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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

Print version ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.37 no.92 São Paulo Jan. 2017

 

TEORIAS, PESQUISAS E ESTUDOS DE CASOS

 

 

Teoria da mente em adultos: uma revisão narrativa da literatura

 

Theory of mind in adults: a narrative review of the literature

 

Teoría de la mente en adultos: una revisión narrativa de la literatura

 

 

Juliane Alvarez de Toledo1; Marisa Cosenza Rodrigues2

 

 


RESUMO

Teoria da Mente envolve a capacidade de compreender e atribuir estados mentais como crenças, emoções e intenções a si mesmo e aos outros colaborando para a predição de comportamentos. Estudos sobre sua aquisição e desenvolvimento na infância contrastam com o limitado conhecimento acerca desta habilidade no indivíduo adulto, foco da presente revisão narrativa da literatura. Foram realizadas buscas de artigos nas bases de dados Dialnet, ERIC, PsycINFO e Redalyc, utilizando os descritores theory of mind, development e adults, sendo identificados 341 estudos, dos quais foram incluídos 31 artigos completos. Desses estudos, 12 avaliaram amostras de adultos com desenvolvimento neurotípico e 19 analisaram amostras de adultos com algum acometimento clínico. Observa-se a escassez de estudos sobre a teoria da mente no adulto, sendo que na população normativa, as investigações convergem para a automaticidade desta capacidade e sobre sua possível associação com outros processos cognitivos. No que tange aos adultos neuroclínicos, constatou-se uma tendência de se comparar estes grupos com grupos de indivíduos saudáveis, de modo a mensurar possíveis declínios na teoria da mente. Espera-se que esses achados sejam de grande valia para o embasamento neste dominio sociogogntivo e que contribuam para pesquisas e intervenções futuras.

Palavras-chave: Teoria da mente; desenvolvimento; adulto, revisão


ABSTRACT

Theory of mind involves the ability to understand and attribute mental states such as beliefs, emotions and intentions to oneself and to others, contributing to the prediction of behaviors. Studies on its acquisition and development in childhood contrast with the limited knowledge about this ability in the adult individual, the focus of the present narrative review of the literature. We searched the databases Dialnet, ERIC, PsycINFO and Redalyc, using the descriptors theory of mind, development and adults, which identified 341 studies, including 31 complete articles. Of these studies, 12 evaluated samples of adults with neuro-typical development and 19 analyzed samples of adults with some clinical condition. It is observed that there is a scarcity of studies on theory of mind in adults, and that in the normative population, the investigations converge on the automaticity of this capacity and its possible association to other cognitive processes. As for neuro-clinical adults, it was ascertained that there is a tendency to compare these groups with groups of healthy individuals, in order to measure possible declines in theory of mind. It is hoped that these findings will be of great value for the basis of this socio-cognitive domain and that they will contribute towards future research and interventions.

Keywords: Theory of mind; development; adult, review.


RESUMEN

Teoría de la mente consiste en la capacidad de comprender y atribuir estados mentales, tales como creencias, emociones e intenciones a sí mismo y a los demás, contribuyendo a la predicción de la conducta. Los estudios sobre la adquisición y desarrollo en la infancia, contrastan con el conocimiento limitado acerca de esta habilidad en el individuo adulto, enfoque de esta revisión narrativa de la literatura. Se realizaron búsquedas de artículos en las bases de datos Dialnet, ERIC, PsycINFO e Redalyc, utilizando los descriptores theory of mind, development y adults, siendo identificados 341 estudios, de los cuales se incluyeron 31 artículos completos. De estos estudios, 12 evaluaron muestras de adultos con desarrollo neurotípico y 19 analizaron muestras de adultos con algún acometimiento clínico. Se observa una escasez de estudios sobre la teoría de la mente en los adultos, siendo que en la población normativa, el interés converge a la automaticidad de esta capacidad y sobre su posible asociación con otras redes de procesamiento cognitivo. En cuanto a los adultos neuroclínicos, se constató una tendencia a comparar estos grupos con grupos de individuos sanos, con el fin de medir un posible declive de la teoría de la mente. Se espera que estos hallazgos sean de gran valor para el asentamiento en este campo sociocogntivo y contribuyan a las investigaciones y las intervenciones futuras.

Palabras clave: Teoría de la mente; desarrollo; adulto; revisión.


