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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.36 no.91 São Paulo jul. 2016

 

TEORIAS, PESQUISAS E ESTUDOS DE CASOS

 

 

O caráter rítmico do brincar e a emergência das manifestações simbólicas

 

The rhythmic nature of play and the emergence of symbolic manifestations

 

El carácter rítmico del juego y la emergencia de las manifestaciones simbólicas

 

 

Vera Barros de Oliveira1

Universidade de São Paulo

 

 


RESUMO

O estudo evolutivo do brincar da criança, devido à sua grande complexidade e abrangência, foi e continua a ser objeto de pesquisa e reflexão em diversas áreas da Psicologia. Este artigo tece considerações teóricas sobre essa evolução com enfoque no caráter rítmico e temporal presente nessa evolução. Toma como base a leitura epistemológica, a qual acompanha a passagem da brincadeira sensório-motora para a simbólica, com a emergência gradual das manifestações semióticas e a consequente ampliação do tempo vivido, do presente para o passado e futuro, com os recursos da linguagem e da memória. Traz estudos recentes de Cronobiologia, expondo sua relevância para a Psicologia e relacionando-os a pesquisas e estudos sobre o brincar. Enfoca o ritmo e o tempo vivido na constituição da consciência pessoal e social, via lúdico. Relaciona o caráter endógeno da ritmicidade biológica à visão do ser humano como um sistema dinâmico, histórico e interativo. Ressalta a grande e insubstituível importância do Brincar livre e auto-motivado da criança, no espaço e no tempo, desde seus primeiros anos, como ação original e instrumento regulador de seu equilíbrio e felicidade atual, assim como arquiteto de seu futuro.

Palavras-chave: Brincar, Cronobiologia, Ritmo, Símbolo.


ABSTRACT

The evolutionary study of children playing, due to its great complexity and scope, was and continues being an object of research and reflection in different areas of Psychology. This article presents theoretical considerations about this evolution with a focus on the rhythmic and temporal nature present in this evolution. It is based on the epistemological reading, which monitors the transition of the sensorimotor play to the symbolic one, with the gradual emergence of semiotic manifestations and the consequent expansion of the time lived, from the present to past and future, with the resources of language and of memory. Recent studies on Chronobiology are presented, exposing its relevance to Psychology and relating them to research and studies on Play. The focus is on the rhythm and time spent for the constitution of personal and social awareness, through the ludic. It relates the endogenous character of biological rhythmicity to the vision of the human being as a dynamic, historical and interactive system. It highlights the great and irreplaceable importance of the free and self-motivated play of children, in space and time, since their early years, as an original action and regulatory instrument of their balance and current happiness, as well as an architect of their future.

Keywords: Playing, Chronobiology, Rhythm, Symbol.


RESUMEN

El estudio evolutivo del juego en los niños, debido a su gran complejidad y alcance, fue y sigue siendo objeto de investigación y reflexión en diferentes áreas de la psicología. Este artículo presenta consideraciones teóricas de esta evolución, centrándose en el carácter rítmico y temporal presente en el desarrollo. Se basa en la lectura epistemológica, que acompaña al tránsito del juego sensorio-motor al simbólico, con la aparición gradual de manifestaciones semióticas y la consiguiente expansión del tiempo vivido, del presente al pasado y el futuro, con los recursos del lenguaje y memoria. Trae obras recientes de Cronobiología, dejando al descubierto su relevancia para la psicología y relacionándolos con investigaciones y estudios sobre el jugar. Enfoca el ritmo y el tiempo vivido en la constitución de la conciencia personal y social, a través de lo lúdico. Relaciona el carácter endógeno de la ritmicidad biológica a la visión del ser humano como un sistema dinámico, histórico e interactivo. Destaca la gran e insustituible importancia del juego libre y auto-motivado del niño, en el espacio y en tiempo, desde sus primeros años como acción original e instrumento de regulación de su equilibrio y felicidad actual, así como arquitecto de su futuro.

Palabras clave: jugar, Cronobiología, ritmo, símbolo.


 

 

Introdução

A grande complexidade e diversidade do Brincar encontra certamente em Caillois, da Academia Francesa (1958), um profundo conhecedor. O próprio título de seu livro "Le jeu et les hommes. Le masque et le vertige" ("O jogo e os homens. A máscara e a vertigem", em tradução livre) já nos introduz ao caráter fantástico e transformador do jogo, que pode revelar nossa face mais oculta, nosso distanciamento da realidade e mergulho na fantasia. Contudo, é justamente essa realidade lúdica com espaços e tempos diversos dos reais que vai nos possibilitar uma maior abertura à cultura e ao outro, um maior conhecimento de nós mesmos.

