famílias destas adolescentes, mesmo com as inúmeras dificuldades apresentadas, sobretudo das condições socioeconômicas precárias e desagregação, não houve agressividade ou rejeição. Muito pelo contrário, identificou-se em todos os contextos familiares algum tipo de suporte para as adolescentes. Isso aconteceu de diversas formas, desde a acomodação das que permaneceram solteiras residindo com o filho na própria casa, ou por meio de ajuda financeira ou auxílio na criação dos filhos. Tanto que algumas adolescentes ainda residem na casa da família, ou têm um compartimento na casa dos sogros facilitando a aproximação do casal.

Assim, a estruturação da família está intimamente relacionada com o momento histórico que atravessa a sociedade da qual ela faz parte, por um conjunto significativo de variáveis ambientais, sociais, econômicas, culturais, políticas, religiosas e históricas (Silva, 2008). A adolescência exige mudanças estruturais e renegociação de papéis na família, onde a demanda de maior independência e autonomia, trazida pelos adolescentes, precipita mudanças nos relacionamentos entre gerações (Carter e McGoldrick, 2008).

No contexto sócio-familiar, as relações entre pessoas, papéis, regras, normas de comportamento e estilos de comunicação não suprimem o indivíduo, que por sua vez é um sistema único. Com a chegada do bebê, a posição de cada membro familiar e seu papel na família confere novos significados aos seus comportamentos, tanto quanto suas características pessoais exercem influência na constelação estrutural e funcional do grupo (Prado, 1996).

As famílias das adolescentes estudadas apresentaram dificuldades no que concerne ao sustento familiar, onde as mães são as principais provedoras do lar, oriundas de famílias de baixa condição financeira, fato que ocasiona em desajustes no que diz respeito à ausência da figura masculina e da autoridade paterna na família. Assim, esses traços de famílias monoparentais femininas refletem nas relações intrafamiliares existentes e no contexto cultural e comportamental das adolescentes.

Esses resultados mostram que, mesmo levando em conta que a família posteriormente aceite o bebê como uma dádiva, passar pela experiência de cuidar do seu bebê (ainda que os cuidados sejam divididos com a avó do bebê) e lidar com os arranjos delicados e necessários que a família realiza, traz para as adolescentes uma noção mais realista das consequências de uma gravidez precoce.

Por outro lado, problematizando um pouco mais os resultados, não é raro muitas adolescentes já terem tido experiências em cuidar de bebê. Marta, uma das entrevistadas, destaca que inclusive achava fácil cuidar de um bebê, citando tarefas como: trocar a fralda, dar banho e comida, levando em consideração que já exercia tais tarefas como babá. Mas elucida que se torna diferente quando o bebê que requer cuidados é seu próprio filho.

Soma-se a isso que muitas adolescentes já passaram pela experiência de, na sua própria família ou em uma família muito próxima a sua, observar as muitas dificuldades pelas quais passa a família com uma gravidez precoce.

Algumas adolescentes que hoje relatam a dificuldade de ser mãe nessa etapa da vida, daqui a pouco anos, dois ou três, podem estar grávidas novamente. Assim, ficamos com uma pergunta cuja resposta não se esgota no desconhecimento, por parte das adolescentes, da situação ou nas condições sociais e culturais desfavoráveis: o que faz essas meninas se movimentarem na direção de uma gravidez precoce? Acreditamos que este estudo apontou um aspecto importante ao falar da ausência da figura masculina e paterna na vida dessas meninas. Uma ausência que se relaciona com um momento particular de nossa sociedade, onde a figura paterna tem sido questionada e da dinâmica familiar nesse contexto.

 

4. Considerações Finais

A gravidez na adolescência pode ser considerada um fenômeno que acarreta alterações no contexto familiar e social, mas que leva a reações distintas por parte de cada família, sendo importante considerar fatores como crenças e valores culturais, assim como a dinâmica existente no âmbito familiar. Considera-se ainda que a gravidez nesta fase da vida tem sido um dos problemas evidenciados especialmente nas famílias de baixa renda, o que ocasiona, na maioria das vezes, a evasão escolar, uniões consensuais além de poucas perspectivas das adolescentes para o futuro. No entanto, o enfrentamento desta questão requer tanto um olhar direcionado para as mães adolescentes como para todo seu contexto social, incluindo a família e a comunidade à qual pertencem.

