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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128versão On-line ISSN 1981-1624

Estilos clin. v.8 n.14 São Paulo jun. 2003

 

DOSSIÊ

 

Escritura e escrita na psicanálise com crianças neuróticas

 

 

Writ and writing in the neurotic children psychoanalysis

 

 

Leda Mariza Fischer Bernardino*

 

*Psicanalista, membro-fundador da Associação Psicanalítica de Curitiba, analista-membro da Association Lacanienne Internationale, doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela USP, professora da PUC-PR.

 


RESUMO

A partir da proposta de Lacan do Inconsciente como escritura, passando pelas idéias de Freud sobre os diferentes lugares psíquicos de inscrição, propõe-se a função da escrita na psicanálise com crianças neuróticas como transcrição, na transferência, de marcas originárias, para dar lugar a uma leitura e uma nova escrita da história pessoal. Um caso clínico é apresentado para ilustrar essas reflexões.

Palavras Chave: Clínica psicanalítica, Crianças neuróticas, Escritura inconsciente, Escrita, Transferência.


ABSTRACT

This paper starts from the Lacan's proposition of the Unconscious like a writ, passing by the Freud's ideas about the several psychic parts of the inscriptions and proposes the function of the writing in the neurotic children psychoanalysis: to make a transcription in the transference of the primitive impressions, to give occasion to a reading and a new writing of the personal history. A case is related to illustrate these reflections.

Keywords:Psychoanalytic clinic, Neurotic children, Unconscious writ, Writing, Transference.


 

 

Para Lacan (1957), o Inconsciente é uma escritura. Neste sentido, o trabalho psicanalítico com pacientes neuróticos poderia ser concebido como uma reescrita. Tratar-se-ia de um resgate dessa escritura inaugural _ que é, por estrutura, impossível de resgatar _ por meio de uma criação, que funciona como apropriação dessas marcas. Com os significantes que se produzem, a partir dessa leitura do retorno do recalcado que a análise promove, no âmbito da transferência, o analisante reescreve _ com seu próprio punho, desta vez _ sua história. Encontramos essa relação entre Inconsciente e escritura nos trabalhos freudianos inaugurais. Na Carta 52, de sua correspondência com Fliess, Freud (1896) faz uma diferenciação na escritura do trabalho da memória, segundo diferentes lugares psíquicos: sinais perceptivos/inconsciente/ pré-consciente. As inscrições são formalmente diferentes, segundo cada uma destas partes do aparelho psíquico. Como sabemos, somente no pré-consciente estão ligadas às representações verbais. Finalmente, é em um quarto nível que temos o lugar da consciência. A questão que se põe para Freud é como resgatar estas inscrições do passado e trazê-las para o presente. Segundo ele, será necessária uma transposição. Sabemos que essas idéias são as precursoras do conceito de transferência em sua obra. Mais que isso, porém, queremos ressaltar aí a relação que Freud estabelece entre o trabalho do analista e essas inscrições.

Na condução da análise de crianças, temos o privilégio de acompanhar o encontro entre essa escritura inconsciente e a escrita propriamente dita, quando o traçado próprio da criança _ que já se dobrou às regras da linguagem _ é uma de suas formas de expressão significante. Podemos presenciar a associação livre em ação, nesse conteúdo manifesto que se compõe de letras que já caíram sob o golpe do recalque _ pois, ao compor fonemas e palavras, o real da letra se apaga _ e dão lugar ao retorno do recalcado nas formações do inconsciente que aí podem aparecer.

Qual pode ser, então, o papel da escrita na clínica psicanalítica com crianças?

Segundo Gabriel Balbo (1991), a escrita é subseqüente ao desenho infantil, no qual há uma passagem, justamente, da letra ao significante. Este autor propõe que o traçado do desenho contém traços de uma escritura primordial latente, que remete a um primeiro tempo de leitura do Outro _ o qual interpreta e "escreve" no corpo do infans _, inaugurando as letras de seu Inconsciente, submetidas ao recalque originário. Num segundo tempo, com a inscrição do Nome-do-Pai _ trazendo a significância fálica para a constituição subjetiva do falasser _, é sua vez de começar a "escrever": primeiramente por meio do rabisco, seguido do desenho e, finalmente, da escrita formal (aquela avalizada pela cultura).

