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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128

Estilos clin. vol.15 no.1 São Paulo  2010

 

FUNDAMENTOS

 

Genealogia do conceito de transferência na obra de Freud

 

Genealogy of the concept of transference in Freud's work

 

Genealogía del concepto de transferencia en la obra de Freud

 

 

Geselda Baratto

Psicanalista, docente do Departamento de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau – FURB. gisabaratto@yahoo.com.br

 

 


RESUMO

Neste artigo abordamos o percurso histórico de construção do conceito de transferência em Freud, estabelecendo a sua genealogia a partir da obra A interpretação dos sonhos (Freud, 1900/1980), investigando a sua origem e desenvolvimentos subsequentes. Originariamente o termo transferência é empregado no plural para descrever a atualização do desejo inconsciente através de sua transformação, transporte e transcrição para representantes substitutos, designando, de forma geral, as formações do inconsciente. Ao longo deste artigo teceremos argumentações procurando demonstrar que a transferência, no sentido geral descrito na obra sobre os sonhos e posteriormente concebida como motor da análise, põe em cena uma só e mesma estrutura: a atualização do desejo inconsciente.

Descritores: transferência; desejo; inconsciente; sonho.


ABSTRACT

In this article we approach the historical course of building Freud's concept of transference, establishing its genealogy from the work "The Interpretation of Dreams" (Freud, 1900/ 1980), investigating its origin and subsequent development. Originally, the term transference is used in the plural form to describe the updating of the unconscious desire through its transformation, transportationand transcription torepresentative substitutes, designating, usually, the formation of the unconscious. Throughout this article we will weave arguments in order to demonstrate that the transference, as generally described in the work about dreams and later conceived as the motor of the analysis, brings up a unique and equal structure: the updating of the unconscious desire.

Index terms: transference, desire, unconscious, dream.


RESUMEN

En este artículo abordamos el recorrido histórico de construcción del concepto de transferencia en Freud, estableciendo su genealogía a partir de La interpretación de los suenõs (Freud, 1900/1980), investigando su origen y desarrollos subsiguientes. Originalmente el término transferencia es empleado en el plural para describir la actualización del deseo inconsciente a través de su transformación, transporte y transcripción para representantes sustitutos, designando, de forma general, las formaciones del inconsciente. Al largo de este artículo tejeremos argumentaciones buscando demostrar que la transferencia, en el sentido general descripto en la obra sobre los sueños y posteriormente concebida como motor del análisis, pone en la escena una sola y misma estructura: la actualización del deseo inconsciente.

Palavras clave: transferencia; deseo; inconsciente; sueño.


 

 

Neste artigo abordamos o percurso histórico de construção do conceito de transferência na obra de Freud, estabelecendo a sua genealogia a partir da obra A interpretação dos sonhos (Freud, 1900/1980c). O objetivo é investigar a sua origem e acompanhar os desenvolvimentos subsequentes no pensamento de Freud, demonstrando que a transferência é fruto de um longo e laborioso processo de elaboração. Ao longo do seu desenvolvimento, serão apresentadas as reviravoltas conceituais operadas sobre a transferência, e que permitem compreender a trajetória de sua construção e sucessivas elaborações, até finalmente ser reconhecida em toda extensão de sua complexidade estrutural e como mola mestra do tratamento analítico. Será desenvolvido como originariamente Freud emprega o termo transferência no plural para descrever os intrincados processos de deformação pelos quais passa o desejo com a finalidade de driblar as resistências, fazendo uso do termo transferência para designar, de forma geral, o próprio trabalho incessante do inconsciente.

Acompanhar passo a passo a trajetória de elaboração do conceito de transferência possibilita, por um lado, situá-la em toda extensão de sua complexidade, que só pode ser elucidada e apreendida corretamente à luz das intrincadas relações que entretém com outros conceitos fundamentais da psicanálise, em cuja esteira se situa o conceito de desejo inconsciente. Por outro, possibilita percorrer os caminhos pelos quais a própria clínica psicanalítica foi, pouco a pouco, sendo tecida e construída.

É precisamente na obra sobre os sonhos que Freud introduz o conceito de transferência, estabelecendo as suas relações com a memória e a atualização do desejo. O termo transferência não surge originariamente ligado ao tratamento analítico. Ele é empregado inicialmente para designar, de modo geral, a mobilidade própria que caracteriza os processos de desejo em jogo no inconsciente. Ou seja, para designar o fato de que, devido às forças da resistência, as representações de desejos infantis são obrigadas a se deslocar para representantes substitutos do inconsciente. Desse modo, durante algum tempo, Freud utiliza o termo transferência para designar como, através de uma série de fios associativos, o desejo inconsciente é obrigado a migrar de uma representação para outra. Nesse sentido geral, o termo era empregado no plural para descrever a mobilidade própria e característica do processo primário que reina no inconsciente.

