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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128

Estilos clin. vol.18 no.3 São Paulo dez. 2013

 

DOSSIÊ

 

Latência, adolescência e saber

 

Latency, adolescence and knowledge

 

Latencia, adolescencia y saber

 

 

Daniela Teixeira Dutra ViolaI; Ângela Maria Resende VorcaroII

IPsicóloga e psicanalista. Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
IIPsicanalista. Professora adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A partir da hipótese de que a relação com o saber durante o período de latência e na passagem à puberdade tem um papel fundamental nas vicissitudes constitutivas do sujeito e no transcurso da adolescência, este trabalho se propõe a traçar um breve percurso na teoria psicanalítica no lastro das articulações entre latência, adolescência e saber, a fim de delinear uma linhainvestigativa, nas obras de Freud e de Lacan, sobre a problemática da puberdade. Com isso, almeja-se compreender melhoros impasses e embaraços que se apresentam na adolescência na contemporaneidade.

Descritores: psicanálise; puberdade; adolescência; latência; saber.


ABSTRACT

From the hypothesis that the relation with knowledge during the latency period and the transition to puberty has a key role in the vicissitudes of the subjective constitution and in the course of adolescence, this work intends to draw a short route in psychoanalytic theory in the ballast of the joints between latency, adolescence and knowledge, in order to outline a research line in the works of Freud and Lacan, about the problems of puberty. With this, it aims to better understand the dilemmas and difficulties that arise in adolescence in contemporary times.

Index terms: psychoanalysis; puberty; adolescence; latency; knowledge.


RESUMÉN

A partir de la hipótesis de que la relación con el saber durante el periodo de latencia y en el pasaje de la pubertad, tiene un papel fundamental en las vicisitudes constitutivas del sujeto y en el transcurso de la adolescencia. Este trabajo se propone trazar un breve recorrido en la teoría psicoanalítica, teniendo como base las articulaciones entre latencia, adolescencia y saber, a fin de perfilar una línea investigativa, en las obrasde Freud y Lacan, sobre la problemática de la pubertad. De esta forma, se busca comprender mejor los impases y obstáculos que se presentan en la adolescencia en la contemporaneidad.

Palabras clave: Psicoanálisis, pubertad, adolescencia, latencia, saber.


 

 

Introdução

Embora não seja um conceito da psicanálise, a adolescência é um tema de grande importância para a práxis psicanalítica, na medida em que sua transição acarreta implicações fundamentais para o sujeito e para o laço social. Ainda que não trate da adolescência em diversos momentos de sua obra, Freud aborda a puberdade, evento que faz o sujeito adolescer. Da obra freudiana, passando pelo ensino lacaniano, até os autores contemporâneos, muitos se debruçam sobre esse tempo de travessia. A adolescência, efeito da puberdade, é instigante, provocativa e embaraçosa. Condição subjetiva de amplo impacto na sociedade e na cultura, ela incorpora, coletivamente, certos sintomas de seu tempo. A incidência da violência e da subversão nesse período, que se caracteriza por uma "crise", evidencia o parentesco entre a puberdade e o trauma, a ruptura. Por tudo isso, as análises que chegam a uma conclusão necessariamente se voltam, em algum momento, para algum ponto da puberdade.

Na contemporaneidade, diante de importantes modificações na estrutura familiar, na trama simbólica de referenciais e na figura de autoridade paterna, a complexidade e a delicadeza da transição da puberdade são potencializadas. Há, claramente, uma propensão ao ato, e novos e preocupantes sintomas se alastram na clínica de jovens. Além disso, o amplo e irrestrito acesso à informação, a erotização cada vez mais precoce da mídia destinada às crianças e a abrangência cada vez mais extensa das vivências cibernéticas nos obrigam a relativizar a noção de latência, o período que antecede a puberdade, tal como foi teorizada por Freud. Tendo tudo isso em vista, pergunta-se: se o adolescente já está, estruturalmente, desamparado diante do real da puberdade, como ele fica neste tempo de oferta generalizada de gozo e de objetos descartáveis, de uma fragilização crescente dos referenciais e dos enlaces sócio-afetivos? Diante da gravidade das respostas que têm se apresentado, torna-se cada vez mais premente a compreensão do que está em jogo nesse tempo do sujeito.