 

 

Introdução

De acordo com a definição de Wimmer e Perner (1983), a teoria da mente envolve a capacidade sociocognitiva de atribuir estados mentais - crenças, emoções, desejos - a si e aos outros. Tal capacidade vincula-se à predição e compreensão de comportamentos, sendo esta aquisição fundamental para a criança, uma vez que, permite a ela entender e representar o mundo a sua volta e, a partir daí, direcionar suas ações e condutas (Ghiasi, Mohammadi & Zarrinfar, 2016).

Os primeiros estudos que empregaram o termo "teoria da mente" datam dos anos 1970 e início dos anos 1980 (Apperly, Samson & Humphreys, 2009), constituindo, portanto, uma área mais recente de investigação. Desde então, foram desenvolvidos métodos para avaliar algumas habilidades específicas ligadas à cognição social e associadas a esta habilidade, como a compreensão da chamada crença falsa. Trata-se de uma capacidade considerada um marco relevante para a área, cuja avaliação foi proposta pelos pioneiros Wimmer e Perner (1983) visando investigar a aptidão infantil de distinguir a crença (verdadeira) da criança e sua consciência sobre a crença diferente (falsa) de outra pessoa.

O número de pesquisas que visam conhecer as possíveis interfaces entre a teoria da mente e os processos desenvolvimentais na infância tem crescido nos últimos anos, principalmente no que se refere à aquisição dessa capacidade e às tarefas avaliativas relacionadas ao seu desempenho, como salientam Silva, Rodrigues e Silveira (2012). Entretanto, estudos que investigam a importância desta habilidade para o indivíduo adulto ainda são muito limitados na literatura da área (Hughes, 2011).

Segundo Apperly (2011) e mais recentemente Jarvis e Miller (2016), tais estudos focalizando a população adulta demandam o conhecimento sobre os processos envolvidos na utilização desta habilidade, bem como sobre o desenvolvimento destes sistemas dedutivos. Martins, Barreto e Castiajo (2014) sugerem que esta rede de inferências sofre uma evolução ao longo da vida, mais especificamente o acúmulo de experiências subjetivas, promove um refinamento contínuo na capacidade da atribuição de estados mentais. Com o intuito de conhecer melhor as características pertinentes a esta habilidade, a literatura tem avançado no campo da avaliação (Apperly et al., 2009) e adquirido uma multiplicidade de termos e metodologias, voltadas sobretudo para comparações entre populações normativas e amostras clínicas nesta mesma faixa etária (Brune & Brune-Cohrs, 2008).

Tendo em vista, portanto, o limitado número de investigações existentes na literatura que abordam a temática da teoria da mente em indivíduos adultos, o presente estudo objetiva realizar uma revisão narrativa das publicações neste campo, visando identificá-las e discuti-las. O conhecimento resultante do presente estudo pode viabilizar o embasamento e o aprimoramento de futuras pesquisas e intervenções neste domínio sociocognitivo.

 

Método

Trata-se de um estudo qualitativo de revisão narrativa, apropriada para discutir o estado da arte de um determinado assunto. É constituída por uma análise ampla da literatura, sem estabelecer uma metodologia rigorosa e replicável em nível de reprodução de dados e respostas quantitativas para questões específicas, como explicitam Vosgerau e Romanowsk (2014). No entanto, é fundamental para a aquisição e atualização do conhecimento sobre uma temática específica, evidenciando novas ideias, métodos e subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na literatura selecionada (Elias et al., 2012).

Por ser uma análise bibliográfica sobre a teoria da mente e o entendimento acerca desta competência no indivíduo adulto, foram recuperados artigos indexados nas bases de dados Fundación Dialnet (Dialnet, Universidad de La Rioja, 2016), Educational Resources Information Center (ERIC, Institute of Education Sciences, 2016), PsycINFO (American Psychological Association [APA], 2016) e Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal (Redalyc, Universidad Autónoma del Estado de México, 2016), durante o mês de janeiro de 2017, tendo como período de referência os últimos 15 anos.

Foram empregados os termos de indexação ou descritores theory of mind, development e adults, isolados ou de forma combinada, sem delimitar um intervalo temporal. O critério utilizado para inclusão das publicações era ter as expressões utilizadas nas buscas no título ou palavras-chave, ou ter explícito no resumo que o texto se relaciona à associação da teoria da mente com aspectos vinculados ao indivíduo adulto. Os artigos excluídos não apresentavam o critério de inclusão estabelecido e/ou apresentavam duplicidade, ou seja, publicações recuperadas em mais de uma das bases de dados. Também foram excluídas dissertações e teses.