Neste artigo, ainda, procuraremos desenvolver linhas de argumentação que permitam demonstrar que a transferência, no sentido amplo e geral atribuída a ela por Freud em A interpretação dos sonhos e posteriormente alçada à categoria de elemento ordenador central da análise, põe em cena uma só e mesma estrutura: a atualização do desejo inconsciente. Precisamente, através do processo de transferência, os traços de memória inconsciente constitutivos do desejo são atualizados, sendo revividos e reexperimentados como forças ainda em atividade, logo, como forças atuais. "A transferência é um fenômeno essencial, ligado ao desejo como fenômeno nodal do ser humano" (Lacan, 1988, p. 219).

Com efeito, a transferência foi se tornando progressivamente mais complexa no pensamento de Freud, ganhando em força e vigor, até chegar a se constituir num conceito fundamental em torno do qual se ordena a práxis da psicanálise. Ao dar prosseguimento às investigações freudianas sobre a transferência, Lacan (1988) chegou mesmo a erigi-la num dos quatro conceitos fundamentais da psicanálise, situando-a como mola mestra sobre a qual se assenta o tratamento analítico. A premissa é que não há experiência possível do sujeito com o inconsciente e, consequentemente, não há análise, fora do laço transferencial.

 

Transferências do inconsciente e transferência analítica

Em A interpretaçãodossonhos (Freud, 1900/1980c), Freud elabora uma teoria precisa sobre a estrutura do inconsciente: os processos de pensamentos que nele têm lugar; as leis do deslocamento e da condensação que regem esses processos e uma genuína e revolucionária teoria da memória inconsciente, estreitamente ligada à noção de indestrutibilidade do desejo. No seu interior ele dá um grande salto, firmando de modo definitivo o método da psicanálise – a livre associação, que lhe permitiu abandonar o método da sugestãohipnótica. É no seu interior também que ele formula sua concepção estrutural do aparelho psíquico, expondo os avatares e as metamorfoses do desejo inconsciente ao migrar de uma representação para outra. O estudo sobre os sonhos se revelou de fundamental importância, permitindo elucidar os processos inconscientes, a estrutura do desejo, o caráter fantasmático do qual o mesmo se reveste, bem como as resistências que contra ele se abatem. Essas noções conceituais assentaram a base sobre a qual se edificaram as elaborações posteriores sobre a transferência, tal como a mesma se apresenta no interior do tratamento analítico, selando a relação do analisando com o analista.

No período relativo à Interpretação dos sonhos, o termo transferência era utilizado por Freud no plural, designando, de forma geral, o fato de o recalcado jamais ser dito de forma direta, sendo sempre representado através de um discurso indireto, isto é, por representações alusivas. O inconsciente recalcado retorna, porém, deslocado, transferido, transportado alhures. As transferências, no sentido plural, são, pois, no pensamento freudiano, reedições, reimpressões das representações recalcadas, apontando à mobilidade do inconsciente, isto é, à possibilidade de as representações recalcadas darem lugar a formações diversas do inconsciente. Nesse sentido, ela opera por meio de um traço característico e por meio de um mecanismo central: o da substituição, troca, permuta, remanejamentos sucessivos, no qual uma representação assume o lugar de outra na cadeia. Ou seja, as transferências constituem-se em novas edições do desejo inconsciente. Ora, isso nos leva a concluir que o inconsciente só pode ser abordado por meio de formações substitutas que aludem ao material recalcado. "o inconsciente só se expressa por deformação, entstellung, distorção, transposição" (Lacan, 1979, p. 61).

Ao proceder à análise dos sonhos, Freud constatou a presença de poderosas forças resistenciais que se opunham à tradução direta do desejo que preside à formação do sonho, determinando um trabalho de deformação efetuado sobre ele. O absurdo aparente do sonho deve-se precisamente ao fato de ele ser o veículo de um desejo recalcado, que passou por todo um trabalho de distorção imposto pela resistência. O estranhamento do sujeito diante do inconsciente pode ser verificado em qualquer uma de suas formações – sonhos, atos falhos, ditos espirituosos e igualmente nos sintomas. Em Depressão, a grande neurose contemporânea (2007), Chemama sublinha a posição paradoxal que o sujeito experimenta quando algo de seu inconsciente se manifesta, revelando-lhe um desejo que operava, sem que ele o soubesse, no texto de sua fala ou de sua vida. "Mais do que uma reapropriação, nessa emergência, trata-se de uma sideração porque ele perde bruscamente o lugar onde ele acreditava se situar, o fundo do pensamento sensato que o garantia de sua existência" (p. 212).

