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Boletim - Academia Paulista de Psicologia

versão impressa ISSN 1415-711X

Bol. - Acad. Paul. Psicol. vol.40 no.99 São Paulo jul./dez. 2020

 

III. MEMÓRIA

 

O Método da Psicologia Geral Descritiva na visão de Anton Marty. Notas de Otto Funke32

 

 

tradução de Vera Barros de OliveiraI

IMembro Diretor da Academia Paulista de Psicologia; Livre-Docente em Psicologia pelo IPUSP; Profa. Titular de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Un. Metodista de São Paulo

 

 

§ 1. A Psicologia Descritiva é uma ciência empírica, cujo método é empírico

NotaPreliminar: Todo esse artigo foi extraído de aulas de Marty sobre Psicologia. Sob influência de Brentano, Marty distinguiu duas tarefas da Psicologia, a exploração descritiva da psíquica e a genética. A Psicologia Descritiva descreve os fenômenos psíquicos. Ela deve nos esclarecer sobre os mesmos, sobre o que a experiência interna mostra. Esse esclarecimento é alcançado através da análise dos dados, dos quais se examinam os elementos simples da vida psíquica e suas constantes e importantes ligações. É essa, em essência, a tarefa da parte descritiva dessa ciência. A Psicologia Genética tem a finalidade de descobrir as leis da origem e do decurso da vida psíquica. Esta é a tarefa da pesquisa genética. Conferir sobre isso em Fr. Brentano, Psicologia do ponto de vista empírico I,II e III (Nova edição de O. Kraus , Leipsig, 1925) especialmente na introdução de O. Kraus para parte I.. Em relação à parte psíquica da linguagem, Marty manteve uma nítida separação entre o ponto de vista descritivo e o genético. Quando Marty, mais tarde, fala sobre método empírico ou científico natural, não devemos ter uma falsa impressão final. Isso significa que a Psicologia Descritiva tem que se apoiar em dados reais, que deve partir da experiência direta. Esse modo de ver é semelhante à maneira usada por Brentano em sua Psicologia, sobre o ponto de vista empírico e coloca uma oposição entre esta escola filosófica e qualquer outra direção especulativa que tenha construído um sistema, a partir de palavras. Mas, Marty e Brentano, mais tarde, em seu significado do ensino, acentuaram a importância do conhecimento apriorístico nessa parte descritiva. Dever-se-ia dizer portanto, dizer, da Psicologia Descritiva, que seu método é empírico. Mas, ela se desvia das ciências naturais, uma vez que, muitas vezes, através da contemplação ou de conceitos sem indução, adquiridos empiricamente, eleva-se a significativos conhecimentos (apriorísticos).

