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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.36 no.91 São Paulo jul. 2016

 

TEORIAS, PESQUISAS E ESTUDOS DE CASOS

 

 

Violência escolar: associação com violência intrafamiliar, satisfação de vida e sintomas internalizantes

 

School violence: association with familiar violence, life satisfaction and internalizing symptoms

 

Violencia escolar: relación con la violencia doméstica, satisfacción con la vida y los síntomas de internalización

 

 

Jaqueline Portella Giordani1; Débora Dalbosco Dell'Aglio2

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

 

 


RESUMO

Este estudo teve por objetivo investigar a ocorrência de violência no espaço escolar e sua associação a outros contextos de violência, satisfação de vida e sintomas internalizantes em adolescentes. Participaram 426 adolescentes de escolas públicas de uma cidade de grande porte sendo 62% do sexo feminino, com média de idade de 14,91 anos (DP=1,65), que responderam instrumentos sobre exposição à violência, saúde mental e satisfação de vida (SV). Os resultados indicaram que 29,3% da população já foi vítima de violência na escola. Essa vitimização foi associada a escores mais baixos de SV e escores mais altos de violência intrafamiliar e de sintomas internalizantes. Uma regressão linear múltipla indicou que as várias independentemente associadas à violência escolar são escores mais altos de violência intrafamiliar, ser do sexo masculino e escores mais baixos na subescala de SV-Self Comparado. O impacto da violência escolar e os fatores associados a sua ocorrência devem ser considerados em ações de intervenção.

Palavras-chave: violência escolar; satisfação de vida; saúde mental; adolescência.


ABSTRACT

The purpose of this research was to study the school victimization among adolescents and examine the relationship between these reports and other contexts of violence, life satisfaction (LS) and internalizing symptoms. The participants were 426 adolescents from public schools in a big city, aged 12-18 years (M=14.91; SD=1.65), of which 62% were girls, who answered instruments about family and community violence, mental health and life satisfaction. Of the respondents, 29.3% reported being victims of school violence. This victimization was associated with reduced LS and increased internalizing symptoms and familiar violence. The results of a Multiple Linear Regression Analysis indicated that being exposed to familiar violence, being male and lower levels on the subscale of LS-Compared Self are associated with higher scores of school violence. The impact of school violence on the development of the adolescents and the social factors associated should be considered in educational actions for prevention of violence among students.

Keywords: school violence; life satisfaction; mental health; adolescence.


RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo investigar la ocurrencia de la violencia en la escuela y su relación con otros contextos de violencia, satisfacción con la vida y los síntomas de internalización en los adolescentes. Participaron 426 adolescentes de escuelas públicas de una grande ciudad brasileña, el 62% mujeres, con una edad media de 14,91 años (DE = 1,65), que respondieron instrumentos sobre la exposición a la violencia, la salud mental y satisfacción con la vida (SV). Los resultados indicaron que el 29,3% de la muestra ha sido víctima de la violencia en la escuela. Esta victimización se asoció con menores puntuaciones de SV y las puntuaciones más altas de violencia intrafamiliar y síntomas de internalización. Un análisis de regresión lineal múltiple indicó que las variables asociadas de forma independiente con la violencia escolar se reflejan en altas puntuaciones de la violencia intrafamiliar, siendo las puntuaciones más bajas masculinas y en la subescala de SV-Self comparación. El impacto de la violencia escolar y los factores asociados a su ocurrencia deben ser considerados en acciones de intervención.

Palabras clave: violencia escolar; satisfacción con la vida; salud mental; adolescencia.