É justamente o trabalho de deformação operada sobre o desejo, obrigando-o a se deslocar para formações substitutas, que o termo transferência foi empregado na obra A interpretação dos sonhos. Depreendese disso que a transferência do desejo ocorre em função da presença das resistências, e que ela resulta numa atualização do desejo, ainda que ao preço de inúmeros elos intermediários que tem por objetivo modificálo, disfarçando-o. "Neste sentido, a transferência, a primeira transferência, é o processo geral das formações do inconsciente" (Miller, 1988, p. 59).

Pois bem, no interior do tratamento analítico é este mesmo mecanismo que Freud verá posteriormente em ação: em função das resistências, o desejo é obrigado a se transferir para uma representação atual – o analista. Nos sonhos ele é transferido para resíduos diurnos indiferentes. No trabalho de análise o desejo se vê forçado a retornar de modo disfarçado, sob a forma de transferência, para a pessoa do analista, que parece exercer então a mesma função que no sonho desempenham os resíduos diurnos.

O deslocamento e a condensação foram isolados por Freud como os dois principais operadores por meio dos quais os pensamentos inconscientes sofrem um trabalho de deformação. No contexto em que os formula na obra sobre os sonhos, ele retoma o conceito de sobredeterminação ou determinação múltipla, desenvolvido no período dos Estudos sobre a histeria (Freud, 1893-1895/ 1980b), esclarecendo que o trabalho de deformação permite a "transposição" (Freud, 1900/1980b, p. 296) do material ideacional inconsciente para outros elementos ideacionais recentes, transferindo para eles a intensidade psíquica daquilo que é importante, porém objetável, para aquilo que é indiferente, desvendando assim os fios associativos que ligam os conteúdos latentes aos conteúdos manifestos, responsáveis pela cadeia associativa de pensamentos. Se lembrarmos que o material importante, porém objetável, se refere aos pensamentos inconscientes, e de que eles são impregnados de desejo, sendo sobre eles que se abate a pressão da resistência, podemos entrever a teoria do desejo inconsciente em suas relações com o fantasma, com o recalque, bem como com a transferência. Com efeito, o que sofre o processo de transferência é o desejo, tal como organizado pela trama de representações constitutivas da fantasmática inconsciente.

A transformação operada pelo deslocamento sobre os pensamentos inconscientes culmina por autorizar sua "transcrição" (p. 295) para as cadeias de pensamentos conscientes, tornando-as tributárias das intensidades psíquicas. "Quando consideramos o trabalho do deslocamento nos sonhos, fomos levados a supor que as intensidades que se vinculam às ideias podem ser completamente transferidas pela elaboração onírica de uma ideia para outra" (p. 579).

Foi justamente a propósito do deslocamento das intensidades psíquicas ao longo de uma cadeia associativa que Freud introduz a transferência em A interpretação dos sonhos, "utilizando na maior parte das vezes a palavra 'transferência' para designar na sua generalidade a passagem da energia psíquica de uma representação para outra" (Laplanche & Pontalis, 1970, p. 163).

No texto Projeto para uma psicologia científica (1895/1980a), Freud já havia concluído que os neuróticos padecem de sintomas oriundos de "ideias excessivamente intensas" (p. 457), e de que elas são refratárias às atividades de pensamento. A análise desses pacientes lhe possibilitou chegar a algumas interessantes conclusões sobre o mecanismo de formação de tais ideias, antecipando as formalizações, efetuadas anos depois, sobre o recalcamento, o retorno do recalcado e o deslocamento. Em síntese, naquele período, ele chegou à conclusão de que no processo de análise observava-se que uma idea excessivamente intensa irrompia na consciência, provocando sensações penosas no paciente. Denominou essa ideia de ideia a. A intensidade dessa ideia parecia, à primeira vista, ininteligível e desproporcional. Contudo, descobria-se existir uma ideia b, que realmente justificava as sensações dolorosas. A ideia b mantinha uma relação particular com a idea a, na qual a substituía b, ocupando o seu lugar. "A tornou-se uma substituta, um símbolo de b" (p. 459). O neurótico, ao experimentar sensações dolorosas em relação à ideia a, desconhece ser devido a sua relação com a ideia b. Freud deduziu que entre a e b existia uma relação simbólica ignorada pelo sujeito. A era uma ideia intensa porque algo havia sido acrescentado a ela, retirado de b. "Em suma, a é compulsiva e b está reprimida" (p. 460).

