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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.36 no.90 São Paulo jan. 2016

 

TEORIAS, PESQUISAS E ESTUDOS DE CASOS

 

 

Síndrome de Down e Arte: contribuições de Vygotsky

 

Down Syndrome and Art: contributions of Vygotsky

 

Síndrome de Down y Arte: Contribuciones de Vygotsky

 

 

Sonia Casarin1; Marisa Irene Siqueira Castanho2

Centro Universitário da Fundação Instituto de Ensino para Osasco

 

 


RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar a arte como um caminho alternativo para o desenvolvimento de pessoas com síndrome de Down. A análise se baseia na revisão bibliográfica do pensamento de Vygotsky: a perspectiva de desenvolvimento das funções mentais tipicamente humanas nas interações sociais e o valor da arte na ligação entre o social e o individual. Entende-se que o movimento inclusivo ampliou a possibilidade de participação social de pessoas com deficiência, no entanto, somente a abertura de oportunidades não foi suficiente para garantir o desenvolvimento e a inclusão dessas pessoas. Pela análise, constata-se o benefício da arte na expressão das emoções e dos sentimentos, na interação com as outras pessoas e o efeito positivo na autoestima e na autoconfiança. Com base em Vygotsky, afirma-se que a arte é um meio de compensação social da pessoa com deficiência; porque as possibilidades de superar as limitações se abrem por meio da expressão e da comunicação que a atividade favorece.

Palavras-chave: Síndrome de Down; arte; Vygotsky, deficiência intelectual.


ABSTRACT

The aim of this article is to analyze art as an alternate path for the development of people with Down syndrome. The analysis is based on literature review on the thought of Vygotsky: the prospect of development of typically human mental functions in social interactions, and the value of art in the link between the social and the individual. It is understood that the inclusive movement has broadened the possibility of social participation of people with disabilities; however, only the opening of opportunities was not sufficient to ensure the development and inclusion of these people. The analysis noted the benefit of art in favor of the expression of emotions and feelings; interaction with other people and the positive effect on self-esteem and self-confidence. Based on Vygotsky, art is a means of social compensation for a person with disability, because it opens up possibilities for overcoming the limitations by means of expression and communication that the artistic activity promotes.

Keywords: Down syndrome, art, Vygotsky, intellectual disability.


RESUMEN

El propósito de este artículo es analizar el arte como una forma alternativa para el desarrollo de las personas con síndrome de Down. El análisis se basa en la revisión de la literatura del pensamiento de Vygotsky: La perspectiva del desarrollo de las funciones mentales típicamente humanas en las interacciones sociales y el valor del arte en la conexión entre lo social y lo individual. Se entiende que el movimiento inclusivo ha ampliado la posibilidad de participación social de las personas con discapacidad, sin embargo, sólo la apertura de oportunidades no fue suficiente para asegurar el desarrollo y la inclusión de estas personas. A partir del análisis, puede constatarse el beneficio del arte en la expresión de emociones y sentimientos en la interacción con los demás y el efecto positivo sobre la autoestima y la confianza en sí mismo. Sobre la base de Vygotsky, se dice que el arte es una forma de compensación social de las personas con discapacidad; porque las posibilidades de superar las limitaciones se abren a través de la expresión y la comunicación que favorece la actividad.

Palabras clave: Síndrome de Down; arte; Vygotsky, discapacidad intelectual.


 

 

Introdução

Embora seja uma alteração cromossômica, a síndrome de Down mostra grande variação. A deficiência intelectual é uma das características mais frequentes, podendo variar desde um grau leve até a deficiência grave. A estimulação do desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros anos de vida, a educação inclusiva na idade escolar e as oportunidades de trabalho na idade adulta, além da participação na vida familiar e social, têm provado que a pessoa com síndrome de Down tem um grande potencial de desenvolvimento.

No final do século XX e no início do século XXI, o movimento de inclusão social possibilitou que pessoas com deficiência participassem da vida social e se beneficiassem desse movimento, saindo da condição de marginalização para uma situação, em que aproveitam as oportunidades de desenvolvimento cognitivo, afetivo e social.

Entretanto, somente a abertura de oportunidades não foi suficiente para garantir o desenvolvimento e a inclusão da pessoa com síndrome de Down, pois para que a inclusão aconteça, adequações que atendam necessidades específicas são necessárias. Muitas vezes, a pessoa que tem a síndrome está matriculada em escola comum, mas as adequações não são efetivamente realizadas e a inclusão não acontece, ao contrário, o atendimento diferenciado resulta em isolamento e segregação (Oliveira e Silva, 2010).

Na perspectiva histórico-cultural proposta por Vygotsky (1999), as interações sociais promovem o desenvolvimento humano e a participação em diferentes atividades sociais e culturais transforma a pessoa, possibilitando que o ser biológico se transforme em humano. Entre as manifestações culturais se destacam as artes que são oportunidades de desenvolvimento das funções mentais superiores ou tipicamente humanas. Por meio das artes, o ser humano se apropria de conteúdos sociais que, quando interiorizados, contribuem para a construção dos significados que se tornam individuais, mas constituídos por elementos sociais.

