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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.34 no.87 São Paulo dez. 2014

 

Teorias, Pesquisas e Estudos de Casos

 

 

Stress, sintomas de ansiedade e depressão em mulheres com dor de cabeça

 

Stress, anxiety symptoms and depression on women with headache

 

Estrés, síntomas de ansiedad y depresión en mujeres con dolor de cabeza

 

 

Vivian Mascella1, I; Nádia Vieira2, II ; Luiz Carlos Beda3, III ; Marilda Emmanuel Novaes Lipp4, IV

I Pontifícia Univ. Campinas (PUCCamp)

II Pontifícia Univ. Católica S.Paulo (PUC/S.Paulo)

III Univ. do Rio Grande do Sul (RG) e Pontifícia Univ. Católica/São Paulo (PUC/SP)

IV University George Washington and Institute of Health

 

 


RESUMO

Aceita como um sintoma psicofisiológico, a cefaleia tem sido avaliada como preocupante, já que pode levar a redução e prejuízo nas capacidades do indivíduo. Em atendimento primário, a cefaleia aparece como a segunda queixa mais comum de dor sendo considerada um grande problema de saúde pública. Estima-se que mais da metade da população apresente algum tipo de cefaleia em determinada fase da vida, e em grande parte, de forma crônica. A maioria das cefaleias é de causa primária. Entre elas, as mais corriqueiras são a migrânea ou enxaqueca e as cefaleias do tipo tensional. O impacto da migrânea para o indivíduo não se restringe somente à crise de dor de cabeça, mas também afeta sua qualidade de vida. A migrânea aumenta com o passar dos anos, estando entre as 20 mais incapacitantes doenças do ser humano. A presente pesquisa tem como objetivo avaliar o stress, a ansiedade e a depressão em mulheres com dor de cabeça. Participam 31 mulheres, sendo que 16 apresentam migrânea e 15, cefaleia, tipo tensional (CTT), na faixa etária de 18 a 72 anos. Os resultados revelam que 100% das mulheres com migrânea apresentam stress, enquanto que 66,67% das mulheres com CTT são estressadas. No que se refere à ansiedade 31,25% das mulheres com migrânea estavam em nível moderado, enquanto que 60% das mulheres com CTT apresentam um nível mínimo. Com relação à depressão, 37,50% das mulheres com migrânea encontramse em níveis moderados, e 53,33% das mulheres com CTT apresentam níveis mínimos de depressão. É relevante destacar que, embora a amostra da pesquisa seja reduzida, os resultados encontrados são semelhantes aos de outros estudos, e confirmam a necessidade de elaboração de um tratamento psicológico adequado para mulheres que sofrem de migrânea e CTT, visando à promoção da saúde e melhora da qualidade de vida.

Palavras-chave: Stress; depressão; dor de cabeça.


ABSTRACT

Accepted as a psychological sympton, the headache has been evaluated with concern, since it can lead to limitation and damage to an individual's capacities. In primary attendance, headache appears as the second most common complaint of pain, considered as a great problem of public health. It is estimated that more than half of the population presents some type of headache in some phase of life, and a great part, in a chronic way. Most headaches have a primary cause. Among them, the most common are migraine and those of a tensional type. The impact of migraine on an individual is not only on a headache crisis, but it also affects its quality of life. Migraine increases with age, and is considered as one of the 20 most incapacitating sicknesses of the human being. The current research had as a goal to evaluate stress, anxiety and depression on women with headache. 31 women participated; from these, 16 had migraine and 15 had tension-type headache (TTH), with ages between 18 and 72. Results revealed that 100% of women with migraine had stress, from these 50% were resisting it and 43,75% were near exhaustion, as 66,67% of women with TTH showed stress. In relation to anxiety, 31,25% of women with migraine had a moderated level, while 60% of women with TTH showed a minimum level. As for depression, 37,50% of women with migraine revealed moderated levels, and 53,33% of women with TTH presented minimum levels of depression. It is worth noting that, although the research sample is small, the results met are similar to other studies, and confirm the need to elaborate a psychological treatment for women who suffer from migraine and TTH, aimed at health promotion and improved life quality.

Keywords: Stress; depression; headache.


RESUMEN

Aceptada como un síntoma psicofisiológico, la cefalea ha sido evaluada como preocupante, ya que puede conducir a la reducción de las capacidades de la persona. En la atención primaria, la cefalea aparece como la segunda queja más común de dolor, siendo considerada como un importante problema de salud pública. Se estima que más de la mitad de la población tuvo algún tipo cefalea en algún momento de la vida y gran parte, de manera crónica. La mayoría de estas es causa primaria. Entre estas, las más comunes son la migraña o jaqueca y la cefalea tensional. El impacto de la migraña en los individuos, no se limita sólo a la crisis de dolor de cabeza, sino que también afecta su calidad de vida. La Migraña aumenta con los años, estando entre las 20 enfermedades más discapacitantes de los seres humanos. Esta investigación tiene como objetivo evaluar el estrés, la ansiedad y la depresión en las mujeres con dolor de cabeza. Participan 31 mujeres, 16 presentan migraña y el restante cefalea tensional (CTT), con edades comprendidas entre los 18 y 72 años. Los resultados muestran que el 100% de las mujeres con migrañas presentan estrés, mientras que el 66,67% de las mujeres con CTT están estresadas. Con respecto a la ansiedad, 31,25% de las mujeres que sufren de migrañas tienen un nivel moderado, mientras que el 60% de las mujeres con CTT muestran niveles mínimos. Con respecto a la depresión, 37,50% de las mujeres con migraña se encuentran en niveles moderados, y 53,33% de las mujeres con CTT niveles mínimos de depresión. Vale la pena señalar que, aunque la muestra de investigación es pequeña, los resultados encontrados en esta, son similares a otros estudios, y confirman la necesidad de elaborar un tratamiento psicológico adecuado para las mujeres que sufren de migraña y CTT, destinado a la promoción de la salud y la mejora de la calidad de vida.