 

 

Introdução

A violência é considerada pela World Health Organization (WHO, 2002) como um problema de saúde pública já que há estimativas de que aproximadamente 1,6 milhões de pessoas em todo mundo morrem em decorrência da violência, a cada ano. Algumas características sociais e individuais tornam algumas pessoas mais suscetíveis à exposição e vitimização a diferentes formas de violência em diferentes contextos. Dados oficiais apontam que no Brasil os adolescentes fazem parte do grupo etário mais exposto à violência, sendo esta uma etapa de grande risco para mortes devido a causas externas (UNICEF, 2012; Waiselfisz, 2014). Estudo realizado com adolescentes de escolas de diferentes regiões do país demonstrou que os adolescentes são as maiores vítimas da exposição à violência tanto intrafamiliar quanto extrafamiliar quando comparados com adultos (Benetti, Gama, Vitolo, da Silva, D'Ávila, & Zavaschi, 2006). Do grupo estudado, 90,2% dos adolescentes relataram ter sofrido pelo menos um episódio de violência comunitária e 91,6% afirmou ter sido exposto indiretamente a ao menos um episódio de violência.

A violência extrafamiliar pode ocorrer na vizinhança, nos espaços públicos e também nas escolas. O ambiente escolar, que deveria ser capaz de propiciar o desenvolvimento pleno do adolescente através de aprendizagens significativas e interações sociais diversas, tem progressivamente se tornado um local de manifestação de comportamentos agressivos, conflitos e intolerância (Abramovay, 2002). A violência não é mais um problema externo a este ambiente, tornando-se inerente a ele. Não há consenso ainda em relação ao conceito de violência escolar e é comum que diferentes e diversas definições a esse respeito sejam utilizadas nas pesquisas na área. A caracterização dessa violência envolve desde agressões físicas e agressões verbais entre alunos (Salles & Silva, 2008), bullying (Arseneault, Bowes, & Shakoor, 2010; Craig e outros, 2009; Oliveira, Silva, Yoshinaga, & Silva, 2015), depredação dos materiais e prédios da escola (Castro, Cunha, & Souza, 2011), desrespeito, agressões e ataques contra professores (Silva, 2013), consumo de drogas e porte de armas dentro da escola (Castro, Cunha, & Souza, 2011), até preconceito e discriminação através de segregação, exclusão e indiferença (Salles & Silva, 2008). A violência também está presente na relação professor-aluno, através de desqualificação, humilhações, agressões verbais e desrespeito, especialmente na sala de aula (Silva, 2013).

A violência escolar não deve ser analisada apenas como um tipo de violência juvenil, pois a ocorrência deste fenômeno expressa a intersecção de diversos fatores: sociedade, família, escola e ainda características individuais do adolescente (Abramovay, 2002). A compreensão deste fenômeno transpassa então todos estes ambientes, e as relações estabelecidas entre eles (Freire & Aires, 2012). Os estudos têm indicado que as violências familiar, escolar e comunitária não ocorrem isoladamente no dia-a-dia desta população, estando comumente relacionadas (Assis, Avanci, Pesce, & Ximenes, 2009).

Estar exposto à violência pode provocar consequências diversas no desenvolvimento saudável dos adolescentes. A violência provoca prejuízo nas relações sociais, na qualidade de vida e provoca sofrimento (Castro e outros, 2011,). Entre as violências a que os adolescentes estão expostos, a violência escolar parece provocar impacto persistente no desenvolvimento, o que tem sido verificado em estudos transculturais e longitudinais (Bowes, Joinson, Wolke, Lewis, 2015; Perren, Dooley, Shaw, & Cross, 2010). Ser vítima de violência na escola tem sido associado a transtornos externalizantes, tais como automutilação, comportamento violento e sintomas psicóticos (Arseneault e outros, 2010). Entretanto, cada vez mais pesquisas têm identificado a associação entre essa vitimização e o desenvolvimento de sintomas e transtornos internalizantes, como depressão (Schwartz, Lansford, Dodge, Pettit, & Bates, 2014), ansiedade (Fekkes, Pijpers, Fridriks, Vogels, & Verloove--Vanhorick, 2010) e transtorno do estresse pós-traumático (Idsoe, Dyregrov, & Idsoe, 2012). Estudos também têm indicado que este impacto da vitimização na escola na saúde mental das vítimas tende a ser persistente até a adultez (Bowes e outros, 2015; Holt e outros, 2014; Takizawa, Maughan, & Arseneault, 2014).

