SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.4 número7Alguns passos na cura psicanalítica de crianças autistas: Um informe clínico índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128

Estilos clin. vol.4 no.7 São Paulo  1999

 

EDITORIAL

 

 

Contrariamente à tradição, o debate sobre o autismo que Estilos apresenta a seus leitores não surgiu de um colóquio ou de uma mesa-redonda em que estiveram presentes os autores dos artigos aqui publicados. No entanto, o resultado que se pode constatar neste número ultrapassa os que poderiam ter sido alcançados se de fato todos houvessem sentado juntos para uma discussão de viva voz. Um genuíno debate, com diferentes posições e ângulos de visão, surgiu a partir do convite que Estilos dirigiu a vários psicanalistas cuja clínica ou cujas leituras vêm provocando a reflexão em torno do autismo.

Encontram-se, aqui, posições que entendem o autismo como um paradigma do aparelho psíquico, caso de Manoel Berlinck, ou que o lêem a partir de eixos propostos por Ilya Prigogine, como faz Philippe Willemart. Há também os que se alinham com a tese segundo a qual o autismo é uma quarta estrutura clínica, que se diferencia da psicose, e outros que a problematizam como estrutura com uma legalidade própria. Discute-se ainda a teoria da técnica, a partir de perguntas cruciais - quem transfere e o que se interpreta na clínica do autismo -, como faz Angela Vorcaro.

É motivo de satisfação verificar que não foram poucos os autores a mencionar casos advindos de sua própria clínica - Leda Fischer Bernardino, Ricardo Rodulfo e Alain Vanier, por exemplo -, o que faz deste dossiê um verdadeiro documento das práticas clínicas em vigência na atualidade. Práticas clínicas que atestam um grande salto de qualidade produzido nos últimos anos, cuja preocupação é a de criar dispositivos capazes de permitir ao autista uma entrada na linguagem.

Todos, porém, alinham-se com uma posição ética enunciada a partir da psicanálise. Assim como não se deve recuar diante da psicose, o psicanalista terá de enfrentar o silêncio do autista, apostando que ali um sujeito poderá advir.

Integrando ainda o dossiê, o leitor encontrará um texto estabelecido a partir de uma supervisão de Alfredo Jerusalinsky com a equipe do Lugar de Vida. Embora rara em nossas publicações, a prática de transcrever supervisões, realizada pela primeira vez em Estilos, pode ser de grande valor, já que torna o leitor participante de um momento privilegiado da prática clínica.

 

Os editores