Da mesma forma, Huizinga (2004) assinala que o jogo se distingue da vida real, tanto pelo espaço, como pelo tempo que ocupa, como se fosse um corte, uma espécie de intervalo em nossa vida comum. Contudo, sua vivência é tão significativa que se conserva em nossa memória, podendo se converter em uma tradição e ser transmitido. A repetição vem a ser um de seus atributos fundamentais, sendo o tecido dos jogos urdido justamente por meio da repetição e da alternância.

Essa reflexão vale inclusive para a criancinha pequena, no segundo ano de vida, quando brinca com seu corpo, suas sensações e seus movimentos, em um ir e vir repetitivo, como que tecendo já sua memória e sua consciência corporal no espaço e tempo vividos, e como que pondo já em ação seus motores mentais para seu grande vôo mental, o ingresso no pensamento simbólico.

O Tempo, condição existencial do ser vivo, tem sido foco da atenção de vários estudiosos. Sua abrangência e complexidade requer um enfoque preciso e cuidadoso. Nesse estudo, voltamos nossa reflexão para o caminho percorrido pela criancinha pequena, em direção à conquista e utilização de seus processos mentais, especificamente humanos, ou seja, sua capacidade de simbolizar, o que lhe possibilita formar sua consciência pessoal acoplada à social. Esta conquista só lhe é possibilitada graças ao lhe ser facultado poder brincar livremente. Essa brincadeira, de início pendular, rasante e restrita ao tempo presente, caracteriza-se por seu ritmo, mas é justamente essa repetição, esse fazer de novo e de novo, que lhe vai, pouco a pouco, possibilitar organizar melhor seu eu, num espaço que reconhece e sente como seu e num tempo que não lhe é forçado.

Uma vez que enfoca o Tempo na constituição do eu simbólico, este estudo se inicia trazendo a contribuição de recentes pesquisas em Cronobiologia, buscando sempre relacioná-las à brincadeira e sua evolução.

 

O ritmo e a dimensão temporal na organização do ser vivo

A Cronobiologia enfoca a existência de um tempo biológico, assim como de mecanismos marcadores de tempo nos organismos, em seu processo de evolução, o que supõe, reconhecer sua história. A organização temporal dos seres vivos expressa-se como reação aos estímulos ambientais de forma rítmica. O reconhecimento da importância da ritmicidade supõe o estudo e a busca de demonstração de sua generalização em todos os seres vivos, assim como, a investigação dos mecanismos orgânicos responsáveis por marcar o tempo processual do vivido, ou seja, os chamados ‘relógios biológicos'. Eventos aperiódicos dificilmente exigem mecanismos orgânicos antecipativos; por outro lado, eventos recorrentes regularmente podem ter sido incorporados pelos organismos visando sua sobrevivência e, assim, fariam parte da pressão seletiva (Marques & Menna-Barreto, 2003).

Ao inserir a Cronobiologia na ciência biológica em geral, Rotenberg, Marques e Menna-Barreto (2003) buscam compreender os organismos em suas interações com o meio, do ponto de vista temporal, e descrevem como os ciclos ambientais, direta ou indiretamente, contribuem para gerar os diversos ritmos biológicos, sendo estes o resultado da interação entre mecanismos internos e sincronizadores externos. Os relógios biológicos são vistos então como osciladores auto-sustentados pertencentes a todo ser vivo. A vivência, observação e descrição dos eventos naturais, muitos deles repetitivos e alternados, têm sido registrados ao longo dos séculos, inclusive por documentos bíblicos e filosóficos. Contudo, só recentemente, estudos questionam o fato de os ciclos ambientais se constituírem como causa dos ciclos biológicos. A controvérsia entre a origem endógena e a exógena dos ritmos biológicos perdurou por muito tempo, apesar das evidências encontradas da característica endógena da ritmicidade orgânica.

Os seres vivos reagem de forma ativa às alterações ambientais movimentando-se em direção aos estímulos positivos e fugindo dos negativos. Foram os organismos capazes de se antecipar no tempo a possíveis riscos, recorrentes e periódicos, que desenvolveram relógios biológicos (Marques & Menna-Barreto, 2003).