Quando o desenho, ou a escrita, apresenta-se no contexto da análise de uma criança, tem o estatuto de produção significante, está submetido às leis da metonímia e da metáfora, e envolve o analista na busca da carta/letra roubada/desviada, tal qual o investigador Dupin no conto de Poe (1959) "A carta roubada". Em 1956, Lacan termina um texto sobre o Seminário que fez sobre esse conto com uma frase enigmática: "Uma carta/letra1 sempre chega ao seu destino" (p. 48). Ora, para que o destino não se reduza à repetição sintomática da determinação sofrida, a proposta psicanalítica possibilita o envio dessa carta/letra a um outro endereço: o do analista, daquele que se põe, na cultura, como o destinatário do Inconsciente. Com esse interlocutor, seria então possível não somente receber e carregar a carta, mas proceder finalmente à sua leitura.

Voltemos então a Freud, que já na sua correspondência com Fliess se questionava sobre a possível transposição de uma inscrição do passado para uma recente, por deslocamento. Ele denomina este processo transcrição, já que se trata de uma operação que ocorre dentro de uma mesma língua: "O material presente em forma de traços de memória estaria sujeito, de tempos em tempos, a um rearranjo segundo novas circunstâncias _ a uma retranscrição"2 (Freud, 1896, p. 317). A condição para que isso ocorra, como ele define claramente mais tarde, é justamente que haja transferência (Freud, 1917).

Como ressalta B. Moulle (1998), ao desmembrar o termo transferência (Übersetzung), Über significa _ além da idéia de deslocamento _ a idéia de tradução. Indo mais adiante, podemos pensar que a pré-condição para que essa retranscrição ocorra é essa possibilidade de tradução, ou seja, mesmo em se tratando de algo que se passa em uma mesma língua, para haver a transcrição de um registro a outro é preciso um tradutor! Mas o que seria isso, de um tradutor dentro da mesma língua?

A transferência implica o encontro com um Outro, suposto destinatário do sintoma. Este Outro estaria encarregado de, segundo expressão de Philippe Julien, "encontrar as palavras para nomear o que se inscreveu em outro lugar" (p. 103).

O analista então nomeia (traduz), para que possa ser lido (transcrito).

Pode-se entender a função de analista na clínica das neuroses como a desse interlocutor que será encarregado de ler o sintoma: essa produção do sujeito para responder à sua confrontação com o desejo do Outro a seu respeito, resposta que ainda assim fracassa, situando-se entre gozo e sofrimento. O que lhe causa sofrimento/gozo é alíngua, como a nomeia Lacan, referindo-se à língua materna no sentido psicanalítico. Diferente da língua de todos, que participa do conhecimento, a língua materna é a língua do saber, do Outro suposto saber de mim. Alíngua é, como explicita D. Lachaud (1989), "conceito que a palavra vai clivar na língua em que nem tudo é nomeável ou representável. Há um resto. Esse resto, é alíngua em função, ou seja, o saber; ele irá denunciar um Outro espaço: lá onde isso sabe" (p. 14).

Assim, o analista como sujeito-suposto-saber está no registro da língua de todos. É aí que somos esperados. Mas é realmente aí que devemos comparecer?

Não, pois é de alíngua que se trata: há uma Outra cena, de onde vem o saber de que se trata em uma análise. Nosso papel é nomear esta Outra cena e dar-lhe lugar no setting.

Sabemos, pois, que, da transferência imaginária que possibilita a entrada no dispositivo analítico, há que passar para a transferência simbólica que dá início ao processo analítico propriamente dito, em que analista e analisante _ conduzidos pelo discurso inconsciente que aí vai se desdobrar _ são parceiros de percurso. Nesse caso, trata-se de que a criança seja convidada ela própria a ocupar uma posição de leitora dessa escritura singular, que surge à sua revelia, como sugere G. Balbo (1991).