A arte se mostra um caminho alternativo e privilegiado para pessoas com síndrome de Down, pois capta a atenção, desperta a motivação, favorece a socialização e é acessível. A criança desenha antes de escrever, não domina a técnica artística, mas é expressiva em suas representações, pois desenha aquilo que sabe do objeto e não busca copiar a realidade. Pessoas com síndrome de Down não buscam copiar a realidade também, mas expressam o seu universo interior no objeto artístico.

A proposta deste estudo é uma análise da arte como ato social que favorece o desenvolvimento intelectual e a sua utilização para além da simples autoexpressão.

O artigo compõe-se de três seções: na primeira, a síndrome de Down é caracterizada, na segunda, a arte é apresentada como ato social e intelectual e na terceira, as possibilidades da arte como um caminho para a inclusão na síndrome de Down são discutidas.

 

Síndrome de Down e Desenvolvimento Humano

Adota-se, neste artigo, a concepção de desenvolvimento humano elaborada por Vygotsky no início do século XX. A abordagem histórico-cultural de Vygotsky (1999) explica que o ser biológico possui recursos como atenção, memória e motricidade, características comuns entre humanos e outros animais. Entretanto, o animal age de acordo com o que seu sistema sensorial apresenta e o ser humano, além do sistema sensorial, faz uso das atividades intelectuais e da simbolização antes de agir. Assim, seu comportamento não é imediato e sim mediatizado por instrumentos e signos. Os instrumentos são orientados externamente, para o controle do ambiente, enquanto o signo é orientado internamente, para o controle do próprio indivíduo (Ripper, 1993). Os instrumentos e os signos são elementos que remetem à mediação, conceito que se destaca no pensamento de Vygotsky. A mediação se refere ao processo que caracteriza a relação do indivíduo com o meio externo e com outros indivíduos e, nesse processo, as funções mentais tipicamente humanas são desenvolvidas. As relações deixam de ser imediatas e passam a ser mediatizadas e, nesse processo mediatizado, o mundo, as pessoas e as experiências passam a ter significado, e o indivíduo torna-se um ser cultural.

Quando nasce, o ser humano possui capacidades inatas para enviar mensagens não verbais que são suficientes para satisfazer as suas necessidades básicas. O desenvolvimento se direciona, inicialmente, ao domínio da gravidade até adquirir segurança gravitacional e essa segurança leva o indivíduo ao mundo simbólico, pois antes de se apropriar dos símbolos, o indivíduo deve se apropriar de seu próprio corpo.

Ao dominar o corpo, o indivíduo desenvolve competências comunicativas, constrói a cultura e tem na linguagem, o principal mediador nessa construção. Vygotsky (1999) analisa o desenvolvimento das funções mentais superiores desde o início da vida e entende que, nos primeiros anos, a criança percebe objetos isolados e, posteriormente, ações e relações além dos próprios objetos. A rotulação é a função primária da fala nas crianças pequenas. A criança percebe o mundo não somente através dos olhos, mas também através da fala, que se torna parte essencial do seu desenvolvimento cognitivo. Com a fala, a criança começa a controlar o ambiente e depois o seu próprio comportamento; sua ação é postergada e se torna menos impulsiva. No comportamento da criança, a fala é tão importante quanto a ação que ela realiza para atingir um objetivo e quanto mais complexa é a situação mais importante é a fala.

O indivíduo inserido na sociedade é exposto a experiências e participa de práticas que colocam em movimento os seus recursos, por exemplo, a atenção primária se transforma em atenção voluntária, a imaginação pode apresentar respostas inéditas e o ser biológico se torna um ser humano único em suas características, modificando o ambiente e sendo modificado por ele. O uso de instrumentos e ferramentas se refere a modos que o ser humano utiliza para adquirir conhecimentos que medeiam seus processos complexos pela modificação de estímulos. A percepção, a fala e a ação compõem as atividades tipicamente humanas, que evoluem com a aprendizagem da linguagem e de costumes do meio social (Efland, 2002).

No pensamento de Vygotsky, destaca-se a noção de Zona de Desenvolvimento Proximal. Dois níveis podem ser identificados no desenvolvimento da criança: um nível em que se situam as tarefas que ela pode realizar com independência, que é o nível de desenvolvimento efetivo, e um nível em que se situam as tarefas que realiza com o auxílio dos adultos, o qual define a Zona de Desenvolvimento Proximal da criança (Vygotsky, 1991). As atividades mediadas auxiliam a criança a adquirir habilidades que a tornarão independente em atividades que apresentam dificuldade no momento, mas que ela poderá dominar no futuro.

