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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

Print version ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.34 no.87 São Paulo Dec. 2014

 

Teorias, Pesquisas e Estudos de Casos

 

 

Comprovação empírica de uma medida psicológica sobre a percepção do suporte organizacional em trabalhadores de diferentes empresas

 

Empirical evidence of a measure on the psychological of organizational support perception workers of different enterprises

 

Evidencia empírica de una medida psicológica en las percepciones de apoyo organizacional para los trabajadores de diferentes empresas

 

 

Nilton Soares Formiga1, I ; Marcos Aguiar de Souza2, II

I Faculdade Internacional da Paraíba/ Laureate International Universities – João Pessoa, PB

II Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ.

 

 


RESUMO

Os interesses que a psicologia organizacional e do trabalho têm para compreender o binômio homem-trabalho, pautam-se na qualidade funcional e estrutural da empresa e das relações humanas; o suporte organizacional é foco importante para esse processo avaliativo, este, se refere às ações que promovem o desenvolvimento dos funcionários, disponibilização de recursos, autonomia, reconhecimento e visibilidade profissional. Estudos no Brasil propõem uma medida que avalia o suporte organizacional em trabalhadores revelando qualidade psicométrica dela para esse grupo. Ela permite desenvolver um meio avaliativo da crença dos trabalhadores no apoio da organização diante de alguma eventualidade. A partir das pesquisas brasileiras, sobre suporte organizacional, neste estudo, pretende-se avaliar a acurácia da escala em trabalhadores em diferentes empresas. Participam do estudo 214 trabalhadores, homens e mulheres, de diferentes empresas publicas e privadas, da cidade de João Pessoa-PB, estes apresentam idades variando de 19 a 61 anos, 59% do sexo feminino, 66% pertencem a empresas privadas, 38% têm uma renda econômica que varia de 1.000,00 a 2.000,00 reais. A análise da representação de conteúdo revela intercorrelações positivas dos itens com o fator, com todas, significativamente, relacionadas; em direção semelhante, na análise confirmatória os indicadores psicométricos ratificam a estrutura fatorial, previamente, encontradas nos estudos brasileiros. Com isso, a escala poderá ser considerada eficiente para mensurar a percepção do trabalhador, na empresa publica e privada, sobre o suporte que a organização oferecer.

Palavras-Chave: Escala de Percepção de Suporte Organizacional; Análise Estrutural; Empresas.


ABSTRACT

The interest that the organizational and work psychology has to understand the binomial man-work is based on the functional and structural quality of the company and of human relations; organizational support is an important focus for this evaluation process, wich refers to actions that promote employee development, availability of resources, autonomy, recognition and professional visibility. Studies in Brazil propose a measure that evaluates the organizational support for workers revealing its psychometric quality for this group. It allows to develop an alternative way of evaluative belief of workers in support of the organization before any eventuality. From the existing research in Brazil on organizational support, this study aims to assess the accuracy of the scale in workers in different companies. Participants were 214 employees, men and women. of different companies public and private in the city of João Pessoa, these showed aged between 19-61 years old, 59% female, 66% were private companies, 38 % had an income ranging from economic 1,000.00 to 2,000.00 reais. The analysis of the representation of content revealed positive intercorrelations of items with factor, with all significantly related; toward similar indicators in the confirmatory analysis psychometric ratified the factor structure previously found in Brazilian studies. Thus, the scale can be considered efficient to measure the perception of the employee, the company public and private, on the support that the organization provides.

Keywords: Scale of Perceived Organizational Support, Structural Analysis; Enterprises.