Existem outras ciências que não se estruturam através da experiência, apenas são totalmente apriorísticas. A elas pertencem as ciências matemáticas. A Psicologia não pode proceder aprioristicamente, não apenas a Psicologia Genética, mas também a Psicologia Descritiva. Como cada ciência, precisa desde o começo, ver o que é imediatamente evidente e o que é imediatamente certo. Mas, tais evidências imediatas, da qual a Psicologia Descritiva procede, não têm caráter demonstrável, apodítico convincente, mas apenas caráter assertivo, isto é, referem-se a fatos concretos, imediatamente evidentes. Só por vias colaterais então, chegamos ao estudo analítico apriorístico. Os fatos, entretanto, dos quais a Psicologia Descritiva procede, são os mesmos sobre os quais toda experiência se baseia. Qualquer ciência experimental tem de partir de fatos imediatamente evidentes. Só colateralmente então chegamos ao estudo analítico apriorístico. Existe "um" campo de fatos imediatamente evidentes os quais são parte da experiência interna e que constituem os fundamentos e o objeto da Psicologia Descritiva. Por certeza imediata considero apenas os meus próprios estados psíquicos (sem dúvida, cada um leva em conta os seus próprios). Os fatos, entretanto, dos quais a Psicologia Descritiva procede, são os mesmos sobre os quais toda experiência está baseada. Isso pode parecer estranho, uma vez que considera como evidentemente certo que haja um mundo exterior no qual se apresentam cores, tons e movimentos de diversas maneiras, mas, apesar de acreditar piamente nisso, não possue uma evidência imediata dos mesmos. Podemos tentar esclarecer isso de maneira mais fácil, se pensrmos que, enquanto eu, como pessoa que vê e ouve, observa qualquer coisa, concebo o fato de que, no momento, vejo cores e escuto diversos sons. Contudo, o que acontece é que eu não acredito somente na minha visão, mas também naquilo que eu vejo nessas superfícies difusas coloridas, e naquilo que escuto, os múltiplos sons e ruídos. Mas, essa crença nos objetos, que se associa à minha visão é somente uma opinião instintiva, sem qualquer evidência, uma vez que novas pesquisas demostram que esta dita observação externa, pela qual nós cremos na realidade da percepção de cores e tons, nos engana, uma vez que esses acontecimentos na realidade correspondem a algo diverso, algo que eles não são na realidade, nem tons, nem cores, nada enfim do que nossos sentidos nos mostram, mas algo internamente diferente, cuja natureza só pode ser hipoteticamente suposta ou concluída, e, sempre, mais ou menos de modo obscuro: vêm a ser variações do ar, do éter ou alguma outra causa do gênero, mas, em todo caso, não aquilo que nossos sentidos nos mostram. Essa certeza imediata que o homem de todo dia crê ter quando supõe que reconhece cores e sons como realidades é só um engano. É um instinto dominante que lhe dá essa impressão e acarreta consigo a crença de que existe tudo o que observa. Não é absoluta e imediatamente evidente que exista um mundo exterior, e, muito menos, que existam cores e sons, ao contrário, o que é imediatamente evidente é que eu tenha a sensação da cor e do som. Em resumo, imediatamente evidente são meus próprios estados psíquicos internos que se manifestam na minha experiência. Isto é, a única base segura não somente para os psicólogos, mas também para os cientistas naturais, para os pesquisadores da natureza, são as sensações. Elas são a certeza imediata. Para esclarecer a regularidade e a sucessão das sensações, admite-se que haja um mundo exterior. Esse mundo exterior hipotético é construído de forma a poder esclarecer essas manifestações. Esse quadro do mundo dos pesquisadores da natureza já por diversas vezes se modificou e se transformou, quando novas experiências se acrescentaram às antigas. Nos últimos decênios a Física passou por grandes crises e transformações. O que está em repouso nisso tudo são nossos próprios fatos psíquicos, fatos imediatos dos quais procede a Psicologia, em sua primeira linha.