Além do desenvolvimento humano típico, Vygotsky também estudou o desenvolvimento de pessoas com deficiência, cujos resultados foram registrados possivelmente entre 1924 e 1931, de acordo com as tradutoras Sales, Oliveira e Marques (2011). Suas conclusões apontam que, na presença de alguma deficiência, o indivíduo utiliza caminhos indiretos para o desenvolvimento. Esses caminhos são utilizados não somente por pessoas com deficiência, mas sempre que a resposta direta não está acessível, pode-se citar a criança que conta nos dedos a soma de dois algarismos quando não pode realizar a operação mentalmente, ou a utilização de linguagem alternativa, quando a linguagem verbal não é possível.

A presença de uma deficiência que, por um lado, desfavorece o organismo, por outro lado, é um incentivo para aumentar o desenvolvimento de outras funções, que têm o papel de compensar a deficiência e contribuem para a superação da dificuldade. Costa (2006) destaca que na obra de Vygotsky está presente a ideia de plasticidade, que é a capacidade de transformação do organismo, assim, qualquer deficiência origina estímulos para a formação da compensação.

Quando há uma deficiência, os caminhos naturais do desenvolvimento se mostram impedidos e caminhos alternativos são construídos socialmente e essa mediação possibilita as aprendizagens. O indivíduo com deficiência apresenta uma discrepância em seu desenvolvimento e uma interferência externa, como um processo de ensino-aprendizagem adequadamente organizado, é fundamental para criar técnicas artificiais, culturais, adaptadas às características de seu organismo (Costa, 2006). A sociedade deve disponibilizar caminhos alternativos criando técnicas artificiais, culturais, um sistema especial de signos ou símbolos adaptados às características da pessoa com deficiência.

Vygotsky dedicou-se também ao estudo das artes, convencido de que a arte está intrinsecamente ligada à vida. Propõe-se, neste artigo, que a arte é um caminho alternativo para pessoas com síndrome de Down - a arte mediadora, que tem o potencial de promover o desenvolvimento de funções intelectuais, além de favorecer sua socialização por meio do trabalho artístico. A seguir, características da síndrome de Down nas diferentes etapas do curso de vida são apresentadas e as necessidades do desenvolvimento mais relevantes, destacadas.

Embora a síndrome de Down seja uma condição orgânica, há muita variação em sua manifestação. Fatores ambientais são determinantes para essa variação, pois a reação dos pais quando recebem o diagnóstico, a estimulação desde os primeiros meses de vida, a participação da pessoa com síndrome de Down na vida familiar, na escola, no trabalho influenciam o seu desenvolvimento.

A deficiência intelectual, uma das características mais frequentes na síndrome de Down, exige adequações nas atividades desenvolvidas em todas as fases da vida. Nos primeiros anos, a estimulação precoce busca aperfeiçoar o desenvolvimento neuropsicomotor. A escola inclusiva propõe que currículo, estratégias, tempo e avaliação sejam modificados de acordo com as necessidades educacionais apresentadas por alunos com síndrome de Down, a "Lei de Cotas" procurando garantir oportunidades de trabalho na vida adulta e a vida social e afetiva com a perspectiva de constituir família é uma possibilidade. Embora as ações ampliem as oportunidades em todas as áreas da vida, a inclusão social da pessoa com síndrome de Down ainda é um processo em construção, em cada uma dessas fases.

O diagnosticar a síndrome de Down aos pais é considerado um dos momentos mais importantes na convivência da família com a pessoa que tem a síndrome. A primeira reação dos pais ao diagnóstico, geralmente, é de choque, pois é uma notícia inesperada e rompe as expectativas do filho idealizado. Os profissionais das maternidades devem estar atentos às questões psíquicas dos pais e do bebê quando o diagnóstico da síndrome é feito, auxiliando na ressignificação desse momento no qual se constata que o bebê não é o bebê esperado, mas que as funções parentais devem ser assumidas. Os significados construídos pelos pais após receber a notícia que seu bebê tem síndrome de Down influencia o vínculo que se estabelece, o tipo de relacionamento que será mantido e pode trazer implicações para a constituição subjetiva da criança. (Travassos-Rodriguez e Féres-Carneiro, 2012). No início da vida da pessoa com síndrome de Down, a atenção à família é tão importante quanto a estimulação da criança.

Pessoas com síndrome de Down, como parte da população com deficiência, têm direito de frequentar a escola comum, mas o modelo escolar praticado no Brasil não garante a acessibilidade pedagógica. Embora estejam matriculadas e possam frequentar a escola com crianças sem deficiência, o acesso ao conhecimento mostra-se limitado, pois o ensino é homogeneizador e meritocrático e as atividades diferenciadas oferecidas resultam em segregação e exclusão (Oliveira e Silva, 2010). No entanto, a convivência com crianças sem deficiência na escola inclusiva possibilita que as crianças com síndrome de Down tenham acesso a um modelo eficaz de linguagem, que é essencial para o seu desenvolvimento cognitivo e decorre de sua interação com o ambiente (Luiz, Bortoli, Floria-Santos, Nascimento, 2008). Pelo exposto, temos que a escola inclusiva apresenta limitações na prática da inclusão, mas traz benefícios à criança que tem a síndrome no aspecto fundamental das interações sociais, que são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo.