Palabras-clave: Estrés, depresión, dolor de cabeza.


 

 

Introdução

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe) (2009), cefaleia é sinônimo de dor de cabeça e esse termo engloba todas as dores de cabeça existentes. Por ser na cabeça, e a maior parte das vezes no crânio, o estudo da cefaleia consequentemente coube aos médicos neurologistas, e os avanços obtidos nesta área se devem a estes especialistas (Raffaelli Jr., Silva Néto & Roesler, 2005). No entanto, devido ao fato de que fatores psicológicos são frequentemente relatados por pacientes com esta queixa, psicólogos da saúde estão gradativamente se voltando para o estudo e a pesquisa sobre cefaleia (Mascella, 2011).

Atualmente a cefaleia é uma das queixas mais frequentes na prática médica, sendo considerada um grande problema de saúde pública. Estima-se que mais da metade da população apresente algum tipo de cefaleia em determinada fase da vida, e em grande parte, de forma crônica (Nobre, 2006). De acordo com Topczewski (2002) a cefaleia não é uma queixa que está se tornando mais comum com o passar dos anos, porém, está sendo melhor avaliada, mais valorizada e mais estudada pelos especialistas. Sendo que as modificações psicossociais, os novos e diversos hábitos alimentares, além do estilo de vida podem ser considerados como as principais causas da maior incidência da cefaleia.

Aceita como um sintoma psicofisiológico, a cefaleia, muitas vezes, tem sido considerada como preocupante, já que pode levar a redução e prejuízo nas capacidades do ser humano. O conceito de diminuição das capacidades proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (2001) designa qualquer restrição ou falta de capacidade para realizar uma atividade de modo considerado normal, intervindo no livre desempenho das atividades de vida diária de uma pessoa, desde aquelas relacionadas à atuação profissional – como perda de dias de trabalho, evitar realizar atividades físicas, de lazer e convívio social, até alterações no estado de humor, além de outros (Bosco, 2006). As cefaleias merecem mais atenção, especialmente sobre as estratégias que levam a adequada prevenção primária, diagnóstico e tratamento (Rasmussen, 2001).

A cefaleia crônica está associada à má qualidade de vida, menor produtividade no trabalho e/ou no estudo, diminuição da atenção e concentração e dificuldades no relacionamento interpessoal; portanto, a resolução deste problema tem grande interesse social e econômico (Coelho e outros, 2005). Dessa forma a dor de cabeça afeta não somente o indivíduo, mas a família com quem ele convive e a sociedade como um todo (Solomon, Lipton & Newman, 1992; Lipton & Stewart, 1993), e sua prevenção e tratamento adequados são necessários.

Segundo os critérios de classificação internacional das cefaleias da Sociedade Internacional de Cefaleias (2004), encontramos as cefaleias primárias aquelas que acontecem pela primeira vez, sem ter uma relação temporal com outro transtorno e é reconhecido como causa de cefaleia. Das inúmeras modalidades clínicas das dores de cabeça, a Migrânea é uma das mais frequentes entre as cefaleias primárias (Silva, 2003). O impacto da Migrânea para o indivíduo não se restringe somente à crise de dor de cabeça, pois foi comprovado que tem pior qualidade de vida em comparação a indivíduos com cefaleias não-migranosas, sendo tão incapacitante quanto à depressão (Bigal, Fernandes, Moraes, Bordini, & Speciali, 2000; Krymchantowski, 2008).

Stovner, Zwart, Hagen, Terwindt e Pascual (2006) realizaram uma revisão de estudos epidemiológicos sobre dor de cabeça na Europa, que é parte de uma grande iniciativa do Conselho Europeu do Cérebro para estimar os custos incorridos por causa de distúrbios cerebrais. Resumindo os dados sobre a prevalência de 1 ano, a proporção de adultos com dor de cabeça na Europa foi de 51% , 14% com Migrânea e 4% com "dor de cabeça crônica". Pesquisas feitas no Brasil chegaram a resultados parecidos (Sanvito e outros, 1996). Num estudo realizado em duas cidades do interior do Estado de São Paulo, 55,6% dos pacientes atendidos com a queixa de dor de cabeça apresentavam cefaleia primária, entre elas, a Migrânea é a mais prevalente (Bigal, Bordini, & Speciali, 2000).

Em uma pesquisa realizada por Estatísticas norte-americanas, dinamarquesas e brasileiras apontam que 93% da população, em geral, já teve dor de cabeça em algum momento da vida. Desse número, 31% necessitariam de tratamento médico em razão da incapacidade funcional que as crises causam (Raffaelli Jr., Silva Néto & Roesler, 2005). Para a OMS (1980) as cefaleias estão entre as 10 condições mais incapacitantes para os dois sexos, e entre as cinco mais incapacitantes para as mulheres (Lj e outros, 2007).

O estudo da dor de cabeça reporta, necessariamente, à necessidade de compreensão dos mecanismos pelos quais a dor em geral se manifesta. Segundo Lipp (2006), existem essencialmente dois tipos de dor: Nociceptiva somática e visceral e Não- nocioceptiva.

A dor nociceptiva somática é uma sensação rude, localizada no tempo e no espaço e descrita como uma facada, ardor e latejamento. Piora com o movimento e melhora pelo repouso, manifesta-se nos ossos, músculos esqueléticos e articulações. A dor nociceptiva vísceral é vaga, difusa e referida em estruturas distantes daquelas comprometidas, associada com náusea, vômito e sudorese. Se origina no coração, vesícula, pâncreas e outros órgãos.