Após terem sido recuperadas as informações-alvo, foi conduzida, inicialmente, a leitura dos títulos e resumos, não tendo ocorrido exclusão de publicações nessa etapa. Posteriormente, foi realizada a leitura completa dos 31 textos. Como eixos de análise, buscou-se inicialmente classificar os estudos quanto às particularidades da amostragem, agrupando aqueles cujas amostras são de adultos com desenvolvimento normativo ou neurotípico; e aqueles cujas amostras são de adultos com algum acometimento clínico. A partir daí, prosseguiu-se com a análise da fundamentação teórica dos estudos, bem como a observação das características gerais dos artigos, tais como ano de publicação e língua, seguido de seus objetivos. Por fim, realizou-se a apreciação da metodologia aplicada, resultados obtidos e discussão. Especificamente, para analisar a produção científica identificada, não se utilizaram técnicas qualitativas e/ou quantitativas específicas de tratamento de dados, tendo sido feita a análise de cada um dos textos. Assim, não foi necessário recorrer, por exemplo, a juízes, um procedimento bastante comum em tratamentos qualitativos de dados.

 

Resultados

A busca dos artigos que compuseram este estudo identificou 341 referências sobre teoria da mente em adultos nas bases de dados referidas, das quais 31 publicações foram incluídas na revisão. Entre os estudos selecionados, 28 artigos apresentam desenho transversal, dois artigos são de abordagem teórica e um trata de um estudo de caso. Observou-se a prevalência de publicações na língua inglesa, representando 84% do total, quando comparada às línguas espanhola (9,6%) e portuguesa (6,4%). Conforme apresenta a Figura 1, especificamente no que tange aos 31 artigos selecionados, houve uma oscilação do número de estudos publicados por ano, variando entre o período de 2003 e 2016.

 

 

A Tabela 1 mostra as particularidades das amostras dos estudos selecionados sobre teoria da mente em adultos. Nota-se o predomínio de investigações na área em populações com algum acometimento clínico em detrimento das pesquisas com indivíduos de desenvolvimento normativo ou neurotípico.

 

 

No decorrer do presente estudo, não foram encontrados artigos de revisão que discutissem aspectos relacionados à teoria da mente na fase adulta. Este fato possivelmente reflete a dificuldade em se estabelecer um método sistemático para reunir as pesquisas existentes relacionadas ao tema, uma vez que estas publicações ainda são pouco numerosas.

 

Discussão

A partir da leitura criteriosa dos textos selecionados, foi possível observar que os estudos são unânimes no que concerne à contextualização inicial da temática com base em resultados obtidos com o público infantil, uma vez que pesquisas que objetivaram avaliar a teoria da mente em amostras cujas idades variam desde a primeira infância até a adolescência já se encontram mais consolidadas na literatura (Medall & López, 2015). Há um consenso de que a capacidade de atribuir estados mentais a si mesmo e a outras pessoas é uma aquisição cognitiva essencial para a criança, como afirmam Loureiro e Souza (2013), e que, como pontuam Martins et al. (2014), pode vir a repercutir na fase adulta. Com relação aos estudos que objetivaram verificar o desempenho da população adulta em tarefas que demandem a teoria da mente, os resultados obtidos nesta revisão evidenciam um aumento tímido, porém significativo, do número de publicações ao longo da última década, permitindo considerar que houve uma ampliação do interesse em investigar este sistema de inferências em idades mais avançadas.

De modo a organizar o produto do levantamento de artigos, optou-se por reuni-los em duas categorias que especificam condições clínicas dos participantes descritas nos estudos, a saber: 1) adultos sem qualquer acometimento clínico e 2) adultos com algum prejuízo neurocognitivo. O primeiro agrupamento a ser discutido é aquele cujas amostras envolvem adultos com desenvolvimento normativo ou neurotípico. As pesquisas com essa população convergiram para o interesse comum em identificar se a compreensão e a representação de estados mentais nessa população se dão de forma automática ou se baseiam em deduções formuladas mediante situações cotidianas específicas.