A adolescência também constitui uma etapa de desafios para a pessoa com síndrome de Down, pois é uma fase que impõe desafios. A ampliação do círculo social, o estabelecimento de vínculos extrafamiliares e as relações com os amigos proporcionam a satisfação de necessidades afetivas, a possibilidade de vivenciar a intimidade e oferecem oportunidades para adquirir e desenvolver competências cognitivas e sociais. Adolescentes com síndrome de Down mantêm amizades com qualidades diferentes das observadas em adolescentes que não têm a síndrome, pois as amizades são marcadas por atitudes de ajuda e de companheirismo nas atividades que realizam (Bonomo, Garcia, Rossetti, 2009). Essas amizades atípicas não favorecem o desenvolvimento social, emocional e cognitivo, formando uma lacuna que gera dificuldades que se somam às outras dificuldades.

A expectativa de vida de pessoas com síndrome de Down aumentou consideravelmente nas últimas décadas (Wiseman, Alford, Tybulewicz e Fisher, 2009). A possibilidade de correção de más-formações cardíacas e de tratamentos de infecções em geral e infecções respiratórias em particular possibilita intervenções médicas eficazes. O aumento da longevidade gerou a necessidade de atendimento adequado à população adulta, que pode continuar a vida escolar, chegar ao ensino superior, podendo se encaminhar para o mercado de trabalho e/ou participar de atividades diversas compatíveis com a fase de desenvolvimento. Percy e Schorman (2005) explicam que, antes dos avanços na cirurgia cardíaca e do uso de antibióticos, a expectativa de vida de pessoas com síndrome de Down era de 9 anos, mas com cuidados médicos adequados pode chegar a 50 anos ou mais. Assim, a vida adulta da pessoa com síndrome de Down é uma fase que se estende por vários anos e mostra as necessidades inerentes a essa fase, ou seja, vida independente, relacionamentos sociais e afetivos e atividade profissional.

Dessa forma, em cada etapa da vida da pessoa com síndrome de Down, existem as necessidades do desenvolvimento e a estimulação adequada faz com que o potencial seja atualizado, a fim de que a inclusão social ocorra. A ampliação de espaços sociais e culturais é necessária para atender as necessidades do desenvolvimento e a arte se configura como um caminho para a conquista desses espaços, não só com uma forma de autoexpressão, mas principalmente como uma forma de construir novas versões de mundo, mundo diferente de todos os outros, pois advém de um ser único, um caminho aberto e um recurso para a inclusão.

 

A Arte Para O Outro

A arte é a expressão, que contribui para a construção do conhecimento. Dança, artes visuais, teatro e música são linguagens artísticas em que a expressão se faz por meio de símbolos, imagens e significados. Vygotsky (2006) realizou estudos sobre a psicologia da arte no início do século XX e observou que o conteúdo da obra começa a ser construído nas interações sociais, pois o indivíduo adquire os significados sociais e depois se apropria deles para construir seus conteúdos individuais. Essa característica torna a linguagem artística acessível também a pessoas com deficiência intelectual que, por meio dessas linguagens, podem expressar seus conteúdos internos e transmitir sua representação de mundo.

A arte tem sido usada no trabalho com pessoas com síndrome de Down e se mostra uma via de inclusão social, pois, de acordo com o pensamento de Vygotsky, a arte é um ato social e, por meio dela, a pessoa pode conhecer e compreender os símbolos sociais. O objeto artístico é produzido para o outro, constituindo uma materialização do sentimento, transformado, assim, em sentimento social.

As atividades artísticas possibilitam o exercício de diversas funções cognitivas e têm sido frequentes na estimulação do desenvolvimento de pessoas que apresentam deficiência intelectual. Entretanto, ainda se observa a presença da arte como livre expressão ou como aprendizado de linguagens artísticas, observando-se escasso conhecimento sobre as funções exercitadas em cada atividade e o direcionamento destas para o desenvolvimento de funções cognitivas específicas. Neste texto, destaca-se a importância da arte indo ao encontro de características próprias da pessoa, a sociabilidade, os afetos e as emoções.

No final do século XX e no início do século XXI, as verdades absolutas dão lugar a múltiplas verdades e a linearidade dá lugar à circularidade. Os estereótipos tendem a ser rompidos e a diversidade encontra lugar com diferentes modalidades e significados. Essa mudança aparece na arte contemporânea que admite muitos estilos de representação e práticas diversificadas, permitindo ao artista mostrar a sociedade híbrida em que ele se encontra (Freitas e Pereira, 2007).