Para Freud (1905/1996a; 1910/1996b; 1911/1996c), no período da latência a pulsão sexual é desviada para outras finalidades, tais como a construção de aspirações estéticas e morais e a aquisição de conhecimento. Ao mesmo tempo em que a sublimação opera no fomento da assimilação de saberes transmissíveis - o que Freud relaciona à pulsão de saber, calcada na curiosidade sexual -, a fantasia se fortalece no plano inconsciente (Freud, 1911/1996c). O saber transmissível, aquele com o qual se relaciona o conhecimento, os conceitos, o que se aprende pela educação, não se confunde com o saber inconsciente, desvelado pela hipótese freudiana. No entanto, essas duas formas do saber estão radicalmente entrelaçadas, como se percebe a partir da concepção do período de latência, quando a sublimação e a fantasia inconsciente têm papéis cruciais. Pulsão de saber e pulsão sexual são as duas faces de um mesmo movimento pulsional, que resulta tanto nos produtos sublimatórios - o conhecimento científico, a arte, o trabalho - como na fantasia.

Partindo da hipótese de que a relação do sujeito com o saber durante o período de latência e na passagem à puberdade tem um papel fundamental nas vicissitudes constitutivas do sujeito e no transcurso da adolescência, este trabalho se propõe a traçar um breve percurso na teoria psicanalítica no lastro da relação entre latência, adolescência e saber, a fim de delinear uma linha investigativa, nas obras de Freud e de Lacan, sobre a problemática da puberdade. Com isso, almeja-se compreender melhor os impasses e embaraços que se apresentam na adolescência nos dias de hoje.

 

A latência: calmaria e tormenta

Freud (1905/1996a) postula a sexualidade humana instaurada em dois tempos separados. No primeiro, a criança pequena vivencia o autoerotismo e o complexo de Édipo, com predomínio das pulsões parciais. O segundo tempo é marcado pelo despertar da pulsão sexual, que retorna vigorosa sobre o jovem púbere, recém-saído da infância, às voltas com um corpo estranho, acometido pela libido de uma nova maneira. Entre esses dois tempos, há um longo período de latência, a hibernação da pulsão sexual.

De acordo com Freud (1924/1996d), o que propicia a latência é a dissolução do complexo de Édipo, precipitada, no final da primeira infância, pelos efeitos de sua impossibilidade e pelo medo da castração. Na fase fálica do Édipo, a criança vivencia um conflito entre seu interesse narcísico pelo falo e o investimento libidinal em seus objetos parentais. Com a ameaça de castração, "triunfa normalmente a primeira dessas forças" (Freud, 1924/1996d, p. 196), ou seja, o Édipo declina para resguardar o falo. Esse processo ocorre através de uma substituição do investimento no par parental por identificações, constituindo, assim, o supereu a partir da introjeção da autoridade paterna. Freud completa:

As tendências libidinais pertencentes ao complexo de Édipo são em parte dessexualizadas e sublimadas (coisa que provavelmente acontece com toda transformação em uma identificação) e em parte são inibidas em seu objetivo e transformadas em impulsos de afeição. Todo o processo, por um lado, preservou o órgão genital - afastou o perigo de sua perda - e, por outro, paralisou-o - removeu sua função. Esse processo introduz o período de latência, queagora interrompe o desenvolvimento sexual da criança. (Freud, 1924/1996d, p. 196)

Percebe-se que a latência, embora relacionada a um período de "calmaria", de certa dormência pulsional, é, contudo, inaugurada por um intenso conflito, sob a lâmina da angústia de castração. Trata-se de uma calmaria apenas de superfície, a encobrir as águas tortuosas de uma angústia pungente e de um supereu em construção. Sobre o supereu, Freud sublinha que não é simplesmente um resíduo das primitivas escolhas objetais do Isso, mas também uma formação reativa enérgica contra tais escolhas, demarcando seu caráter imperativo e feroz. Em sua origem estão, principalmente, dois fatores: a duração prolongada, no ser humano, do desamparo e da dependência de sua infância,e o início bifásico da sua vida sexual (Freud, 1923/1996e).