A dor Não-nociceptiva seria o segundo tipo e se subdivide em neuropática e psicogênica. A dor Não-nociceptiva neuropática é aquela cuja origem é a lesão ou irritação do nervo. São dores ardentes ou penetrantes. Já a Dor não-nociceptiva psicogênica é aquela em que nenhum mecanismo nociceptivo ou neuropático pode ser identificado e com componentes emocionais suficientes para estabelecer critérios. Geralmente cruzam concomitantemente com transtornos depressivos, de ansiedade, sexuais, somatoformes, fictícios e do sono. Receptores nervosos presentes na pele reagem aos estímulos químicos, mecânicos ou térmicos e encaminham impulsos elétricos através de fibras nervosas até a medula espinhal, por onde as fibras nervosas condutoras da dor passam. Da medula espinhal, essas fibras sobem através do feixe espinotalâmico em direção ao primeiro centro receptor da dor, o tálamo. A partir do tálamo os estímulos são levados por fibras nervosas ao córtex, onde são integrados e interpretados de acordo com a codificação que o sistema límbico lhes dá, com base em experiência passada. Quando o impulso chega ao córtex é que a interpretação emocional da dor se inicia. O stress emocional é acompanhado de estimulação dos músculos estriados que, uma vez tencionados, podem contribuir para a sensação dolorosa. Existem dois modos particulares de associação entre a dor e o stress, pois estes dois fenômenos estão intimamente ligados. O stress pode ser consequência da dor, ou seja, fontes de tensão e pode ser a consequência da percepção da dor, seja ela aguda, difusa ou crônica. O stress como fator desencadeante ou cooperador para a etiologia da dor crônica (Lipp, 2006). Torna-se, portanto, importante estudar a contribuição que o stress é capaz de fazer para a ontogênese das doenças em geral e especificamente para a dor de cabeça.

A reação do stress é um processo complexo, com componentes psicobioquímicos já geneticamente programados no ser humano desde o seu nascimento, a fim de ajudá-lo a preservar sua vida. Em doses moderadas, a adrenalina produzida, aumenta a motivação, fornece energia, vigor e pode resultar em alta produtividade. Em doses excessivas ele tem a capacidade de destruir e desequilibrar (Lipp & Malagris, 2001; Ebrecht e outros, 2004).

Stress é um estado de desequilíbrio do funcionamento desenvolvido frente a situações desafiadoras, que levam o organismo a utilizar seus recursos psicobiológicos para lidar com eventos que exijam uma ação mobilizadora. Essencialmente, possui, em sua gênese, a necessidade do organismo lidar com algo que ameaça sua homeostase ou equilíbrio interno. Quando os recursos do momento são insuficientes devido à vulnerabilidade pessoal, ou à ausência de estratégia de enfrentamento, ou ainda pela gravidade ou intensidade do estressor presente, o organismo pode ser afetado em sua plenitude com consequências graves para sua saúde física ou mental (Andrade & Lotufo Neto; 2004; Savoia, 2004; Steiner & Perfeito, 2004; Yehuda & McEwen, 2004; Steptoe, 2005; Lipp & Rocha, 2005). O reestabelecimento da homeostase se deve a um mecanismo extremamente complexo, herdado geneticamente pelo organismo, que permite enfrentar situações desafiadoras e sobreviver a elas. Esta reação pode ser vista como sendo a fase inicial de um complexo processo de stress. Tal processo foi dividido em quatro fases ou estágios que se sucedem de acordo com a gravidade do quadro sintomatológico.

 

O Estágio de Alarme

O mecanismo natural de resposta a eventos estressantes, semelhante para todos, pode ser gerado por todo e qualquer tipo de estimulo desafiador, o que deu origem a primeira publicação de Selye (1936) sobre o tema, que o definiu como a representação somática da necessidade de sobrevivência, ou seja, a "chamada às armas" em defesa própria. Esta reação foi chamada de estágio de alarme por Selye (1936) e de "luta ou fuga" por Cannon (1939). Selye logo notou que a luta pela sobrevivência não é constituída somente pelo esforço para a sobrevivência imediata. Se o evento desencadeador da reação for de tal magnitude que se torne incompatível com a sobrevivência, a pessoa vai a óbito nas primeiras horas ou dias. Do contrário, após um período de exposição ao evento desafiador, um outro estágio do processo de stress se desenvolve que é o de resistência ao que está ocorrendo.

 

O Estágio de Resistência

Tendo sobrevivido ao impacto do desafio, o organismo procura reestabelecer a homeostase interna a fim de que consiga manter sua sobrevivência. Muita energia é colocada na tarefa, mas se o evento é eliminado ou a pessoa consegue se adaptar à situação, as funções biológicas são reestabelecidas a aproximadamente seu funcionamento prévio. Porém, há que se entender que as múltiplas adaptações, cumulativas através do tempo, podem levar a um desgaste grande do organismo, com consequências de grande magnitude para o ser humano.

 

O Estágio de Quase Exaustão

Poder-se-ia pensar que uma vez conseguida a adaptação, esta se estabeleceria para sempre sem maiores danos, no entanto, se o evento estressante continuar presente, a energia exigida para lidar com ele pode não ser mais suficiente. O organismo começa, então, a se desorganizar emocionalmente e as vulnerabilidades biológicas são ativadas. O processo de adoecimento se inicia. Isto ocorre quando a carga alostática é grande demais. Carga alostática se refere ao esforço necessário para voltar à homeostase interna (McEwen, 2000). A recuperação ao estado de saúde já não é tão completa.

 

O Estágio de Exaustão

Após um período de grande stress, a pessoa não mais consegue mais de adaptar à situação, as reservas de energia se extinguem e adoecimento grave pode ocorrer. O reestabelecimento completo é quase que impossível. Como postulado por Selye (1984) toda atividade biológica causa desgaste e deixa cicatrizes químicas irreversíveis que se acumulam causando envelhecimento e doenças.