É interessante observar como já no fim da década de 1950, modelos hipotéticos desenhavam a alternância e complementariedade entre momentos de tensão e de relaxamento, fisiológicos, como mecanismos geradores da ritmicidade. Da mesma forma, a dicotomia entre a origem endógena e a exógena dos ritmos já foi superada. Para a Cronobiologia, como explicam Rotenberg, Marques e Mena-Barreto (2003), interessa compreender melhor como os organismos interagem com o meio do ponto de vista temporal, a dinâmica de seu processo interação ao longo do tempo.

Na visão piagetiana (1973), a alternância e complementação de momentos de maior tensão, denominados como de acomodação, e de maior relaxamento, os de assimilação, concorrem para a equilibração do organismo. Alternância e ritmo, portanto, convivem, alavancam-se e compensam-se mutuamente, numa dinâmica conjunta espiralada.

As considerações teóricas até aqui expostas indicam que o ir e vir no tempo, de forma cadenciada, possibilita ao organismo manter-se vivo de forma mais segura, ao mesmo tempo em que lhe faculta ampliar suas possibilidades.

A dimensão temporal do jogo, por ter nos primeiros anos de vida um caráter muito subjetivo, anímico e mágico, torna-se extremamente elástica e varia conforme o desejo da criança no momento em que brinca. Essa grande flexibilidade e possibilidade de ir e vir no tempo, vezes sem conta, possibilita justamente à criança uma adaptação mais efetiva e prazerosa à realidade vivida. Da mesma forma, seu desejo de ouvir uma mesma história por várias vezes, do mesmo jeito, lhe dá condições de assimilar seu conteúdo e de relacioná-la, mesmo que inconscientemente, à sua vida.

O caráter endógeno da ritmicidade biológica é visto por Marques, Golombek e Moreno (2003), autores que inclusive descrevem evidências de como o bebê em gestação já recebe informação temporal, por via da placenta da mãe, através da secreção da melatonina, hormônio da glândula pineal, sendo que, no momento do nascimento, tem seu tempo sincronizado por ciclos relativos à presença/ ausência da mãe, assim como, durante a amamentação. Os ritmos, contudo, caracterizam-se por sua grande plasticidade e sensibilidade às condições exteriores, sendo que o caráter temporal rítmico endógeno do organismo não garante por si só a adaptação ao meio ambiente. Os autores ressaltam a plasticidade dos ritmos biológicos, que podem ser influenciados por fatores internos e externos, sendo esta uma característica adaptativa do organismo.

A plasticidade orgânica reflete-se em diversas modalidades de atuação rítmica integrada frente ao meio, em sequências de ação que podem, frente a uma situação vivida, inibir, atenuar ou ampliar a modulação temporal (Araújo & Marques, 2003).

A partir de uma visão piagetiana, a qual, justamente, associa Biologia e Conhecimento (Piaget,1973; 1978), pode-se ver aqui uma possível analogia dos ditos arrastamentos, aos esquemas de acomodação do sujeito ao meio, os quais implicam numa modificação interna visando a melhoria dos esquemas de ação do organismo frente ao meio, na busca de melhor adaptação. Ainda sob essa ótica, tem-se que Piaget equaciona o ritmo como degrau temporal para as regulações orgânicas, nas quais a ação do sujeito é determinante para a obtenção de seus fins, culminando com o pensamento operatório formal, que independe das condições temporais. Ou seja, as regulações temporais, com seu ritmo presente, embasam e alicerçam o alçar vôo da inteligência.

Diez-Noguera e Diambra (2003) salientam a complexidade dos sistemas dinâmicos como organismos temporais, sendo que a retroalimentação, ou seja, a utilização de informações já obtidas em sua trajetória no tempo, vem a ser uma característica chave. Analisando possíveis tipos de oscilação, descrevem as do tipo relaxação, processo regulado de forma homeostática até alcançar um limite, a partir do qual ele se inverte até o limite inferior. Os autores evocam a imagem do relógio de areia para ilustrá-lo. Por outro lado, mostram a importância da oscilação cíclica ao longo do tempo, na qual as variáveis aumentam ou diminuem em função do próprio sistema orgânico.