§ 2 - Sobre a dificuldade da descrição dos nossos estados psíquicos

A Psicologia Descritiva utiliza-se do método empírico, ou seja, do método das ciências naturais. Mas, mesmo nos diferentes ramos das ciências naturais, esse método apresenta formas diferentes, com as quais se adapta às particularidades de seus ramos, os quiais procuram resolver dificuldades. Assim também, o Método empírico da Psicologia tem sua forma (Gestalt) própria, com a qual se adapta às dificuldades que se opõem à solução dos problemas a resolver. Fica-se então com a impressão de que a Psicologia Descritiva não deveria apresentar grandes dificuldades, porque como já se disse antes, ela só lida com fatos imediatamente evidentes. Em contraste com as ciências naturais, as quais, tendo de partir de fatos evidentes precisam construir um grande edifício de soluções às causas dessas manifestações e fatos, a Psicologia Descritiva lida somente com fatos imediatos. Porém, apesar de não haver dúvida de a experiência interna ser evidente, e de que nos mostra suas manifestações, ou seja, como na realidade é a vida psíquica, também é claro, que a descrição de fatos da nossa experiência interna encontra dificuldades, e, às vezes, grandes dificuldades. Do contrário não se poderia conceber o atraso da Psicologia, na parte descritiva. Como compreender que na Psicologia ainda existam pontos de vista discordantes sobre pontos fundamentais e que domine uma tal confusão de conceitos? Isso só pode resultar de que nesse campo grandes erros se cometem. Discordância é sempre sinal de que algo está errado. A verdade é uma só. No entanto, há essa discordância e confusão não somente em questão de minúcias, mas também nas questões fundamentais da Psicologia Descritiva, como sobre a classificação geral dos fenômenos psíquicos e sobre uma série de questões menores. Em assuntos fundamentalmente importantes, ainda predominam hoje em dia conceitos que podem ser considerados falsos. De onde vem isso? A resposta é clara. De fato, a percepção dos nossos estados psíquicos é imediatamente evidente e verídica. Mas, para descrever esses estados psíquicos não é apenas suficiente a percepção em si mesma. A percepção abrange muito mais coisas. Principalmente, o notar ou aperceber e o determinar e o dar significado. Além disso, são necessárias generalizações e diversas deduções. Em tudo isso, pode passar desapercebida uma parte, ou haver um engano. Pode haver um engano no notar, haver uma omissão, ou enganos no determinar ou no interpretar e também, graves erros na generalização. Para descrever não é suficiente apenas Perceber, mas, Aperceber. O que é isto? Por apercepção ou notar, entende-se uma compreensão explícita ou um reconhecimento explícito como tal, o qual está implícito ou incluído na percepção. Isto é uma coisa muito importante. Quando eu vejo uma folha de papel na minha frente e, à primeira vista, não reparo em tudo que possa ser observado, ou quando vejo uma fisionomia humana, não observo de relance tudo o que poderia ser notado, ou ainda, quando vejo uma árvore, posso perceber cada vez mais e mais detalhes, que eu não havia notado. Esta é a diferença entre perceber e aperceber . Denominou-se também a Apercepção de Distinção. Muitas vezes fala-se de notar também a maneira com a qual se tenta predicar, atribir um predicado a algo. Ou ainda, usa-se uma negativa quando se diz que aquela coisa da qual se fala não é uma outra coisa, como por exemplo, a cor dessa folha não é a mesma da cor do giz. Ou ainda, quando se usa uma afirmação positiva, quando eu digo, por exemplo que a cor da minha camisa é comparável à cor do giz, ou seja, que é da mesma cor. Claramente, trata-se nessas afirmações positivas de uma dupla apercepção, como também na negativas, as quais são combinadas de modo especial. Aqui, queremos definir por Notar somente o reconhecimento explícito. Nesse reconhecimento não queremos negar que a ele possam estar sempre associadas múltiplas afirmações, quer positivas, quer negativas. Além disso, não devemos confundir apercepção com prestar atenção, apesar de possuirem íntimas relações. Prestar atenção é um estado de espírito no qual estamos ávidos para prestar atenção em alguma coisa, seja algo atual ou seja mesmo algo que se espere que venha a acontecer. Especificamente falamos de atenção quando há avidez em notar, assim como quando disposições favoráveis se manifestam, pelas quais podemos prestar atenção de corpo e alma. Uma tal atenção é sem dúvida uma boa condição para notar. Mas, seria errado supor que seja uma condição indispensável. Também espontaneamente e independentemente de toda atenção podem existir condições essenciais para notar, o que pode ocorrer sem atenção prévia, o que deve ter acontecido, sem dúvida, em nossos primeiros atos de notar como crianças. Pois, como poderia haver avidez para o conhecimento se não houvesse havido uma experiência prévia do gênero, de forma a que se soubesse algo a respeito? Afirmar que cada ato de notar seria devido a um prestar atenção seria ficar num círculo fechado.