As pessoas diferem em como reagem aos eventos estressores, dependendo de vários fatores tais como: (1) a interpretação que a pessoa dá ao que está ocorrendo, pois há grande diferença entre as pessoas como se veem e analisem cada situação; (2) a intensidade do estressor; (3) a idade da pessoa, já que dependendo do estágio de desenvolvimento em que se encontra, algumas situações estressam e outras não; (4) as estratégias de enfrentamento presentes do repertório comportamental, pois o uso de mecanismos de coping pode mediar o efeito de certos estressores; (5) o momento de vida, uma vez que existe uma temporalidade na aptidão para lidar com as ocorrências do dia a dia, isto é, dependendo de tudo o que esteja ocorrendo, a pessoa pode, naquele momento, ser mais hábil ou menos hábil para lidar com certos estressores.

Assim, dependendo desses fatores, o stress pode, em certo momento, desencadear um desequilíbrio no funcionamento orgânico com varias consequências, inclusive a dor de cabeça.

Um tipo de cefaleia muito frequente na população é a cefaleia do tipo tensional (CTT), um tipo de cefaleia primária, que é menos estudado do que a Migrânea, pelo fato de o paciente não recorrer tanto ao médico, pois consegue manter suas atividades rotineiras, com menor impacto no dia a dia (Krymchantowski, 2008). Em vários estudos clínicos e epidemiológicos, duas comorbidades são notadamente focalizadas em indivíduos com CTT: depressão e ansiedade. Estas condições são mais frequentes e graves entre os portadores de cefaleia do que na população geral (Fichtel & Larsson, 2002; Matta & Moreira Filho, 2003; Powers, Gilman & Hershey 2006).

O stress emocional é um dos principais fatores desencadeantes da Migrânea e da CTT como também está relacionado com a duração e piora das crises. O começo da dor de cabeça pode ser precipitado por acontecimentos estressantes de maior intensidade, mas também com pequenos aborrecimentos do dia-dia (Galego, 2006). Adicionalmente, pode ocorrer quando as estratégias de enfrentamento são insuficientes para lidar com os desafios, sendo, que nestas situações, o stress é o gatilho para o surgimento da dor de cabeça (Bandell- Hoekstra e outros, 2000). O stress excessivo, com frequência, causa contraturas musculares e, muitas vezes, as pessoas que sofrem com dor de cabeça crônica apresentam inabilidade para relaxar (Solomon & Fraccaro,1991). Muito provavelmente os aspectos emocionais e bioquímicos operam em conjunto.

A depressão é uma das dimensões afetivas com um importante fator de comorbidade com os quadros dolorosos. Pessoas com dor crônica e depressão relatam maior intensidade dolorosa, menor habilidade de controle de suas vidas, maior uso de estratégias passivas e não fazem uso de enfrentamento (Andrade & Pontes Laganá de Andrade, 2006).

Pesquisadores acreditam que a depressão, em alguns casos, possa ser um sintoma de stress patológico, isto porque há uma correlação entre episódios de depressão e reatividade do eixo pituitária-adrenal-cortical que é também um dos eixos do stress. Depressão e stress, às vezes, se confundem e tornam um diagnóstico diferencial muito difícil. A depressão, enquanto sintoma do stress está relacionada às condições de adaptação do momento. Quando a necessidade de adaptação ultrapassa os recursos internos da pessoa, o quadro do stress evolui para a fase de quase-exaustão e, posteriormente, para a exaustão quando a depressão, em geral, surge (Lipp, Malagris, Oliveira & Prieto, 2005). Os episódios recorrentes de depressão indicariam uma pessoa biologicamente vulnerável e com déficit de estratégias de enfrentamento da vida ou alguém que, embora resistente biologicamente, teve a vulnerabilidade emocional desenvolvida devido aos fatores adversos presentes em seu meio ambiente. Levanta-se a hipótese de que o stress e a depressão coexistiriam em casos de cefaleia.

A ansiedade também está associada ao acréscimo da percepção da dor e com os fatores que aumentam e complicam o risco da saúde física, prolongando a experiência dolorosa. Algumas pessoas experimentam intensidade maior de ansiedade que outras e levam mais tempo para se recuperar, o que as prejudica no enfrentamento dos estressores e na busca de solução das dificuldades que precisam enfrentar. Pessoas com pouca habilidade em regular suas emoções tendem a encontrar grande dificuldade no manejo dos desafios que enfrentam. A ansiedade agrava a percepção da dor, a intensifica, aumenta sua duração e, por um mecanismo de escalonamento, aumenta mais ainda o nível de ansiedade prévia (Lipp, 2006). A resposta emocional básica do indivíduo à dor, na medida em que ela significa um evento ameaçador, é a ansiedade aguda e todas as reações fisiológicas que fazem parte do quadro ansioso (Angelotti & Dotto, 2006).

A interligação entre stress, ansiedade, depressão e cefaleia carece de maior comprovação científica. A presente pesquisa teve como objetivo avaliar o stress, sintomas de ansiedade e depressão em mulheres com dor de cabeça.

 

Método

Participantes

Participaram do estudo 31 mulheres divididas em dois grupos de acordo com os seguintes critérios de inclusão:

Grupo 1: 16 mulheres com idade mínima de 18 anos, com diagnóstico de Migrânea, de acordo com os critérios diagnósticos da Sociedade Internacional de Cefaleia. Grupo 2: 15 mulheres com idade mínima de 18 anos, com diagnóstico de CTT, de acordo com os critérios diagnósticos da Sociedade Internacional de Cefaleia.

Material

Para a coleta dos dados foram utilizados os seguintes instrumentos: roteiro de entrevista semiestruturada e o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e Inventário de Depressão de Beck (BDI).