A intensidade de a foi retirada, ficando disponível para receber a intensidade originariamente pertencente a b. Se a é uma ideia forte, é pelo fato de substituir b na cadeia associativa. A e b são, pois, elementos significantes, como tais, capazes de substituír umao outro. É um processo similar a esse que Freud descreve em A interpretação dos sonhos ao conceituar o deslocamento, sendo no marco dessas elaborações que ele introduz e desenvolve o conceito de transferência.

"Afigura-se, assim, plausível supor que, na elaboração do sonho, uma força psíquica esteja atuante, a qual, por um lado, despoja os elementos que possuem elevado valor psíquico de sua intensidade, e, por outro, por meio de superdeterminação, cria a partir de elementos de baixo valor psíquico novos valores, que depois se insinuam no conteúdo do sonho. Se esse for o caso, ocorre uma transferência e deslocamento de intensidades psíquicas no processo de formação do sonho, e é como resultados deles que se verifica a diferença entre o texto do conteúdo do sonho e dos pensamentos oníricos" (Freud, 1900/1980c, p. 328).

Embora a transferência tenha sido introduzida no marco das elaborações efetuadas sobre o papel do deslocamento no trabalho do sonho, deve-se reconhecer que o seu conceito, elaborado posteriormente como mola mestra do método da psicanálise, não poderia ter sido estabelecido antes de uma elaboração precisa dos conceitos de deslocamento e de condensação. Com efeito, é a mobilidade própria dos processos inconscientes que se encontra como fundamento da possibilidade da transferência analítica.

O método da livre associação, inaugurado na obra sobre os sonhos, só pode ser levado a efeito num processo de análise porque as conexões entre as representações não estão soldadas. "A falta de significação própria da cadeia significante corresponde ao reenvio da significação de significante em significante própria à associação livre" (Quinet, 2000, p. 32). A fixidez do sentido é obra das resistências do eu. Elas não impedem, contudo, que o inconsciente se atualize, dando lugar a inúmeros fenômenos, dentre eles a própria transferência analítica. O processo de transferência presente na análise dá mostras da mobilidade do inconsciente, isto é, dá mostras de que ele pode circular, se mover, se deslocar, se transferir e, finalmente, se condensar na figura do analista, tornado, por meio desse processo, uma matéria-prima significante apta a receber, por parte de cada analisando, um sentido diferente, e que nada deve aos eventuais atributos ou qualidades de sua própria pessoa. "O analista seria um representante psíquico particular, que Lacan chamaria de significante" (Nasio, 1999, p. 65).

Efetivamente, o que ocorre na relação analítica estabelecida pelo analisando com o analista? Um processo de transferência do inconsciente, no qual o analista é destituído de todas as suas características pessoais reais. Ele é despido de suas significações, tornando-se tributário das características, atributos e significados dos personagens fantasmáticos que povoam o inconsciente do analisando. Se no decurso da análise o analista passa a ter uma importância toda particular para o analisando, é porque ele é revestido pelos atributos retirados dos personagens fantasmáticos do sujeito que, ao sofrerem um processo de deslocamento, são inteiramente transferidos e condensados sobre ele. A relevância tomada pelo analista aos olhos do analisando deve ser atribuída às conexões estabelecidas entre as representações de desejo recalcadas e a sua pessoa. Na transferência, o analista é investido com os atributos do Outro do fantasma, tal como construído pelo analisando, sendo despojado de suas peculiaridades pessoais, aliás, de modo geral, ignoradas pelo sujeito, para tornar-se tributário das determinações fantasmáticas do analisando. O analista é um representante substituto de uma representação recalcada, produzida por deslocamento e condensação, e para a qual convergem as representações de desejo, determinando a supervalorização a ele atribuída pelo analisando. Em suma, ele é transformado num significante e, como tal, matériaprima para servir de suporte para deslocamentos e condensações sucessivas.