§ 3 - Continuação. O Notar e suas fronteiras

O Notar ou a Apercepção não vem a ser o mesmo que o Perceber. Os exemplos que citei, levam-nos à conclusão de que muitas vezes é difícil, mesmo impossível, em certas circunstâncias, apercebermos- nos de tudo o que contém nossa percepção. Assim sendo, o perigo de nossa apercepção, e, como conseqüência, a descrição que se apoia na apercepção ficar incompleta. Muita coisa é constantemente percebida sem que seja objeto de apercepção. Vai-se por exemplo através de uma rua da cidade. Vêm-se as casas com todas as suas janelas, as vitrines, os nomes das firmas. Não se nota tudo isso no entanto, lá há muitas outras coisas que poderiam ser notadas. Depende do interesse. Nós temos aqui casos em que a disposição para notar pode ser, provocada em todo mundo, principalmente através do despertar do interesse só que, em outros casos há o fato de que a disposição de notar não é fácil de provocar, não somente em um ou em outro indivíduo, mas em qualquer um de nós. E, mesmo essa dificuldade de conseguir condições adequadas para notar pode aumentar em certos casos, indo até a impossibilidade. Se tivéssemos uma determinada cor na nossa frente (por exemplo, um certo vermelho) e tivéssemos que definir se esse vermelho tende para o amarelo ou para o azul, haveria pessoas que conseguiriam perceber isso, ao passo que outras não; quando a nuance fica mais delicada ainda, nem mesmo o mais apurado olho de pintor consegue perceber; ou, um balão de gás que oscila no ar, depois de algum tempo só é visível para alguns, para outros, não mais. Aliás, pequenos desvios são observados diferentemente por indivíduos diferentes. Diferenças muito pequenas também não são notadas. O que não é notado fica perdido para o psicólogo que descreve. É, portanto, muito importante ficar a par dos recursos que existem para aumentar as fronteiras da observação e, respectivamente, diminuir o campo daquilo que é difícil ou mesmo impossível de observar. É importante estar bem esclarecido sobre onde se originam as dificuldades específicas do observar. Se essa dificuldade é superável ou não, e, em caso positivo, como pode ser superada.

§ 4 - Sobre as condições favoráveis e desfavoráveis do observar as condições remotas

As condições da observação são em parte próximas, em parte remotas. Começaremos com as condições remotas.

4.1 Pode-se muito bem dizer que o estado de estar desperto em geral é mais favorável do que o de estar meio adormecido ou sonhando. Principalmente para as observações propositadamente planejadas, o estado de total vigília é o mais favorável, porque nele o domínio da vontade, sobre a evolução de nossas representações é o maior de todos. No estado meio adormecido, este poder da vontade é muito pequeno ou suspenso, visto que ficamos abandonados, sem vontade, ao curso de representações. Apesar disso, isso não quer dizer que, em tal estado, não haja observação. A experiência mostra que se pode orientar a atenção de uma pessoa que esteja sonhando. Através da produção de certas sensações, pode-se determinar a direção do seu interesse e de suas observações. De um modo dilatado, pronunciado, isso acontece com os sonâmbulos e os hipnotizados. Caminhantes adormecidos andam com grande segurança por entre atalhos perigosos. Eles notam em virtude do tocar e das sensações dos músculos muitas coisas importantes para encontrar a direção do caminho. A exclusão de tudo, especificamente da visão, leva- os à grande concentração. Realizam missões difíceis que, em condições despertas, não poderiam ser resolvidas.

4.2 O estado de quem está descansado é mais favorável do que o estado de quem está cansado. Com o cansaço, a capacidade do pensamento torna- se sobretudo difícil, e, finalmente torna-se quase impossível, inclusive quanto à observação, principalmente, quando se trata de uma dificuldade. Nós podemos todas as noites fazer esta observação. O que se disse sobre o cansaço normal serve também para o cansaço anormal (por exemplo durante uma doença ou com fome). Durante longas fomes aparecem delírios, sonhos em estado desperto. Por outro lado, após uma refeição muito farta não se presta muita atenção nas coisas e é difícil observar. Também por isso, a atividade mental fica dificultada.

4.3 Uma disposição mental tranqüila é mais favorável do que em um estado de paixão. O estado de cólera, de medo, ou também de alegria exaltada são muito menos favoráveis à observação. Eis porque as paixões são muito más conselheiras, pois com elas não se notam as partes mais importantes de uma situação.