Na obra Inibições, sintomas e ansiedade (1926/1996f), Freud é explícito quanto às tormentas da latência ao associá-la às "situações de perigo antigas", deflagradoras da angústia. Tal como no contexto de sua discussão sobre o supereu, em O ego e Id (1923/1996e), esse autor faz alusão ao mito da era glacial - um período mítico, em que as adversidades naturais extremas teriam propiciado as condições subjetivas iniciais da humanidade. É significativa para a compreensão da latência a hipótese de que "algo momentoso deve ter ocorrido nas vicissitudes da espécie humana que deixou para trás essa interrupção no desenvolvimento sexual do indivíduo como um precipitado histórico" (Freud, 1926/1996f, p. 151). Mesmo que mítica, trata-se de uma associação importante entre essa lacuna temporal e a constituição de algo fundamental do ser humano.

Para entender essa função constitutiva da latência, é importante lembrar a relação radical entre esse período e a fantasia. Como ensina Freud (1919/1996g), a cena da fantasia é uma cena de violência, cujo caráter perverso se deve à prematuridade da sexualidade humana e à interrupção da latência, que afasta o componente sexual propriamente infantil do restante da vida sexual, aflorado a partir da puberdade. Nesse meio tempo, em decorrência do recalque, da construção de "diques", algo se fixa sob a forma de uma cena. Sendo assim, na latência não apenas se processa a sublimação, com o desvio da pulsão para fins "mais elevados", que Freud relaciona aos mais diversos saberes, manifestos, necessários à civilização, como também se fortalece a fantasia, que pode ser pensada como uma formulação de saber, um saber a respeito do objeto, um saber, latente, sobre o gozo.

Nesse sentido, se, por um lado, a angústia de castração funda a latência, por outro, ela sinaliza o objeto em cena, na fantasia. Freud já compreende a angústia na infância como sinal de um perigo pulsional. Quando "começa o processo de encontrar um objeto, ele é logo interrompido pelo longo período de latência que retarda o desenvolvimento sexual até a puberdade" (Freud, 1911/1996c, p. 241). Esse processo conduz a uma vinculação mais estreitaentre a pulsão sexual e a fantasia. Em outras palavras, se na latência o objeto não chega a entrar em cena para o sujeito, na fantasia ele é protagonista, daí a relação fundamental entre a latência e a fantasia. E é a fantasia, a encenação do objeto, que fomenta toda a riqueza sublimatória que acompanha e caracteriza a latência. Esse "quase-encontro" do objeto deflagrador da latência tem ressonâncias na teorização lacaniana, o que veremos a seguir.

 

O encontro marcado

Em sua abordagem da angústia, Lacan (2005) propõe que esseafeto irrompe na presença do objeto a, formulado como resto da constituição subjetiva, um vazio relacionado ao campo do gozo que entra em cena em cada tempo lógico da subjetivação. Em uma releitura das fases e objetos parciais propostos por Freud, Lacan postula que o objeto a é o referente lógico que está em jogo no encadeamento de estágios, nas formas dos "objetos cedíveis": o seio, as fezes, o falo, o olhar e a voz. Essa teorização permite uma retomada da questão dos estágios constitutivos do sujeito sob a ótica de uma lógica, e não de uma cronologia, o que é de grande importância na compreensão da puberdade. Édipo, latência e puberdade passam a ser pensados, portanto, em uma temporalidade lógica, pautada pela angústia de castração, que se apresenta em cada pontuação do objeto. Trata-se de uma lógica estrutural, e não de um desenvolvimento cronológico, na medida em que aos acidentes do desenvolvimento, às particularidades anatômicas de que se trata no ser humano, acrescenta-se sempre o efeito de um significante cuja transcendência é evidente em relação ao desenvolvimento. Lacan elucida essa diferença:

Todos esses fatos anatômicos - a constituição mamífera, o funcionamento fálico do órgão copulatório, a plasticidade da laringe humana, com sua marca fonemática - e outros mais, desde o valor antecipatório da imagem especular até a prematuridade neonatal do sistema nervoso, que lhes tenho recordado nestes últimos tempos, uns após outros, para lhes mostrar em que eles se conjugam com a função do a, e os quais, por sua simples enumeração, vocês podem ver como têm lugares dispersos na árvore das determinações orgânicas, pois bem, todos eles só assumem no homem seu valor de destino, como diz Freud, por virem bloquear um lugar situado num tabuleiro cujas casas se estruturam a partir da constituição subjetivante, tal como esta resulta da dominação do sujeito que fala sobre o sujeito que compreende. (Lacan, 2005, pp. 322-323)