Um dos estudos inseridos nesta categoria, proposto por Phillips et al. (2015), submeteu 24 indivíduos a uma experiência de detecção visual os quais foram solicitados a apontar, assim que localizassem, a presença de um objeto no vídeo exposto sendo mensurado o tempo levado para tal percepção. Os autores acreditavam que o tempo dispendido nos julgamentos dos adultos considerando a presença ou ausência do objeto poderia ser influenciado por crenças de outro agente, mesmo que as crenças do agente fossem irrelevantes para a tarefa. No entanto, os resultados não forneceram provas conclusivas sobre a computação automática de crenças, enfatizando a necessidade de novas investigações neste aspecto da cognição humana.

Dentro da mesma temática, Keysar, Lin e Barr (2003) também questionaram a automaticidade da imputação de crenças e indagaram sobre a confiabilidade do uso da teoria da mente. Os autores realizaram testes semelhantes aos de crença falsa de Wimmer e Perner (1983) com 78 participantes, os quais demandavam o uso específico desta habilidade, sendo observado que, nos adultos, ela representa uma adição ao repertório cognitivo humano e que possivelmente está envolvida com outros processos mentais. Contudo, os autores não especificam quais seriam esses processos.

As pesquisas de Bull, Phillips e Conway (2008) e Cavallini, Lecce, Bottiroli, Palladino & Pagnin (2013) também foram incluídas e sugerem que o aprimoramento da teoria da mente no adulto advém da sua incorporação aos processos cognitivos, buscando delinear mais precisamente a relação dessa capacidade com as chamadas funções executivas - funções mentais complexas, responsáveis pela autorregulação e adaptação às mudanças ambientais (Toledo, 2014). O primeiro, após avaliar ambas as competências em 150 participantes, concluiu que os recursos executivos são recrutados em tarefas de compreensão social complexa e estímulos visuais, em que múltiplas perspectivas devem ser consideradas. Já o segundo examinou as mesmas aptidões em três grupos etários: 30 adultos jovens (20 a 30 anos), 27 adultos maduros (59 a 70 anos) e 29 idosos (71-82 anos).

Os resultados apontam uma deficiência específica na inferência de estados mentais a partir de 60 anos de idade, que, segundo os referidos autores, parece ser independente das mudanças nas funções executivas. Aspectos como a heterogeneidade dos achados foram justificados pela dificuldade na padronização de testes para este público, uma vez que a maioria resulta de adaptações provenientes de estudos com crianças.

Outras pesquisas, como a de Apperly, Samson, Humphreys e Glyn (2009) e a de Apperly, Back, Samson e France (2008), destacam ainda o fato de os adultos incorrerem em erros quando são expostos a situações que demandam múltiplas funções executivas associadas à capacidade de inferências. Em ambos os casos, os pesquisadores investigaram a teoria da mente no indivíduo adulto e sua associação aos componentes executivos, sendo o primeiro um estudo teórico e o segundo, relato de um experimento com 48 indivíduos que leram frases descrevendo a cor real de um objeto e a falsa crença de um homem sobre essa cor. A partir daí, observou-se o amadurecimento deste sistema inferencial no adulto e o processamento executivo dessa informação. Os resultados evidenciaram maiores custos de processamento - maior lentidão e propensão a erros - quando o adulto informava sobre uma falsa crença, cujo conteúdo conflitava com a realidade, ou seja, quando lhe era demandado mais de um componente executivo para a compreensão daquela circunstância.

Seguindo essa perspectiva, e no intuito de investigar essa possível maturação da teoria da mente ao longo da vida, Apperly, Warren, Andrews, Grant e Todd (2011), compararam 83 crianças na faixa etária de 6 a 11 anos com 20 adultos quanto ao escore obtido em tarefas de crença e desejo. O desempenho das crianças mais velhas foi significativamente melhor que o das mais novas. Em contrapartida, os adultos obtiveram um êxito ainda maior. Este efeito, de acordo com os autores, pode ser creditado ao aperfeiçoamento desta competência advindo da idade.