A violência também pode alterar a avaliação no referente à satisfação de vida do sujeito, ou seja, à percepção cognitiva que a pessoa tem de sua vida (Diener, 2006). A satisfação de vida pode ser avaliada globalmente, considerando a vida como um todo, e a partir de domínios específicos, por exemplo, o trabalho, a família, a escola e o lazer, mas também a percepção de self e de self comparado (Diener, 2006; Segabinazi, Giacomoni, Dias, Teixeira, & Moraes, 2010). Assim, os determinantes para a satisfação de vida podem ser provenientes de condições externas e de fatores internos ao sujeito. Segundo Seligman e Csikszentmihalyi (2000), a investigação de fatores positivos em Psicologia, como o é a satisfação de vida, pode permitir o reconhecimento de quais determinantes estão implicados no desenvolvimento saudável e no fortalecimento e construção de competências dos indivíduos, mesmo em situações de risco e vulnerabilidade. A exposição à violência na escola seria um dos aspectos que implicaria nesta avaliação, estando associada à insatisfação com a própria vida em adolescentes (Matos e outros, 2009).

Considerando-se os aspectos apresentados, relativos à crescente prevalência de violências no espaço escolar e ao impacto que a exposição a esta violência pode provocar no desenvolvimento das vítimas, o objetivo deste estudo foi investigar a ocorrência de violência no espaço escolar e sua associação a outros contextos de violência, satisfação de vida e sintomas internalizantes em adolescentes.

 

Método

Participantes

Participaram deste estudo 426 adolescentes, sendo 62% do sexo feminino e 38% do sexo masculino, com idades entre 12 e 18 anos (M=14,91; DP=1,65). Os participantes estavam cursando do sexto ano do Ensino Fundamental ao terceiro ano do Ensino Médio em escolas da rede pública da cidade de Porto Alegre/ RS. Dos participantes, 9,9% trabalhava e 7,5% estava fazendo estágio, 2,6% já havia sido expulso alguma vez de uma escola e 35,7% já havia sido reprovado em alguma etapa de escolarização.

Instrumentos

Ficha de Dados Sociodemográficos: investigou dados como idade, sexo, série escolar, informações sobre trabalho, configuração familiar, repetência escolar, entre outros.

Exposição à Violência Intra e Extrafamiliar: essas variáveis foram avaliadas a partir de duas questões retiradas do Questionário da Juventude Brasileira (Dell'Aglio, Koller, Cerqueira-Santos, & Colaço, 2011). Este questionário é composto de 77 itens que avaliam fatores de risco e de proteção no desenvolvimento de adolescentes, mas foram utilizados para este estudo os itens 31 (sobre violência no contexto familiar) e 62 (sobre violência no contexto extrafamiliar), com subitens que investigam situações de abuso físico, psicológico e sexual. Cada uma das questões engloba cinco itens, respondidos de forma dicotômica (0=Não, 1=Sim): "ameaça ou humilhação", "soco ou surra", "agressão com objeto", "mexeu no meu corpo contra minha vontade" e "relação sexual forçada", além de solicitar informações sobre quem foi o autor da violência. Para avaliar violência escolar, neste estudo, foi selecionada a questão 62, que investiga a exposição à violência extrafamiliar, a partir dos subitens "ameaça e humilhação", "soco ou surra" e "agressão com objeto", sempre que foram perpetrados por colegas de escola e professores.

Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes (EMSVA): (Segabinazi e outros, 2010): composta por 52 itens em escala likert que avaliam sete dimensões da satisfação de vida de adolescentes: família, self, escola, self comparado, não violência, autoeficácia e amizade. A escala apresenta adequada consistência interna (α=0,93) (Segabinazi e outros, 2010).

Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse para Adolescentes (EDAE-A): (versão adaptada e validada por Patias, Machado, Bandeira, & Dell'Aglio, no prelo): o instrumento é composto 21 itens, divididos em três subescalas para avaliar sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Cada subescala contém sete itens, respondidos em uma escala tipo likert de quatro pontos, onde os extremos são "Não aconteceu comigo nessa semana" (0) a "Aconteceu comigo na maior parte do tempo da semana" (3). No estudo de adaptação foram observadas medidas de fidedignidade variando de 0,83 a 0,90 para cada subescala e 0,90 para a escala EDAE-A (Patias e outros, no prelo).

Procedimentos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia da UFRGS, sob protocolo nº 557.202. Foram respeitados todos os aspectos éticos que garantem a integridade dos participantes. O projeto de pesquisa foi apresentado em cada escola e foi obtida a assinatura do Termo de Concordância (Anexo L). As cinco escolas públicas foram selecionadas por conveniência, em diferentes regiões da cidade de Porto Alegre -RS. Foi solicitado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo M) para os pais ou cuidadores e o Termo de Assentimento para os adolescentes que concordaram em participar. A aplicação dos instrumentos foi realizada de forma coletiva, na sala de aula dos participantes.

Análise dos dados

Os dados foram digitalizados no programa estatístico SPSS versão 22.0. Estatísticas descritivas e inferenciais foram realizadas, segundo objetivos do estudo. Os dados foram analisados inicialmente segundo a ocorrência prévia ou não de ao menos um episódio de violência escolar. Para realização de testes t de Student, então, os participantes foram divididos em dois grupos (vítimas e não-vítimas de violência escolar). Para a realização de uma Regressão Linear Múltipla, foi utilizado o escore de exposição à violência escolar (com variação de 0 a 3), sendo que quanto maior o escore maior a vitimização.

 

Resultados

Dos 426 adolescentes participantes, 29,3% relatou ter sofrido ao menos um dos tipos de violência escolar analisados. Do total da amostra, 24,9% relatou já ter sofrido violência psicológica (ameaça ou humilhação), enquanto que 10,8% afirmou já ter sofrido algum tipo de violência física na escola (soco, surra ou agressão com objetos). Em relação aos perpetradores de violência, em 96,58% dos casos relatados de violência escolar a agressão foi perpetrada por colegas, e em 3,42% dos casos foi perpetrada por professores. Em relação às violências extrafamiliares, um teste de qui-quadrado indicou que a escola foi o local identificado como sendo onde ocorrem significativamente (p<0,001) mais situações de violência, englobando 68,3% do total de relatos de violência extrafamiliar. Dos alunos que relataram terem sofrido ao menos um episódio de violência escolar, 59,3% foram também vítimas de algum tipo de violência intrafamiliar. Entre os adolescentes que nunca sofreram violência na escola, o índice de vitimização no contexto familiar foi de 27,3%.

A Tabela 1 apresenta os dados referentes à exposição à violência intrafamiliar, à satisfação de vida (SV), e aos sintomas de depressão, de ansiedade e de estresse em relação a vítimas e não-vítimas de violência escolar.

Como demonstrado na Tabela 1, um teste t de Student indicou que quem já foi vítima de alguma violência na escola apresentou média significantemente mais alta de exposição à violência intrafamiliar (t=-6,09; gl= 170,30; p<0,001) em relação a quem nunca sofreu essa vitimização. Verificou-se também que os escores padronizados de SV foram significantemente maiores para os alunos que relataram nunca terem sido vítimas de violência escolar (t=4,05; gl=423; p<0,001). Ainda, ter sofrido violência na escola se mostrou associado a médias significantemente mais altas nas subescalas de depressão (t= -3,60; gl= 189,20; p<0,001), de ansiedade (t=-3,14; gl= 424; p<0,001) e de estresse (t= -4,83; gl= 424; p<0,001).