Vygotsky (2006) explica que a arte é o social no interior da pessoa, possibilitando que aspectos íntimos sejam levados à vida social por meio da simbolização, assim a arte é a técnica social da emoção, na qual o sentimento é objetivado, materializado e projetado no objeto artístico externo que se converte em ferramenta da sociedade. A emoção é individual, a arte é produzida para o outro, e o objeto artístico sintetiza o significado individual que passa a ser social.

Os símbolos representam, ou substituem algo ou alguém, e devem ser interpretados, e estão ligados a convenções socialmente construídas e são necessários para identificar o que é representado. A obra de arte deve ser interpretada com base em convenções culturais (Goodman, 2006). Encontra-se em Vygotsky a ideia de que os significados são socialmente construídos e é necessário conhecer essas construções para compreender a obra de arte. Embora o objeto artístico constitua uma resposta inédita, os referenciais sociais ajudam em sua compreensão.

A arte elabora e transmite sentimentos e é um meio psicológico para criar equilíbrio com o meio externo e, produzindo o objeto artístico por meio da representação, a pessoa pode dominar os sentimentos e resolvê-los, "há necessidade de dominar criativamente os próprios sentimentos e encontrar a própria catarse, só então o efeito da arte será completo" (Vygotsky, 2006, p. 303). A arte torna-se, assim, uma via para compreender e conquistar os sentimentos e aliviar tensões. O efeito catártico da obra de arte atende à necessidade de construir significados, estabelecendo sentidos que ligam as emoções individuais aos significados sociais. A criação artística não é imediata, é um processo demorado porque sempre medeia um período longo entre o efeito e a execução e "é um meio de educação, ou seja, programa de grande alcance para modificar o comportamento e o organismo" (Vygotsky, 2006, p. 308). Neste sentido, a produção artística está ligada também à vontade, pois por meio da arte, a pessoa se vê impelida a realizar ações, embora a arte não gere diretamente uma ação, prepara o organismo para essa ação e, por meio dela, o indivíduo pode dar a conhecer os seus sentidos e representações.

A atividade artística é sempre uma atividade criadora e começa com a imaginação; pode tentar copiar a realidade concreta, mas essa cópia é uma representação imaginada. Há ações humanas que se restringem a repetir experiências já vividas e aprendidas, enquanto outras combinam, criam, reelaboram, renovam experiências passadas, modificam o presente para criar um novo futuro. A imaginação está sempre presente, seja em grandes descobertas da humanidade ou em atividades cotidianas, nas quais aparece em pequenas soluções inovadoras. A atividade criadora acontece sempre que o ser humano imagina, combina, modifica e cria qualquer coisa nova (Vygotsky, 2009, p. 13). A arte privilegia a ação criadora. A construção artística apresenta respostas novas, ou renovadas, modifica a experiência, apresenta percepções diferentes e, assim, possibilita as descobertas. Na arte, a atividade imaginativa encontra permissão para construir novos significados.

A criança imagina e cria, e o faz antes mesmo de desenvolver a capacidade de simbolização. Essa criação é considerada pré-simbólica, indicando que a condição cognitiva necessária para a criação artística não envolve necessariamente funções como raciocínio, planejamento, monitoramento ou juízo. Todos podem criar e pessoas com deficiência intelectual não são exceção.

Produzir uma obra de arte é um expressar e é também um fazer. O fazer artístico liberta. Embora a linguagem utilizada tenha regras, elas podem ser transpostas, porque não são funcionais, ou porque não são compreendidas, mas não são aprisionantes. Na arte, não há certo ou errado (Coleto, 2010) e, assim, o indivíduo pode explorar e se aventurar para experienciar novas representações.

Barroco e Superti (2014), estudando a relação entre a psicologia e a arte estabelecida na obra de Vygotsky, explicam que o objeto artístico pode ser apropriado por outras pessoas, mas há necessidade de mediação das relações sociais junto ao fruidor, pois essa apropriação não é direta. A mediação possibilita o conhecimento e a compreensão do universo artístico e o domínio da linguagem usada, ampliando as possibilidades de representação e expressão do autor da obra. Essas relações sociais mediadoras podem ser planejadas e executadas pelo professor, pelo psicólogo, pelo crítico de arte, ou por outras pessoas que podem levar à melhor apropriação da obra. Quando mediadas pelo educador, a arte amplia e consolida a ação educativa.

A abordagem histórico-cultural de Vygotsky (2006) destaca as interações sociais e enfatiza também a atividade artística para o desenvolvimento humano, afirmando que a arte deve estar sempre presente na educação, pois estabelece um elo entre o individual e o social, possibilitando que conteúdos individuais possam ser compartilhados e compreendidos pelo outro.