A dinâmica familiar das mães adolescentes estudadas apresentou conflitos na relação com o bebê, dificuldades em assumir a maternidade devido às interferências de outros membros familiares na relação mãe-bebê, relacionamento conflituoso ou inexistência de relacionamento com o companheiro, problemas para lidar com o novo papel social, o de ser mãe.

Além disso, pôde-se evidenciar que, além de a maioria das adolescentes entrevistadas fazerem parte de um contexto social e cultural marcado por diversas precariedades materiais e assistência deficiente; inseriram-se num contexto familiar disfuncional, onde a "carga emocional" e de provisão financeira ficava "sobre os ombros" das mães dessas adolescentes, com destaque para muitas famílias monoparentais femininas. Este fato dificulta a estas mães conseguir ao mesmo tempo dar conta do sustento familiar e da criação dos filhos, inclusive da atenção e orientação às adolescentes quanto à vivência de sua sexualidade.

Foi possível identificar a existência de conflitos e desajustes familiares, colaborando para a situação da falta de planejamento familiar em razão da inexistência de orientações e diálogos que fortalecessem a segurança das adolescentes. De fato, muitas delas passavam o dia cuidando da casa enquanto as mães tinham que trabalhar para prover o sustento familiar.

As adolescentes destacaram que a comunicação com os membros da família apresenta-se inadequada permeada de condutas autoritárias que não permitem diálogo e esclarecimentos sobre temáticas que necessitam. Além da ausência da figura paterna, o que dificulta a distribuição de papéis dentro do núcleo familiar, ocasionando em falta de liderança e presença de conflitos devido a tais questões elencadas.

Foram observadas mudanças na rotina familiar, no sentido de acolher um "novo" membro dentro de casa, de aceitar a possibilidade da constituição de uma nova família, de perceber a filha como mãe e de enfrentar a nova realidade, onde a família representa um núcleo importante de compreensão que irá contribuir para as perspectivas educacionais e profissionais das adolescentes.

As famílias das adolescentes apresentaram muitas dificuldades no que concerne ao sustento familiar (condição social e financeira), desajustes no que diz respeito à ausência da figura masculina no direcionamento do lar e da autoridade paterna, refletindo-se de certa forma, nas relações intra-familiares existentes e no contexto cultural e comportamental de cada adolescente.

Além disso, a ausência do genitor ou a existência de uma relação entre pais e filhos conflituosa pode evidenciar fator de risco para o desenvolvimento psicológico, cognitivo e até mesmo social do adolescente (Eizirik e Bergman, 2004).

A experiência da maternidade na adolescência não planejada agrava a reestruturação familiar importante para essa nova etapa da vida. As famílias encontram dificuldades para o enfrentamento de duas fases de transição concomitantes (adolescência e gravidez), desencadeando uma dinâmica familiar conflituosa.

A partir das adolescentes estudadas percebeu-se que, de fato, inicialmente a gestação foi encarada como um problema, mas com o passar do tempo, a nova realidade foi aceita como componente que também faria parte do sistema familiar a partir de então.

Sugere-se que na assistência ao adolescente sejam oportunizadas também orientações aos responsáveis, visando esclarecimentos e condutas adequadas ao bem-estar dos envolvidos no contexto de uma gravidez adolescente, onde programas de apoio às famílias que vivenciam tal situação mostram-se essenciais, a fim de possibilitar a reestruturação familiar e a definição dos papéis dos membros envolvidos, permitindo assim, a melhoria dos relacionamentos interpessoais e auxiliando na relação da mãe adolescente com o filho.

Enfim, a ocorrência da gravidez na adolescência requer uma atenção especializada às adolescentes, mas também aos núcleos familiares em que estão inseridas, objetivando oportunizar o desenvolvimento saudável do bebê, das reações positivas da adolescente frente à nova situação e de todo o sistema familiar.

 

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Recebido: 06/03/2014 / Corrigido: 02/04/2014 / Enviado a Parecerista: 04/04/

 

 

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