A visão do ser humano como um sistema dinâmico e, portanto, histórico e interativo, já fora salientada por Piaget. Aqui é interessante observar a importância do brincar como instrumento regulador do equilíbrio vital, porque nele, prevalece o prazer ao desprazer, o relaxamento ao esforço, a assimilação à acomodação, segundo terminologia piagetiana. Nesse sentido, retomamos aqui Caillois (1958), que também assinala o caráter relaxante e divertido dos jogos, que combinam de diferentes formas as idéias de limite, de liberdade e de invenção e sua importância fundamental para as mais altas manifestações culturais da humanidade, para seu progresso moral e intelectual. Interessante observar que ambos os teóricos, cada um em sua leitura, ressaltam a importância da liberdade e do simbolismo nos jogos.

 

A regulação do ritmo orgânico e o lúdico

Na regulação da ritmicidade orgânica, a secreção hormonal tem um papel fundamental, inclusive pela melatonina, secretada pela glândula pineal, a qual contribui para a organização temporal fisiológica e comportamental, sendo fundamental para a adaptação, individual e da espécie, às flutuações temporais cíclicas do ambiente. A produção da melatonina encontra seu ápice nos dois primeiros anos de vida, como se preparasse a criança para as alterações por vir, queremos crer. Tem, contudo, um papel importante ao longo do ciclo vital (Markus; Afeche; Barbosa Jr.; Lotufo; Ferreira & Cipolla-Neto, 2003). Essas constatações importam ser descritas neste texto, uma vez que enfatizam a importância do comportamento espontâneo lúdico da criança de um a dois anos, que inclusive, será retomado neste texto.

Andrade, Menna-Barreto e Louzada (2003) apontam como existem ritmos presentes já nas formas embrionárias enquanto outros só aparecem mais tarde, inclusive os hormonais, associados à reprodução. Assim, o relógio biológico pode estar funcionando de forma rítmica bem antes de os órgãos efetores, como os associados às funções motoras, estarem aptos a agir. Da mesma forma, o relógio biológico evidencia desde cedo grande precocidade e torna-se sensível a fatores externos ambientais durante o desenvolvimento. Para os autores, com o nascimento, há uma passagem de um ambiente rítmico a outro, sendo muito provável que essa passagem tenha um caráter preparatório. É realmente muito bonito e impressionante verificar os cuidados e a complexidade das atuações postas em movimento para a preservação da vida. Daí, mais uma vez, vem a reflexão sobre como uma aproximação maior entre a Psicologia e a Biologia seria muito produtiva.

Para Marques, M. D. (2003), sendo ainda poucas as evidências comprobatórias sobre a diversidade dos padrões rítmicos, algumas hipóteses prevalecem em duas grandes linhas: a que propõe como fator principal da estruturação temporal, a adaptação ao meio, e a que, ao contrário, acredita que o padrão rítmico interno se estabelece sem a participação do ambiente. Contudo, ambas veem no padrão rítmico, a condição básica para a emergência da vida.

Estudos atuais em Cronobiologia vêm demonstrando, apesar da complexidade da investigação, como os organismos reagem melhor em ambientes cíclicos, para sobreviver (Val, 2003).

A importância da dimensão do tempo na descrição e compreensão dos eventos vitais de sua historicidade, assim como sua contribuição para áreas de conhecimento aplicado contribui para reduzir a visão reducionista e mecanicista da Biologia e suas implicações para a Psicologia (Moreno; Fischer & Menna-Barreto, 2003).

Bispham (2006) ressalta como a exploração de habilidades e comportamentos rítmicos humanos, a partir de um enfoque teórico evolucionista, apontam para a necessidade de que mais pesquisas nessa área se fundamentem em definições bem estruturadas de ritmo. O autor levanta também a hipótese de que habilidades rítmicas tenham sido selecionadas na evolução humana.

Ao analisar o porquê do homem, muitas vezes, repetir o que faz, Deleuze (2011) considera que a repetição só pode descrever uma série única de acontecimentos. De forma muito sintética reproduzem-se aqui seus principais passos num enfoque evolutivo humano: incialmente, o repetir possui uma forma passiva, na qual o hábito incarna o passado no presente e transforma o peso da experiência em uma urgência; a seguir, um segundo nível, já visto como uma síntese ativa, organizado pela força da memória que sustenta relações com eventos distantes e, desta forma, transforma o tempo e possibilita uma nova e mais profunda forma de repetição. Finalmente, num terceiro nível, o tempo ainda existe no presente, mas, por meio do pensamento cada vez mais abstrato, a simples repetição é quebrada e o ir e vir ao passado torna-se uma ampla possibilidade mental, ou seja, retomá-lo sem a ele se aprisionar ou fixar.