RESUMEN

El interés que la psicología organizacional y del trabajo tienen para comprender la dupla hombre-trabajo, pautado en la calidad funcional y estructural de la empresa y las relaciones humanas; el apoyo de la organización es un punto importante para este proceso de evaluación, refiriéndose a las acciones que promuevan el desarrollo de los empleados, la disponibilidad de recursos, la autonomía, el reconocimiento y la visibilidad profesional. Los estudios realizados en Brasil proponen una medida que evalúa el apoyo de la organización a los trabajadores, mostrando calidad psicométrica para este grupo. Esto permite desarrollar una forma de evaluación a través de la creencia de los trabajadores en cuanto al apoyo de la organización ante cualquier eventualidad. A partir de la investigación existente en Brasil sobre el apoyo organizacional, este estudio tiene como objetivo evaluar la precisión de la escala entre trabajadores de diferentes empresas. En el estudio participan 214 trabajadores, hombres y mujeres, de diferentes empresas públicas y privadas de la ciudad de João Pessoa- PB, con edades entre 19 y 61 años, 59% mujeres, 66% pertenecientes a empresas privadas, el 38% con un ingreso económico que oscila entre 1.000,00 a 2.000,00 reales. El análisis de la representación del contenido revela correlaciones positivas de los ítems con los factores, relacionándose de manera significativa; en una dirección similar, los indicadores psicométricos de análisis confirmatorio ratifican la estructura factorial encontrada previamente en los estudios brasileños. La escala puede considerarse eficaz para medir la percepción de los empleados sobre el apoyo de la organización, tanto en la empresa pública como en la privada.

Palabras-clave: Escala de Percepción de Apoyo Organizacional; Análisis Estructural; Empresas.


 

 

Introdução

Com o avanço da ciência psicológica, muitos dos seus espaços teóricos aplicados ou gerais foram desenvolvidos com o objetivo de avaliar o comportamento humano; destes, a indústria ou organização, bem como, a necessidade de compreender o sentido, função e estrutura do trabalho na relação indivíduo-sociedade, gerou um campo de interesse muito promissor: a Psicologia Organizacional e do Trabalho. Além dos seus interesses clássicos, que essa área da psicologia compreender a influência da motivação, satisfação, liderança, eficiência e produtividade, cultura, valores, atitudes, saúde do trabalhador, etc., na produtividade e eficiência do trabalho, esta, propôs novos espaços de atuação; apontou, também, em direção, não apenas para o problema do binômio homemtrabalho, mas, para a importância e qualidade da organização funcional e estrutural das relações humanas na empresa (Wagner III & Hollenbeck, 2000; Spector, 2002; Zanelli, Borges-Andrade & Bastos, 2004; Kanaane, 2011).

Essa importância tem como base de referência, para a área da Psicologia Organizacional e do Trabalho, a leitura e medida do clima organizacional quanto a sua influência no trabalho, valores organizacionais, cultura organizacional, suporte social no trabalho e organizacional, etc. (Formiga, Fleury & Souza, 2013); destas inúmeras variáveis, o presente estudo terá como objetivo avaliar o suporte organizacional em trabalhadores, o qual se refere às ações que promovam o desenvolvimento dos funcionários, disponibilização de recursos, autonomia, reconhecimento e visibilidade (Aube, Rousseau & Morin, 2007; Aselage & Eisenberger, 2008).

De forma geral, a percepção do suporte organizacional poderá ser desenvolvida através de várias situações, em termos de via de mão dupla, quanto às trocas existentes entre o empregado e o empregador/empresa (seja por meio de comportamentos ou atitudes). Para que isso ocorra, tem como base de orientação a seguinte premissa: o empregado desenvolve uma crença global em relação ao grau em que a organização o valoriza e cuida de seu bem-estar; com isso, gera-se uma percepção de que a empresa o apóia (Jawahar & Hemmasi, 2006; Tamayo & Abbad, 2006; Byrne & Hochwarter, 2008; Dawley, Andrews & Bucklew, 2008; Richardson e outros 2008;).