O interesse por seu aprimoramento também foi evidenciado no estudo de Santiesteban et al. (2012), que treinaram 53 adultos em tarefas de inibiçãoimitação, visando aprimorar a teoria da mente por meio da estimulação visual que consistiu na apresentação de vídeos com imagens de um dedo indicador ou médio realizando determinados movimentos, sendo os participantes solicitados a reproduzir. Aplicou-se também um teste que exigia a correta atribuição de estados mentais para o êxito na tarefa. A avaliação da imputação de pensamentos, sentimentos ou intenções de personagens foi realizada antes e 24 horas após o treinamento. No entanto, as atividades de inibição-imitação propostas não produziram melhora no desempenho sobre a tarefa de teoria da mente.

Outro estudo selecionado que também comparou crianças e adultos foi o de Sabbagh e Seamans (2008), que objetivou identificar se há transmissão intergeracional de habilidades de teoria da mente. Foram reunidas 46 díades de pais e seus respectivos filhos, que foram avaliadas em um primeiro momento, repetindo-se o procedimento seis meses depois. A correlação foi significativa e robusta em ambas as etapas, o que levou os autores a argumentarem sobre a relevância das relações parentais na difusão e uso de termos mentais e para o desenvolvimento mais aguçado desta capacidade nas crianças.

Por fim, ainda nesta categoria de populações neurotípicas, os estudos de Kobayash, Glover e Temple (2006) e posteriormente o de Dungan e Saxe (2012) focalizaram a linguagem, uma das interfaces relacionada à teoria da mente já bastante investigada na infância (Astington & Baird, 2005), porém cujo papel no raciocínio adulto permanece obscuro. Ambos utilizaram-se da tarefa de crença falsa adaptada para indivíduos adultos, o primeiro explorou as possíveis variações nos relatos de 32 indivíduos, sendo 16 bilíngues e 16 monolíngues. Já o segundo avaliou 72 sujeitos e verificou se o uso da linguagem também é essencial para o bom desempenho de adultos no teste.

Os resultados destas pesquisas mostram que o adulto se utiliza dos recursos linguísticos na realização da tarefa de crença falsa, obtendo melhores resultados, o que confirma a importância dessa ferramenta já constatada em outros estudos realizados com o público infantil (Spanoudis, 2016; Rodrigues & Pires, 2010). No entanto, os artigos presumem que outros processos cognitivos também estejam envolvidos, corroborando os achados apresentados na presente revisão. Nessa direção, o artigo teórico de Corbella et al. (2009) discute a importância dos recursos cognitivos que se associam à teoria da mente para as interações cotidianas, inclusive em situações que demandam comportamentos específicos como, por exemplo, na atuação profissional do indivíduo.

Discutidas as pesquisas realizadas com amostras sem quaisquer comprometimentos diagnosticados, serão apresentadas a seguir as investigações cujas amostras apresentam algum acometimento clínico, detentoras do maior número de publicações, mais especificamente, 19 das 31 selecionadas.

Transtornos do espectro do autismo e Síndrome de Asperger

A neurocognição configura uma área emergente que estuda, entre outros aspectos, os déficits nas funções mentais como a memória, o raciocínio, a linguagem, a atenção ou outras habilidades cognitivas (Freitas, Nishiyama, Ribeiro & Freitas, 2016). Neste domínio, Murray et al. (2017) afirmam que o transtorno do espectro do autismo se torna amplamente debatido, principalmente no que concerne à teoria da mente, já que esta capacidade detém relevância expressiva sobre o comportamento e adaptações em situações sociais.

Interessados nessa correlação, Andrade, Camargos Junior, Ohno e Teodoro (2015) avaliaram o raciocínio dedutivo de 30 pais de crianças autistas e compararam os resultados com os de pais de crianças com desenvolvimento típico, partindo de uma perspectiva inatista, a qual assume que o ser humano nasce com um módulo social que lhe permite inferir um conjunto de crenças guiado por certas regras. Entretanto, não chegaram a um resultado que estabelecesse uma relação genética significativa. Seguindo a linha de análises comparativas deste sistema de inferências entre adultos diagnosticados com autismo e grupos sem comprometimentos, foram encontrados na presente revisão os estudos de Crane, Goddard e Pring (2011), Schuwerk, Vuori e Sodian (2015) e Gökçen¸ Frederickson e Petrides (2016), cujas conclusões convergem para prejuízos consideráveis nas amostras clínicas em todas as dimensões de teoria da mente avaliadas. Todos tinham por objetivo explorar os resultados de grupos com e sem diagnóstico estabelecido e confrontá-los.