Este artigo insiste na apresentação de textos sobre o tempo, uma vez que a análise das brincadeiras das crianças de 18 a 30 meses apresenta uma transformação muito grande em sua apropriação e utilização do tempo e do espaço, com características iniciais predominantemente rítmicas.

Segundo Fraisse (2013), a tarefa dos que se dedicam ao estudo do ritmo não é fácil, uma vez que inexiste uma definição precisa sobre o que ritmo seja, uma vez que ele se refere a uma complexa realidade, com inúmeras variáveis. Etimologicamente, "ritmo" provém do grego e literalmente significa ‘um jeito particular de fluir'. Platão o menciona inicialmente em relação a movimentos do corpo, e pode ser descrito por números. Ao final nas leis, o define como "a ordem no movimento".

Segundo o autor, o ritmo se caracteriza pela ordem contida em uma sucessão, o que supõe uma construção mental. Contudo, a percepção do ritmo se faz presente nas atividades humanas, como as relacionadas à dança, à música, ao brincar ou à poesia. Geralmente, pode-se falar em um comportamento rítmico quando se pode prever o que vem a seguir. O ritmo se faz presente no dia-a-dia quotidiano, nas diferentes fases da vida, desde o acalanto e o balanço do berço, assim como se manifesta no comportamento do bebê desde sua mais tenra idade, assim como intervêm diretamente nos jogos e danças.

Em relação à música, como alerta Kröger (1999), o estudo de certos elementos nem sempre pode ser efetuado de maneira isolada, haja visto que geralmente fazem parte de um parâmetro mais amplo. A relação do tempo com o ritmo é bastante ampla e abrange a incidência de eventos no espaço. É fundamental observar o relacionamento do ritmo com os outros parâmetros, para que possa ser organizado o seu discurso.

Tais considerações podem, com vantagem, ser transpostas para o discurso lúdico sensório motor, caracterizado por figuras rítmicas, o qual alicerça e cria condições de a narrativa simbólica começar a se manifestar e se afirmar progressivamente, levando em conta a interação do desenrolar temporal da brincadeira com dados relativos ao local, a imprevistos, etc.

A relação do brincar com a música pertence à história da humanidade e é muito rica no Brasil. Lauria (2013) retoma a riqueza de nossa brincadeira inclusive com a influência indígena, cuja principal característica é a liberdade, a igualdade e o brincar em grupo utilizando o próprio corpo e as matérias da natureza na construção dos próprios brinquedos e brincadeiras. Assim, com fibras e cordas constroem jogos; com sementes, frutas e gravetos constroem animais e fazem seus ioiôs. Com dia bonito de sol, brincam de correr, de explorar a floresta. Quando chove, manipulam a lama, brincam de água, de pular poças, de fazer brinquedos de argila. Dos índios, e também dos portugueses, herdamos as riquíssimas brincadeiras de roda. Como Teresinha de Jesus, cuja rima e cujo ritmo canta

Teresinha de Jesus de uma queda foi ao chão
Acudiram três cavaleiros
Todos três de chapéu na mão...

Ou ainda

A canoa virou, vou deixar ela virar
Foi por causa da Maria que não soube remar...

Da mesma forma, as canções de ninar, também chamadas de acalantos, presentes em todas as culturas com as quais as mães tentam afugentar os medos das crianças, aconchegando-as ao balanço ritmado de seu colo. Assim como nas rodas cantadas e nos embalos das mães, o ritmo se faz presente em nosso falar do dia-a-dia, bem como em nossa escrita.

Retomamos aqui as propriedades linguísticas do brincar, nas quais a criança destaca-se sujeito para abordar a singularidade da operação de transposição da experiência para o registro da encenação, conjugando ritmo ao desenvolvimento da narrativa. Tal transposição permite apontar a operação de escrita, inscrita no brincar, por meio da análise das relações entre a noção freudiana de figurabilidade e a encenação lúdica. Formula-se então a hipótese de que a encenação do brincar é operação de escrita posto que seus traços se oferecem para ser lidos, mesmo que não sejam, de todo, legíveis. As consequências dessa constatação para a direção do tratamento de crianças legitimam a intervenção no brincar da criança como ato que pode restituir sua potência simbólica, nas graves psicopatologias.

