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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128

Estilos clin. vol.2 no.2 São Paulo  1997

 

EDITORIAL

 

 

Fórmulas do tipo psicanálise e auropologa, psicanálise e literatura, psicanálise e epislemoiogia, dentre outras, têm ganho ampla notoriedade. Nos dias de hoje, no interior da academia e nos diversos círculos psicanalíticos - lugares definidos em torno da trasmissão exclusiva do saber freudiano - ninguém desconhece que elas indicam vastos e valorizados domínios de conhecimento, produto de fertilizações mútuas.

Entretanto e paradoxalmente, uma vez que não foram poucas as incursões do próprio Freud na matéria, a conexão psicanálise-educação não usufrui de notoriedade intelectual semelhante. A não poucos - acadêmicos e analistas - lhes ocorre, em um primeiro momento, a idéia de que o domínio resultante dessa conexão se reduz àquele recortado pelo conjunto das vicissitudes derivadas da dita aplicação da psicanálise à educação. No entanto, cabe assinalar que a aplicação simples de diversas teses freudianas, bem como de alguns aspectos da prática analítica ao campo educativo, constitui, apenas, uma das reviravoltas da história que veio à luz quando Freud, por ocasião da carta aberta endereçada ao Dr. Furts, sustentou, pela primeira vez, que as neuroses e perversões poderiam ser prevenidas graças a uma educação apropriada.

Nesse contexto, cabe afirmar que a temática sobre a (im)possibilidade da conexão psicanálise-educação interessou, não só rápido mas também com insistência, tanto a discípulos diretos de Freud, como Sandor Ferenczi, quanto a membros de sua família - a filha Anna -; ganhou destaque nos primeiros congressos de psicanálise - por exemplo, o de Salzbourg de 1908-; atravessou fronteiras dando lugar a uma verdadeira febre na Alemanha e na Suiça; cativou não-analistas, como o Pastor Pfister, e acadêmicos, como Pierre Bovet; bem como, à diferença das outras conexões, mereceu entre 1926 e 1937 um órgão de divulgação e espaço privilegiado de debate - a revista Zeitschrift fur Psychoanalytische Pâdogogik.

Como se pode observar, a história acaba, mais uma vez, revelando-se mais rica em detalhes do que estamos, em um primeiro momento, dispostos a pensar.

Assim, nesta oportunidade, Estilos da Clínica oferece a seus leitores o dossiê psicanálise e educação, no intuito de continuar o já clássico debate.

 

Leandro de Lajonquière