Ainda sobre a temporalidade lógica dos estágios, Lacan esclarece no seminário Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise:

A descrição dos estágios, formadores da libido, não deve ser referida a uma pseudomaturação natural, que permanece sempre opaca. Os estágios se organizam em torno da angústia de castração. O fato copulatório da introdução da sexualidade é traumatizante - aí está um fisgamento de vulto - e tem uma função organizadora para o desenvolvimento. A angústia de castração é como um fio que perfura todas as etapas do desenvolvimento.) Ela cristaliza cada um desses momentos numa dialética que tem por centro um mau encontro. Se os estágios são consistentes, é em função de seu registro possível em termos de mau encontro. (Lacan,1998, p. 65)

Nessa perspectiva, distinta de um "estágio", pode-se compreender a puberdade como um tempo lógico do sujeito, momento cristalizado pela angústia em torno de um mau encontro. Segundo Lacan, "o mau encontro central está no nível do sexual" (Lacan, 1998, p. 65).

No decorrer do seminário Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, Lacan volta a tratar dessa noção de encontro, fundamental para a problemática aqui focalizada. Ao introduzir o problema da repetição, ele nos apresenta a articulação estabelecida por Aristóteles entre o autômaton e a tiquê. Enquanto o autômaton se relaciona à rede de significantes, a tiquê é o encontro do real. "Esse real, onde o encontramos? É, com efeito, de um encontro, de um encontro essencial, que se trata no que a psicanálise descobriu - de um encontro marcado, ao qual somos sempre chamados, com um real que escapole" (Lacan,1998, p. 56). Real que está além da insistência dos signos comandados pelo princípio do prazer, sempre por trás do autômaton, real evidente em toda a pesquisa de Freud, acrescenta Lacan (Lacan, 1998).

A tiquê é o encontro essencialmente faltoso do real. Tal encontro se revela a Freud pela forma do traumatismo, que se apresenta em sua clínica desde o início. O trauma demonstra bem o caráter de inassimilável do real, é justamente aquilo que insiste em reaparecer, em se fazer lembrar, pois há instantes em que o real sobrepuja o princípio de prazer, pontos em que algo se produz como que por acaso ou acidente. O trauma decorre do estranho, dhorror, da presença de algo que não deveria estar ali, da presença do objeto a, como um ponto de condensação do real.

Voltemos a Freud, que vai localizar a puberdade no tempo de um sujeito justamente no ponto de um encontro. Ele localiza na puberdade "as mudanças que levam a vida sexual a sua configuração normal definitiva" (Freud,1905/1996ap. 196). Na obra Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, após desenvolver a problemática da sexualidade infantil e o mecanismo do complexo de Édipo, o autor estabelece que a escolha do objeto sexual é efetuada em dois tempos, ou "em duas ondas":

A primeira delas começa entre os 2 e os 5 anos e retrocede ou é detida pelo período de latência; caracteriza-se pela natureza infantil de seus alvos sexuais.

A segunda sobrevém com a puberdade e determina a configuração definitiva da vida sexual. (Freud, 1905/1996a, pp. 188-189)

No entanto, já nesse contexto teórico, Freud relativiza "essa configuração normal definitiva" que ocorreria a partir da puberdade. Ele salienta que a existência da bitemporalidade no processo de escolha de objeto exerce um importante papel para os possíveis "desarranjos" nessa escolha. Embora indique a ascensão do "primado da zona genital" nesse período, o autor deixa claro que a chamada "normalidade da vida sexual" remete a um horizonte de difícil alcance, visto que:

só é assegurada pela exata convergência das duas correntes dirigidas ao objeto sexual e à meta sexual: a de ternura e a sensual. A primeira destas comporta em si o que resta da primitiva eflorescência infantil da sexualidade. É como a travessia de um túnel perfurado desde ambas as extremidades. (Freud, 1905/1996a, p. 196)