A ideia central no pensamento de Vygotsky sobre arte é considerá-la como o social no interior do ser humano, pois a produção artística faz parte de um momento contextualizado da vida, um momento histórico do qual a pessoa extrai sua matéria prima para transformá-la em algo que ainda não existe, que é a própria obra de arte. Esse momento possibilita que os aspectos mais particulares de sentimentos e emoções sejam levados ao círculo da vida social. A obra não é formada ou pensada antecipadamente, vai se formando enquanto é realizada, vai se materializando no processo de criação e, materializada e projetada fora, é fixada em objetos artísticos externos.

 

A Arte como Ato Social na síndrome de Down

A arte, em suas diversas linguagens, tem sido utilizada no trabalho com pessoas que apresentam deficiência intelectual desde o século XIX, mas nem sempre a criatividade e a expressividade foram valorizadas. Pessoas com síndrome de Down fazem parte dessa população e têm participado das atividades artísticas. Reily (2010) afirma que pessoas com deficiência intelectual foram ensinadas a serem dóceis e passivas e a não reivindicarem o seu direito ou desejo de fazer arte. A autora explica que as solicitações nas atividades artísticas restringiam-se a colorir contornos pré-determinados ou copiar criações de outros artistas, revelando o descrédito na capacidade criativa da pessoa com deficiência e no aspecto cognitivo da arte. A própria arte, nesse contexto, era colocada em um lugar periférico no trabalho educacional ou terapêutico, simplesmente como atividade mais fácil e por isso menos valorizada.

Oleques (2013) acrescenta que, ao pensar em artes e educação, a prática educativa pode ser conduzida de modo que os alunos sejam capazes de perceber o mundo ao seu redor. De acordo com a autora, mais do que ampliar a percepção estética ou artística, o ensino de artes pode "desenvolver o reconhecimento de cada sujeito, a percepção de si e dos outros, tornando-se relevante a partir da reconstrução e novos modos de olhar partindo do impacto da realidade". Nota-se que a autora, ao se referir ao ensino de artes, dá menos importância à técnica artística e mais ênfase ao encontro com a subjetividade da pessoa. Isso parece válido para o ensino de artes para pessoas com deficiência intelectual.

Os estudos de Vygotsky sobre a psicologia da arte ajudam a compreender como pessoas com deficiência podem se beneficiar da atividade artística. A arte expressa, comunica, atribui sentido às sensações, sentimentos e pensamentos e faz parte do cotidiano das pessoas, com e sem deficiência. Assim, os conteúdos da arte são conteúdos da vida e não podem ser esquecidos, devendo ser ensinados por meio de linguagens que favoreçam a interação e a participação. Na arte, a execução e a invenção são inseparáveis e uma parte de realidade torna-se conteúdo para a constituição de um valor original, que pessoas com deficiência mostram que podem realizar sem restrições.

As linguagens artísticas beneficiam o desenvolvimento das pessoas, pois elas se tornam capazes de atuar de forma mais efetiva consigo mesmas e com os outros. A atividade artística é um instrumento fundamental no trabalho com pessoas com deficiência que, frequentemente, têm sua subjetividade negada, pois a arte favorece a construção de significados que podem ser compartilhados e socializados, assim como a aquisição de novos conhecimentos e o desenvolvimento dos aspectos cognitivo, afetivo e social da pessoa, com a otimização de sua capacidade funcional.

O pensamento artístico permite que a pessoa com síndrome de Down explore e exercite suas capacidades, trabalhando com recursos como a visuoconstrução e a orientação espacial que estão presentes e preservados, em vez de exigir exercício intelectual, como o raciocínio abstrato que se apresenta mais limitado, e por isso torna o trabalho mais difícil e desconfortável.

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, no Brasil, incluiu a arte como área de conhecimento, portanto, obrigatória na educação básica, dando início a uma busca de metodologias mais adequadas ao ensino da arte nas escolas e objetivando uma formação estética e cultural do aluno desde os primeiros anos de escolarização. De acordo com a LDB do Brasil de 1998, a educação em arte deveria promover a integração entre o fazer artístico, a análise e apreciação da obra e a contextualização histórica.

A arte faz parte do processo educacional formal, mas foi periférica antes de se tornar uma Disciplina no currículo escolar. De acordo com os PCN-Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a arte é um tipo de conhecimento que o ser humano produz e se assemelha ao conhecimento científico no que diz respeito à criação e à inovação, constituindo formas de conhecimento por meio das quais o ser humano estrutura e organiza o mundo. De acordo com esse documento, a arte pode favorecer a integração entre a aprendizagem racional e a estética dos alunos, possibilitando o "exercício conjunto e complementar da razão e do sonho, no qual conhecer é também maravilhar-se, divertir-se, brincar com o desconhecido, esforçar-se e alegrar-se com as descobertas" (Brasil, 1997, p. 21).