O ponto de vista segundo o qual o analista desempenha uma importante função na economia psíquica de seus analisandos já havia sido entrevisto por Freud em algumas passagens de sua teoriasobre o sonho. É o caso, por exemplo, quando analisa o "sonho da bela açougueira" (Freud, 1900/1980c, p. 156), produzido por uma paciente em análise e sob efeito de transferência. Nos Estudos, ele já havia entrevisto também, de maneira incipiente, que o analista ocupa na economia psíquica de seus analisandos um lugar de importância, observando que eles lhe devotavam uma fé e uma confiança desmedidas e isentas de crítica. Essa apreensão permitiu-lhe elaborar posteriormente o lugar do ideal do eu que o analista ocupa para o sujeito na análise, passando a centrar a sua preocupação em torno das relações que a transferência entretém com a sugestão e com os riscos que ela envolve.

Embora Freud teça elaborações de suma importância sobre a transferência em A interpretação dos sonhos, é somente a partir dos Artigos sobre a técnica (1911-1915/1980f) que ele procederá à sua formalização cabal, definindo-a como a condição mínima e necessária para que o trabalho de análise possa ter lugar. Foram necessários alguns anos mais de prática clínica para que ele pudesse constatar uma modalidade particular de atualização do inconsciente no decurso do tratamento, e que segue os mesmos processos que ele vira em ação na formação dos sonhos. Em função das resistências, o desejo retorna de modo mascarado, transportando-se inteiramente para a relação atual do analisando com o analista, levando-o a repetir em ato o que ele não pode pôr em palavras. Somente o quadro do tratamento analítico possibilita ao sujeito entrar em relação com seu próprio inconsciente ou com o do outro. A investigação do inconsciente só pode ocorrer no seu interior, e sob as condições armadas pela transferência, permitindo a verificação inteiramente experimental da hipótese da existência de processos psíquicos inconscientes (Juranvile, 1987, p. 27). Em suma, é na e pela transferência que o inconsciente vem à luz como "atualização da realidade do inconsciente" (Lacan, 1988, p. 130).

No texto A dinâmica da transferência (1912/1980g) Freud conclui que tanto a intensidade quanto a persistência da transferência são efeitos e expressão da resistência, assinalando que, quanto mais demora um tratamento e mais claramente o paciente dá-se conta de que a deformação efetuada sobre o material patógeno não pode oferecer-lhe qualquer proteção contra a sua revelação, "mais sistematicamente ele faz uso de um tipo de deformação que obviamente lhe concede as maiores vantagens – a deformação mediante a transferência" (p. 139).

A primeira formulação sobre as transferências expõe o modelo estrutural do inconsciente, depreendido da análise e interpretação dos sonhos, e no qual são expostos os avatares do desejo ao migrar de uma para outra representação, numa verdadeira metamorfose. É no interior desse contexto de elaboração conceitual que se elucida o princípio proposto por Freud de análise das transferências. Esse princípio constitui uma recomendação técnica, indicando que em todo processo de análise deve-se analisar o material inconsciente que sofreu um processo de transferência: o desejo.

Ele foi, por não poucos analistas, sobretudo os da segunda geração, compreendido como uma regra técnica que indicava que o analista deveria realizar a análise da transferência que o paciente estabelecia com sua pessoa, denunciando assim o seu caráter ilusório, bem como o caráter desviante da realidade que o sujeito colocava em cena. Tal equívoco de ordem técnica, e que assinala um desconhecimento daquilo ao qual se aplica, só ocorreu por não terem sido compreendidos os dois grandes contextos de elaboração teórica e técnica nos quais Freud emprega o termo transferência: em primeiro lugar, no plural, designando os deslocamentos aos quais estão sujeitas as representações de desejo recalcadas; em segundo, para designar o lugar outorgado pelo analisando ao analista no decurso do tratamento. A crítica de Lacan (1998a) é aqui pertinente: "não há limites para os desgastes da técnica por sua desconceituação" (p. 615).

Em A interpretação dos sonhos Freud formulou que o método de interpretação deve partir do conteúdo manifesto e seguir as trilhas associativas que conduzem ao conteúdo latente, através de várias cadeias associativas que ligam um ao outro por fios de concatenação lógicos. A noção de interpretação das transferências tem como modelo o método elaborado em 1900 para a interpretação dos sonhos. Nele deve-se proceder à análise do que Freud denomina "material inconsciente".

Foi o estudo dos sonhos que permitiu a Freud ver em ação os processos do inconsciente, sua estrutura e suas leis. O caso Dora1 é exemplar sobre o lugar de destaque por ele outorgado à análise dos sonhos. Nesse caso clínico, ele encontra a chave da solução de muitos sintomas apresentados por sua jovem paciente através da análise de dois sonhos relatados no decurso do tratamento.