Nessa perspectiva, por mais que Freud tenha associado à puberdade um momento de conclusão do desenvolvimento sexual, ele deixa escapar seu lúcido pessimismo quanto à possibilidade de qualquer conclusão, como atesta essa bela metáfora do túnel perfurado desde ambas as extremidades. Na "engenharia" freudiana, ao abrirem caminho para a sexualidade supostamente "adulta", duas correntes distintas perfuram diferentes túneis, partindo de diferenteslugares e em distintas direções, e só vão se cruzar ao acaso se porventura seus caminhos se encontrarem na opacidade subterrânea, por pura contingência. O que Freud tenta exprimir é a dificuldade dessa convergência das correntes sensual e de ternura, que consistiria, caso ocorresse, em uma conclusão do desenvolvimento sexual. Nesse mesmo sentido, não há plena convergência das pulsões parciais em uma pulsão genital a serviço da reprodução. Disso podemos depreender que a sexualidade humana permanece infantil, posto que essa almejada convergência, que seria necessária para a sexualidade adulta, sóocorre no infinito, no ponto de fuga das correntes pulsionais infantis. O que a "engenharia" freudiana já delineia, à sua maneira, ou seja, no mapeamento dessa impossível convergência, é o impossível da relação sexual, a tesede Lacan (1985).

Na puberdade, as mudanças drásticas que acometem o corpo desencadeiam uma série de transformações na esfera psíquica e pulsional. Conforme Freud, a pulsão sexual passa a servir à função reprodutora e "consuma-se no lado psíquico o encontro do objeto para qual o caminho fora preparado desde a mais tenra infância" (Freud, 1905/1996a, p. 210). Este seria uma atualização do primeiro objeto com o qual o bebê se depara: o seio materno. Ele relembra que o seio é um objeto "fora do corpo" que, com o autoerotismo, dá lugar ao corpo próprio da criança em sua busca de satisfação. Na puberdade, mais uma vez osujeito se volta para um objeto "fora do corpo", o que leva o autor a afirmar que "o encontro do objeto é, na verdade, um reencontro" Freud, 1905/1996a, p. 210). Dessa forma, a latência se situa entre um "quase-encontro do objeto" e seu "reencontro".

Lacan, por sua vez, mais que o encontro do objeto, localiza na puberdade a maturação do objeto a. No seminário A angústia, em um comentário acerca da aquisição do conceito, ele nos apresenta esta enigmática afirmação:

Há milhares de indícios sensíveis de que o momento em que realmente começa o funcionamento do conceito …poderia ser situado de maneira totalmente diversa, em função de um vínculo a ser estabelecido entre a maturação do objeto a, tal como eu o defino, e a idade da puberdade. (Lacan, 2005, p. 282)

O autor não esclarece nem desenvolve essa pontuação no decorrer desse seminário. É importante destacar que nessa lição o que está em debate é uma discussão do campo da pedagogia, em que Lacan se posiciona a favor de autores que defendem que só há verdadeiro acesso aos conceitos a partir da idade da puberdade. Essa reflexão só é retomada cerca de um ano e meio depois, no seminário Problemas cruciais para a psicanálise, 1964-1965 (s. n.), comoveremos mais adiante. Antes disso, passemos a um breve comentário a propósito da relação entre adolescência e saber.

 

A Biblioteca de Alexandria: adolescência e saber

O conceito social de adolescência varia consideravelmente nos diversos contextos sócio-históricos e culturais. De etimologia latina, a palavra "adolescência" já aparece em escritos do Império Bizantino do século XIII. Todavia, é somente a partir do século XVIII, do contexto da Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem, que a adolescência, como conceito, torna-se objetivamente discernível da infância, aparecendo em escritos de pensadores como Buffon e Rousseau (Ariès, 1981).

Embora a palavra "adolescência" e seu conceito social sejam relativamente recentes, a fase que separa a infância da vida adulta remonta a tempos imemoriais, não apenas como etapa do desenvolvimento, mas como momento simbólico, nas mais variadas culturas. Como exemplos, podemos pensar nos ritos de passagem das tribos indígenas, que isolam os jovens púberes do restante da sociedade e de seus familiares, numa clara sinalização do perigo que advém com a puberdade. Após certos rituais e provações, os jovens são autorizados a acessar conhecimentos até então indisponíveis para eles, estão prontos para o casamento e também estão aptos a guerrear. Na tradição judaica, por sua vez, a cerimônia do Bar Mitzváh marca o momento em que o jovem se torna responsável por seus atos. É também o rito que autoriza a leitura da Torá, conjunto de livros que guarda o saber da religião judaica. Se formos mais longe, é digno de nota o fato de que na Antiguidade somente após a puberdade o jovem é autorizado a entrar e frequentar a Biblioteca de Alexandria, templo máximo do saber e da cultura de toda uma civilização.