O primeiro estudo utilizou um instrumento composto por histórias sociais hipotéticas que demandavam capacidade de inferência por parte do participante para compreender a situação. O terceiro empregou uma tarefa sociocognitiva apresentando imagens de expressões faciais. Já o segundo aplicou os dois. No entanto, o destaque por parte dos autores da necessidade da realização de mais pesquisas nesta área foi unânime.

Ainda no âmbito das perturbações invasivas do desenvolvimento comuns ao espectro autista, a Síndrome de Asperger tem sido recentemente associada a prejuízos qualitativos na interação social, critérios que são idênticos aos do autismo. Barnhill (2016) a define como um transtorno caracterizado por perturbações na comunicação verbal e relacionamento social e por apresentar padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades. Acomete em especial crianças do sexo masculino, cujos sintomas guardam semelhança com aqueles do autismo. No entanto, segundo Silva et al. (2016), não há padronização das alterações, porém é comum a ocorrência de retardo na aquisição da linguagem e nas habilidades cognitivas.

No que diz respeito à atribuição de estados mentais nesta população, a presente revisão identificou os trabalhos de Beaumont e Newcombe (2006), Spek, Scholte e Van Berckelaer-Onnes (2010), Brown e Klein (2011) e Figueira, Fuentes-Durá e Ruiz (2013). Todos compararam grupos de adultos diagnosticados com Síndrome de Asperger com um grupo controle neurotípico em tarefas de cognição social próprias da teoria da mente.

O primeiro evidenciou que não houve diferenças na produção de inferências entre os 40 participantes, mas aqueles que compunham a amostragem clínica eram menos inclinados a fornecer explicações para os estados mentais dos personagens. Já na segunda investigação, os autores analisaram 93 indivíduos e constataram que a capacidade inferencial funciona adequadamente em ambos os grupos, porém a receptividade da informação é mais sutil e de difícil interpretação para os portadores da síndrome. Estes achados corroboram a quarta pesquisa selecionada, proposta por Figueira et al. (2013), em que os adultos acometidos também apresentaram dificuldades em respoder às perguntas mais complexas, mas, ainda assim, não foi encontrada relação significativa comprovando um declínio das habilidades sociais. Por fim, o terceiro estudo se distingue dos demais por ter examinado a influência da teoria da mente sobre a escrita de 32 sujeitos, sendo concluído que há associação positiva entre o sistema inferencial e a qualidade da escrita, bem como o comprimento do texto, uma vez que as narrativas de menor qualidade e de menor tamanho foram produzidas pelos adultos diagnosticados com Síndrome de Asperger.

Esquizofrenia

Considerada uma patologia de foro psiquiátrico multidimensional, a esquizofrenia também afeta domínios clínicos neurocognitivos, ocupacionais, familiares e sociais. Portanto, como ressaltam Armondes, Rodrigues e Oliveira (2016), também abrange aspectos relevantes no campo de teoria da mente, uma vez que envolve distúrbios nas funções mentais básicas, tais como emoções, cognição, percepção, entre outros aspectos do comportamento.

No que tange ao conhecimento sobre a correlação entre esquizofrenia e teoria da mente no público adulto, foram encontrados nesta revisão apenas dois trabalhos. O primeiro, proposto por Villatte, Monestès, McHugh, Freixa i Baqué e Loas em 2008, reuniu 60 adultos sem correspondência clínica e jovens com traços de personalidade característicos ao desenvolvimento de esquizofrenia. Aplicou-se uma tarefa envolvendo a interação entre dois personagens e solicitouse que o participante adivinhasse o que eles realmente queriam dizer. Embora os participantes tenham sido capazes de responder corretamente à maioria das perguntas, os indivíduos com traços característicos de esquizofrenia foram menos detalhistas ao inferir as intenções dos personagens. No entanto, essa diferença foi discreta quando comparados ambos os grupos.

Seguindo essa perspectiva, o segundo trabalho, realizado por García, Ustárroz e López-Goñi (2012), avaliou o reconhecimento de circunstâncias que exigem deduções por parte de pacientes esquizofrênicos em comparação com um grupo controle, sendo observado que a performance do primeiro grupo foi significativamente pior quando comparada à amostra normativa, o que, segundo os autores, pode ser justificado em decorrência da dificuldade em interpretar expressões emocionais.