Na introdução desse historial clínico, Freud alerta que um analista não pode desconhecer a ciência dos sonhos, sob pena de não estar em condições de comprender a histeria. O conhecimento da estrutura do sonho figura como precondição à comprensão dos processos inconscientes presentes na neurose. A obra A interpretação dos sonhos se increve não apenas no marco do conjunto teórico da psicanálise, mas, de forma tanto mais pontual, no marco da prática analítica.

A ciência dos sonhos revela-se de importância capital no conjunto da obra de Freud. No seu interior ele fornece a formalização cabal da estrutura do inconsciente, cujo contexto de elaboração lhepermitiu ver em ação a estrutura da transferência. É fato que a concepção estrutural do inconsciente tem um longo e laborioso precurso de elaboração na obra freudiana. Ela data do período dos Estudos sobre a histeria (1893-1895/1980b), alcança A interpretação dos sonhos (1900/1980c), tem seu ponto alto no texto metapsicológico de 1915/ 1980k, O inconsciente, e culmina somente com a introdução da segunda tópica.

Quer se conceba a transferência no sentido geral de produção das formações do inconsciente descritas em A interpretação dos sonhos, isto é, como o processo de desclocamento caracterísitico do processo primário, quer se a conceba tal como ela se apresenta no interior do tratamento analítico, põe-se em cena uma só e mesma estrutura: a do desejo inconsciente. Não é possível comprender a sua estrutura e os fenômenos aos quais ela dá lugar sem relacioná-la de modo estreito com o conceito de desejo inconsciente. O "ponto nodal" da análise se ordena em torno desse "elemento necessariamente em impasse, insatisfeito, impossível, desconhecido, elemento que se chama desejo" (Lacan, 1988, p. 146).

As relações que a transferência entretém com o desejo, com a resistência e com a repetição, logo, com a memória inconsciente, aparecem na obra dos sonhos sob uma forma germinal. Será necessário um trabalho de doze anos por parte de Freud para formalizar de maneira cabal as particularidades sob as quais ela desdobra a sua estrutura na relação do analisando com o analista. Por meio do processo de transferência o desejo se manifesta, revelando a característica mais notável do inconsciente: sua extrema mobilidade. O fato de que seus efeitos podem se fazer sentir nos atos mais banais e corriqueiros da vida de um sujeito foi demonstrado na obra Psicopatologia da vida cotidiana (1901/ 1980d).

Nos anos posteriores a 1900 assistimos os esforços empreendidos por Freud em articular o modo específico pelo qual o inconsciente se atualiza no tratamento. Ele constata haver uma forma muito particular de sua atualização no decurso de uma análise, e que segue os mesmos mecanismos que ele vira em ação na formação dos sonhos. Ele é conduzido a concluir que o laço estabelecido pelo sujeito com o analista constitui uma forma extremamente singular de transferência do desejo inconsciente, e que permite ao mesmo atualizar-se ao driblar as resistências: no decurso do tratamento, o desejo recalcado retorna de modo mascarado, transportando-se inteiramente para a relação atual do analisando com o analista.

A transferência analítica, aquela que solda o laço estabelecido pelo sujeito com o analista, obedece à mesma estrutura lógica que Freud desvendou no processo de formação do sonho. Seu mecanismo geral é o mesmo, caracterizando-se pela ideia central de movimento, isto é, o próprio trabalho do inconsciente, e por meio do qual o desejo pode ser transposto e retranscrito para um outro campo, surgindo de forma inesperada. A transferência implica eminenetemente a ideia de "presentificação" (Lacan, 1988, p. 127) do desejo inconsciente e num disfarce a ele imposto. Quer seja compreendida no sentido geral, quer no sentido específico, a transferência é sempre o processo estrutural por meio do qual o inconsciente se atualiza, ainda que ao preço de um certo número de distorções e disfarces. No centro da experiêcia analítica se encontra o desejo inconsciente como o motor que aciona o processo de transferência. O móbil da transferência, seja no sonho, seja na prática analítica, é sempre o desejo em sua insistência repetitiva, exigindo ser reconhecido.

Em 1912/1980g, no texto a Dinâmica da transferência, Freud passa a falar da transferência no singular. Doravante, o termo transferência passa a designar o modo pelo qual o sujeito estabelece laço com o semelhante, bem como com o analista – colocado no lugar de objeto imaginário –, determinado pelo seu desejo.