Procedimento

Após aprovação pelo Comitê de Ética da PUC Campinas (Protocolo 993/ 10), foi solicitado à equipe médica da clínica de Neurologia e Neurocirurgia de uma cidade do interior do Estado de São Paulo, o encaminhamento de mulheres adultas com diagnóstico de Migrânea sem aura ou Migrânea com aura típica com cefaleia migranosa e CTT para a realização desse estudo. A pesquisadora permanecia numa sala designada na própria clínica. Coube assim, aos médicos neurologistas, o diagnóstico de Migrânea sem aura ou Migrânea com aura típica com cefaleia migranosa e Cefaleia do tipo tensional previamente ao encaminhamento.

Método de análise dos resultados

Para descrever o perfil da amostra, segundo as variáveis em estudo, foram feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas (ansiedade, depressão, stress,...), com valores de frequência absoluta (n) e percentual (%), e estatísticas descritivas da variável contínua (idade), com valores de média, desvio padrão, valores mínimo e máximo, mediana. Para comparação das variáveis categóricas entre os grupos foi utilizado o teste exato de Fisher, na presença de valores esperados menores que 5. Para comparar a variável contínua entre os dois grupos foi utilizado o teste de Mann- Whitney. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5% (p < 0,05). Os dados dos testes aplicados foram computados com base nas tabelas de cada manual, ISSL (Lipp, 2000) BDI e BAI (Cunha, 2001).

 

Resultados e discussão

Com relação ao tipo de cefaleia, 48,39% da amostra era de CTT, 29,03% com Migrânea sem aura e 22,58% com Migrânea com aura. No que se refere ao tipo de cefaleia, os dados obtidos confirmam os de Rasmussen que encontrou prevalência de cefaleia maior do que a da Migrânea ao longo da vida (Rassmussen, 1994, 2001). A maior incidência de Migrânea sem aura encontrada está em conformidade com a literatura na área em que, de acordo com Krymchantowski (2008) a Migrânea sem aura é o tipo mais comum, acometendo quase 90% dos pacientes. Segundo o mesmo autor Migrânea com aura é menos prevalente, como foi confirmado na presente pesquisa.

A amostra do presente estudo, foi composta de 31 mulheres na faixa etária de 18 a 72 anos. As características da amostra confirmam o estudo de Stewart, Simon, Schechter e Lipton (1995) que revela que a Migrânea ocorre três vezes mais em mulheres do que nos homens. No que se diz respeito à Cefaleia tipo tensional episódica, Schwartz e colaboradores, em ampla avaliação de pacientes, encontram valores muito próximos para os dois sexos com relação à prevalência, apenas com pequena predominância entre as mulheres em todas as faixas etárias comparadas (Schwartz, Stewart & Simon, 1998). Uma das explicações para a prevalência de mulheres na amostra é de que elas procuram mais ajuda médica do que os homens, tanto na Migrânea quanto a CTT (Krymchantowski, 2008).

Na CTT 40% da amostra tinham entre 18 a 30 anos, uma população mais jovem do que a encontrada na literatura, porém numa faixa etária também altamente produtiva, onde a dor de cabeça é muito prejudicial. Segundo um estudo realizado por Schwartz e colaboradores, na Cefaleia tipo tensional episódica há um predomínio de indivíduos entre 30 e 39 anos de idade, tanto em homens (42,3%) quanto em mulheres (46,9%) (Schwartz, Stewart & Simon, 1998). Analisando-se a faixa etária da amostra, verifica-se que na Migrânea 37,50% tinham idades entre 40 a 49 anos, o que vai de encontro com uma meta-análise realizada de 24 estudos de prevalência publicados antes de 1994, mostrando que a Migrânea era mais comum em mulheres, e que o pico de prevalência ficava entre 35 e 55 anos tanto no sexo feminino quanto no masculino. Diversos estudos revelam índices maiores entre os 30 e 40 anos (Krymchantowski, 2008).

Com relação aos antecedentes familiares, ou seja, história de cefaleia semelhante em parentes de primeiro grau, na CTT 73,33% responderam que tem antecedentes familiares, enquanto que 75% das participantes com Migrânea também responderam positivamente. Esse dado dá suporte à literatura em que Topczewski (2002) aponta que diversos estudos mostram incidência aumentada da Migrânea em parentes próximos, como pais, irmãos, avós e tios; há menções de vários autores mostrando essa coincidência em 50- 90% dos casos. Já na CTT o histórico familiar é pouco mencionado entre os pacientes, contrariando o que cita Silva, (2003), já que a prevalência de antecedentes familiares nas participantes com CTT é alta (73,33%). Mas alguns trabalhos têm mostrado um significativo aumento da prevalência da CTT entre familiares próximos (pais, irmãos, filhos) de portadores dessa forma de cefaleia. Torelli e colaboradores (Torelli, Cologno & Manzoni, 1999), avaliaram 120 portadores de CTT, e 53% tem histórico familiar positivo para esta condição confirmando o resultado encontrado na amostra estudada.

Os dados sobre o prejuízo no ambiente de trabalho e nas atividades de lazer quando está com a crise de dor de cabeça são significativos, principalmente na Migrânea. No ambiente de trabalho, 60% das mulheres com CTT disseram que se sentiam muito prejudicadas, e 43,75% das mulheres com Migrânea se sentiam impossibilitadas de trabalhar. Em um estudo realizado por Matta e Moreira Filho (2006) 14% dos pacientes com CTT estudados faltaram do trabalho por motivo de dor. O impacto na qualidade de vida, bem como a diminuição das capacidades laborativa e de lazer, provocados pela Migrânea, são fatos bem conhecidos e amplamente descritos na literatura. No estudo realizado por Vincent e colaboradores em uma empresa, concluiu-se que cerca de 10% dos trabalhadores relataram dor de cabeça suficientemente intensa a ponto de prejudicar seu desempenho no trabalho (Vincent e outros,1998).