Prejuízos intelectuais não específicos

Transtornos difusos que não estejam ligados a uma patologia específica e que podem gerar atrasos no desenvolvimento da aprendizagem, aquisição, inibição, sequenciamento e organização em adultos recebem o nome de prejuízos intelectuais não específicos, como denominam Jervis e Baker (2004). No estudo dos referidos autores, crianças (9 a 13 anos) e adultos (28 a 45 anos) realizaram testes de teoria da mente e de habilidades sociais, tendo sido observado que, no grupo infantil, houve forte correlação entre seus escores. Entretanto, o adulto não obteve resultados tão significativos. Os autores creditam este baixo resultado a motivos que não se justificam apenas por incompreensão da realização da tarefa, como, por exemplo, a adaptação do instrumento utilizado na faixa etária mais elevada. Outros autores como Dodd, Hare e Hendy (2008) trabalharam um tema peculiar: a contextualização e compreensão dos sonhos em sujeitos que apresentam algum tipo de déficit não determinado e sua vinculação à capacidade de atribuição de estados mentais. Porém, não foi constatada associação significativa.

Lesão no córtex cerebral

Tabernero e Politis (2014) propõem que a teoria da mente não envolve apenas uma unidade, mas inclui, dependendo da natureza do estado mental inferido, dois componentes, sendo um cognitivo e um emocional, o que justifica a importância de pesquisas com adultos que tenham sofrido alguma lesão no córtex cerebral. A referida investigação avaliou 20 indivíduos com demência do lobo frontal e apurou a existência de dissociações entre estes componentes mediante diferentes procedimentos executados, sendo evidenciado que o componente emocional da teoria da mente foi predominantemente o mais afetado. Outra publicação nesta área foi proposta por Weed, McGregor, Nielsen, Roepstorff e Frith (2010), no entanto direcionada a adultos que sofreram danos no hemisfério cerebral direito. Os resultados apontaram uma diminuição na discriminação, bem como na interface com a linguagem, uma redução da atribuição de estados mentais quando comparados a casos em que não houve qualquer comprometimento cortical.

Deficiência auditiva

A concepção de que o indivíduo constrói sua realidade social através da comunicação e que, a partir dela, cria-se um canal para o estabelecimento de interações já se encontra consolidada na literatura (Machado et al., 2015). Considerando a relevância da interface com a linguagem, o conhecimento acerca da teoria da mente em adultos surdos se faz pertinente e motivou pesquisas como a de Hao, Su e Chan (2010) e de O'Reilly, Peterson e Wellman (2014). Em ambos os casos, foram contrapostos adultos surdos e ouvintes quanto ao desempenho em tarefas que demandavam a compreensão sobre determinada história ou situação e o raciocínio mental implícito. Os achados remetem a conclusões que condizem com a capacidade de inferência preservada nesta população, porém com prejuízos no uso da linguagem no que tange à riqueza de vocabulário, quando comparado ao grupo sem déficits auditivos.

Coreia-acantocitose, Síndrome de Tourette e desordens alimentares

Esta seção inclui estudos pontuais, peculiares no que diz respeito à singularidade dos casos. Destaca-se o único relato de caso selecionado na presente revisão, o estudo de Frison et al. (2012), o qual descreve o perfil neuropsicológico de um adulto (33 anos) com Coreia-Acantocitose. Segundo os autores, trata-se de uma demência subfrontocortical caracterizada por sintomas neuropsiquiátricos, declínio cognitivo, comportamento estereotipado, alterações na personalidade e crises epilépticas.

O quadro em questão remete a um padrão comum ao esquizofrênico e, diante do exposto, justifica o interesse sobre a teoria da mente do indivíduo neste caso. Foi aplicada uma bateria de testes com o intuito de mensurar variados aspectos do intelecto, entre eles, dois instrumentos específicos para verificar a compreensão de crenças e intenções (componentes sociocognitivos) e sentimentos e emoções (componentes afetivos). Observou-se que o paciente demonstrou dificuldades em inferir ações, intenções e estados mentais de terceiros, porém, conferir este efeito apenas à patologia, de acordo com os referidos autores, mostra-se arriscado, uma vez que não há outras pesquisas que tenham reproduzido tal metodologia ou descrito um caso semelhante.

