SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.38 issue95(In)fertility: medical culture and couple's cultureTraumatic signs present in the sexual risk behaviors of men who have sex with men living with HIV author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Boletim - Academia Paulista de Psicologia

Print version ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.38 no.95 São Paulo July/Dec. 2018

 

TEORIAS, PESQUISAS E ESTUDOS DE CASOS

 

Considerações sobre o amor, ciúme e egoismo: revisão integrativa da literatura brasileira

 

Considerations about love, jealousy and selfishness: a brazilian literature integrative review

 

Consideraciones sobre el amor, los celos y el egoísmo: una revisión integrativa de la literatura brasileña

 

 

Thiago de Almeida1, I; Laisa Martins Dourado2, II

IInstituto de Psicologia da USP
IICentro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ

 

 


RESUMO

O objetivo desse trabalho foi identificar na literatura acadêmica brasileira conteúdos que tematizem amor, desamor, egoísmo e ciúme, que frequentemente estão relacionados ao contexto dos relacionamentos afetivo-sexuais. Para tal, foi realizada uma revisão integrativa da literatura utilizando dados dos indexadores PubMed, PsycINFO, SciELO e PePSIC tendo como os descritores para essa busca: "amor", "egoísmo" e "ciúme". Onze estudos foram selecionados e analisados, de acordo com os critérios estabelecidos. Observou-se, por meio dos dados obtidos que algumas relações entre esses termos tal como amor e ciúme estão sendo mais frequentemente abordadas pela literatura científica. No entanto, outras relações importantes como ciúme e egoísmo e amor e egoísmo, são pouco exploradas e, até negligenciadas pela ciência, sobretudo da Psicologia.

Palavras-chave: amor, ciúme, egoísmo.


ABSTRACT

The objective of this work was to identify in the Brazilian academic literature contents related to love, lack of love, selfishness and jealousy, which often appear associated to the affective-sexual relationships context. For this, an integrative review of literature was performed using data from PubMed, PsycINFO, SciELO and PePSIC indexes, using these descriptors for the search: "love", "selfishness" and "jealousy". Eleven studies were selected and analyzed, according to the established criteria. It was observed from the data that some relationships between these terms such as love and jealousy are more frequently addressed in the scientific literature. However, other important relationships such as jealousy and selfishness, and love and selfishness, are little explored and even neglected by science, especially Psychology.

Keywords: Love; Jealousy, Selfishness.


RESUMEN

El objetivo de este trabajo fue identificar en la literatura académica brasileña contenidos que tematizen el amor, el desamor, el egoísmo y celos, que frecuentemente están relacionados al contexto de las relaciones afectivo-sexuales. Para ello, se realizó una revisión integral de la literatura, utilizando datos de las bases PubMed, PsycINFO, SciELO y PePSIC teniendo como los descriptores para esa búsqueda: "amor", "egoísmo" y "celos". Se seleccionaron y analizaron once estudios, de acuerdo con los criterios establecidos. Se observó, por medio de los datos obtenidos que algunas relaciones entre estos términos tal como el amor y los celos se abordan con más frecuencia en la literatura científica. Sin embargo, otras relaciones importantes comolos celos y el egoísmo y el amor y el egoísmo, son poco exploradas y hasta descuidas por la ciencia, sobre todo por la Psicología.

Palabras clave: amor, celos, egoísmo.


 

 

Introdução

Com o decorrer dos anos, a palavra amor sofreu alterações em seu significado, vivência e desdobramentos para as gerações vindouras. De acordo com Almeida (2007):

Ao longo dos séculos, muitos pensadores manifestaram suas ideias a respeito do amor, quer ressaltando seu valor positivo e exclusivamente humano, quer identificando nele a expressão inefável da transcendência, ou ainda, tratando-o como meta inalcançável, e relacionando-o, como algo alienador e, portanto, execrável (p. 24).

Dessa forma, contribuições diversas da filosofia, teologia, moral e ética, precederam que o amor fosse estudado pela Psicologia que é uma ciência mais recente. No entanto, de acordo com Borges e Teodoro (2007), apesar de ser um campo historicamente pertencente à especulação de artistas e filósofos, tais considerações acerca das questões abordadas por essas diferentes áreas do conhecimento tiveram um papel importante para o estímulo à verificação científica no amor romântico tal como acontece atualmente.

Contemporaneamente, o amor romântico passa a ser visto como um fenômeno de massa, visto que o romance é considerado a base dos relacionamentos amorosos (Souza, 2007). Levando-se em consideração os dizeres de Souza (2007): "O amor romântico está ligado diretamente ao desejo do amor perfeito, por isso esta visão poder levar o indivíduo tanto ao ápice da realização como a maior frustração já vivida" (p.11) e os dizeres de Hackmann (2010) que entende que: "o amor não é apenas um aspecto particular da vida humana, mas indica a totalidade da existência humana e, como tal, faz parte do pequeno grupo de palavras-chaves sob as quais se intenta esclarecer o todo da existência humana" (p. 155), percebe-se que grande é a importância do amor na atualidade.

Uma das primeiras referências científicas na literatura no que se refere ao amor foi feita pelo psicólogo social norte-americano Isaac Michael Rubin, mais conhecido como Zick Rubin, quando este diferenciou sentimentos de amor e de gostar, o que até então eram considerados diferentes pontos de um mesmo contínuo quantitativo de sentimentos positivos (Rubin, 1970). A partir desse estudo, se deu o marco inicial do estudo científico do amor romântico. Posteriormente, em 1973, foi publicado o trabalho inaugural do autor Zick Rubin, o qual ele intitulou: "Liking and loving: an invitation to social psychology", derivado de sua dissertação de mestrado. Neste trabalho, o autor criou uma escala onde procurou mensurar o fenômeno amoroso. Por meio de suas pesquisas, Rubin (1970; 1973) demonstrou que conceitos tão intimamente atrelados como o gostar e o amar podiam ser independentes, diferindo em sua essência e intensidade de afeto e não como partes de um único contínuo, anteriormente assim entendido.

A partir desse marco, muitas foram as contribuições para o estudo do amor, como as de Byrne (1961) e de Tennov (1979) que diferenciaram o amor da paixão e que elaboraram escalas, teorias e instrumentais para a compreensão da atratividade interpessoal e das diversas dinâmicas que podem existir em um relacionamento interpessoal. No entanto, nos primórdios do estudo de Psicologia do amor predominaram os estudos sobre a atração interpessoal, conceito este que está relacionado com o amor, porém não é idêntico a aquele (Almeida, 2017; Almeida, & Lomonaco, 2018; Hernandez, Plácido, Araújo, Neves, & Azevedo, 2014). Ainda, segundo este autor, sob a influência das teorias comportamentalistas que eram contemporâneas, a atração por outra pessoa era vista como resultado de sentir-se gratificado em presença da mesma (de tal modo, capacitando-a a tornar-se um reforçador secundário).

Então, a partir dos anos 1980, inúmeros estudos foram realizados, sobretudo na Psicologia Social, utilizando amostras não probabilísticas de conveniência, instrumentos psicométricos (alguns deles foram mapeados por Hatfield, Bensman, & Rapson, 2011), análises de componentes principais (e.g. Critelli, Myers & Loss, 1986), comprovando a viabilidade das pesquisas que tematizassem o amor e seus desdobramentos. No entanto, a pluralidade de pesquisas começou a gerar desentendimentos metodológicos e conceituais. Por exemplo, uma das primeiras dificuldades encontradas e apontadas por Rubin (1988) foi que os pesquisadores do amor se defrontavam com o problema que o "amor" possui variados significados para diferentes pessoas. Por exemplo, para algumas pessoas, o amor poderia se referir a aspectos como a atração física, ao desejo de compartilhar experiências, ao sentimento de exclusividade onde apenas aquela figura é capaz de saciar seus desejos e uma predisposição para ajudar essa pessoa. Enquanto o gostar, estaria relacionado a relações interpessoais, nas quais as pessoas agregam sentimentos como o de confiança, respeito e a compreensão de que a pessoa amada tem objetivos que são parecidos com os nossos (Rubin, 1970).