A arte solicita a visão, a escuta e os demais sentidos como portas de entrada para uma compreensão das questões sociais. A expressão por meio da arte é rápida e eficaz, pois atinge o interlocutor por meio de sua síntese, que não está presente na explicação dos fatos. Quando uma pessoa pode se expressar por meio da arte, as habilidades artísticas podem se desenvolver por meio de questões que se apresentam a ela no decorrer de suas experiências e buscar meios para transformar ideias, sentimentos e imagens em um objeto material (Brasil, 1997).

A atividade artística para pessoas com deficiência intelectual busca ultrapassar a mera atividade mecânica, como colorir contornos, e procura possibilitar a expressão da criatividade, a construção de significado, a aquisição e ampliação do vocabulário estético dentro de determinado contexto cultural. A aprendizagem de linguagens e técnicas artísticas permite a exploração e a descoberta por meio dos sentidos e da percepção para encontrar novas respostas e novas formas de estar no mundo. Busca-se não perder de vista o desenvolvimento e o exercício das capacidades funcionais, entendidas como a habilidade da pessoa de realizar atividades instrumentais do seu cotidiano, garantindo sua autonomia.

Salgado e Santos (2012) explicam que a arte permite que a pessoa expresse emoções, sentimentos e interaja com outras pessoas e com o ambiente, assim, a arte tem efeito positivo na autoestima e autoconfiança e pode despertar o prazer de fruir, fazer e vivenciar a arte, favorecendo o desenvolvimento global. A produção artística de pessoas com síndrome de Down mostra tanto a presença de arte figurativa como de arte abstrata. Contudo, a arte abstrata produzida não se dá pelo conceito. A compreensão da produção artística da criança pode oferecer pistas para a compreensão da arte produzida por pessoas que têm a síndrome e deficiência intelectual, pois a arte infantil é considerada pré-simbólica e não propriamente abstrata. Na arte infantil, as formas dependem do fazer em vez do conceber, pois a criança desenha o que sabe sobre o objeto e o que considera importante nele, diferentemente do artista adulto que não quer representar um objeto, quer somente que a arte aconteça (Iavelberg e Trindade, 2009).

A atividade de artes visuais com pessoas que têm síndrome de Down ou deficiência intelectual é motivadora e capta a atenção com facilidade. A utilização dos materiais também não oferece dificuldade e é aprendida com explicações simples; tanto a criação de obras de arte como a releitura de trabalhos de outros artistas mostram a flexibilidade da pessoa, que partindo de uma instrução, pode libertar-se de modelos rígidos e apresentar sua própria "leitura" do que é proposto.

A experiência da atividade artística com pessoas, que têm síndrome de Down ou deficiência intelectual, mostra a característica social da atividade artística enfatizada por Vygotsky. O projeto "Art Works" (2015), em East Sussex, Reino Unido e o projeto "Pintou a Síndrome do Respeito" (2015), realizado pelo Instituto Olga Kos, em São Paulo, Brasil, disponibilizam imagens da produção artística de pessoas com deficiência intelectual e síndrome de Down e apresentam relatos dos participantes dos projetos e dos seus familiares em que se constata que o trabalho artístico abre a possibilidade de aprendizagem de linguagens, técnicas e conteúdos da arte, traz a possibilidade de interação social na qual a construção de significados se manifesta e é socializada, além do acesso a ambientes culturais como museus e galerias de arte.

O Projeto "Art Works" oferece cinco programas que buscam a excelência em arte visual contemporânea (Parachute Club, Inclusive Studios, Mentoring Studios, Art Breaks e Peer Suport Network), que estimulam a atividade artística para crianças, adolescentes e adultos com deficiência grave, por meio da orientação de profissionais qualificados, materiais de alta qualidade e envolvimento de familiares e amigos que trabalham com abordagem holística voltada para as necessidades dos atendidos.

O projeto "Pintou a Síndrome do Respeito" destina-se crianças, adolescentes, adultos e pessoas de terceira idade com síndrome de Down e deficiência intelectual e oferece oficinas de artes visuais organizadas com base em técnicas de artistas brasileiros contemporâneos que comparecem aos encontros para orientar os participantes. Os trabalhos do artista e dos participantes das oficinas são reunidos em exposições coletivas em museus ou centros culturais possibilitando o acesso a tais ambientes.

Greenwald (2008), em seu livro "Kellie's Book: the art of the possible", mostra o potencial de desenvolvimento das pessoas com síndrome de Down, por meio de seus trabalhos artísticos. A autora tem a síndrome, foi estimulada sistematicamente desde as três semanas de vida, e desde o início desenvolveuse satisfatoriamente, frequentou escolas na cidade onde nasceu evoluindo até o ensino superior. Em seu livro, retrata passagens significativas desse percurso, no qual as pinturas são acompanhadas de comentários sobre os momentos representados. A composição, o equilíbrio, a perspectiva com a representação clara de diferentes planos, o conjunto de cores e a contextualização atestam a habilidade artística. Mais do que a livre expressão, a obra de Greenwald é a materialização dos conteúdos internos da autora e de sua capacidade de se apropriar de conteúdos externos para elaborá-los e produzir um novo significado que compõe uma nova versão de mundo.