A transferência, no singular, designa, no pensamento freudiano, uma forma particular de atualização do desejo inconsciente na situação concreta e precisa da análise. Dizendo de outro modo, ele constatou, desde o período relativo ao estudo da ciência dos sonhos, que o inconsciente insiste em se atualizar através de diversas formações. O passo seguinte consistiu no esforço em elaborar a forma tomada por essa atualização no interior do tratamento analítico. Freud elabora, num primeiro período, o conceito de transferência sem, contudo, estabelecer de modo preciso a extensão que ele viria a tomar no âmbito da prática clínica da psicanálise, vindo a recobrir o conjunto do tratamento.

Acompanhando detalhadamente a genealogia e o desenvolvimento do conceito de transferência na obra freudiana, deparamo-nos com um conjunto de formulações conceituais cuja elaboração segue inicialmente um curso paralelo e independente e que, pouco a pouco, vai se entrelaçando. O tema da transferência é complexo e central no pensamento de Freud. Para compreendê-lo em toda extensão de sua complexidade é preciso percorrer a obra freudiana desde os Estudos sobre a histeria (1983-1985/ 1980b) até o Esboço de psicanálise (19381940/1989), se detendo em textos que não abordam especificamente a transferência, mas são relevantes para situá-la.

A teoria da resistência, fundamental para se compreender a transferência, é um tema que percorre toda a obra freudiana. Ela se origina no período dos Estudos quando Freud observou sua presença sob a forma de um obstáculo que se opunha à rememoração das ideias inconscientes, abarca todo o período conhecido como segunda clínica psicanalítica, pautada na concepção tópica do aparelho psíquico como dividido em três sistemas (Cs, Pcs e Ics), e alcança a segunda tópica, na qual são introduzidas as instâncias do isso, do eu e do supereu em suas relações com o inconsciente. Em Inibições, sintomas e ansiedade (Freud, 1925-1926/ 1980q), Freud isola cinco formas de resistência. Três são atribuídas ao eu, uma ao supereu e, surpreendentemente, uma é atribuída ao próprio inconsciente: a compulsão à repetição2.

No período dos Estudos, a resistência foi delineada de forma precisa. Sua estrutura é traçada em relação ao "núcleo patógeno". Freud teve a aguda visão de que era necessário superar uma força psíquica posta contra a ideia patogênica, impedindo-a de se tornar consciente, e de que essa força aumentava na proporção direta da aproximação ao seu núcleo. Sabemos hoje o quanto essas noções se ligam de forma estreita ao conceito de fantasma inconsciente em suas relações com a transferência, contudo, será apenas posteriormente que ele extrairá delas todas as consequências para a prática clínica da psicanálise.

Resistência, transferências do desejo e lugar do analista na economia libidinal do sujeito em análise constituem-se em linhas de pensamentos que se elaboraram paralelas e independentes. Foram necessários alguns anos de trabalho teórico e de prática clínica para que Freud estabelecesse os seus entrecruzamentos. No texto A dinâmica da transferência (1912/1980g), esses cruzamentos começam a ser estabelecidos de modo rigoroso. O tema da transferência foi progressivamente se tornando mais complexo, ganhando em força e vigor, até chegar a se constituir no conceito em torno do qual se ordena a práxis da psicanálise. De fato "pode-se, acompanhando o desenrolar do pensamento de Freud, estudar primeiro a explicação da transferência em geral, investigar em seguida como ela se especifica para dar conta da transferência em psicanálise" (Lagache, 1990, p. 17).

Foi a elaboração efetuada sobre a estrutura do sonho que possibilitou a Freud compreender que o método da sugestão hipnótica não era o mais adequado para abordagem dos processos inconscientes. Não somente pelo fato de ele ocultar as resistências, mas também por não conduzir ao levantamento do recalque. Na obra sobre os sonhos é possível acompanhar os imensos esforços empreendidos por ele em construir um método de abordagem do inconsciente que se constituísse como próprio e específico da psicanálise, e que se diferenciasse e distanciasse de uma prática sugestiva. Nela tem lugar o nascimento do método que se tornaria por excelência o método da psicanálise: a livre associação, na qual o analisando se compromete a "comunicar seus pensamentos" ao analista (Freud, 1916-1917/1980l, p. 514). A prática da psicanálise se torna, assim, uma prática eminentemente discursiva, ordenada em torno do ato de fala do sujeito: "que se pretenda agente de cura, de formação ou de sondagem, a psicanálise dispõe de apenas um meio: a fala do paciente" (Lacan, 1998b, p. 248).