Não somente o gostar e o amar, aparentemente estiveram entrelaçados na história do estudo do amor romântico, mas muitas vezes, esse foi relacionado com o altruísmo e antagonizado com o egoísmo, fundamentando- se em uma mera especulação de apologia cristã de que o amor é altruísta e tudo suporta. De acordo com Michener, DeLamater e Myers (2005), o altruísmo pode ser compreendido como "a ajuda com intenção de auxiliar outra pessoa sem expectativa de qualquer compensação (senão o bom sentimento resultante)" (p. 300). Dessa forma, sobretudo a Psicologia social caracteriza o altruísmo como um comportamento que tem como objetivo atender as necessidades do outro, com isso, o indivíduo não tem como foco ganhos pessoais e não tem seu comportamento pautado na relação custo-benefício. É importante destacar que os efeitos positivos engendrados por ações altruístas são confirmados por vários autores (e.g. Moll et al., 2006), os quais propõem que os seres humanos costumam sacrificar benefícios materiais para apoiar ou se opor a causas sociais e que os efeitos neurobiológicos concernentes à satisfação de doar são os mesmos ocasionados pela aquisição de uma gratificação.

No entanto, em se tratando de relacionamentos afetivos sexuais e a vivência e a experiência do amor na contemporaneidade, podemos pensar que o fenômeno amoroso na atualidade talvez esteja mais relacionado mais com um conceito complementar de egoísmo do que de altruísmo. Talvez, porque segundo Lipovetsky e Charles (2004), a sociedade pós-moderna tende a valorização da autonomia e da independência. Bauman (2007) corrobora com Lipovetsky e Charles (2004) dizendo que, é constante uma instabilidade de desejos e uma certa incapacidade de os mesmos serem saciados; criando-se, assim, um ambiente de total instabilidade que é terreno fértil para atitudes egoístas serem criadas e se manterem. Esses aspectos são tidos como resultado do que Bauman (2004) chama de ambiente líquido moderno, onde qualquer tentativa de planejamento e de investimentos, em longo prazo, como os que são previstos no estabelecimento de relações amorosas em longo prazo, são incapazes de acontecer. E, ainda, não é esperado que esse indivíduo, de fato, se envolva emocionalmente, pois, quanto maior seu envolvimento ampliam-se as possibilidades de sofrimento (Bauman, 2004). De acordo com Zuanella (2006):

Pelo medo da dependência a um outro, acaba refugiando-se no interior de si mesmo. Contudo, esta ideia está fundada numa ilusão. É uma condição alienante, contrária à do Ideal do Eu, que projeta nos ideais civilizatórios o que outrora estava centrado em si mesmo. (p.3)

Em um relacionamento amoroso é sabido a exigência de se investir tempo, dinheiro, recursos pessoais, ou seja, elementos que poderiam ser investidos de uma outra forma acabam sendo colocados pelo indivíduo na relação. Ao fazer esse investimento, ele espera ser ressarcido para fazer com que esse investimento valha a pena (Bauman, 2004). Mas, será que tal dinâmica relaciona-se ao egoísmo, ou podemos entender como uma condição contemporânea intrínseca dos relacionamentos amorosos? Não raramente, observa-se uma relutância dos seres humanos em admitirem-se como seres egoístas, principalmente ao se tratar de relacionamentos amorosos. Ao menos, de acordo com a teoria da Equidade (Dainton, 2003; Sprecher, 2001) a satisfação relacional está fundamentada nas percepções do parceiro do quão equilibrada está a relação. Dessa forma, enquanto alguns autores depreciam a concepção de egoísmo como aponta Pimentel (2010): "O sujeito guiado pelo amor próprio é egoísta e todo tipo de egoísmo faz mal para o convívio social. O egoísta aliena o outro e nele somente enxerga um meio de alcançar seu objetivo pessoal. " (p. 50). Concorde a essa ideia, Berg (2012) aponta que: se usarmos o conceito de amor de forma egoísta e negativa, então nossa capacidade de amar diminuirá, talvez devido a uma ressignificação do próprio conceito. Outros autores, como Zuanella (2006) mostram que amor e egoísmo não são realidades tão afastadas e apontam: "podemos pensar como, lado a lado ao amor, caminham juntos, também, a paixão e o egoísmo, como outra face de uma mesma moeda e constatamos, assim, quão imbrincadas estão as relações entre o amor, a paixão, e o egoísmo, em sua vinculação ao erotismo, montadas sob o pano de fundo das pulsões de vida e de morte" (p. 3). Apontamentos como esses, colocados anteriormente nos fazem pensar: quanto pode se ceder aos parceiros que escolhemos, em nossos relacionamentos amorosos e, enfim, ao amor, sem nos sentirmos ameaçados ou manifestarmos atitudes egoístas?

Paralelamente a pensarmos se amor e egoísmo estão relacionados de alguma forma, é saber que outro fenômeno comum aos relacionamentos amorosos, tais como esses dois elementos anteriormente citados é o ciúme romântico. O ciúme é algo corriqueiro nas mais determinadas formas de relacionamento, dentre elas o relacionamento amoroso, sendo que o modo de vivenciar e interpretar o ciúme pode variar de acordo com a cultura onde está inserido (Almeida, Rodrigues & Silva, 2008). Umas das definições mais aceitas para o fenômeno do ciúme é a White (1981) que aponta que o ciúme é um "complexo de pensamentos, sentimentos e ações que se seguem às ameaças para a existência ou a qualidade de um relacionamento, sendo estas ameaças geradas pela percepção de uma atração real ou potencial entre um parceiro e um (talvez imaginário) rival" (p.129). Buss e Shackelford (1997) listam alguns comportamentos que seriam típicos de pessoas com ciúme, onde o intuito seria manter longe a ameaça de possíveis rivais ao relacionamento amoroso, sendo elas: (1) Querer saber onde o parceiro está a todo o momento, se atentando ao comportamento do outro; (2) Limitar o contato do outro com seu entorno e com potenciais parceiros (as); (3) Sempre acompanhar o (a) parceiro (a) nas múltiplas atividades de sua vida.

Atitudes como as motivadas pelo ciúme e as regidas pelo egoísmo, muitas vezes são consideradas como comportamentos de desamor. O desamor é apontado como centro de vários conflitos entre as pessoas. Para muitos, esse fenômeno pode ser entendido como falta de amor, falta de amor próprio ou falta de empatia com outro ser humano. Levandose em consideração a literatura e a problematização anteriormente apontada, aventa-se uma pergunta essencial sobre o próprio estatuto dos relacionamentos contemporâneos: amor, ciúme e egoísmo estão relacionados? Em caso afirmativo, de que forma? Em caso negativo, por que não? Ciúme, egoísmo e desamor estão relacionados? Em caso afirmativo, de que forma? Em caso negativo, por que não?