Lacan (1971) refere-se à gênese da escrita, em Lituraterra, nos seguintes termos: há uma escrição _ um gesto que se impõe como traços do Outro, diante do real _ que dá lugar a uma inscrição, então significante, fundando a dimensão simbólica no filhote humano. Dessa trajetória, resultaria uma escrita. São descritos aí dois tempos: um primeiro, real, em que o sujeito, num processo de antecipação imaginária, será levado ao simbólico. Na borda do simbólico, está a letra já como "efeito de um discurso" (p. 113). O segundo tempo é, então, propriamente simbólico, e nele, da junção da letra com o significante, haveria um suporte material para este último, tomado já da linguagem. É nesse momento que o significante dobra-se às leis da linguagem, na operação de Castração. Nesse texto, Lacan situa a escrita, a letra, no real, diferente do que ocorre com o significante, que está no simbólico. Assim, a letra funcionaria ao mesmo tempo como entrada no real da linguagem e como o resto de um gozo incomunicável, pois "entre gozo e saber a letra faz litoral" (p. 113). Em outras palavras, ele nos precisa que há primeiramente uma escrita, por meio da qual o sujeito é chamado a habitar o simbólico; num segundo tempo, há a junção da letra com o significante. Haveria então uma escrita lógica, impossível de traduzir, que daria origem à inscrição do sujeito na linguagem.

Nesse sentido, para o que é impossível de traduzir resta a possibilidade de nomear: haveria uma marca ali. Apontar isto é função do analista _ não se trata de tradução propriamente dita, mas de convite à transcrição! O que nada mais é do que uma nova escrita, a partir desse esforço de leitura e de criação.

Tomemos agora uma ilustração clínica, para acompanhar esse desenvolvimento teórico.

Renato, 11 anos, como muitos pré-adolescentes, reproduz as insígnias de seu tempo em folhas de papel; são palavras e desenhos que compõem marcas e que fazem a significação fálica daquela "tribo", daquela comunidade, como faziam outrora os escudos.

Chama-me a atenção uma delas: ele a escreve e depois passa um "x" em cima, aparentemente por não estar de acordo com o que pretendia fazer. Um lapso na escrita, formação do Inconsciente: o analista é chamado enquanto leitor.

Nas sessões seguintes, desenha/escreve a mesma marca _ trata-se do nome de uma loja de roupas e produtos para skatistas: DROP DEAD. Pergunto-lhe se sabe o que significa, ele diz: "Caia morto". "É uma gíria do skate", acrescenta, embora não saiba a que se refere. Tento buscar mais associações, nada surge. Função do analista-tradutor: apontar, incidir com seu desejo ali.

Finalmente, numa sessão posterior, ele chega acompanhado pela avó materna e solicita que a avó participe da sessão. A avó, ao mesmo tempo constrangida e curiosa a respeito desse lugar do qual o neto lhe falara, põe-se a falar da história familiar. Conta então a tragédia familiar de seu marido, já falecido. Renato conheceu muito pouco esse avô, tem poucas lembranças dele. Sei, pelo que sua mãe contou nas entrevistas preliminares, que ele era alcoólatra e que ela e os irmãos (um dos quais é toxicômano) tiveram a infância e a adolescência muito conturbadas em função disso, até que sua mãe se separou dele. Esse avô acabou morrendo sozinho, em decorrência do alcoolismo.

Este homem, aos 5 anos de idade, foi com seu pai _ mecânico de automóveis _ empinar pipa. A pipa prendeu-se num fio de luz, e o pai foi tentar puxá-la com um pedaço de ferro, morrendo eletrocutado diante do filho.

Literalmente, caiu morto.