4.4 O estado de concentração é favorável, enquanto que o de distração ou dispersão é desfavorável. Nossa consciência é regida por uma lei ou determinação peculiar que foi chamada de "Estreitos da Consciência". É uma experiência conhecida que nós não podemos nos ocupar de muitas coisas ao mesmo tempo. É conhecido também o fato de que, quando de repente, nossa atenção é despertada, aquilo com o que estávamos nos ocupando mentalmente, desaparece completamente da nossa consciência durante um certo tempo, o que acontece, por exemplo ao ouvirmos de repente uma música, quando estamos estudando. Contudo, em geral, em tais casos, a atenção volta-se forçadamente para o que estávamos fazendo antes da interrupção. A natureza de certos estados de consciência é de tal ordem, que não se pode prestar atenção a não ser de modo muito incompleto a dois pontos ao memo tempo, ou então, a presença de um serve de obstáculo à observação do outro. Pode acontecer que essa relação de incompatibilidade da atenção, também aconteça dentro do conteúdo da consciência. A contínua entrada simultânea de um conteúdo já existente na consciência, faz com que um dos dois nem seja notado, apesar de todo esforço que a pessoa faça. Em conclusão, um conteúdo da nossa consciência pode nos interessar mais do que outro, o que depende de diversas circunstâncias, sendo que, muitas vezes, trata-se de diferenças de cada um de nós, dadas pela natureza, o que se chama de dons ou talentos naturais. O músico nato se interessará principalmente pelos sons, o pintor pelas cores e formas. Nesse sentido, os interesses mostram disposições naturais precocemente. A estas diferenças inatas acrescentam-se ainda muitas e amplas aquisições. A orientação dos nossos interesses será muitas vezes acertada através de hábitos. Pelos costumes ficamos inclinados a colocar em primeiro plano certos acontecimentos em detrimento de outros. Quando há desinteresse habitual (por hábito) , uma grande dificuldade em realmente observar, pode permanecer. Helmholtz quis dizer que, em conseqüência disso, pode haver uma insuperável incapacidade para que se notem diversos estados da consciência. Aqui, queremos deixar de lado, o fato de essa afirmação ser hoje tomada tão a rigor. De qualquer modo, a grande dificuldade relativa ao observar permanece. São especialmente interessantes casos antigos, nos quais um determinado conteúdo da consciência serve como sinal (símbolo) de algo que nos seja mais interessante. Tais sinais permanecem por conseguinte desapercebidos em sua natureza partícular e só serão tomados em consideração enquanto eles mesmos, como sinais, se despertarem um novo interesse em nós. Pode então acontecer que uma pessoa se esforce para estudar e chegue a ter grande dificuldade, uma vez que sua atenção esteja voltada para outro lado, cujo fenômeno em questão seja um sinal de seu real interesse. Um exemplo disso são nossas experiências musculares. Tais experiências particulares nos músculos constróem para nós indícios para podermos julgar a condição dos nossos membros, independentemente da expressão do nosso rosto. Se as sensações musculares parassem, as sensações de pressão e contato, não saberíamos onde estão nossos membros a não ser que os olhássemos ou tocássemos. Tem-se feito muitas observações em clínicas onde pacientes perderam essas sensações ou ficaram anestesiados e só quando eles vêem ou tocam novamente seus braços ou pernas é que ficanm cientes de onde eles estão. Por aí pode-se ver o grande papel na vida normal que representam nossas sensações musculares. Cada um de nós serve-se dessas sensações como sinais.

 

 

32 Otto Funke, texto introdutório sobre Anton Marty- "UberWertundMethodeeinerallgemeinenbeschreibendenBedeutungsLehre" (manuscritos de 1900 a 1907), editados postumamente, edição de 1950 (Bern)
NT1: A tradução desse texto me foi solicitada pelo professor Jurn Jacob Philipson, do Instituto de Psicologia da USP, falecido em 2015, a quem prestamos a nossa mais sincera homenagem.. Nascido na Alemanha em 1920, Philipson chegou ao Brasil em 1940. Estudioso da Língua Tupi, também lecionou na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e foi assistente da Cadeira de Línguas Indígenas do Brasil da FFCL.
NT2- O texto aqui traduzido contém ainda quatro itens complementares, a saber: § 5. Fortsetzung; § 6. Um den näheren Momenten welche dem Bemerken günstig sind; § 7. Von den Fallen der Umerklichheit; § 8. Vom Bestimen oder Deuten.

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