No panorama nacional, o conhecimento científico sobre amor, relacionamentos românticos e os outros temas norteadores dessa pesquisa poderia proporcionar maior solidez empírica frente a fenômenos tão complexos que se relacionam muitas vezes entre si. No entanto, autores como Schlösser e Camargo (2014), Cassep-Borges, & Andrade (2013), Martins-Silva, Trindade, & Silva Junior (2013), Almeida (2012) e Andrade, & Walcheke (2011), dentre outros, apontam que poucos foram estudos dirigidos e realizados até hoje, sobretudo, pela Psicologia, que abarcam esses temas datam desde o ano de 1992, com a publicação de Reis (1992), intitulada "O amor à luz da Psicologia Científica". Este autor realizou uma revisão de literatura acerca de diversas teorias sobre o amor. Anteriormente a esse estudo, apenas uma outra produção acadêmica realizou uma revisão de literatura acerca de diversas teorias sobre o amor, que no caso foi a dissertação de mestrado de Bystronski (1992) sobre as consequências da liberação dos costumes sobre os relacionamentos amorosos, procuraram tematizar fenômenos como o amor, o ciúme e o egoísmo. Consequentemente, esse estudo objetiva realizar uma revisão integrativa da literatura que se ocupa sobre esses temas. Segundo Sousa, Silva e Carvalho (2010): "a revisão integrativa é um método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática" (p. 102). Dentre todos os métodos de revisão, o método da revisão integrativa é o mais amplo, sendo uma vantagem, pois permite a inclusão simultânea de pesquisa experimental e quase-experimental proporcionando uma compreensão mais completa do tema de interesse.

Justifica-se realizar uma revisão integrativa sobre amor, ciúme e infidelidade que se ocupe de tematizar pesquisas relevantes sobre esses temas que estão presentes não somente no âmbito da prática clínica ou da Psicologia Social, bem como no dia a dia do ser humano, ocupando seu tempo e energia para a construção de relacionamentos afetivo-sexuais satisfatórios, e viabilizar uma síntese do estado da arte desses assuntos, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. De acordo com Beyea e Nicoll (1998), este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. É um método valioso para a Psicologia, pois frequentemente os profissionais desta área não têm tempo para realizar a busca e as leituras decorrentes de todo o conhecimento científico disponível encontrado devido às dificuldades de se encontrar leituras acadêmicas que tematizem esses conteúdos, além da dificuldade para realizar a análise crítica dos estudos.

 

Método

Levando-se em conta que o objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão sistemática integrativa e identificar na literatura acadêmica brasileira conteúdos relacionados com a questão principal dessa pesquisa, qual seja, a relação entre amor, egoísmo e ciúme, que frequentemente parecem relacionados no contexto dos relacionamentos afetivo-sexuais; foi realizada uma busca computadorizada da literatura, utilizando dados dos indexadores da PubMed, PsycINFO, SciELO e Pepsic, sem limite de tempo, com os termos/palavras-chave: "amor" e "egoísmo"; "ciúme" e "egoísmo"; "amor", "ciúme" e "egoísmo"; "amor" e "ciúme"; "amor", "ciúme" e "egoísmo" e, também da combinação dois a dois e três a três, desses termos/ palavras-chave, em língua inglesa, de acordo com os indexadores consultados e adotados pela Terminologia Psi: "Love" and "selfishness"; "jealousy" and "selfishness"; "Love", "jealousy" and "selfishness"; "Love" and "jealousy"; "Love", "jealousy" and "selfishness"; "jealousy" and "selfishness", que forneceu um total de 143 trabalhos, com as primeiras publicações registradas a partir de 2007. Os critérios de inclusão para serem consideradas partes integrantes dessa pesquisa foram: 1) a referência buscada deveria conter entre os seus descritores título do artigo, abstract e palavras-chaves, os termos de busca anteriormente explicitados; 2) a referência encontrada deveria ser de origem brasileira, ainda que fosse publicada, em outro país e/ou em outra língua; 3) somente seriam considerados resultados válidos as referências que fossem revisões sistemáticas da literatura ou delineamentos experimentais com abordagem quantitativa; 4) foram considerados artigos que derivaram de dissertações de mestrado e teses de doutorados realizados em âmbito nacional; 5) somente seriam considerados uma vez cada ocorrência, ou seja, artigos repetidos por estarem indexados em bases diferentes ou de terem uma versão na língua portuguesa e outra língua, não seriam contabilizados novamente; 6) toda a busca seria realizada em um mesmo dia para que novos artigos indexados não interferissem no tratamento dos dados a serem coletados. Os critérios de exclusão para esta pesquisa foi o seguinte, não foram consideradas para este estudo publicações como resenhas, cartas ao editor, ensaios filosóficos e literários, delineamentos não experimentais (como estudos de caso) e demais abordagens qualitativas.

Assim, para esta pesquisa, foram excluídos 132 resultados encontrados que fugiam do tema proposto nesse trabalho por se referirem a trabalhos literários, publicações como livros que não são considerados nesse estudo, onde a busca se restringiu apenas a artigos científicos tendo como descritores, pelo menos, dois dos termos buscados, resultando em 11 referências que foram: Costa, Sophia, Sanches, Tavares, & Zilberman (2015); Dubugras Sá, & Werlang (2007); Cassepp-Borges, & Andrade (2013); Almeida (2012) ; Almeida, Rodrigues, & Silva (2008); Costa, & Barros (2008); Borges & Teodoro (2007); Costa et al. (2016); Schlösser, & Camargo (2014); Costa et al. (2014); Canezin, & Almeida (2015).

Dentre essas 11 referências, todas se referiam ao tema do ciúme, amor e egoísmo, lembrando que para a discussão dos dados foram incluídas referências adicionais que corroboram diretamente com os crivos deste estudo. A partir disto, a análise do material foi dividida em quatro fases, conforme ponderam Lakatos e Marconi (2003): (a) apreciação crítica do material; (b) decomposição dos elementos essenciais; (c) agrupamento e classificação; (d) análise final. Aproveitou-se das intersecções entre as categorias para discorrermos sobre elas na forma de categorias. A seguir, comentarse- á pormenorizadamente acerca dos nossos achados que foram sumarizados na Tabela 1.

 


Clique aqui para ampliar

 

Amor e ciúme

Baroncelli (2011) coloca o ciúme como um tema presente nos relacionamentos humanos, de tal forma que aparece nos discursos artísticos, mitos, tragédias, dramas, dentre as mais variadas produções artísticas e culturais. A qualquer momento, inesperadamente, pode surgir o ciúme numa relação amorosa: seja na fase da conquista, seja no período da paixão, durante o namoro ou casamento e até mesmo depois de tudo terminado. Mas por que o ciúme é aceito como fazendo parte do amor?

Os autores Canezin e Almeida (2015) explicam que o ciúme romântico pode surgir de várias maneiras, porém, em sua origem sempre existe o sentimento de alguém se sentindo inferior e excluído pelo outro. A qualquer momento, inesperadamente, pode surgir o ciúme numa relação amorosa: na fase da conquista, no período da paixão, durante o namoro ou casamento e até mesmo depois de tudo terminado. Ainda, segundo esses autores, para algumas pessoas, o ciúme representa amor. Para outras é entendido como um sentimento desencadeador de tristezas, angústias, que pode chegar a formas doentias e atingir o indivíduo tanto no aspecto físico quanto psíquico, é presente no grande número de acontecimentos violentos, compõe uma problemática atual e constantemente frequente no contexto clínico, tanto em atendimentos individuais quanto em terapias de casal (Porto, 2010). Costa et al. (2014) colocam que em situações que o (a) parceiro (a) está diante de uma ameaça a parceria amorosa, esse outro espera a resposta de ciúme, podendo até ser punido se tal aspecto não aparecer. Sendo o ciúme uma resposta esperada socialmente, além de ser essa resposta reforçada socialmente.