 

"Tempo é criança brincando, jogando; de criança o reinado"

Vorcaro e Veras (2008) retomam com extrema felicidade o fragmento de Heráclito, o filósofo do vir-a-ser, do construir e desconstruir sem finalidade, conjugando-o ao brincar da criança, que vive um tempo feito de começos e recomeços, de fazer e desfazer, de ir e vir, vezes sem conta, sem necessidade de uma ordem. As autoras retomam inclusive a leitura freudiana do brincar do jogo do carretel, no qual o refazer vezes sem conta teria uma motivação, uma necessidade profunda, inconsciente, de assegurar o poder rever, o reencontrar o objeto ausente, no caso, a mãe, sendo o caráter repetitivo do brincar movido pelo desejo de articular angústia e desejo. Estendendo sua análise a Lacan, as autoras apontam como esta amplia a leitura freudiana lúdica, ao fazer uma leitura estrutural de sua movimentação, aproximando-a da prática linguística, pela articulação significante presente nos movimentos da criança que brinca, que apresenta já uma simbologia presente na circulação de posições, uma alternância de presença e ausência.

O aforismo de Heráclito (Schüler, 2001), em sua síntese cristalina ressalta a indissociabilidade entre Tempo e Brincar. Reproduzimos aqui parte do poema de João Cabral de Melo Neto utilizado por Schüler para abordar o filósofo:

O discurso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez. (...)

Nestes versos, Schüler tece uma analogia com o pensamento de Heráclito, mostrando como o discurso-rio, ao reatar, reunir, recolher, dispor, reativa os significados de Logos. Da mesma forma, o brincar, ao repetir de forma ritmada, ao reunir de diferentes formas, ao propor novos fechamentos, reativa muitos dos significados ocultos da criança.

Da mesma forma, o espaço faz parte do Brincar. Bichara (2006), ao pesquisar brincadeiras de rua no nordeste brasileiro, constata como a delimitação do espaço é uma constante, mas a do tempo, é rara. Por outro lado, salienta a importância da delimitação psicossocial do território na configuração espacial.

A representação do espaço e do tempo presentes em uma brincadeira simbólica por meio de uma estrutura narrativa é comentada por Vieira e Sperb (1998), que a aproximam às situações de brincar ao esquema narrativo de Todorov e Waletzky. Realmente, enquanto o tempo e o espaço vividos, na brincadeira com predomínio sensório-motor da criança dos primeiros 18 meses vive no momento presente, a emergência da brincadeira simbólica, como acompanharemos a seguir, quebra pouco a pouco esses limites e mergulha no tempo que já se foi e no que está por vir, assim como, se desloca no espaço com as asas da imaginação. Nesse sentido, apresentamos a seguir um brevíssimo resumo da análise estrutural mencionada, para que se compreenda melhor a brincadeira simbólica, uma vez que a ela se assemelha, em sua riqueza e abrangência.

Situações de brincar em um esquema narrativo, além de uma dimensão cronológica-sequencial que ordena os elementos um após outro, comportam uma macro-estrutura semântica da narrativa em um esquema tipo árvore. Assim, em uma brincadeira se inicia a partir de configurações de situações no espaço, tempo e características das personagens, em seguida, ocorre uma complicação através de uma ação que visa modificar o estado inicial, que independe da ação do sujeito, e que dá início à narrativa propriamente dita.

Essa complicação vem provocar uma nova ação do sujeito, que busca transformar a situação e chegar a um novo equilíbrio, resultado este, diferente do inicial. No final da narrativa é elaborada uma moral, a partir das consequências da estória. Na brincadeira simbólica, o que se observa é que a criança ao precisar agilizar seus mecanismos perceptivos, mnemônicos e reflexivos para resolver a situação problema ocorrida na brincadeira, amplia e agiliza sua capacidade mental, o que, de certa forma, contribuirá já para a formação de seu raciocínio lógico e moral.

Ao escrever sobre a criança e a cultura lúdica, Brougère (1998) vê no brincar o espaço da criação cultural por excelência, a qual possui, portanto, uma significação social, que se enreda ao tempo e ao espaço vividos, mantendo e recriando sua riqueza específica. As brincadeiras de antigamente são diferentes das de hoje, as de outras culturas diferem das nossas, aqui do Brasil. E, a perda progressiva dessa grande diversidade cultural lúdica nos ameaça por meio da supressão progressiva de espaços e tempos reservados à brincadeira livre e espontânea das crianças.