Em um estudo de sobre a epidemiologia da Migrânea realizada por Lipton, Silberstein e Stewart (1994) foi avaliado o grau de diminuição das capacidades provocado pela Migrânea: 12%, nenhuma diminuição das capacidades: 51,3% diminuição leve ou moderada, 35,5% diminuição intensa das capacidades e 1% não sabem. Dessa forma, a maior parte dos pacientes tinha diminuição significativa das capacidades em decorrência da Migrânea, em concordância com o resultado obtido na pesquisa. Nas atividades de lazer 13,33% das mulheres com CTT relataram ser impossibilitadas de realizar suas atividades de lazer, enquanto que a mesma impossibilidade foi citada em 56,25% das mulheres com Migrânea. A amostra da Migrânea mais uma vez apresenta um dado mais grave do que a CTT. Um estudo de Bigal e outros (2000) feito no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto sugere que a Migrânea representa problema de saúde pública entre os funcionários do HC. Acarreta importante impacto na qualidade de vida deles, o que permite inferir haver diminuição de sua capacidade laborativa, com prejuízo econômico considerável.

De acordo com Wöber e Wöber-Bingöl (2010) a identificação de fatores desencadeantes ou precipitantes é frequentemente recomendada como uma estratégia básica no tratamento da cefaleia. Com relação aos resultados sobre os fatores desencadeadores de dor de cabeça, na amostra total, 90,32% relataram perceber o que desencadeia uma crise. O stress é o desencadeador mais prevalente tanto para a CTT, (84,62%), quanto para Migrânea (80%). Os principais fatores desencadeadores na CTT foram: stress (84,62%), jejum prolongado (38,46%), alimentos (30,77%), privação de sono (23,08%) e outros (23,08%). Os fatores principais desencadeadores de dor de cabeça na Migrânea foram: stress (80%), alimentos (46,67%), privação de sono (46,67%), jejum prolongado (26,67%) e outros (46,67%). No item "outros desencadeadores de dor de cabeça" foram dadas respostas como: ficar muito tempo sem tomar água, aborrecimento, preocupação, ansiedade, comer com pressa durante a refeição.

Num estudo sobre os principais desencadeadores na Migrânea, Ierusalimschy e Moreira Filho (2002) o stress foi identificado em 76% da amostra como o principal fator desencadeador de Migrânea. De acordo com uma pesquisa realizada por Zétola, Nóvak, Luiz, Branco, Sato, Nita, Bubna e Werneck (1998), 69% dos pacientes avaliados com Migrânea apontaram o stress como um fator desencadeante para o surgimento da dor de cabeça, enquanto que dos com CTT apenas 26,4% apontaram o stress como um fator desencadeador, o que contraria os resultados encontrados nesta pesquisa em relação à CTT, em concordância com os resultados da Migrânea. Melhado (2011) coloca que a maneira como cada indivíduo lida com os estressores diários pode manter, precipitar ou exacerbar cefaleias e acentuar a incapacidade relacionada a elas.

De acordo com Wöber e Wöber-Bingöl (2010) menstruação tem um papel muito desfavorável na Migrânea e, possivelmente, na CTT. Há pelo menos alguma evidência de que fatores ambientais, como o clima, luzes, ruídos, odores, stress e outros fatores psicológicos, problemas de sono, fadiga e cansaço podem desempenhar um papel de gatilho.

Poucos estudos pesquisaram o nível de stress em pessoas com CTT e Migrânea. No presente estudo, 66,67% das participantes com CTT e 100% das com Migrânea apresentavam stress. Nas participantes com CTT, 53,33% estavam em fase de resistência, 6,67% em fase de quase exaustão e 6,67% em fase de exaustão. Das que tinham stress, nenhuma apresentava predominância de sintomas físicos, 53,33% com sintomas psicológicos e 13,33% com sintomas de stress físico e psicológico. De acordo com as respostas das participantes ao ISSL, os sintomas físicos mais apontados pelas participantes com CTT foram boca seca (60%) e cansaço constante (60%). Na Migrânea os sintomas físicos de stress mais citados são demonstrados na Tabela 1.

O sintoma físico citado nos dois tipos de dor de cabeça foi boca seca, e o sintoma psicológico em comum foi vontade de fugir de tudo. Os sintomas psicológicos de stress mais frequentes na CTT e na Migrânea estão nas Tabelas 2 e 3.

 

 

 

 

Os resultados apresentados nas participantes com Migrânea são mais graves, como na maior parte do estudo. Com relação às fases do stress, 43,75% estavam em fase de quase exaustão e 6,25% em fase de exaustão. Das participantes com stress, 6,25% estavam com predominância de sintomas físico, 81,25% sintomas psicológicos e 12,50% com sintomas de stress físicos e psicológicos. Os resultados das participantes com Migrânea se assemelham com o que Galego (2006) encontrou em pacientes com Cefaleia crônica diária, onde 90% dos pacientes apresentavam stress. Destes, 2,2% estavam em fase de alerta, 36,7% em fase de resistência, 51,1% em fase de quase exaustão e 10% em exaustão. Dos pacientes com stress, 94,5% houve o predomínio de sintomas psicológicos; 3,3% sintomas físicos e em 2,2% sintomas de stress físico e psicológico. Verifica-se também presença de um stress excessivo em mulheres, como em outros estudos de Lipp (2000) e Tanganelli (2000). Os dados indicam que, na atualidade a prevalência do stress feminino tem se mostrado elevado.

Na CTT (53,33%) e na Migrânea (50%), aproximadamente metade estava na fase de resistência do stress, ou seja, o organismo esta atuando para impedir o desgaste total de energia, quando se resiste aos estressores e se tenta, inconscientemente, reestabelecer a homeostase que foi quebrada na fase de alerta. A produtividade cai drasticamente. Caracteriza-se pela produção de cortisol, sendo assim, o indivíduo fica mais vulnerável a vírus e bactérias (Lipp, 2000).