Há a possibilidade de haver algum aspecto neutro, ou ainda positivo no ciúme, no sentido de ele acarretar a aproximação do casal, como uma profícua estratégia de se lidar com uma situação ameaçadora. Entretanto, tal visão carece de uma maior fundamentação empírica, que não é muito explorada na literatura acadêmica, sendo essa uma lacuna que este estudo pode identificar. Para o senso comum e, sobretudo, para a cultura brasileira, percebe-se a manutenção de um ambiente favorável às atitudes ciumentas. Isto é, os parceiros consideram impelidos a demonstrar ciúme como prova de amor (Ferreira- Santos, 2003). Ainda, este autor, existe uma grande confusão entre ciúme e zelo, sendo que atitudes de zelo comprovariam a existência do amor na relação.

O ciúme é uma reação que surge diante da crença de que seu parceiro não o considera como a pessoa mais importante para ela, sendo assim o ciúme está relacionado com aspectos internos do indivíduo, e nem sempre terá como desencadeador o outro (Ballone, 2010), Cavalcante (1997) acrescenta:

Não há ciumento feliz. Toda sua luta parece consistir na tentativa de assegurar-se em um discurso de segurança onde só existe incerteza e dúvida. A infelicidade e o sofrimento nascem justamente da dificuldade de construir essas certezas para si mesmo. Não será raro que o ciumento tente, a todo custo, isolar-se dos outros e procurar ouvir apenas o seu convencimento. O discurso do ciumento será, portanto, permeado de temor e de medo. (p. 85)

Os relacionamentos passam a ser valorizados podendo ser relacionamentos interpessoais ou até mesmo relacionamentos amorosos, nos quais os melhores parceiros (as) em potencial passam a ser disputados pelo os demais (Coutinho, 2013). Nesse contexto, o amor e o ciúme começam a se relacionar, à medida que o ciúme visará manter o indivíduo amado junto a si. Na literatura científica abundam relações entre esses fenômenos: amor e ciúme, muitas vezes, subordinando o ciúme como uma manifestação quase natural do comportamento amoroso. Talvez, isso aconteça, pois socialmente se tem uma crença de que em todas as relações onde está presente o amor, estará também o ciúme, como um sinônimo do outro, sendo assim impossível dissociar o ciúme do amor (Almeida, 2007), embora sejam poucos os estudos que confirmem essa relação, como o que foi conduzido por Costa et al. (2014). No senso comum, o ciúme é visto como uma maneira de fazer com que seu (sua) parceiro (a) se sinta valorizado (a). Apesar de se pensar em possíveis bases hereditárias para o ciúme, o modo de vivenciar e interpretar o ciúme poderá variar de acordo com a cultura onde está inserido de acordo com o que apontam o estudo de Almeida, Rodrigues e Silva (2008). De acordo com Porto (2010), as mulheres teriam o ciúme motivado principalmente pelo medo de que seu parceiro se envolva emocionalmente com outra a mulher, diferentemente dos homens que possuem um medo maior atrelado com o aspecto sexual, a mulher tem seu ciúme direcionado para uma possível perda sentimental, onde esse parceiro deixaria de investir seus recursos com essa parceria.

Amor e egoísmo

Segundo Lipovetsky (2004), a sociedade pós-moderna tende a valorização da autonomia e da independência, o que parece ser um terreno fértil para a afirmação do egoísmo e de relações amorosas pautadas em uma perspectiva de custo-benefício. De fato, o amor parece ter um quê de egoísmo, no sentido de quem se escolhe para amar é alguém que se quer com exclusividade. Amar é quase sempre querer alguém só para si. Mas, será que o amor pressupõe sermos egoístas? Almeida (2012) caracteriza o amor como um conjunto de pensamentos, sentimentos e comportamentos que visariam o bem-estar do indivíduo estando presente nas mais variadas culturas, sendo esse conjunto de comportamentos, sentimentos e pensamentos selecionado geneticamente com o intuito da perpetuação e manutenção das espécies. Ao se levar em consideração que em alguns momentos um parceiro pode ser atraído por um outro, nesse sentido surge o ciúme romântico que visa a manutenção da parceria romântica à medida que afasta indivíduos que poderiam oferecer riscos a relação estabelecida.

Para Cuschnir (2004): "O amor, em vez de ser o que prende e frustra, deve ser o criador de um vínculo que se transforme em alguma coisa maior para os dois e para que eles sejam também maiores para o mundo" (p. 89). Quando situações como essas que o autor discorre não acontecem, poderíamos entender, em partes, o que seria o egoísmo. Costuma-se ouvir que vivemos em tempos de egoísmo e de desamor. Moreira Filho (2009) aponta que o egoísmo será um fator presente em todos os momentos de nossa sociedade. Ainda de acordo com esse autor, a pessoa egoísta quase sempre se aproxima de pessoas altruístas e generosas, que dão amor sem medir esforços, sendo essas pessoas passíveis de se submeterem ao domínio de um parceiro egoísta. O filósofo Foucault (2004) coloca o egoísta como um ser recluso em si mesmo, ou até alguém que ocupa o espaço do outro.

Tanto o egoísmo bem como o desamor tornaram-se termos genéricos para as ações que causam mal-estar em cada lado. Daí pressupor-se que ao contrário do amor, que vivificaria as experiências humanas, além de ser capaz de proporcionar um bem-estar ao indivíduo, o egoísmo tende a gerar uma alta gama de sofrimento e pode até ser visto como um dos elementos que colaboram para o arrefecimento do fenômeno amoroso. Mas, que atitudes são essas que poderiam ilustrar a transformação da vivência de um relacionamento amoroso em algo tão desprezível? De acordo com Almeida e Lourenço (2014): "Tememos que os sentimentos amorosos se apoderem das nossas vidas, e ao mesmo tempo, ansiamos tanto por perder o controle e por amar e sermos amados por uma outra pessoa" (p. 269). Ainda, segundo o que apontam os autores questões como orgulho, ingratidão e monotonia percebidos e passam a incomodar os componentes do casal constituído. Dessa forma, paulatinamente as pessoas permitem que o egoísmo e a indiferença se instalem em seus relacionamentos anteriormente tão prezados.

Silva (2008) aponta o amor desprovido de inquietude, desejos, preocupações e suspiros, como ideal. Este autor ainda coloca o amor como passível de provocar corrupção, adultério, incesto dentre outras preocupações que ele pode provocar, o colocando como algo não natural e até mesmo irracional. É provável que o entendimento em questão se refira mais às vivências e aos desdobramentos da paixão do que propriamente ao amor.

Dentro de um relacionamento amoroso uma postura egoísta levará, quase que inevitavelmente, ao desamor. Para Suassuna (2011), o egoísmo ocorre quando o indivíduo desiste do contato com o outro, ou infere obstáculos que tornam esse contato impossibilitado, sendo para muitos o egoísmo a única forma de contato com a realidade.

Suassuna (2011), fundamentando-se no trabalho de Schutz (1942), categoriza três tipos específicos de egoísmo. O primeiro seria o egoísmo de estranhamento no qual o indivíduo considera obstáculos para que dada relação não se estabeleça. O alheamento quando o indivíduo deixa de se engajar em uma relação que em algum momento poderia ter se engajado, volta seu foco apenas para preocupações internas e passa a ignorar o meio externo. E, o egoísmo de retorno, ocorreria quando o indivíduo impede que o outro volte a interação depois que esse mesmo possa ter se retirado. É esperado que num relacionamento amoroso saudável o casal tenha um diálogo aberto, grande capacidade de resolução de conflitos, que sejam empáticos com o sofrimento dos outros e, que juntos, possam construir caminhos para uma relação saudável. Ser egoísta é uma posição antagônica a essa dinâmica. É fazer com que o outro sozinho lute para manter uma relação e que esse outro seja capaz de me atender a todo o momento. Quando esse outro indivíduo percebe essa dinâmica pode ser sentir um objeto de prazer desse outro alguém, não se sentindo respeitado em seus desejos a anseios, podendo fazer com que se desligue da relação.