A esse respeito, Sarmento (2003) aponta para um movimento voltado para políticas integradas voltadas para a infância, afim de reforçar e garantir seus direitos, como os relativos à estruturação de espaço-tempo de seu quotidiano, quer familiar, quer social, sendo a ludicidade considerada como o traço fundamental das culturas infantis.

Pesquisa que acompanha o desenrolar da brincadeira sensório-motora da criança e seu ingresso progressivo na brincadeira simbólica (Oliveira, 1998) ressalta já a capacidade de organização e de criatividade da criança pequena, quando lhe são dadas condições de agir livremente. Retoma-se aqui esta pesquisa com outro enfoque, ou seja, o de fazer uma leitura voltada para a ocupação progressiva e diferenciada do espaço e do tempo pela criança ao brincar, nesse estudo evolutivo.

Quanto ao espaço, foi observada uma preocupação inicial da criança em explorar o local, fazer seu reconhecimento e identificar espaços mais familiares e seus conhecidos, assim como os desconhecidos a serem evitados. A capacidade de explorar e registrar atributos e relações físicas do espaço, sua configuração e demarcação de limites, assim como de vias de acesso e saída, já vem inscrita em diferentes níveis na própria memória filogenética, como tão bem assinala Lorenz (1977).

Observa-se na pesquisa acima mencionada, como para a criança, sua adaptação também depende de uma demarcação pessoal espacial (território/ posse) significativa, com possibilidade de retorno sempre que o nível de riscos aumenta, e com possibilidade também da atribuição de valências (positivas e/ ou negativas) aos territórios vizinhos, para que a exploração possa ocorrer com mais tranquilidade, podendo situar à distância possíveis ameaças, e manter contato com possíveis recursos e pontos de apoio, caso o perigo cresça.

No início, as excursões são feitas de forma rítmica, cíclica, tanto ao meio exterior quanto ao interior num maior reconhecimento dos próprios conflitos. A rede de contatos com valências bem definidas é fundamental! Na criancinha, o núcleo pessoal organizador primeiro está acoplado ao núcleo materno que ela sente como seu protetor, mantendo contatos distais e proximais constantes. O desligamento é muito gradativo, e depende da postura da mãe perceber-se separada e possibilitar este afastamento saudável, como lembra Winnicott (2009/ 1971). No caso dessa pesquisa, vê-se como as crianças, por estarem familiarizadas com a pesquisadora, uma vez que já a conheciam, a consideraram com um território seguro, no lugar da mãe. A configuração progressiva do próprio território é fundamental na atribuição de significado do vivido, ou seja, na construção de si mesmo.

Ao construir seu território, dentro de espaço que consideram seguro, passam a explorar periodicamente os demais espaços. O critério de segurança utilizado pela criança foi o de reconhecer o local, ou seja, vê-lo já como parte de sua história de vida. Observa-se, portanto, como o fato de manter e dar continuidade ao vivido tem uma importância fundamental para a sensação de bem-estar da criança pequena. Seu território foi pouco a pouco se personalizando, com o arranjo dos brinquedos à sua volta. Suas excursões exploratórias iam e vinham, suas brincadeiras, predominantemente cíclicas e construídas com base em esquemas opostos, como abrir/fechar; por dentro/tirar fora, etc., foram ganhando em diversidade. Observa-se, portanto, desde cedo, como inteligência e criatividade interagem na organização da memória e da percepção, sendo que há uma disposição interna para alterar, para criar novos jeitos de fazer e de combinar os objetos. Ora, a isto se chama organização criativa.

O material de desenho foi usado principalmente para brincar, sendo que algumas crianças riscaram o próprio corpo, ou o chão, como se demarcassem um território ou a si mesmas, ou ainda, usaram os gizes de cera como prolongamento dos dedos para explorar aberturas, o que já indicaria uma leitura psicanalítica. A criancinha ao se avizinhar do processo simbólico, antes de começar a falar e a evocar através de imagens, ou seja, a se utilizar de sua memória de evocação, sente uma necessidade que classificaríamos como biológica, quase que compulsiva, de marcar seu corpo, marcar o que é seu e por onde passa. Ela intui que precisa marcar para poder achar de novo, tornar presente outra vez, isto é, re-presentar. Em casos clínicos, observamos processo semelhante. A segurança, a afirmação pessoal e social a necessidade do reencontro, faz com que a criança assinale as coisas. A marca física é uma espécie de dar nome, ou seja, de tornar esse objeto ou este caminho parte da sua história, da sua vida.