Com o objetivo de verificar quais as variáveis estavam independentemente associadas à vitimização por violência escolar foi realizada regressão linear múltipla (Tabela 2). As variáveis consideradas para o modelo foram sexo, violência intrafamiliar, depressão, ansiedade, estresse, e cada uma das sete subescalas de avaliação de SV (Família, Self, Escola, Self Comparado, Não-violência, Autoeficácia e Amizade). Cabe ressaltar que a variável sexo foi transformada e entrou no modelo como variável preditora binária (0 - sexo masculino e 1 - sexo feminino).

O modelo que melhor explicou esta relação incluiu a associação positiva com violência intrafamiliar, e negativa com as variáveis sexo feminino e SV - Self Comparado, sendo este modelo significativo [F(3,421)=25,40; p<0,001]. As variáveis incluídas no modelo explicaram 15,3% da variação nos escores de violência escolar.

 

Discussão

Os resultados da análise da prevalência de exposição à violência escolar nesta amostra, em que cerca de um terço dos estudantes relatou já ter sido alvo dessa violência, são semelhantes aos índices nacionais. Pesquisa de prevalência nacional indicou que 28% dos estudantes já foi vítima de violência na escola, ao menos uma vez (CEATS & FIA, 2010), mas outros estudos já encontraram índices maiores, como 38,9% na Paraíba (Santos, Cabral-Xavier, Paiva, & Leite-Cavalcanti, 2014) até 56,9% no Rio Grande do Sul (Silva, Oliveira, Bandeira, & Souza, 2012). Um estudo realizado em 40 países constatou diferenças de prevalência de violência escolar entre os vários países: entre 8,6 % a 45,2 % de envolvimento entre os meninos e de 4,8 % a 35,8 % entre as meninas (Craig e outros, 2009). Essas diferenças entre os resultados podem ser influenciadas pelas diferenças na compreensão sobre o que é violência escolar em cada uma das pesquisas, e por questões metodológicas. Alguns estudos analisam uma variabilidade maior de agressões, englobando xingamentos, surras, exclusão, humilhação, destruição patrimonial, até apelidos. Divergências culturais e sociodemográficas nas populações estudadas são também possíveis explicações para essa variabilidade nos percentuais de vitimização (Craig e outros, 2009).

As pesquisas a respeito da violência na escola têm focalizado a investigação na violência entre pares, pois essa tem sido considerada mais prevalente no espaço escolar, embora outros tipos de violência também ocorram. Neste estudo, buscou-se avaliar também a violência perpetrada por professores, e os resultados indicaram índices expressivamente menores do que a vitimização entre colegas. A hipótese é de que essa violência presente na relação professor-aluno não seja percebida como tal, já estando naturalizada e banalizada. As violências física e simbólica perpetradas por professores são consideradas como típicas e não reconhecidas como violência pelos adolescentes, por serem justificadas pela posição de poder do professor naquele espaço (Silva, 2013).

Neste estudo, outras variáveis foram investigadas, como sexo, reprovação escolar, exposição à violência intrafamiliar, satisfação de vida e sintomas internalizantes, observando sua relação com a vitimização no espaço escolar. Os resultados encontrados indicam que a vitimização na adolescência não fica restrita a apenas um dos contextos de desenvolvimento. A ocorrência dessa violência na escola associa-se à exposição do adolescente à violência na família e na comunidade. É relevante que a cada três situações de violência no contexto extrafamiliar relatadas pelos participantes, duas tenham ocorrido dentro do espaço escolar. Estes dados indicam que a escola, local idealmente de proteção de crianças e adolescentes, tem se transformado em lócus de violação de direitos (Abramovay, 2002; Fonseca, Sena, Santos, Dias, & Costa, 2013).