Assim, percebe-se desde sempre uma relação entre a transição que hoje reconhecemos como adolescência e a abertura de acesso a certas formas do saber. Esse período também é atrelado ao perigo e à violência em diversas épocas eem diferentes culturas. A presença dessa aproximação entre violência, saber e puberdade em diferentes contextos sócio-históricos indica o caráter estrutural do elo que os aproxima - a sexualidade. O perigo do sexo, sinalizado pela angústia, lança o sujeito na latência, quando a pulsão se volta para o saber, período emblemático da sublimação. E posteriormente, o que retira, bruscamente, o sujeito dos domínios da latência é o encontro de um real que acomete o corpo de forma pungente.

Há, portanto, uma marca da violência que é de origem para o adolescente, que podemos chamar de constitutiva. Antes mesmo da irrupção da puberdade, não é sem violência que a latência transcorre. Não é por acaso que Freud (1905/1996a) relaciona claramente a pulsão de saber à pulsão de dominação. O sujeito se apodera do conhecimento, não só o aprende, o apreende.

Voltando a Lacan (s.n.), no seminário Problemas cruciais para a psicanálise, 1964-1965 o problema da puberdade é retomado no contexto de uma crítica a Piaget, em relação a sua concepção de inteligência.

Nessa crítica, Lacan parte da relação entre o significante e o sentido. Há uma perda que se produz cada vez que a linguagem tenta, num discurso, dar conta de si mesma. Em outras palavras, não há metalinguagem. Não há Outro do Outro, ponto principal da crítica à perspectiva piagetiana, que toma a linguagem como instrumento da inteligência, em uma concepção da inteligência como mecanismo de adaptação do organismo (Piaget, 1926/1999). Para Lacan, Piaget desconhece a ordem que existe entre a linguagem e a lógica. Desconhece também que há sempre um referente, o real. O equívoco de Piaget, segundo Lacan, é considerar a linguagem um instrumento da inteligência, quando, na verdade, a linguagem é o mais inapropriado dos instrumentos, é o que embaraça, o que causa dificuldades à inteligência. Sendo assim, a criança pequena que aprende a falar emprega mal as palavras. Há uma antecipação paradoxalde alguns elementos da linguagem que só deveriam aparecer posteriormente, quando houvesse referentes. Segundo Lacan, esse mau uso da linguagem pelas crianças rechaça a tese de Piaget acerca da relação entre inteligência e linguagem.

Lacan concorda com outro teórico da aprendizagem, Vygotsky, que propõe que é na adolescência que ocorre a formação de conceitos. Para esse autor, nessa fase há uma tomada de consciência da própria atividade mental em decorrência de uma relação especial com o objeto, o que permite a internalização do conceito e a compreensão de que ele faz parte de um sistema, possibilitando, assim, a abstração necessária para a generalização, diferenciação e formação dos "verdadeiros conceitos" (Vygotsky, 1934/1991). Referindo-se a essa teoria de Vygotsky, Lacan afirma: "mesmo um manejo rigoroso do conceito …pode ser de qualquer sorte falacioso, e que o verdadeiro manejo do conceito não é atingido, diz ele, singularmente - e infelizmente sem tirar disso as consequências - senão na puberdade" (Lacan, s.n., aula de 9 de dezembro de 1964).

Mesmo que sutilmente e de forma enviesada, Lacan, sim, tira as consequências disso, o que constatamos no decorrer desse seminário, que culmina na proposição de uma figura topológica que une os termos sujeito - saber - sexo. Do problema da apreensão do conceito, passando pela teoria do conhecimento e pelo discurso da ciência, chega-se ao problema do saber, crucial para a psicanálise. E essa menção breve, mas explícita, à puberdade está posta já no início desse percurso teórico. Lacan defende a ideia de que a apreensão do conhecimento é estrutural, o que tenta desenhar através da garrafa de Klein: figura topológica que representa, entre outras coisas, o sujeito que envelopa o conhecimento. Compreender é apreender - envelopar - o conceito, estruturalmente.