No período em que elaborava a teoria sobre os sonhos Freud estava às voltas com duas ordens de questões intimamente relacionadas, e em torno das quais se ordenavam as suas investigações. Primeiramente, tratava-se de efetuar uma compreensão sistemática dos processos do inconsciente. Em segundo lugar, uma preocupação em formalizar um método de acesso e de interpretação de ditos processos; preocupação, portanto, de ordem eminentemente técnica, na qual ele indagava de que modo a análise do sonho poderia permitir o acesso à verdade do desejo recalcado. Ele constata que isso não constitui tarefa fácil. No sonho a resistência atua em duas linhas de frente. Por um lado determinando a deformação do próprio desejo, por outro, dificultando tanto o seu relato quanto às associações que o sujeito pode fazer sobre ele.

Nas elaborações sobre os sonhos Freud apreende a estrutura do desejo que o aciona, a sua insistência e também os disfarces dos quais lança mão para chegar ao conteúdo manifesto. A formulação da emergência insistente do desejo sob a forma de múltiplos disfarces prenuncia uma tese que necessitará duas décadas para que ele possa extrair todas as consequências clínicas. Em 1920/1980p, no texto Além do princípio do prazer, ele estabelece de forma precisa o conceito de compulsão a repetição em suas articulações com a transferência. O conceito de repetição, como sabemos, é responsável pela introdução da segunda tópica e por uma reviravolta na técnica da psicanálise.

Freud demonstrou como, por um lado, o eu resiste e, por outro, o desejo insiste. Demonstrou também como o sonho é constituído predominantemente de imagens, e que a sua tradução para o campo das palavras é uma tarefa árdua. Sua insistência para que o sujeito desse livre curso aos pensamentos inconscientes, produzindo sobre ele diversas associações, demonstra a sua confiança no poder elaborativo das palavras. A elaboração do desejo requer a sua transferência para o campo da linguagem, onde recebe expressão verbal. Transferência simbólica que a livre associação opera.

No processo de transferência o desejo inconsciente é atualizado através de seu deslocamento para representações que fazem as vezes de seus embaixadores junto às representações conscientes. Só temos acesso ao desejo inconsciente quando ele é transferido no sonho, no sintoma, no chiste, na relação do analisando com o analista, ou, ainda, num espaço mais privilegiado: o da dimensão simbólica das palavras.

O desejo inconsciente é a mola do sonho, bem como a mola da transferência no processo de análise. A teoria do sonho em Freud ergueu dois pilares da psicanálise: o desejo inconsciente e sua transferência. Ao longo da obra freudiana, a transferência se apresenta sob três aspectos: a resistência, a sugestão e a repetição, bem como no duplo viés de motor e de obstáculo da análise. Não se trata de supor que um ou outro desses aspectos e vieses se apresente de forma isolada ou mesmo de forma predominante. De modo algum. Trata-se de três facetas e de dois vieses da transferência absolutamente interligados, não passíveis de serem isolados uns dos outros, e que se apresentam simultaneamente no tratamento.

Neste artigo procuramos acompanhar os caminhos percorridos por Freud na construção da estrutura da transferência. Vimos que o termo transferência é utilizado em A interpretação dos sonhos para dar conta do complexo processo por meio do qual o inconciente se atualiza, revelando, assim, a sua existência. Para referirse, portanto, às múltiplas possibilidades de transporte do desejo inconciente para formações substitutas, isto é, o seu deslocamento ao longo de uma cadeia de representações produzidas sob a égide das leis do inconsciente. Nesse sentido, procuramos desenvolver que a primeira definição da transferência – implicando a noção de atualização do desejo através de sua transformação, transporte e retranscrição para representantes substitutos –, contitui um princípio conceitual conservado por Freud ao longo de sua obra, e sobre o qual ele assentou em definitivo o método da psicanálise.

 

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NOTAS

1 Fragmentos da análise de um caso de histeria (Freud, 1905/1980e).

2 No artigo A transferência: o entrelaçamento com o desejo, o fantasma, a repetição e a resistência, publicado pela revista da Associação Psicanalítica de Curitiba, volume 17 – Adolescência –, 2008, abordo de forma mais aprofundada as relações da transferência com a resistência.

 

 

Recebido em agosto/2009.
Aceito em fevereiro/2010.

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