Foi observada, neste estudo, associação entre vitimização intrafamiliar e violência escolar, o que também tem sido identificado em diversas pesquisas. Os resultados indicam que a porcentagem de adolescentes que estão expostos à violência intrafamiliar é significantemente superior entre os que também são vítimas de violência na escola. A literatura acerca das repercussões da vitimização intrafamiliar no contexto escolar tem evidenciado efeitos negativos de estratégias disciplinares coercitivas no desenvolvimento das crianças e em sua escolarização (Patias, Siqueira, & Dias, 2012). O uso de castigos físicos ou medidas disciplinares severas não somente são ineficazes como estão fortemente associados ao envolvimento em situações violentas por escolares (Oliveira e outros, 2015). Os dados indicam que os adolescentes violentados na escola também o são pelos pais ou cuidadores no espaço doméstico, ocorrendo revitimização na rotina desses jovens.

Além da associação com a exposição à violência na família e na comunidade, a relação entre sintomas internalizantes e violência escolar foi verificada neste estudo. As vítimas de violência na escola, que relataram terem sido alvo de ao menos um tipo de violência, apresentaram escores mais altos de sintomas indicativos de depressão, de ansiedade e de estresse. Sofrer violência dos pares na escola está associado ao aparecimento e desenvolvimento de distúrbios na saúde mental, independentemente de outros fatores de risco individuais e familiares (Arseneault e outros, 2010; Bowes e outros, 2015). A associação a sintomas de estresse (Idsoe, Dyregrov, & Idsoe, 2012; Swearer & Hymel, 2015) e de ansiedade já foi identificada em outros estudos. A ansiedade já foi associada a essa vitimização tanto durante o período de ocorrência da violência, quanto meses depois (Stapinski, Araya, Heron, Montgomery, & Stallard, 2015).

Dentre os sintomas internalizantes, grande parte das pesquisas tem focado sua atenção nos sintomas depressivos, pois a depressão tem sido considerada um problema de saúde pública, com significativos custos sociais e econômicos (Bowes e outros, 2015). Os resultados deste estudo indicam associação entre ser vítima de violência na escola e índices mais altos de sintomas depressivos. Esse resultado também foi encontrado em estudos realizados na China (Chen & Wei, 2011), Austrália e Suíça (Perren e outros, 2010), e no Brasil (Forlim, Stelko-Pereira, & Williams, 2014), onde foi identificado que ser alvo/autor de bullying pode aumentar em 3,7 vezes a chance de ter depressão. Um estudo europeu encontrou, inclusive, que 29,2% da depressão adulta pode ser explicada pela vitimização entre colegas na adolescência, com reduzidas possibilidades de causalidade reversa (Bowes e outros, 2015).

Ainda, além do impacto na saúde mental, os dados deste estudo indicaram que ser vítima de violência escolar provoca impacto negativo na avaliação que o sujeito faz da própria vida. A literatura tem indicado que avaliações positivas sobre a própria vida na adolescência estão associadas à felicidade, enquanto que índices menores nessa variável estariam associados à depressão e tristeza (Proctor, Linley, & Maltby, 2009). Estar exposto à violência tem sido associado a decréscimos na SV na adolescência (Lepistö, Luukkaala, & Paavilainen, 2011). Os resultados do presente estudo indicam que ser vítima de agressões na escola pode impactar negativamente na avaliação que o sujeito faz de sua própria vida, sendo que vítimas de violência escolar apresentaram escores significantemente menores de SV, em relação aos estudantes que nunca sofreram essa vitimização, resultado já encontrado em estudos internacionais (Pfeiffer & Pinquart, 2014; Valois, Kerr, & Huebner, 2012).

Foi possível verificar a associação positiva entre violência escolar e violência intrafamiliar, além da associação negativa com sexo feminino e com o fator Self Comparado (de SV). Essas variáveis mostraram-se independente associadas e indicam um modelo para a vitimização escolar, para esta amostra.