O suporte organizacional seria, então, uma forma de contrato psicológico, o qual tem sua função, estrutura e organização nas expectativas de troca e benefícios mútuos que são estabelecidos pelo trabalhador com a sua organização; destacamse, com isso, as expectativas de reciprocidade nas interações entre indivíduo e organização (Oliveira-Castro, Pilati & Borges-Andrade, 1999; Chong, White & Prybutok, 2001; Paschoal, 2008). Especificamente, a organização, teria obrigações que são legais, morais e financeiras com seus membros e, provavelmente, o trabalhador, sentiria obrigado a apresentar bom desempenho e o dever de ser leal e comprometido com a organização, existindo um contrato psicológico do trabalhador-organização, estabelecendo trocas e benefícios mútuos.

Desta maneira, foi que Eisenberger e outros (1986), partindo da definição de que o suporte organizacional refere-se às percepções do trabalhador acerca do tratamento que recebe da organização em retribuição ao seu esforço, desenvolveu um instrumento de medida para avaliar a percepção de suporte organizacional; sendo posteriormente, avaliado por pesquisadores na área da Psicologia Organizacional, com trabalhadores brasileiros, visando a validade e segurança psicométrica de tal medida (Oliveira-Castro, Pilati & Borges-Andrade, 1999; Siqueira e outros, 2008).

Apesar da parcimônia em defender o modelo reduzido da Escala sobre a Percepção de Suporte Organizacional (EPSO), para Siqueira e outros, (2008), em termos conceituais, buscou-se avaliar a percepção do trabalhador sobre a extensão em que a empresa que o emprega se preocupa com a promoção de seu bem-estar; este autor, propôs uma escala distinta, em relação a quantidade de itens, da apresentada por Eisenberger e outros (1986); ao invés de 36 itens, Siqueira e outros (2008) propôs 10 itens. Em seu estudo exploratório, foram observados indicadores psicométricos que garantam a fatorialidade reduzida, mas, apesar da confiança nos resultados, viu-se a necessidade de exclusão de um item da escala, sugerindo então a manutenção de 9 itens, condição que permitiu o aumento do alfa de Cronbach e dos escores fatoriais item-fator.

Considerando essa organização fatorial apontada por Siqueira e outros (2008) em relação a EPSO, Formiga, Fleury & Souza (2013), realizaram uma análise fatorial confirmatória para essa medida; estes autores, salientavam a necessidade de que tal calculo seria necessário devido aos seguintes pontos críticos estatístico-metodológicos: a análise exploratória concentra-se apenas nos dados obtidos e desconsidera um modelo teórico fixo que oriente a extração das dimensões latentes; na análise exploratória, não se permite qualquer indicação sobre a bondade de ajuste para o modelo que se propõem. Sendo assim, através de uma análise fatorial confirmatória, Formiga, Fleury & Souza (2013), confirmaram a estrutura unifatorial da EPSO (c²/gl = 1,42, RMR = 0,02, GFI = 0,99, AGFI = 0,97, CFI = 0,99, TLI = 0,99 e RMSEA = 0,03), a qual, apresentou indicadores psicometricos confiáveis e aceitos pela literatura, bem como, forneceu maior robustez na interpretação do modelo teorico (Byrne, 1989; Hair, Anderson, Tatham & Black, 2005).

Tendo como orientação as análises estatísticas dos autores supracitados (Siqueira e outros 2008; Formiga, Fleury & Souza, 2013) quanto à organização fatorial da EPSO, o presente estudo tem o objetivo de avaliar a consistência da estrutura fatorial de tal instrumento; com isso, hipotetiza-se a observação de semelhante estrutura fatorial previamente observado. Um estudo nessa direção visa o acompanhamento da evolução psicométrica do instrumento, bem como, a identificação destes construtos ao longo do tempo e perspectiva geo-política das organizações.

 

Método

Participantes

O estudo foi composto de 214 trabalhadores, com idades de 19 a 61 anos, sendo 56% do sexo feminino; 66% pertenciam a empresas privadas e 44% a empresas públicas; 38% tinham uma renda econômica de, aproximadamente, de 1.000,00 a 2000,00 reais. Esta amostra foi intencional, pois foi considerada a pessoa que, consultada, dispusera-se a colaborar respondendo o questionário que era apresentado.