Logo, o amor e o egoísmo, podem ser entendidos como duas vivências antagônicas e passíveis de gerar respostas emocionais exacerbadas nas diversas pessoas que vivenciam essas realidades. Enquanto o amor vivifica o indivíduo, em decorrência de ser uma vivência prazerosa, que une os seres humanos e os tornam mais satisfeitos; o egoísmo poderá se evidenciar quando ocorrer falhas nesse enlace.

A relação entre amor e egoísmo também é um tema negligenciado pelos estudos em psicologia, mesmo sendo uma relação bem presente nas relações afetivo-sexuais e na escuta clínica. A despeito de tal lacuna teórica, esses temas e fenômenos relacionados tendem a levar ao rompimento dos relacionamentos amorosos.

Lacoste (1998) lembra que o amor nasce da esperança de felicidade que o objeto amado pode oferecer, logo, parece proceder do amor de si. Mas, esse ponto de partida egoísta, que conduz o sujeito a busca a posse de outro, age como um chamariz, como uma isca, destinada a fazer o sujeito sair de si mesmo e a depositar a existência mesma de seu ego sobre o outro: sem você, não sou ninguém. No entanto, de acordo com Ridley (2004), as religiões pregam uma vida eterna cheia de vantagens mirabolantes, decorrentes de uma vida de sacrifícios, de dedicação e de abnegação ao próximo. Ajuntam Maccarini e Hauer (2007) a essa discussão: "a moral religiosa transformou o altruísmo num bem e o egoísmo em pecado, em mal, gerando no indivíduo a culpa. Através destes conceitos o ser humano não se reconhece como egoísta, mas sempre terá argumentos, desculpas e razões para justificar seus atos egoístas" (p. 8). Forma-se assim um paradoxo: como amar sem ser egoísta? A moral religiosa, instituída para domesticar o ser primitivo, anterior à socialização é fruto das repressões e coações, necessárias em priscas eras, quando os instintos falavam mais alto, em que as condições de vida eram abundantes em agruras e dificuldades na luta pela sobrevivência frente a uma natureza selvagem, plena de adversidades e perigos mais fortes do que as condições normais dos indivíduos isolados.

Para o autor Lee (1988), que criou uma tipologia amorosa para o entendimento das multifacetadas expressões do amor, uma das seis expressões que de acordo com a sua teoria "Colors of love" o amor pode adotar é o que o autor intitula Ágape. Nesta variação amorosa (composta de dois outros estilos primários, a saber: Estorge e Eros), os cuidados com o parceiro e a preocupação em auxiliá-lo a resolver seus problemas são centrais nesse estilo de amor. É considerado que existe ausência de egoísmo nesse tipo de amor. Uma afirmação típica de quem tem esse estilo de amor é: "Eu prefiro sofrer a fazer o meu amor sofrer" e relaciona a sua manifestação a atos altruísticos.

De acordo com Zuanella (2006) "Pelo medo da dependência a um outro, acaba refugiando-se no interior de si mesmo. Contudo, esta ideia está fundada numa ilusão. É uma condição alienante, contrária à do Ideal do Eu, que projeta nos Ideais civilizatórios o que outrora estava centrado em si mesmo" (p.3). Complementarmente, para Maccarini e Hauer (2007):

A moral religiosa ensina que o egoísmo é obra do mal, do diabo, logo, desde criança é-se condicionado a camuflar o egoísmo em atos pretensamente altruísticos. Igualmente, a sociedade exige de seus componentes que, para a convivência em grupo, sejamos altruístas, isto é, que se faça o bem ao próximo. A igreja prega o sacrifício, a humildade, a simplicidade e a abnegação. (p. 12).

Dessa forma, pensar sobre a relação amor e egoísmo se inserem na mesma problematização de Werneck (2009) ao considerar que as relações amorosas são um espaço profícuo para pensar essa ocorrência, uma vez que são os lócus em que o amor é o princípio maior de manutenção. E em outro trecho este autor coloca: "Na vida de casal, o duo amor-egoísmo é constantemente mobilizado como formando uma economia" (p. 7). Este mesmo autor evidencia, em nesta e em outra obra, como muitas relações, sobretudo as amorosas, são pautadas mais no egoísmo do que priorizam o bem-estar do outro. Mas, ao contrário do que se possa pensar, este 'egoísmo' seria funcional para a manutenção do próprio casal e da sociedade em um aspecto mais amplo de análise (Werneck, 2009; 2011).

Não raramente, as pessoas têm dificuldades em ver seus parceiros sendo felizes com uma outra pessoa e, dessa forma, tende-se a se comportar de forma egoísta ao desejar que esse alguém seja posse e exclusividade sua e que só a própria pessoa saiba satisfazer plenamente o (a) seu (sua) parceira (a). Amor e egoísmo formam uma relação que, muitas vezes, pode e passa a ser perigosa. Dessa forma, o indivíduo passa a reificar o outro e, dessa forma, querer tomar as decisões por esse alguém. Ao sermos egoístas, no âmbito amoroso, passamos a desejar que o outro nos atenda em faltas que nós mesmos deveríamos dar conta. O outro é um objeto, um meio de saciar meus desejos. Essa relação pode assumir caráter passional, na qual parceiros que não conseguem lidar com situações como, por exemplo, um parceiro diante de uma situação de rompimento amoroso tenta reiterar seu poder atentando contra a vida deste, até então, ser amado. Por essa perspectiva, o outro, de maneira alguma, pode ter acesso a um objeto que esse indivíduo ama, na qual crenças como "se esta pessoa não for minha, não será de mais ninguém" podem estar presentes no psiquismo dessa pessoa.

Egoísmo e ciúme

O ciúme da mesma forma com que está relacionado ao amor, pode concomitantemente levar parceiros, a desassossegos que poderiam ser evitados pela falta de empatia com o (a) parceiro (a), pela falta de investimento e de exclusividade para com o relacionamento amoroso, o que poderíamos considerar como manifestações de egoísmo. Para autores Como Moreira Filho (2009) e Suassuna (2011), o ciúme está diretamente relacionado com atitudes e pensamentos egoístas. Por essa perspectiva, a pessoa ciumenta entenderia o outro como sua posse. Ao, nos referimos a essa dinâmica, estamos tratando do processo de reificação do parceiro que, por vezes, ocorre em situações românticas e que foi anteriormente melhor explicado no tópico anterior.

Na literatura científica, o ciúme se relaciona com o egoísmo, por exemplo, quando se aproxima de sua manifestação patológica. No ciúme patológico, as reações frente às ameaças de perda estarão extremadas, o (a) parceiro (a) ciumento (a) controlará o (a) parceiro (a), terá crenças de que está sendo traído (a) mesmo que evidências reais sinalizem que isso não possa estar acontecendo (Costa, Sophia, Sanches, Tavares, & Zilberman, 2015). Nesse limiar, o ciúme pode ser causa de intrigas entre os pares, o que pode culminar o rompimento da relação, ao fazer com o que a pessoa alvo do ciúme deixe de amar esse outro alguém (Ramos, 2000). O ciúme relacionado com o egoísmo está ligado a uma privação de desejos alheios, à medida que essa outra pessoa possa querer ter contatos com outras pessoas e esse parceiro limite o outro e tente impor maneiras para essa pessoa se comportar e, principalmente, de entender o outro como "seu", ao invés de ver como uma parceira, onde dois inteiros se transformam em uma relação satisfatória e vivenciam momentos de qualidade para os dois envolvidos nesse processo. Dessa forma, de acordo com o que apontam autores como Almeida (2007 e 2012) pessoas ciumentas e egoístas, provavelmente, não serão empáticas ao sofrimento e aos sentimentos daquele alguém que está ao seu lado e estará olhando majoritariamente as suas necessidades em primeiro lugar. É importante identificar atitudes que podem expressar ciúme e egoísmo, pois comportamentos percebidos como tal podem minar o relacionamento amoroso, além de criar uma atmosfera de dominação. Consequentemente, o (a) parceiro (a) com uma manifestação exacerbada de ciúme e desproporcional aos estímulos que possam ter eliciado esse comportamento tentará exercer ao máximo seu controle, sendo que poderá alegar que seu comportamento é motivado pelo amor, na maioria das vezes, o que concebe como amor é apenas posse (Almeida & Vanni, 2013).