Chega-se, enfim, à seguinte proposição:

O sujeito se indetermina no saber, o qual para diante do sexo, o qual confere ao sujeito essa nova espécie de certeza por onde seu lugar de sujeito, sendo determinado e só podendo sê-lo pela experiência do cogito, com a descoberta do inconsciente, pela natureza radicalmente, fundamentalmente sexual de todo desejo humano, o sujeito toma sua nova certeza, aquela de tomar sua morada na pura falha do sexo. (Lacan, s.n., aula de 19 de maio de1965).

Lembrando que a relação entre saber e sexo é um dos pontos cruciais do ensino de Freud, Lacan afirma que "o sexo, em sua essência de diferença radical, permanece intocado e se recusa ao saber" (s.n., aula de 19 de maio de 1965). É nisso que a pulsão epistemológica esbarra. O real que se apresenta na puberdade é esse impossível da relação sexual. Seguindo as pistas de Lacan a propósito da puberdade, é possível inferir que nesse momento algo da estrutura permite que a relação do sujeito com o saber se modifique - daí os rituais de passagem nas mais diversas culturas apontarem para a abertura para um saber até então interditado, inacessível. Encontro entre saber e gozo, saber que se articula ao impossível da relação sexual.

No seminário 16, De um Outro ao outro, 1968-1969, Lacan aprimora sua concepção de objeto a a partir da ideia marxista de mais-valia. Se o objeto a é o que resta de gozo com a entrada na linguagem, ele é mais-de-gozar, uma função de renúncia ao gozo sob o efeito do discurso. Com isso, o autor passa a pensar o saber como efeito dessa renúncia ao gozo, logo atrelado ao mais-de-gozar. "O saber é isto: alguém lhes apresenta coisas que são significantes e, da maneira como estas lhes são apresentadas, isso não quer dizer nada, e então vem um momento em que vocês se libertam, e de repente aquilo quer dizer alguma coisa, e é assim desde a origem." (Lacan, 2008, p. 196) Ele acrescenta: "toda manipulação possível da função do saber deve caber efetivamente na articulação …do objeto a" (Lacan, 2008, p. 196). Ao prosseguir nesse caminho, chega-se a uma definição do desejo de saber, como essencial para a posição do sujeito em relação ao gozo sexual.

O ponto essencial da descoberta psicanalítica é o passo decisivo dado por Freud ao revelar a relação entre a curiosidade sexual e toda a ordem do saber, isto é, a junção do a, por um lado, ou seja, aquilo em que o sujeito pode encontrar sua essência real como falta-de-gozo e mais nada, seja qual for o representante pelo qual ele tenha que se designar em seguida, e, por outro lado, o campo do Outro, na medida em que nele se ordena o saber, tendo no horizonte o campo, proibido por natureza, do gozo, com o qual o gozo sexual introduz um mínimo de relações diplomáticas, que direi serem muito difíceis de sustentar. (Lacan, 2008, p. 312)

Em sua proposição dos quatro discursos, no seminário O avesso da psicanálise, 1969-1970 (1992), Lacan articula o saber com a repetição e com o gozo. Ele afirma que o saber está na origem de tudo que interessa à psicanálise, desde a primeira marca, desde o traço unário que dá origem ao significante.

Alguns anos depois, no seminário Mais, ainda (1985), Lacan avança em sua abordagem do saber a partir do gozo. Ele demarca como o laço social se constitui como discurso, ancorando-se sobre a maneira como a linguagem se imprime no ser falante. O saber se suporta no laço social e o laço social se sustenta no saber. Seu estatuto implica que já há saber e no Outro, e que ele é a prender, a ser tomado. "É por isso que ele é feito de aprender" (Lacan, 1985, p. 130). E o sujeito resulta dessa apreensão de saber. Trata-se antes de gozar do saber, do que de adquiri-lo. "Ali, no gozar, a conquista desse saber se renova de cada vez que ele é exercido, e o poder que ele dá, resta sempre voltado para seu gozo". Lacan completa: "a fundação de um saber é que o gozo do seu exercício é o mesmo do da sua aquisição" (Lacan, 1985, p.131). Portanto, o sujeito goza do saber. O inconsciente é testemunho de um saber que, em grande parte, escapa ao ser falante, como Freud revela desde o início da psicanálise.