Instrumento

Escala de Percepção de Suporte Organizacional – EPSO: trata-se de um instrumento desenvolvido por Eisenberger e outros (1986) em sua forma completa é composta por 36 itens e 17 itens em formato reduzido; no Brasil, Siqueira e outros (2008) teve objetivo realizar um estudo de validação e adaptação do instrumento para medir semelhante construto, tendo como foco avaliar a percepção do trabalhador sobre a extensão em que a empresa que o emprega se preocupa com a promoção de seu bem-estar.

A presente escala, de acordo com Siqueira e outros (2008), é composta por 9 itens, a qual explicou 55% da amostra estudada; este autor observou correlações itens-fator acima de 0,40 e um alfa (á) de Cronbach de 0,86. Seguindo a direção teórico-metodológica, proposta pelo autor supracitado, foi que Formiga, Fleury e Souza (2013), através de uma análise fatorial confirmatória resolveram avaliar a estrutura fatorial da escala e observaram indicadores psicométricos que ratificaram a organização item-fator da escala em questão.

Além da EPSO, questões no qual informavam sobre variáveis como sexo, idade, tempo de serviço, setor onde trabalham (público ou privado) faziam parte do questionário.

Procedimentos

Todos os procedimentos adotados nesta pesquisa seguiram as orientações previstas na Resolução 196/96 do CNS e na Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia (CNS, 1996; ANPEPP, 2000).

Administração

Quatro colaboradores com experiência prévia na administração do EPSO, foram responsabilizados pela coleta dos dados, e apresentaram-se nas empresas como interessados em conhecer as opiniões e os comportamentos dos alunos sobre as situações descritas nos instrumentos.

Solicitou-se a colaboração voluntária das pessoas no sentido de responderem um breve questionário. Após ficarem cientes das condições de participação na pesquisa, assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi-lhes dito que não havia resposta certa ou errada. A todos foi assegurado o anonimato das suas respostas informando que estas seriam tratadas em seu conjunto. A EPSO foi respondida individualmente ou em grupo in loco das empresas acolhidas.

Apesar de o instrumento ser auto-aplicável, contando com as instruções necessárias para que possam ser respondidos, os colaboradores na aplicação estiveram presentes durante toda a aplicação para retirar eventuais dúvidas ou realizar esclarecimentos que se fizessem indispensáveis. Um tempo médio de 30 minutos foi suficiente para concluir essa atividade.

Análise dos dados

Quanto à análise dos dados, tomando como base o estudo fatorial de Siqueira e outros (2008) e Formiga, Fleury & Souza (2013), sobre a EPSO, além das estatísticas descritivas (média e desvio padrão) e correlação de Pearson, realizouse uma análise fatorial confirmatória; esta ultima, tinha o objetivo de avaliar se o modelo bidimensional, previamente encontrado por esses autores, ainda apresentaria indicadores aceitáveis quanto a sua estrutura fatorial, principalmente, quando compará-los ao modelo unifatorial.