Então, o ciúme pode ser altamente prejudicial e danoso para as relações amorosas, quando se traduz em sentimento de posse sobre alguém ou das tentativas de manipulação da liberdade de alguém em agir nesta ou naquela direção priorizando o próprio bem-estar, característico, de atitudes egoístas. É provável que, muitas das relações amorosas na atualidade se sustentam numa base de poder e controle, não de amor. Para Hintz (2003), diante do ciúme excessivo, o ciumento passa a ser instável emocionalmente, considerando o outro como pertencente a si mesmo. Nesse sentido, quando o amor se confunde com posse, ele já não é uma sinonímia de satisfação com a parceria estabelecida, mas um sofrimento administrado paulatinamente aos parceiros. E quais as consequências dessa relação pautada no binômio ciúme-egoísmo? Para Almeida (2012) e Centeville e Almeida (2007), o ciúme exerce, em alguns momentos respostas excessivas de ciúme podem levar o (a) parceiro (a) a ser violento com o outro, violência que pode ser verbal ou física podendo trazer implicações negativas para a relação. Algumas questões surgem quando falamos na dinâmica amorosa, seria possível a pessoa que ama querer só para si esse objeto de amor? Muitos ao entrarem num relacionamento entende que o outro tem esse direito de interferir diretamente em suas vidas, quando na verdade o outro deveria apenas somar e juntos fortalecerem a relação.

Para Deek, Boing, Oliveira e Coelho (2009), o ciúme é apontado como um o maior desencadeador de violência dentro das relações amorosas, sendo apontado por 50% das mulheres e 23% dos homens desse estudo. Nesses casos é comum a presença do ciúme patológico, que é uma condição onde o indivíduo chegar a um limiar extremo de ciúme, passando a ter comportamentos que visem não perder esse outro alguém, sendo esses comportamentos muitas vezes desajustados. É comum, no ciúme patológico, como aponta o estudo de Costa, Sophia, Sanches, Tavares e Zilberman (2015), pensamentos obsessivos de estar sendo traído e, mesmo diante de fatos reais que comprovem o contrário, o indivíduo mantém suas crenças arraigadas, se comportamento em consequência das mesmas. Logo, ciúme e desamor podem caminhar juntos, considerando que as pessoas com maior nível de ciúme têm uma probabilidade maior de serem traídas e ter seus relacionamentos minados por comportamentos desadaptativos à satisfação do relacionamento amoroso. Consequentemente, o ciúme pode ser originado bem como operar como um estímulo para o egoísmo nos relacionamentos. Ferreira-Santos (2003) ressalta que o ciúme pode levar o indivíduo a um desespero, sendo esse um desassossego com o relacionamento amoroso que poderia ser evitado. Lembrando que apesar deste autor colocar o ciúme com algo a ser evitado, cabe dizer que todos em maior ou menor grau, em algum momento da vida, deverão sentir ciúme.

Costumeiramente as pessoas tendem a relacionar a falta de ciúme com o desamor. No entanto, para Almeida e Lourenço (2011; 2014), o ciúme excessivo é uma das formas que pode conduzir ao desamor, ao egoísmo e ao individualismo exacerbado em uma díade amorosa, no qual o parceiro usa desse sentimento para dominar, minar a autoestima do outro, o que pode fazer com que um parceiro deixe de amar o outro com o passar do tempo.

A literatura científica nacional nada produziu até o presente momento no que se refere à relação ciúme e egoísmo e, como já foi descrito anteriormente, essa relação pode trazer múltiplas implicações para os relacionamentos amorosos e, na maioria das vezes, faz com que esses casais entrem em conflitos, justificando a importância dessa relação para o contexto clínico e acadêmico.

Amor, egoísmo e ciúme

Amor, ciúme e egoísmo também são relações pouco estudadas pela psicologia. Ao ser ciumento, o indivíduo possivelmente encaminha sua relação afetiva para o egoísmo. Está todo o tempo olhando apenas para si, e o outro só é alguém digno de ter por perto enquanto suprir as necessidades (Bauman, 2004). Essas relações quase sempre são marcadas por conflitos, discussões e o espaço do outro não é respeitado. Podem ser relações marcadas pela dominação, sendo o egoísta aquele que tira o que o outro tem de melhor para si.

Apesar de serem temas corriqueiros na clínica psicológica contemporânea, pouco se tem estudado no que se refere a relação entre amor, egoísmo e ciúme. Sendo que a maioria dos estudos que tratam de tal temática é de ordem filosófica e sociológica. Sendo que tais aspectos podem estar muito relacionados. Suassuna (2011) coloca que para o egoísta o outro não se constitui de maneira alguma, é como se o outro não existisse, sendo que o autor aponta como gênese para o egoísmo a insegurança com os laços sociais.

O amor pode assumir um caráter egoísta, por exemplo, se o indivíduo entender o objeto amado como unicamente e exclusivamente seu, tentando ao máximo limitar seu contato com o mundo e com as outras pessoas, tais características são alguns dos elementos também presentes em pessoas ciumentas. Em nome "do amor" podem ser justificados muitos comportamentos egoístas e limitantes a vida de um (a) parceiro (a), no qual se pode tecer, para a presente discussão, uma interface entre amor e egoísmo, com o ciúme. Para Suassuna (2011), muitas pessoas ainda farão uma relação direta entre amor e ciúme, sendo que a resposta de ciúme considerada uma forma de demonstrar o amor para outro alguém, mas na verdade pode estar apenas mostrando o caráter egoísta do (a) parceiro (a) ciumento (a), que quer ao máximo aquele alguém somente para si. O egoísmo está presente no amor e no ciúme, sendo necessário que novos estudos se debrucem sobre o tema e busquem, nessa relação, aspectos que podem interferir positivamente e negativamente na vida dos casais, pois atualmente inexistem estudos científicos que contemplem essa relação.

 

Considerações finais

Levando-se em consideração que o amor, o ciúme e o egoísmo assumem as mais plurais representações no ideário comum das pessoas, uma revisão integrativa da literatura oferece aos profissionais de diversas áreas de atuação que lidam com esses temas, o acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas que fundamentam as condutas ou a tomada de decisão, proporcionando um saber crítico. Observou-se, por meio desse estudo que algumas relações entre esses termos tal como amor e ciúme estão sendo mais frequentemente abordadas pela literatura científica nacional da Psicologia, do que as outras relações entre outros conceitos abarcados por este estudo, como o ciúme e o egoísmo. A mesma incipiência de estudos psicológicos ocorre para o estudo das relações entre amor e egoísmo. Há de se evidenciar que a alta frequência desses fenômenos que estão presentes em contextos românticos, que sequer foram até agora alvos de estudos pela psicologia e, merecem um aprofundamento teórico e empírico, já que essas ocorrências e intersecções podem ter influências significativas na vida a dois. Mas, por que isso acontece tendo em vista as metodologias (como é o caso da revisão integrativa da literatura adotada para este estudo), os diversos modelos teóricos sobre o amor e o ciúme no campo científico, bem como instrumentos psicométricos com a finalidade de dar suporte empírico aos estudos que busquem tematizar esses fenômenos?