Como pensar, então, o saber na adolescência? De que se trata essa maturação do objeto que viabiliza a apreensão do conceito, ou seja, que acarreta alguma coisa da ordem da estrutura na relação do sujeito com o saber? Essa maturação do a, paradoxal, tem a ver com o campo do gozo, que se apresenta na puberdade na crista da onda. Se até então, na latência, o saber se produz sobre um gozo encoberto, com o encontro do objeto na puberdade, saber e gozo chegam juntos. Daí podermos pensar na importância da apreensão do saber para o jovem, ponto bem elaborado por Freud, que salienta o valor da educação e o lugar de ideal que a figura do professor pode representar. Se na puberdade a violência e o saber se enlaçam de forma estrutural, é possível pensar em saídas que privilegiem a via do gozo da aquisição do saber.

Na contemporaneidade, essas saídas se tornam cada vez mais difíceis, visto que os ideais perdem sua força de referência. Diante da "ascensão do objeto a ao zênite social" (Lacan, 1970/2003), do imperativo de gozo e de toda a permissividade com a qual lidam crianças e jovens, latência e puberdade não são mais como antes, nos moldes do regime edípico clássico, como proposto por Freud. Essas modificações, ainda insondáveis, devido a sua atualidade, estão presentes na clínica e desafiam o psicanalista aos limites do diagnóstico e da técnica. Muitos adolescentes apresentam esses limites ao analista, de maneira mais explícita do que outros sujeitos, talvez por serem justamente aqueles que encarnam, de forma mais caricatural, os efeitos do discurso dominante. Assim, com preocupante frequência nos deparamos com jovens desnorteados, carentes de referenciais, e, muitas vezes, entregues a atuações de risco.

Diferentemente das práticas padronizadoras das terapias cognitivo-comportamentais e do furor normatizante do DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders da American Psychiatric Association - APA), campos do saber que respondem ao mal-estar da contemporaneidade com uma epidemia de transtornos mentais e uma generalização dos tratamentos medicamentosos, a psicanálise não tem respostas prontas. Todavia, além de questionar essa compulsão classificatória e criticar a abrangência absurda da medicalização de crianças e jovens, cabe aos psicanalistas a oferta sempre atual de um espaço de escuta, um lugar onde os adolescentes possam inventar uma maneira própria de lidar com o mal-estar inevitável da transição para a vida adula. Com Freud e Lacan, aprendemos que o sujeito goza na apreensão do saber, ou seja, há desejo de saber. Podemos pensar, então, como estratégias para lidar com os impasses que se apresentam na clínica de adolescentes a oferta do enigma, a abertura das portas da biblioteca proibida, ou, simplesmente, esse instrumento desconcertante, embaraçoso, a linguagem e seus enlaces.

Para concluir, um dos mais belos textos de Freud, aliás, um texto sobre a adolescência e o saber: "Algumas reflexões sobre a psicologia do escolar". Nessa homenagem à escola onde estudou dos 9 aos 17 anos, ele ensina que entre a latência e a puberdade ocorre um desligamento do pai, um declínio da autoridade paterna. O vácuo que fica, ponto de desamparo para o jovem, vem ocupar a figura do professor, com toda a ambivalência que isso implica. Figura amada e odiada, nela é suposto o saber e é a ela que o jovem vai se referenciar, em muitos momentos. Freud admite o fascínio pela personalidade dos mestres e que, para muitos, "os caminhos das ciências passavam apenas através de nossos professores" (Freud, 1914/1996h, p. 248), aludindo, assim, à incomensurável carga afetiva presente na transmissão e na apreensão do saber nesse período da vida. Ainda que para o adolescente contemporâneo o papel das figuras de referência tenha se desbotado, é preciso continuar apostando no saber - no saber inconsciente, no saber singular do adolescente - enfim, no saber como operador capaz de oferecer balizas ao sujeito nessa difícil travessia.

 

REFERÊNCIAS

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Recebido em agosto/2012.
Aceito em setembro/2012.