Sendo assim, considerou-se como entrada, a matriz de covariâncias, tendo sido adotado o estimador ML (Maximum Likelihood). Sendo um tipo de análise estatística mais criteriosa e rigorosa, testou-se a estrutura teórica que se propõe neste estudo: isto é, a estrutura com quatro fatores. Esta análise apresenta alguns índices que permitem avaliar a qualidade de ajuste do modelo proposto (Byrne, 1989; Jöreskog & Sörbom, 1989; Hair, Tabachnick & Fidell, 1996; Van De Vijver & Leung, 1997; Kelloway, 1998; Tatham; Anderson & Black, 2005; Bilich, Silva & Ramos, 2006;). A seguir serão apresentados esses indicadores: - O X² (qui-quadrado) testa a probabilidade do modelo teórico se ajustar aos dados: quanto maior o valor do c² pior o ajustamento. Entretanto, ele tem sido pouco empregado na literatura, sendo mais comum considerar sua razão em relação aos graus de liberdade (X²/g.l.). Neste caso, valores até 3 indicam um ajustamento adequado; Raiz Quadrada Média Residual (RMR), que indica o ajustamento do modelo teórico aos dados, na medida em que a diferença entre os dois se aproxima de zero; O Goodness-of-Fit Index (GFI) e o Adjusted Goodness- of-Fit Index (AGFI) são análogos ao R² na regressão múltipla e, portanto, indicam a proporção de variância–covariância nos dados explicada pelo modelo. Os valores desses indicadores variam de 0 a 1, sendo que os valores na casa dos 0,80 e 0,90, ou superiores, indicam um ajustamento satisfatório; A Root-Mean- Square Error of Approximation (RMSEA), com seu intervalo de confiança de 90% (IC90%), é considerado um indicador de "maldade" de ajuste, isto é, valores altos indicam um modelo não ajustado. Assume-se como ideal que o RMSEA se situe entre 0,05 e 0,08, aceitando-se valores até 0,10; O Comparative Fit Index (CFI) - compara de forma geral o modelo estimado ao modelo nulo, considerando valores mais próximos de um como indicadores de ajustamento satisfatório; O Expected Cross-Validation Index (ECVI) e o Consistent Akaike Information Criterion (CAIC) são indicadores geralmente empregados para avaliar a adequação de um modelo determinado em relação a outro. Valores baixos do ECVI e CAIC expressam o modelo com melhor ajuste.

 

Resultados e discussão

A fim de atender ao objetivo principal do presente estudo, empregou-se o pacote estatístico AMOS 21.0 para efetuar uma análise fatorial confirmatória hipotetizando o modelo unifatorial observado por Siqueira e outros (2008), e corroborado, em sua estrutura fatorial por Formiga, Fleury & Souza (2013); pretendeu-se comprovar a organização item-fator observado pelos autores supracitados.

Inicialmente, efetuou-se uma análise de conteúdo, a qual tinha como objetivo verificar a representatividade comportamento-domínio, isto é, sistematicamente, buscou-se verificar a relação teórica do teste e as situações especificadas nos itens representam os aspectos esperados (Cunha, 1994; Pasquali, 1996; 2003). Na tabela 1, observa-se a relação positiva entre os itens e a pontuação total da EPSO, revelando não haver problema no conteúdo da escala avaliada.

 

 

Considerando que não houve problema no conteúdo da escala em questão, partiu-se para verificar a validade de construto; isto é, nesta seção avaliou a estrutura unifatorial da EPSO, a qual, previamente observada por autores brasileiros (Formiga, Fleury & Souza, 2013; Siqueira e outros 2008); para isso, optou-se por deixar livre as covariâncias (phi, j), o qual, revelaram indicadores de qualidade de ajuste para o modelo proposto próximos as recomendações apresentadas na literatura (Byrne, 1989; Tabachnick & Fidell, 1996; Van De Vijver & Leung, 1997).

De acordo com os resultados obtidos nas análises, o modelo unifatorial apresentou indicadores estatísticos que justificam a acurácia e consistência estrutural da EPSO escala [c2/gl = 1.25, RMR = 0.05, GFI = 0.98, AGFI = 0.94, CFI = 0.99, TLI = 0,99, RMSEA (90%IC) = 0.03 (0.01-0.07)]. Com isso, é possível destacar a confirmação do modelo proposto por Siqueira e outros (2008) e corroborado Formiga, Fleury & Souza (2013), tendo no presente estudo também, encontrado indicadores que estiveram de acordo com o exigido na literatura estatística (Byrne, 1989; Tabachnick & Fidell, 1996; Van De Vijver & Leung, 1997). Todas as saturações (Lambdas, l) estiveram dentro do intervalo esperado |0 - 1|, denotando não haver problemas da estimação proposta da escala. Além disso, elas foram estatisticamente diferentes de zero (t > 1,96, p < 0,05) corroborando a existência do modelo hipotetizado, a partir dos estudos supracitados avaliadores do suporte organizacional.