O conhecimento e a aprendizagem de técnicas artísticas e a oportunidade de releitura de obras já produzidas ou de criação de seu próprio trabalho revela a capacidade de compreender conteúdos artísticos produzidos por outras pessoas, os símbolos e significados sociais e a possibilidade de expressar seus próprios conteúdos por meio do desenho e da pintura, por exemplo. É a arte como ato social, pois a limitação não coloca impedimento para esse ato.

 

Palavras Finais

Com base no exposto acima e na tentativa de atingir o(s) objetivo(s) proposto(s) neste trabalho, destacam-se alguns dos aspectos relevantes para pensar e agir nas atividades artísticas com pessoas que têm deficiência intelectual, particularmente com síndrome de Down.

O pensamento de Vygotsky indica um caminho alternativo para ampliar as possibilidades de desenvolvimento para essas pessoas, mostrando que além da condição orgânica, as oportunidades oferecidas pelo ambiente são fundamentais para que o potencial existente se atualize e compreende-se que a produção do trabalho artístico favorece a autoexpressão e a socialização, contribuindo para a aquisição das funções intelectuais tipicamente humanas. A produção do objeto artístico utiliza elementos aprendidos na vida social, dos quais o autor se apropria, transformando-o e devolvendo-o novamente ao social. Essa ação abre modos novos de percepção e pensamento, favorecendo o desenvolvimento cognitivo. O desprendimento de regras e padrões favorece a exploração e a descoberta na utilização dos materiais, dessa forma a atividade não se restringe a reproduzir modelos, e sim imaginar e permitir-se criações baseadas nessa imaginação.

A atividade artística das pessoas que têm síndrome de Down ou deficiência intelectual requer alguns cuidados ou adequações mediadas pelos adultos, que podem facilitar o desempenho quando a pessoa tem uma limitação mais significativa. As adequações tornam a participação dessas pessoas mais intensa nas atividades artísticas e, em consequência, sua capacidade funcional é otimizada. Assim, por meio da atividade artística, as funções cognitivas são exercitadas, as condições para a independência e a autonomia são experienciadas e o convívio social é uma oportunidade de sociabilização. Essas vivências permitem a formação de um repertório que poderá ser transportado para outros momentos da vida.

A opção por artes visuais se impõe por si mesma, devido à grande utilização de atividades artísticas como meio de estimulação da pessoa com deficiência, em todas as idades e em contextos diversos. Vygotsky (1999) enfatiza as interações sociais e seu papel fundamental na aprendizagem e coloca a arte como atividade indispensável para o desenvolvimento e a socialização. De acordo com Salgado e Santos (2012), o conhecimento das linguagens artísticas possibilita a socialização da pessoa com deficiência e, apoiando-se em Vygotsky, afirmam que seu desenvolvimento é efetivado por meio da compensação social, que é a reação da pessoa com deficiência diante dela, buscando superar as limitações com base em instrumentos e mediação.

A atividade artística proporciona experiências de realização para a pessoa que tem síndrome de Down, pois as funções intelectuais nela presentes tornam seu aproveitamento mais positivo e o objeto artístico produzido lhe proporciona a experiência de realização. Diante de sua arte, a pessoa tem oportunidade de dizer "eu fiz"; "este é meu", e apropriar-se de sua obra. Tendo em vista a situação de dependência em que a maioria das pessoas com deficiência intelectual vive e a limitação de espaços sociais, essa oportunidade torna-se uma experiência de sucesso e pode ser uma experiência transformadora, que facilita a construção de modos mais participativos de interação social.

Pessoas com síndrome de Down ainda têm, apesar dos avanços conquistados pelo movimento inclusivo, possibilidades limitadas de realização pessoal. A ampliação de espaços sociais e culturais é necessária para o desenvolvimento efetivo do potencial humano dessa pessoa. A arte configura-se como um caminho para a conquista desses espaços, não só como uma forma de autoexpressão, mas principalmente como uma forma de construir novas versões de um mundo, que é diferente de todos os outros, pois advém de um ser único.

 

Referências

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Recebido: 29/09/2015 / Corrigido: 08/10/2015; 26/02/2016 / Aceito: 20/03/2016.

 

 

1 Pós-doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia Educacional do Centro Universitário da Fundação Instituto de Ensino para Osasco - Apoio financeiro: CAPES. Endereço: Av. Paulista, 509 - 10º andar - sala 1001 - Tel.: (11)3283.0857 CEP 01311-000 - São Paulo - Email: scasarin@uol.com.br
2 Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da USP. Docente e Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Educacional do Centro Universitário da Fundação Instituto de Ensino para Osasco. Endereço: Av. Franz Voegeli, 300 - Tel.: (11) 3651-9999 Cep 06020-190 - Osasco - SP - Email: marisa.irene@unifieo.br

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