Em 2004, Channon, Sinclair, Waller, Healey e Robertson discutiram as possíveis correlações entre a teoria da mente e o funcionamento executivo, bem como as controvérsias e o potencial de ambas as habilidades mentais para a resolução de tarefas de cognição social em 15 adultos diagnosticados com a Síndrome de Tourette em comparação a 23 participantes saudáveis.

Como descrito por Almeida, Lyra e Hazin (2014), o portador desta síndrome apresenta uma desordem neurodesenvolvimental rara, caracterizada pela ocorrência de tiques motores e sonoros, estereotipados, de intensidade, frequência e severidade variáveis. Os resultados indicaram que o desempenho dos grupos foi semelhante no que concerne ao sistema de inferências, identificação de comportamentos e postura empática, diferindo apenas quanto ao controle inibitório, que seria a capacidade de selecionar e/ou inibir respostas. Como conclusão, os autores sugerem que existe um apoio mútuo destes elementos, mas que o funcionamento dos processos não é necessariamente dependente.

Por fim, Medina-Prada, Navarro, Álvarez-Moya, Grau e Obiols. (2012) abordaram uma temática ainda pouco explorada no âmbito de teoria da mente, mensurando a habilidade do indivíduo em inferir estados mentais a partir de expressões faciais, em uma amostra de 58 adultos com quadro de desordem alimentar (bulimia nervosa), que foi comparada a uma amostra de 39 indivíduos saudáveis. O grupamento clínico evidenciou escores mais fracos na quantificação do componente emocional, principalmente ao mostrar e inferir emoções complexas. Os autores concluem que os achados contribuem para o direcionamento do tratamento destes pacientes, além de instigarem a realização de novas pesquisas para a obtenção de respostas mais conclusivas sobre essa população.

A partir da análise dos artigos apresentados e diante da escassez de estudos, é possível considerar uma tendência da literatura em conferir pouca atenção para a teoria da mente no adulto, na medida em que sua presença já é esperada nessa população. Nota-se um interesse particular dos estudos com adultos neurotípicos por identificar se essa capacidade apresenta-se ou não de forma automática e se, quando é recrutada, tem associação ou não com outras redes de processamento cognitivo, como, por exemplo, com as funções executivas.

Quanto aos estudos direcionados aos adultos com algum comprometimento clínico, há uma inclinação à compação destes grupos com indivíduos saudáveis com o intuito de avaliar a ocorrência de possíveis declínios na teoria da mente relacionados aos aspectos intelectuiais e cognitivos do grupamento estudado. No entanto, os autores de maneira geral destacam a necessidade de ampliar as investigações com amostragens adultas e reforçam a importância das temáticas abordadas.

 

Considerações Finais

A presente revisão narrativa da literatura apresentou de forma abrangente o panorama atual das publicações referentes à teoria da mente em adultos, pretendendo contribuir para a ampliação do conhecimento sobre os principais aspectos estudados nessa população até o momento. A avaliação do desempenho em tarefas de inferência de estados mentais prevalece em comparação àqueles que visam associar essa capacidade a alguma área de interface.

A literatura é enfática em apontar o conhecimento restrito acerca dos adultos, com destaque para o limitado número de estudos brasileiros encontrados. Além disso, realça os possíveis vieses referentes aos instrumentos que incialmente foram criados para crianças e que são aplicados com as devidas adaptações em idades avançadas, porém, sem um rigor ou um padrão metodológico específico para este público. Portanto, espera-se que novos estudos acerca desta temática sejam realizados visando ampliar a dimensão desta realidade e, deste modo, traçar e promover a criação de novos instrumentos, ações, estratégias sociocognitivas e intervenções.

 

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Recebido: 19/04/2017 / Corrigido: 18/05/2017 / Aceito: 07/06/2017.

 

 

1 Professora Substituta da UFJF (MG) - Graduação em Fisioterapia; Mestre e doutoranda em Psicologia. Tel.: (32) 98803-9053; E-mail: julianealvarez@yahoo.com.br; Universidade Federal de Juiz de Fora - Cidade Universitária - Bairro Martelos - 36036-330.
2 Professora Associada da UFJF (MG) - Graduação e Pós-graduação em Psicologia; Tutora do PET-Psicologia - UFJF. E-mail: rodriguesma@terra.com.br; Universidade Federal de Juiz de Fora - Cidade Universitária - Bairro Martelos - 36036-330.

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