No Brasil, a produção científica sobre esses temas é concentra-se principalmente em dados clínicos e em estudos de caso, diferentemente da literatura científica, por exemplo, americana que aborda essas questões, por ser mais ampla e, muitas vezes, é fundamentada em dados empíricos de pesquisa. Ou ainda, os estudos teóricos da Psicologia Social acerca do conceito de altruísmo.

Pelo que foi evidenciado nesta pesquisa, os poucos estudos que existem sobre esses temas são recentes (datam a partir de 2007) e poucos são os estudos conduzidos de forma empírica sobre esses temas importantes. Desse modo, a partir dos dados apresentados nesta revisão integrativa, destaca-se a premência do desenvolvimento de outros estudos. Trabalhos como esses que realizamos abrem, possibilidades para futuros pesquisadores que queiram se debruçar sobre uma área tão importante para os relacionamentos amorosos e para os desdobramentos desses. Sendo que perguntas como: Como o amor, sentimento tão validado por toda uma sociedade pode ser uma fonte de implicações negativas quando vivido em demasia? Como um mecanismo evolutivamente desenvolvido para proteger as relações como o ciúme pode levar o indivíduo a ser egoísta? Existiriam casos de alguma pessoa ser egoísta e que, concomitantemente, amasse o (a) parceiro (a) com o (a) qual estabelece um relacionamento amoroso? Questões como essas permanecem, em aberto, para pesquisadores as acolherem como norteadoras de suas pesquisas. Para tanto, novos arranjos metodológicos deverão ser construídos, assim como novas técnicas de coleta de dados para contemplar tais questões.

 

Referências

Almeida, T. (2007). Ciúme e suas consequências para os relacionamentos amorosos. Curitiba, PR: Certa.         [ Links ]

Almeida, T. (2012). O ciúme romântico atua como uma profecia autorrealizadora da infidelidade amorosa? Estudos de Psicologia (Campinas), 29(4), 489-498.         [ Links ]

Almeida, T. (2017). O conceito de amor: um estudo exploratório com uma amostra brasileira (Tese de Doutorado). Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.         [ Links ]

Almeida, T., & Lomonaco, J. F. B. (2018). O conceito de amor: um estudo exploratório com uma amostra brasileira. São Carlos, SP: Pedro e João.         [ Links ]

Almeida, T., & Lourenço, M. L. (2011, jul/dez). Ciúme romântico: um breve histórico, perspectivas, concepções correlatas e seus desdobramentos para os relacionamentos amorosos. Revista de Psicologia, 2(2),18-32.         [ Links ]

Almeida, T., & Lourenço, M. L (2014). Elementos que podem enfraquecer o amor e o relacionamento amoroso. In: T. Almeida. Relacionamentos amorosos: o antes, o durante e o depois. (V. 2, cap. 13, pp. 268-302). São Paulo, SP: Polo Books.         [ Links ]

Almeida, T., Rodrigues, K. R. B., & Silva, A. A. (2008). O ciúme romântico e os relacionamentos amorosos heterossexuais contemporâneos. Estudos de Psicologia (Natal), 13(1), 83-90.         [ Links ]

Almeida, T., & Vanni, G. (2013). Amor, ciúme e infidelidade - Como estas questões afetam sua vida. 1. ed. São Paulo: Letras do Brasil.         [ Links ]

Andrade, A. L. D., & Wachelke, J. (2011). The association of structural configurations of romantic relationships with beliefs about couple relationships: A social representations study. Anales de Psicología, 27, 834-842.         [ Links ]

Ballone, G. J. (2010). História de ciúme patológico: identificação e tratamento. São Paulo, SP: Manole.         [ Links ]

Baroncelli, L. (2011). Amor e ciúme na contemporaneidade: reflexões psicossociológicas. Psicologia & Sociedade, 23(1), 163-170.         [ Links ]

Bauman, Z. (2004). Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar.         [ Links ]

Bauman, Z. (2007). Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar.         [ Links ]

Berg, Y. (2012, abr./jun.). Tudo o que precisamos é o amor. O Mundo da Saúde, 36(2), 371-374.         [ Links ]

Beyea, S. C., & Nicoll, L.H. (1998). Writing in integrative review. AORN Journal, 67, 877-880.         [ Links ]

Borges, V. C., & Teodoro, M. L. M. (2007). Propriedades psicométricas da Versão Brasileira da Escala Triangular do Amor. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3), 513-522.         [ Links ]

Buss, D. M., & Shackelford, T. K. (1997). From vigilance to violence: Mate retention tactics in married couples. Journal of Personality and Social Psychology, 72, 346-361.         [ Links ]

Byrne, D. (1961). Interpersonal attraction and attitude similarity. The Journal of Abnormal and Social Psychology, 62(3), 713-715.         [ Links ]

Bystronski, B. (1992). A liberação dos costumes e suas conseqüências sobre os relacionamentos amorosos heterossexuais. Porto Alegre: UFRGS. Dissertação (Mestrado), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.         [ Links ]

Canezin, P. F. M., & Almeida, T. (2015). O ciúme e as redes sociais: uma revisão sistemática. Pensando famílias, 19(1), 142-155.         [ Links ]

Cassepp-Borges, V. & Andrade, A. L. (2013). Uma breve história das tentativas para medir atributos dos relacionamentos amorosos em língua portuguesa. Estudos de Psicologia (Natal), 18(4), 631-638. <https://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2013000400011>         [ Links ].

Cavalcante, A. M. (1997). O ciúme patológico. (3.ed.). Rio de Janeiro, RJ: Record/ Rosa dos Tempos.         [ Links ]

Centeville, V. & Almeida, T. de. (2007). Ciúme romântico e a sua relação com a violência. Psicologia Revista, 16(1-2), 73-9.         [ Links ]

Costa, N., Almeida, C., Gomes, H., Lobato, J., Gondim, L., Silva, M., et al. (2014). O ciúme está relacionado ao amor: contribuições de uma perspectiva analítico-comportamental. Perspectivas em análise do comportamento, 5(1), 40-48.         [ Links ]

Costa, N., Gomes, H., Almeida, T., Pinheiro, R. S., Almeida, C., Gondim, L., et al. (2016). Violence against women: Can «jealousy» mitigate the significance of violence? Estudos de Psicologia (Campinas), 33(3), 525-533.         [ Links ]

Costa, N., & Barros, R. S. (2008). Celos: un ejercicio de interpretación desde la perspectiva del análisis de la conducta. Diversitas, 4(1), 139-147.         [ Links ]

Coutinho, M. L. (2013). A infidelidade virtual no relacionamento amoroso: correlatos afetivos e sociais. (Tese de Doutorado não publicada). Departamento de Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB.         [ Links ]

Critelli, J. W., Myers, E. J., & Loos, V. E. (1986). The components of love: Romantic attraction and sex role orientation. Journal of Personality, 54, 355-370. <https://dx.doi.org/10.1111/j.1467-6494.1986.tb00399.x>         [ Links ].

Cuschnir, L. (2004). Os bastidores do amor: os sentimentos e as buscas que invadem nossos relacionamentos e como lidar com eles. (2. ed.). Rio de Janeiro, RJ: Elsevier.         [ Links ]

Dainton, M. (2003). Equity and uncertainty in relational maintenance. Western Journal of Communication (includes Communication Reports), 67(2), 164-186. <http://dx.doi.org/10.1080/10570310309374765>         [ Links ].