Na figura 1, é possível observar que os escores estiveram dentro do intervalo exigido para a avaliação da estrutura da escala; tal estrutura avalia a percepção do trabalhador sobre a extensão em que a empresa que o emprega se preocupa com a promoção de seu bem-estar. A titulo de acréscimo aos resultados confirmatórios, o alfa de Crombach foi superior a 0,70 (a = 0,81) e de alfas de 0,69 a 0,78 com o item excluído. Esses resultados referem-se a adequabilidade da referida escala e a consistência da medida para avaliar o suporte organizacional.

 

 

Considerando os resultados apresentados, assume-se o modelo unifatorial para mensurar o suporte organizacional; estes resultados revelaram tanto a consistência interna quanto a acurácia de tal medida em trabalhadores. Desta forma, julga-se que no presente estudo não somente a contribuição de corroborar a estrutura psicométrica da escala de suporte organizacional, observados por Siqueira e outros (2008), em sua análise exploratória e confirmada por Formiga, Fleury e Souza (2013).

Vale destacar, que os indicadores de ajustes apontam, de forma robusta, para a confiabilidade da escala no contexto dos trabalhados das empresas na cidade de João Pessoa-PB (sejam estas, publicas ou privadas); tal condição permite destacar que a escala mensura a percepção do suporte organizacional, compreendido como, a percepção do trabalhador sobre a extensão em que a empresa que o emprega se preocupa com a promoção de seu bem-estar. Porém, apesar da confiança, faz-se necessário salientar uma melhor avaliação para o item SO 1, pois, mesmo com um escore dentro do intervalo exigido, este, foi muito baixo, quando comparado ao escore do estudo de Formiga, Fleury e Souza (2013) quando utilizaram o mesmo calculo.

Comprovado a estrutura fatorial, efetuou-se um teste t para amostras independentes a fim de avaliar as diferenças entre as pontuações das respostas dos sujeitos e relação ao tipo de empresa, os quais foram as seguintes: empresa pública (Média = 30,81, DP = 5, 62) e empresa privada (Média = 28,46, DP = 5, 62) [t 2,212 = 2,93; p < 0,01]; comparando os escores obtidos por trabalhadores de empresas públicas e privadas houve uma diferença significativa entre os dois grupos. É destaque que os escores foram significativamente superiores para os trabalhadores de empresas públicas do que os da empresa privada. Esses resultados salientam que os funcionários das empresas públicas reconhecem em sua empresa que a preocupação com o bem estar do empregado é maior do que na empresa privada. Provavelmente, na empresa pública, o suporte organizacional é uma politica organizacional que deverá receber melhores investimentos humanos.

De forma geral, pretendeu-se contribuir com este estudo para a acurácia da estrutura fatorial da escala de suporte organizacional, adaptada e validada por Siqueira e outros (2008), confirmada por Formiga, Fleury e Souza (2013). Considerando a análise realizada no presente estudo é possível afirmar que a EPSO, apresentou garantia psicrométrica de sua fatorialidade a partir das evidências empíricas observadas para a aplicação e mensuração em outros contextos brasileiros do trabalho na empresa publica e privada.

Tal condição poderá ser confirmada quando observado os indicadores comumente tidos em conta para corroborar o modelo proposto, por exemplo: c2/gl, GFI, AGFI, RMR, CFI, TLI, RMSEA. Estes, além de satisfatórios, apresentaram escores que estão dentro dos intervalos que têm sido considerados como aceitáveis (Byrne, 1989; Kelloway, 1998). Considerando os achados deste estudo, não se trata, simplesmente, de uma qualificação psicométrica na mensuração do suporte organizacional, pois, foi observada semelhante estrutura de medida já observada por autores brasileiros, previamente citados; porém, a especificidade e indexação entre os itens e seu respectivo fator, quando se considerou o tipo de estatística destaca-se o quanto essa medida se mantém em diferentes contextos trabalhistas no Brasil.