Porém, na Migrânea a outra metade da amostra estava em fases mais excessivas do stress (43,75% em quase exaustão e 6,25% em exaustão). Na fase de quase exaustão a tensão excede o limite do gerenciável, a resistência física e emocional começa a se dissolver. O indivíduo passa a sentir grande instabilidade emocional. Pensar lucidamente, rir de piadas, tomar decisões e trabalhar, tudo isto é realizado com muito esforço. O cortisol é produzido em maior quantidade e tem como conseqüência o efeito negativo de destruir as defesas imunológicas, dessa forma, doenças começam a surgir (Lipp, 2000).

Pacientes com depressão muitas vezes não são diagnosticados corretamente, pois queixas associadas como a fadiga, a perda de peso, a cefaleia, as alterações gastrointestinais, as dores e alterações do sono, frequentemente, ganham maior atenção do médico não especialista (Angelotti & Dotto, 2006). Nesta pesquisa, no que se refere a sintomas de depressão, a maior parte das participantes estava com depressão mínima, 53,33% na CTT e 43,75% na Migrânea. Porém uma parte significativa (37,50%) das participantes com Migrânea apresentam nível moderado de depressão, o que aponta um nível mais preocupante da depressão.

Em um estudo realizado no Ambulatório de Distúrbios Afetivos do Hospital Universitário de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, 68,9% dos pacientes deprimidos tinham queixas de sintomas orgânicos, sendo a cefaleia, (13,75%) o sintoma mais frequente. A maioria (63,2%) referiu que o episódio depressivo sucedeu o aparecimento da doença ou dos sintomas orgânicos (Aguiar & Caleffi, 2006).

Em uma pesquisa realizada por Matta e Moreira Filho (2003) sintomas de depressão foram encontrados em 40% dos pacientes diagnosticados com CTT, em concordância com os dados encontrados no presente estudo. De acordo com Costa, Ybarra, Corrêa e Teixeira (2006), a depressão maior atinge 30% ou mais da população com Migrânea e pouco mais de 10% da população geral, isto é, migranosos têm risco três vezes maior de sofrer de depressão do que pacientes sem cefaleia.

Em um estudo longitudinal, Breslau e outros (2000) investigaram comorbidade depressiva em 536 pacientes com Migrânea. A prevalência de depressão ao longo da vida no grupo de migranosos foi de 40,7%. Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Mercante e outros (2007), onde pacientes com Migrânea foram avaliados, sendo que 50% apresentavam algum Transtorno de humor, e 44% apresentaram episódio depressivo maior.

Com relação a sintomas de ansiedade, 60% das participantes com CTT apresentam níveis mínimos de ansiedade, enquanto que as participantes com Migrânea estão divididas entre os níveis mínimo (25%), leve (37,50%) e moderado (31,25%). Novamente as participantes com Migrânea apresentam maior gravidade dos sintomas em relação às participantes de CTT. Em um estudo realizado por Matta e Moreira Filho (2003), sintomas de ansiedade foram encontrados em 44% dos pacientes diagnosticados com CTT. No estudo de Mercante e outros (2007), pacientes diagnosticados com Migrânea, 76% apresentaram algum transtorno de ansiedade, e 52% apresentaram diagnóstico de Transtorno de ansiedade generalizada, semelhante aos resultados encontrados nesta pesquisa.

Um estudo realizado em mulheres com cefaleias primárias, conduzido por Abbate- Daga, Fassino e Giudice (2000), encontrou características de personalidade relacionadas à preocupação excessiva, cansaço e timidez. Essas características são refletidas nos sentimentos apontados nas respostas à questão aberta da entrevista, principalmente, o medo de ter uma crise de dor de cabeça e a necessidade de isolamento quando a dor se manifesta.

 

Análise de conteúdo

As respostas dadas pelas participantes à questão aberta foram submetidas à análise de conteúdo de acordo com os conceitos de Bardin (1997). Deste modo, depois de feita uma leitura integral e detalhada das informações fornecidas por determinado respondente, os tópicos mais relevantes das verbalizações foram extraídos das respostas. Com base nesse material, foram identificados significados em comum, que permitiram o seu agrupamento em categorias. Algumas falas foram transcritas, na análise dos resultados, respeitando os seus coloquialismos, a fim de oferecer um melhor entendimento das interpretações elaboradas durante a análise do conteúdo. Para confirmação das categorias, os juízes receberam as verbalizações das respondentes (sem identificação) e as categorias extraídas. Foi solicitado que incluíssem as respostas fornecidas a questão na categoria que considerassem apropriadas.

A questão aberta contida no roteiro de entrevista, as categorias identificadas quanto às respostas dadas e as porcentagens de respostas que se enquadram em cada categoria constam na Tabela 4. Sobre os sentimentos das participantes com CTT e Migrânea em relação ao sofrer com as dores de cabeça, foram criadas três categorias: Sentimentos negativos, estratégias de esquiva / fuga e Angustia diante da dor.

 

 

Sentimentos negativos:

Sobre os sentimentos negativos das participantes com CTT e Migrânea em relação ao sofrer com as dores de cabeça, foram expostos sentimentos como raiva, ansiedade, irritação, medo, como pode ser vista nas respostas a seguir: P7 (CTT)- "Tem horas que dá raiva, pois incomoda". P14 (CTT)- "Impaciente, com raiva". P5 (CTT)- "Fico ansiosa, você sabe que se tiver alguma coisa que foge da sua rotina pode te prejudicar". P1 (Migrânae)- "Fico tensa em quando vou ter essa crise, em qualquer momento carrego remédios aonde vou". P8 (Migrânea)- "Mal estar, desanimo, irritação". P10 (Migrânea)- "Queria achar um jeito de não ter mais, estou sempre com medo dela vir, é bom quando não tenho". Estratégias de esquiva / fuga:

Nessa categoria, foram selecionadas respostas que demonstraram a impotência das respondentes frente à dor de cabeça, e também o isolamento que se colocam quando estão com a dor, numa estratégia de fugir da dor, se isolar na tentativa de fazer com que a dor passe, sem mencionar um sentimento. Algumas respostas que ilustram essa categoria foram: P2 (CTT)- "Quando estou com dor tenho que ficar num lugar escuro, isolada. Não posso ficar no meio de muita gente em lugar fechado". P13 (CTT)- "Dá vontade de ficar num quarto em silêncio, sem ser incomodada". P6 (Migrânea)- "Quanto mais quieta eu fico, mais eu quero ficar, se possível sozinha e deitada". P15 (Migrânea)- "A possibilidade de qualquer tipo de atividade é uma inercia, tenho que ficar quieta num quarto escuro e fechado". Angústia diante da dor: Essa categoria foi criada a partir de respostas que demonstraram tristeza, inconformismo, inutilidade, desespero diante da dor. As respostas abaixo podem ilustrar essa categoria: P4 (CTT)- "Eu fico apavorada, nervosa, penso meu Deus do céu, porque essa dor de cabeça? Eu me cuido, cuido da minha alimentação". P9 (CTT)- "Tristeza, tenho vontade de ficar só deitada". P4 (Migrânea)- "Me sinto mal, porque quero trabalhar e não posso. Me sinto inútil". P5 (Migrânea)- "Horrível, não consigo fazer nada, passo muito mal. Fico triste, choro quando estou com a dor".

 

Considerações finais

O presente estudo procurou trazer contribuições para o campo da Psicologia, bem como da Neurologia, ao estudar o stress, ansiedade e depressão em mulheres com CTT e Migrânea. Com relação aos desencadeadores de dor de cabeça, o stress foi o mais citado nas mulheres com CTT, o que ocorre também em mulheres com Migrânea, porém com uma frequência menor, talvez por conta da aura, que é mencionada por algumas mulheres como o único fator desencadeador de dor de cabeça.

Os resultados da pesquisa revelaram presença de stress em grande parte da amostra. Todas as mulheres com Migrânea apresentam stress, sendo que a metade da amostra se encontra em fases mais avançadas do stress, o que não ocorre com as mulheres com CTT, que apesar de grande parte apresentar este sintoma, poucas estão em fases mais graves. Isso sugere que a Migrânea, como é mencionado na literatura, é mais incapacitante e com sintomas mais graves do que a CTT, colaborando para apresentarem fases mais graves de stress.

No que se refere à sintomatologia, a área psicológica foi a mais predominante. O que demonstra que o manejo inadequado dos aspectos emocionais tem interferido ainda mais do que os aspectos físicos, no que se refere ao stress. Esses dados ressaltam a importância de um tratamento, como por exemplo, um treino de controle do stress, associado ao tratamento farmacológico, para aprender a manejar tal sintoma, e dessa maneira talvez, evitar uma crise de cefaleia.

Os resultados encontrados no Inventário de Ansiedade de Beck revelam que mulheres com Migrânea apresentam níveis mais graves de ansiedade do que mulheres com CTT, um resultado semelhante ao encontrado em outras pesquisas. O mesmo ocorre com os resultados do Inventário de Depressão de Beck, onde as mulheres com Migrânea apresentam níveis mais graves de depressão do que as mulheres com CTT, o que confirma os dados da literatura de que pacientes com Migrânea tem três vezes mais chances de desenvolver depressão do que aqueles que não sofrem de nenhum tipo de cefaleia.

Pode-se verificar que as mulheres com Migrânea estão em níveis mais graves de stress, ansiedade e depressão, porém isso não descarta um tratamento não farmacológico paralelo ao medicamentoso para mulheres com CTT, já que estas também apresentam stress, ansiedade e depressão, porém em níveis menos graves e com menor frequência, mas se faz essencial para mulheres com Migrânea. Um aspecto comum aos dois tipos de cefaleia é a angustia que essas mulheres sentem ao sofrerem das dores de cabeça, a impotência frente o surgimento da dor, e o medo e insegurança que ela ocorra em momentos importantes da vida.

Conclui-se que mulheres que sofrem com Migrânea e CTT apresentam níveis excessivos de stress, ansiedade e depressão, necessitando de uma atenção especial quanto a esses aspectos psicológicos na forma de tratamentos complementares aos farmacológicos, como por exemplo, psicoterapia, Treino de Controle do Stress e exercícios de relaxamento. Esses tratamentos adicionais são de importância para proporcionar melhor qualidade de vida e bem estar biopsicossocial a essa população clínica.

 

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Recebido: 23/05/2014 / Corrigido: 22/06/2014 / Aceito: 31/07/2014.

 

 

 

1 Psicóloga, Mestre e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação (PUC-Campinas), bolsista CAPES. Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS). Brasil. Contato: Rua Antônio Bravo Lopes, 26- Cond. Res. Villa dos Ingleses, Sorocaba- SP, CEP: 18051-869. Brasil Tel.: (15) 99105-5887. E-mail: vivian.mascella@hotmail.com
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. Neurologista - PUC/SP. Contato: Rua Braz Laino, 71- Jd. Emília- Sorocaba-SP, CEP: 18031- 020. Brasil Tel.: (15) 338-87670. E-mail: nadianeuro@hotmail.com
3 Neurologista - (URG-RS), PUC/SP e South Dakota (USA). Contato: Rua Braz Laino, 71- Jd. Emília- Sorocaba-SP, CEP: 18031-020. Brasil Tel.: (15) 3234-7574. E-mail: luizcbeda@gmail.com
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Psicóloga - American University. Mestre e PhD- George Washington University. Pós doutorado em stress social - National Institute of Health, dos EUA. PRESIDENTE FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS (FBTC) e Diretora- Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS). Contato: Rua Tiradentes, 289 – Conj. 91 –Guanabara, Campinas-SP, CEP: 13023-190. Brasil Tel.: (19) 3234-0288. E-mail:
lippmn@gmail.com

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