Deeke, L. P., Boing, A. F., Oliveira, W. F. de, & Coelho, E. B. S. (2009). A dinâmica da violência doméstica: uma análise a partir dos discursos da mulher agredida e de seu parceiro. Saúde e Sociedade, 18(2), 248-258.         [ Links ]

Dubugras Sá, S., & Werlang, B. S. G. (2007). Homicídio seguido de suicídio. Universitas Psychologica, 6(2), 231-244.         [ Links ]

Ferreira-Santos, E. (2003). Ciúme: o medo da perda. São Paulo: Claridade         [ Links ]

Foucault, M. (2004). A hermenêutica do sujeito. São Paulo, SP: Martins Fontes.         [ Links ]

Hackmann, G. L. B. (2010). A nascente do amor. Atualidade Teológica (PUCRJ), 14, 154-171.         [ Links ]

Hatfield, E., Bensman, L., & Rapson, R. (2012). A brief history of social scientists' attempts to measure passionate love. Journal of Social and Personal Relationships, 29(2), 143–164. <https://dx.doi.org/10.1177/0265407511431055>.

Hernandez, J. A. E., Plácido, M. G., Araújo, A. L., Neves, F. V. C., & Azevedo, C. A. C. B. (2014). A psicologia do amor: vinte anos de estudos científicos nacionais. Psicologia Argumento, 32(79), 131-139.         [ Links ]

Hintz, H. C. (2003). O Ciúme no processo amoroso. Pensando Famílias, (5), 45-55.         [ Links ]

Lacoste, J-I. (1998). Dictionaire critique de théologie. Paris, França: PUF.         [ Links ]

Lakatos, E. M. & Marconi, M. A. (2003). Fundamentos de metodologia científica. (5. ed.). São Paulo, SP: Atlas.         [ Links ]

Lee, J. A. (1988). Love-styles. In R. J. Sternberg & M. L. Barnes (Eds.). The psychology of love (pp. 38-67). New York: Yale University.         [ Links ]

Lipovetsky, G. & Charles, C. (2004). Os tempos hipermodernos. São Paulo, SP: Barcarolla.         [ Links ]

Maccarini, R. M. & Hauer, R. (2007). O amor incondicional, altruísmo e egoísmo em universitários de ciências humanas de Curitiba: nosso amor egoísta (Trabalho de Conclusão de Curso). Psicologia, Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, PR.         [ Links ]

Martins-Silva, P. O., Trindade, Z. A., & Silva Junior, A. (2013). Teorias sobre o amor no campo da Psicologia Social. Psicologia: Ciência e Profissão, 33(1), 16-31.         [ Links ]

Michener, H. A., DeLamater, J. D., & Myers, D. J. (2005). Psicologia social. São Paulo, SP: Thomson.         [ Links ]

Moll, J., Krueger, F., Zahn, R., Pardini, M., Oliveira-Souza, R., & Grafman, J. (2006). Human fronto-mesolimbic networks guide decisions about charitable donation. PNAS, 103, 15623-15628. Retirado em 01/07/2016, do PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America) no World Wide Web: http://www.pnas.org)         [ Links ]

Moreira Filho, L. C. A. (2009). Egoísmo humano social. Revista de iniciação cientifica da FFC., v.9, (1), 1-10.         [ Links ]

Pimentel, R. (2010). Rousseau e o papel da educação no convívio social. Revista Cogitationes, 1 (2), 46-56.         [ Links ]

Porto, L. I. (2010). Um monstro dos olhos verdes: reflexões sobre o ciúme sob a perspectiva da psicanálise freudiana. Belo Horizonte, MG: Pontifica Universidade Católica de Minas Gerais.         [ Links ]

Ramos, A. L. M. (2000). Ciúme romântico: teoria e medida psicológicas. Lorena, SP: Stiliano.         [ Links ]

Reis, B. F. (1992). O amor à luz da Psicologia Científica. Psicologia: Reflexão & Crítica, 5(2),23-40.         [ Links ]

Ridley, A. (2004). O que nos faz humanos. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2004.         [ Links ]

Rubin, Z. (1970). Measurement of romantic love. Journal of Personality and Social Psychology, 16, 265-273.         [ Links ]

Rubin, Z. (1973). Liking and Loving. New York: Holt, Rinehart & Winston.         [ Links ]

Rubin, Z. (1988). Preface. In R. J., Sternberg, & M. L.Barnes. The psychology of love. (pp. vii- xii). New Haven, CT: Yale University Press.         [ Links ]

Schlösser, A., & Camargo, B. V. (2014). Contribuições de pesquisas brasileiras sobre o amor e relacionamentos amorosos. Temas em Psicologia, 22(4), 795-808         [ Links ]

Schutz, A. (1942). Scheler's theory of intersubjectivity and the general thesis of the alter ego. Philosophy and Phenomenological Research, 2, (3), 323-347.         [ Links ]

Silva, P. J. C. (2008). A dor de amor na medicina da alma da primeira modernidade. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 11(3), 475-487.         [ Links ]

Souza, T. B. (2007). Amor romântico. (Trabalho de conclusão de curso). Departamento de Comunicação Social, Publicidade e Propaganda. Centro Universitário de Brasília, DF. (UNICEUB).         [ Links ]

Souza, M. T., Silva, M. D. S., & Carvalho, R. (2010). Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, 8(1), 102-106.         [ Links ]

Sprecher, S. (2001). Equity and social exchange in dating couples: Associations with satisfaction, commitment, and stability. Journal of Marriage and Family, 63(3), 599-613. <http://dx.doi.org/10.1111/j.1741-3737.2001.00599.x>         [ Links ].

Suassuna, R. F. (2011). Egoísmo e interação. Contemporânea. (1), 179-197.         [ Links ]

Tennov, D. (1979). Love and Limerence. Lanham, MD: Scarborough House.         [ Links ]

Werneck, A. (2009). O 'egoísmo' como competência: um estudo das desculpas dadas no âmbito das relações de casais como forma de negociação entre bem de si e moralidade. In Paper apresentado no 33º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais – GT 38 – Subjetividade e Emoções. Caxambu, MG.

Werneck, A. (2011). O "egoísmo" como competência: um estudo de desculpas dadas nas relações de casal como forma de coordenação entre bem de si e moralidade. Revista de Antropologia, 54 (1), 133-190.         [ Links ]

White, G. L. (1981). Some correlates of romantic jealousy. Journal of Personality, 49 (2), 129-147.         [ Links ]

Zuanella, A. B. (2006). Amor e vínculo: para além das fronteiras da feminilidade. In Anais do 2. Congresso Internacional e do 8. Congresso Nacional de Psicopatologia Fundamental. (pp. 1-17). Universidade Federal do Pará, Belém, PA.         [ Links ]

 

Recebido: 06.07.18 / Aprovado: 26.08.18

 

 

1 Endereço: Rua Orlando Damiano, nº 2100 apto 142, Bairro: Jardim Macarengo, CEP: 13560-240, São Carlos – SP, e-mail: thalmeida@usp.br e thiagodealmeida@thiagodealmeida.com.br; Mestre pelo Departamento de Psicologia Experimental – Instituto de Psicologia da USP. Doutor pelo Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade – Instituto de Psicologia da USP. Pós-doutorando pelo Departamento de Psicologia Clínica – Instituto de Psicologia da USP.
2 Endereço: Rua Castelo Branco, nº 260, Centro. CEP: 44900-000 Irecê, BA, Brasil. E-mail: laisa_martins@hotmail.com; (Psicóloga graduada em Psicologia pelo Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ)

Creative Commons License