O desenrolar da pesquisa confirma a leitura da evolução da brincadeira, piagetiana, ao mostrar uma evolução gradual e constante da forma de brincar, que perde seu caráter rítmico, repetitivo, funcional, do período sensório-motor e avança, pouco a pouco, para a formação de verdadeiras cenas simbólicas, nas quais os brinquedos ganham vida, cheias de emoção em espaços e tempos simbólicos orquestrados. Aqui, o que queremos assinalar é a passagem progressiva do contexto espaço-temporal, vivido e funcional, para o simbólico, criado e imaginado pela criança. Nas cenas representadas ao brincar, espaço e tempo são organizados com sequência, detalhes e correspondências, como, por exemplo, quando uma criança de 3 anos faz-de-conta que é a mãe, dando banho nos dois filhos, um de cada vez. É inverno, ela simula tremer de frio e esperar a água esquentar, sendo que a "torneira" é o trinco da porta. E a água é os lápis, que caem sobre a boneca. A realidade vivida e sofrida é representada. A brincadeira possibilita o trazer o tempo vivido de volta para melhor entendê-lo e, talvez, aceitá-lo. Essa pesquisa foi feita junto a crianças de creche de zona de cortiços em São Paulo.

Observa-se, portanto, como os mecanismos perceptivos e simbólicos relativos à organização espaço-temporal são construídos com o auxílio da sintaxe e da semântica, buscando sempre conciliar a organização lógica à significação da vida de cada um. Em toda percepção e em toda lembrança vê-se que há uma escolha, um recorte do universo. Assim também, em cada relação entre elas que o sujeito cria, há uma lógica, mas também uma motivação pessoal.

Ao analisar dados de pesquisa sobre o brincar, principalmente, tratandose de pesquisas evolutivas, como na mencionada acima, a análise de agrupamentos favorece a organização de dados observados em estruturas ou em diferentes classes, desde que se observe serem classes que ocorrem "naturalmente" no conjunto de dados, inclusive organizando-os segundo suas características em grupos hierárquicos com níveis de abstração progressivos.

Na organização do tempo, vê-se a importância da constituição do território como berço da memória, ponto de referência primordial para a organização do espaço e do tempo, uma vez, como descrito, ao início, que as excursões são feitas de forma rítmica, cíclica, tanto ao meio exterior quanto ao interior num maior reconhecimento dos próprios conflitos.

Enfim, a configuração progressiva do território próprio é fundamental na atribuição de significado do vivido, ou seja, na construção do símbolo. O território pode ser visto assim como um espaço intermediário entre a realidade interna e a externa.

No processo de exploração do ambiente, o chão vivido é lentamente mapeado no cérebro, que constrói um registro organizado, relacionando os objetos entre si, contextualizando-os. Esses espaços são registrados de forma associada ao tempo em que são vividos. O tempo todo a criança filtra, interpreta e registra as suas experiências.

O espaço articula-se ao tempo a partir do território formado pela própria criança em terreno que sente seguro e que passa a ser o guardião primeiro de suas lembranças, do seu sentir presente e atuante, de sua acolhida pelo meio. Em retorno, a constituição progressiva do tempo, que, embalado pelo ritmo, ousa andar para frente e para trás.

 

Considerações finais

Ao enfocar a importância de estudos sobre o Tempo e do Ritmo, esse artigo salienta o caráter biológico, psicológico e histórico da formação de nossa consciência pessoal e social humana. De forma complementar, retoma e evidencia o grande e insubstituível poder do brincar como motor do desenvolvimento infantil. Nesse sentido, salienta que o brincar livre e espontâneo já traz em si características rítmicas próprias que favorecem o ingresso no tempo histórico, que a brincadeira simbólica vai contemplar, abrindo, mais tarde, as portas para o brincar social. Nesse sentido, e com base no exposto, este artigo vê como contraproducente e prejudicial a limitação do tempo de brincar da criança, assim como, a limitação de sua movimentação e de sua criatividade.

 

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Recebido: 07/10/2016 / Corrigido: 10/10/2016 / Aceito: 10/10/2016.

 

 

1 Professor Livre Docente em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo -Secretária Geral da Diretoria da Academia Paulista de Psicologia. Rua Professor Artur Ramos, 178 - apto. 42 - Sirius , CEP. 01454-010 - São Paulo, vera.barros.oliveira@terra.com.br, telefone (11) 3796-6503, celular (11) 9 9173-7395.

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