Entre as subescalas de avaliação da SV (Família, Self, Escola, Self Comparado, Não-violência, Autoeficácia e Amizade), apenas o fator Self Comparado mostrou-se independentemente associado à violência escolar. Escores mais altos de vitimização na escola mostraram-se associados a escores mais baixos na subescala de Self Comparado, indicando que as vítimas de violência escolar se percebem menos satisfeitas com suas vidas na comparação com a vida dos outros adolescentes. O fator Self Comparado agrupa itens que se caracterizam por realizar avaliações comparativas do eu ao seu grupo de pares (com temas como amizade, lazer e satisfação de desejos). Esse fator relaciona-se às teorias de comparação social, que consideram que na avaliação da própria vida são realizadas comparações com vários padrões, que podem ser outras pessoas, condições passadas, necessidades ou metas (Giacomoni & Hutz, 2008). Este resultado apresenta evidências da importância das comparações sociais na adolescência, e como a violência impacta essa comparação.

No modelo encontrado, ser do sexo feminino também se associou negativamente aos índices de violência escolar, indicando que os meninos se envolvem mais nesse tipo de situação. As conclusões dos estudos da área não são consistentes a este respeito. Em uma pesquisa realizada em 40 países, com mais de duzentos mil adolescentes, dos quais 12,6% indicaram sofrer violência na escola, as meninas (na maioria dos países) apresentaram índices maiores de vitimização do que os meninos (Craig e outros, 2009). Pesquisadores de outro estudo realizado na Europa constataram o contrário: os meninos teriam uma tendência maior a sofrer e a perpetrar essa violência (Lien, Green, Welander-Vatn, & Bjertness, 2009). Outros estudos, ainda, não têm encontrado essa diferenciação entre os sexos (Scheithauer, Hayer, Petermann, & Jugert, 2006; Tijmes, 2012), indicando que a violência estaria atingindo de forma semelhante meninos e meninas. Essa falta de consenso nos estudos pode ser creditada a questões metodológicas, especialmente no que se refere a diferenças entre os instrumentos utilizados e nos tipos de violências investigadas em cada pesquisa. O resultado encontrado neste estudo, de que ser menino estaria associado positivamente à maior vitimização, é um dado que se assemelha a dados nacionais, que demonstram a prevalência da violência envolvendo o sexo masculino. No período de 1981 a 2012, os homens foram as maiores vítimas de violência: a taxa de mortalidade por violência de jovens do sexo masculino é crescente e chega a ser 14 vezes maior que a taxa das meninas (Waiselfisz, 2014).

A violência pode provocar então tanto consequências na satisfação de vida e na saúde mental, como indicado pelos resultados deste estudo, como também pode ocasionar o afastamento do jovem do espaço escolar. Embora sem significância estatística no modelo final de regressão neste estudo, a reprovação escolar deve ser considerada em ações educativas de prevenção ao comportamento violento entre estudantes. Reprovações na escola podem estar associadas a menores expectativas do adolescente em concluir a educação básica, sendo que nos últimos anos do Ensino Médio a saída de alunos do sistema de ensino por esse motivo se mostra preocupante (Fritsch, Vitelli, & Rocha, 2014). É necessário que se considere o índice de reprovação, que para os participantes desta pesquisa chegou a mais de um terço da amostra, como mais um fator de risco para estes adolescentes, desde que a retenção em uma etapa de escolarização pode levar o adolescente a abandonar a educação formal (UNICEF, 2014). Assim, não é suficiente garantir a inserção de todos na escola, mas também é necessário criar mecanismos para sua permanência.

 