Quando manifesto minha surpresa com essa revelação para Renato, ele me olha atentamente, sério. A avó chora e diz que seu marido foi muito marcado por essa ex periência, provavelmente seu recurso à bebida estava relacionado com isso.

Insígnia paterna transmitida enquanto letra, a partir dessa tragédia que a família não conseguiu simbolizar, Renato trouxe a avó para seu trabalho analítico para realizar sua tarefa de leitura: ela detinha o texto!

O avô e o tio fizeram recurso a um objeto real _ álcool, droga _ para dar conta de seu lugar nessa série masculina dramática.

Renato, imerso em um processo depressivo, entregue a um supereu materno feroz, defendia-se sintomaticamente por meio de uma enurese noturna _ sintoma que seu pai também apresentara, na própria infância.

Vemos a série alcoolismo (1ª geração), drogadição (2ª geração), enurese (3ª geração) implicando o corpo desses homens, herdeiros daquele que "caiu morto".

A escrita em sessão prosseguiu: na busca agora de uma assinatura própria, em meio à produção adolescente de "tags" à disposição no entorno dele. Ele cria o significante "truc", que evolui para "Curt" e em seguida para "Boos". Aí desliza do "truc" _ truque (enganação) _ à possibilidade de "Curt" _ "curtir a vida" _ e, finalmente, para esse "boos" _ "grito de fantasma, que assusta".

Mas esse confronto com a letra, sua possibilidade de tornar significante a herança da linhagem materna _ em que provavelmente ele se situava na fantasmática familiar _, não deixou de ter conseqüências reais. Dias depois, na escola, Renato fez um acting out: tirou as calças e mostrou as nádegas para os colegas. Estes, muito surpresos, foram delatá-lo para a professora, que havia saído um momento da sala de aula. Ela não acreditou no relato dos outros e foi falar com ele, que repetiu então o acting, agora diante dela. Foi então suspenso das aulas, e sua família foi chamada, todos completamente atônitos. A mãe me telefonou para relatar os fatos.

Quando vem à sessão, Renato também está atônito (ou seria melhor dizer, com Lacan, aturdito?) com seu acting. Ao tentar explicar o que ocorreu, uma significação depreende-se de sua fala: ele se pusera voluntariamente em uma situação de risco. Leitura que pudemos fazer, em conjunto: foi sua maneira particular de "sentir na pele" essa história tão difícil de seu bisavô. Da mesma forma que urinar-se era uma das maneiras de reagir ao susto causado pelo fantasma. Renato passa então a reescrever essa história, toma uma folha de papel e desenha a cena: o bisavô com a pipa, tendo ao lado o avô, criança, sorridente, o poste e o cano. No verso da folha, produz o seguinte texto: "Meu bisavô estava com meu avô brincando de pipa, quando a pipa se prendeu no fio de luz e então correu para sua oficana pegar um cano de metal. Subiu no poste e cutucou a pipa com o cano levou um choque e caiu no chão. Meu avô ficou muito chateado com tudo isso que aconteceu e esta história foi passando de geração para geração até chegar na minha geração onde minha avó (materna) me contou fiquei também muito chateado! E minha mãe não poderia desabafar com uma profissional, este peso tão grande!"

Reescrita da história que se produz com esse chiste, que seria cômico, não fosse trágico: "oficana"... Enfim, criação, metáfora e... página virada.

Terminada sua análise, posso agora pensar que se deu aí, por meio desse acting, a travessia da fantasia do "caia morto", imperativo que deu forma ao significante que o marcou. Renato pôde deixar de "fazer-se de morto" para o desejo e começou a investir nos seus interesses, não sem se confrontar com os planos maternos para sua agenda. Por exemplo, não foi mais às aulas de natação como a mãe queria, para iniciar aulas de tênis, esporte pelo qual era apaixonado, assim como seu pai. À leitura da letra, à produção do texto, seguiu-se o efeito no corpo e o transbordamento do gozo: atravessamento cumprido.