Sendo assim, quando se pretender investir no processo psicológico do trabalhador em termos de seu bem-estar, com o objetivo de inibir eventos estressores é necessário buscar por medidas institucionais que favoreçam o direcionamento do foco do indivíduo apenas para o trabalho e a qualidade deste e bem estar organizacional. Neste sentido, medidas como horários de trabalho mais flexíveis, creche para seus filhos, respeito a suas idéias, valorização profissional, acesso a informações, entre outras, aumentam o nível de comprometimento com a organização (Siqueira e outros 2008).

A vantagem de um estudo a respeito de uma escala que avalie o suporte organizacional em trabalhadores em distintas empresas poderá ter sua reflexão com base nos acontecimentos sociais e políticos ocorridos na sociedade contemporânea em termos da empregabilidade, estrutura e funcionalidade organizacional, recursos humanos, etc., contribuindo para a gestão de pessoas e ações de saúde e qualidade de vida nas organizações.

 

Conclusão

A avaliação do suporte organizacional, com base na elaboração, consistência e acurácia de uma escala que mensure o presente construto em trabalhadores pretende apontar em direção da reflexão sobre a forma que os distintos funcionários, dos vários tipos de empresa, têm de perceber as medidas adotadas pela organização, bem como, o quanto isso poderá influenciar de forma ativa no cuidado com o bem-estar destes.

Considera-se que os objetivos deste estudo tenham sido cumpridos, principalmente, no que diz respeito à acurácia da estrutura fatorial da escala analisada. Esta, por sua vez, poderá ser empregado em áreas de estudo que cooperam com a psicologia, por exemplo: educação, assistência social, administração, entre outros.

Mas, apesar das evidências obtidas no presente estudo, as quais corroboram as qualidades psicométricas da EPSO para a investigação da percepção de suporte organizacional em trabalhadores de diferentes organizações no Brasil, com uma forte evidência de validade externa que vem sendo acumulado em relação ao instrumento, é necessário considerar algumas particularidades para futuros estudos: 1 – Deve-se, considerando uma amostra para além da especificidade da empresa publica ou privada, salienta-se a necessidade de distribuir a amostra por categoria de serviços; 2 – outra condição deveria que merece atenção é analisar o presente instrumento com base no tempo de serviço, bem como, na faixa etária; 3 – uma outra condição é avaliar a EPSO com base no capital econômica e cultural.

 

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Recebido: 24/07/2014 / Corrigido: 03/08/2014 / Aceito: 20/08/2014.

 

 

1 Doutor em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. Professor do curso de Psicologia na Faculdade Mauricio de Nassau – JP. Contato: Rua Lionildo Francismo de Oliveira, 380 CEP: 58030-216 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Brasil. E-mail: nsformiga@yahoo.com
2 Doutor em Psicologia. Professor Associado do Departamento de Psicologia e do Mestrado em Psicologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Contato: Avenida Pasteur, 250 fundos 2º andar - CEP: 22.290-240 - Campus da Praia Vermelha Rio de Janeiro – RJ E-mail: maguiarsouza@uol.com.br Agradecimentos aos alunos Ludmyla L. Bassanin, Mariana V. Souza, Filipe M. C. da Silva, do curso de Psicologia, da Faculdade Mauricio de Nassau, JP, pela valorosa contribuição na pesquisa.

 

 

ANEXO ESCALA DE SUPORTE ORGANIZACIONAL

Nas questões abaixo, pense na empresa ou organização em que você trabalha atualmente. Gostaríamos de saber o quanto você concorda ou discorda de cada das frases a seguir; Indique um número ao lado das questões que melhor representa a sua resposta

 

 

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