Considerações finais

Este estudo investigou a ocorrência de violência escolar com adolescentes de Porto Alegre, e a relação dessa vitimização com a vitimização intrafamiliar, satisfação de vida e sintomas internalizantes. Os resultados das análises realizadas revelaram que a violência escolar está associada a índices menores de satisfação de vida e índices mais altos de depressão, ansiedade e estresse. Ser do sexo masculino, apresentar escores maiores de vitimização intrafamiliar e escores menores na subescala de SV-Self Comparado mostraram-se independentemente associados à maior vitimização na escola. Os dados indicam que a vitimização entre colegas ou situações de violência perpetrada por professores na escola podem trazer consequências em diversos aspectos da vida do adolescente, tendo impacto na percepção sobre a própria vida e na sua saúde mental. É necessário que se conheça cada vez mais a etiologia, a magnitude e os fatores associados a este fenômeno, assim como seus determinantes individuais e contextuais, para que as intervenções com a comunidade escolar sejam eficazes e efetivas. Considerando-se que é no espaço escolar que os jovens passam grande parte de seu tempo, parece ser importante que os esforços em termos de prevenção e intervenção sejam direcionados a esse microcontexto de desenvolvimento.

A associação de violência escolar a maiores índices de violência intrafamiliar, sintomas internalizantes e insatisfação com a própria vida tem sido também identificada em estudos em outras regiões do país e em pesquisas internacionais, indicando que essas relações não se devem a fatores apenas individuais e/ou regionais, mas que se constituem em fatores macrossistêmicos. Pela associação da violência tanto com a diminuição da satisfação de vida quanto com prejuízos na saúde mental das vítimas, ações de enfrentamento durante a escolarização devem ocorrer de forma sistemática e com foco nos processos relacionais e no manejo saudável das situações de conflito pelos próprios adolescentes. Em alguns casos, talvez seja também necessário o acompanhamento das vítimas da violência escolar durante seu percurso desenvolvimental, para que possa ser reduzido o impacto negativo que essa forma de violência provoca na qualidade de vida. Ainda, é relevante que se considere a alta associação encontrada entre violência intrafamiliar e violência escolar, e, por conseguinte, a necessidade do desenvolvimento de ações que ultrapassem o espaço escolar e envolvam as famílias dos estudantes. O investimento em relações saudáveis nas famílias pode implicar em desenvolvimento de relações saudáveis entre colegas e pares.

Algumas limitações deste estudo devem ser consideradas. A seleção das escolas foi realizada por conveniência, buscando-se representar as diferentes regiões da cidade, mas sem caráter aleatório. Foram investigadas também apenas escolas da rede pública de ensino, podendo haver diferenças em relação aos estudantes da rede privada. A confiabilidade nas informações fornecidas pelos adolescentes deve levar em consideração tanto a capacidade destes de relembrar as situações violentas, bem como o seu interesse em divulgar esses acontecimentos, mesmo com a garantia de sigilo das informações. Ainda, devese levar em conta a evasão escolar e os alunos faltantes, o que pode estar justamente associado ao fenômeno estudado. Dessa forma, embora os resultados sejam significativos, deve-se ter cuidado ao generalizar as conclusões do estudo para todos alunos. Para estudos futuros, sugere-se a inserção de outras variáveis que podem estar relacionadas à vitimização na escola, bem como a avaliação dos fatores associados não apenas à vitimização, mas à perpetração dessa violência. Estudos com amostras de jovens provenientes de diferentes extratos socioeconômicos também podem contribuir para uma investigação acerca de variáveis contextuais relacionadas à violência escolar. Além disso, estudos longitudinais podem auxiliar na compreensão de como estar exposto à violência na escola pode impactar a qualidade de vida e a saúde mental das vítimas e perpetradores ao longo do tempo.

 

Referências

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Recebido: 20/09/2016 / Corrigido: 27/09/2016 / Aceito: 01/10/2016.

 

 

1 Possui graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005) e mestrado em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010). Atualmente é psicóloga no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Endereço: Rua Curupaiti, 1326 apto 905, Porto Alegre/RS, CEP 90820-090. Telefone: (51) 92433509. E-mail: jaquelinegiordani@gmail.com
2 Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1983), mestrado em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992) e doutorado em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000). Atualmente é docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, orientadora de mestrado e doutorado e Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Adolescência (NEPA/UFRGS). Endereço: Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala 115, Porto Alegre -RS -Brasil, CEP 90035-003. Telefone: (51) 33085066. E-mail: dddellaglio@gmail.com

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