Essa escrita do caso clínico permite ilustrar o papel da escrita na clínica com crianças: o analista como promotor de um processo de leitura no qual, pela via da transferência _ que permite a transcrição _, uma   inscrição pode passar de um registro a outro e ser abordada pelas palavras e, portanto, produzir significações. Da escrita inconsciente à escrita da história em análise, o que permanecia como letra pôde ser lido, interpretado, dando lugar aos significantes.

É interessante notar que isso não se dá sem que o corpo aí esteja implicado: do "se urinar" daquele que vive uma experiência terrível e assustadora ao "mostrar o traseiro" afrontador da autoridade, trata-se de um corpo sofrendo os efeitos da letra e do significante.

É a letra em sua função de litoral, fornecendo materialidade para o significante, para barrar um gozo.

Podemos agora retomar nossa questão inicial, sobre o papel da escrita na psicanálise com crianças neuróticas, ou seja, crianças marcadas pela função do recalque. Este recalque age justamente como o que impossibilita essa tradução, essa passagem de um lugar psíquico a outro. Como Freud (1917) bem o marcou, o analista tem como foco a transposição do que é inconsciente para o consciente, ou seja, juntar esses lugares heterotópicos em um mesmo campo. Por meio da transferência, como vimos, produzem-se o deslocamento e uma possível tradução. O analista é o suporte dessas operações.

A lettre en souffrance _ letra/carta à espera, em sofrimento _, letra que estava aí para ser lida, mas estava "desviada" (purloined, como o indica o título original em inglês do conto de Poe)3, foi finalmente lida, chegou a seu destino.

Dessa escrita-leitura-reescrita que aí se promoveu _ do riscar a marca à inscrição de um episódio da história familiar _, a surpresa do encontro com o Inconsciente e seus efeitos faz marca na analista, que por sua vez se vê intimada a testemunhar disto e aí se põe no mesmo caminho deFreud: escrever a clínica. Ou, em termos lacanianos, tenta simbolizar o real da clínica, que nos ultrapassa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Balbo, G. (1991). O desenho como originária passagem à escritura. In Teixeira, Â. (org.) O mundo a gente traça.Salvador, BA: Ágalma.        [ Links ]

Freud, S. (1896). Carta de 6/12/1896 a Fliess. Publicações pré-psicanalíticas e esboços inéditos. Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud, (J. Salomão, trad.), Vol. 1 Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1972.        [ Links ]

________ (1917). A transferência. In Conferências introdutórias sobre psicanálise. Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (J. Salomão, trad.), Vol. 1. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1972.        [ Links ]

Julien, P. (1990). Le retour à Freud de Jacques Lacan. Paris, Editions EPEL.        [ Links ]

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________(1971). Lituraterre. In De um discurso que não seria do semblante. Recife, Centro de estudos freudianos de Recife, s/d (publicação para circulação interna). Aula de 12 de maio de 1971, p. 108 -123.        [ Links ]

Lachaud, D. (1989). A língua materna ou a divisão do sujeito. In Souza, A. M. (org.) Psicanálise de crianças. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.        [ Links ]

Moulle, B. (1998). On s'y casse les pieds? Revue de l'Association Freudienne _ L'Infantile en Psychosomatique, nº 22, abril.        [ Links ]

Poe, E. A. (1959). A carta furtada. In Antologia de contos de Edgar Allan Poe. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira.        [ Links ]

 

 

NOTAS

1 O termo em francês lettre contém as duas acepções, carta e letra, além de permitir a homofonia com l'être (o ser).

2 Os grifos estão no próprio texto de Freud.

3 Lacan aponta a traição que Baudelaire comete ao traduzir purloined por "roubada", pois a acepção mais fiel ao inglês, segundo ele, seria "desviada". Neste sentido, lettre en souffrance é a carta que fica na posta-restante, à espera de ser buscada, já que se perdeu seu endereço original, além de remeter ao significante "sofrimento" pela polissemia do termo francês.

 

 

Recebido em maio/2003
Aceito em julho/2003

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