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Estilos da Clinica

Print version ISSN 1415-7128On-line version ISSN 1981-1624

Estilos clin. vol.21 no.1 São Paulo Apr. 2016

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v21i1p200-217 

DOI: http//dx.doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v21i1p200-217

FUNDAMENTOS

 

Esquecimentos, fantasias e sexualidade infantil: efeitos da autoanálise de Freud

 

Forgetfulness, fantasies and child sexuality: effects of Freud's self-analysis

 

El olvido, las fantasías y la sexualidad infantil: efectos del autoanálisis de Freud

 

 

André Oliveira Costa

Membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. Pós-doutorando pelo programa Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Durante seu período de autoanálise, normalmente situado pelos estudiosos de sua obra entre os anos de 1897 e 1900, Freud descobriu, através da investigação de seus próprios sonhos e de suas lembranças infantis, os traços fundamentais de nosso inconsciente. Nesse artigo, nos propomos a desdobrar, através dos textos desse período, o processo e o contexto de descoberta que o levou a propor, dentre outros, o esquecimento, a fantasia e a sexualidade infantil como elementos estruturantes para o funcionamento do aparelho psíquico.

Descritores: esquecimento; fantasia; sexualidade infantil; lembranças encobridoras; autoanálise.


ABSTRACT

During his self-analysis period, usually located by the researchers of his work between the years 1897 and 1900, Freud discovered through the research of his own dreams and his childhood memories the fundamental features of our unconscious. In this article, we propose to investigate, through the texts of this period, the process and the context of discovery that led Freud to propose forgetting, fantasies and child sexuality as structural elements for the functioning of the psychic apparatus.

Index terms: recollect; fantasy; child sexuality; screen memories; self-analysis.


RESUMEN

Durante su período de autoanálisis, que normalmente los estudiosos de su obra ubican entre los años 1897 y 1900, Freud descubrió las características fundamentales de nuestro inconsciente a través de la investigación de sus propios sueños y recuerdos de la infancia. En este artículo, proponemos a desarrollar, a través de los textos de la época, el proceso y el contexto de descubrimiento que le llevó a proponer, entre otros, el olvido, las fantasías y la sexualidad infantil como elementos estructurales para el funcionamiento del aparato psíquico.

Palabras clave: olvido; fantasía; sexualidad infantil; recuerdos encobridores; autoanálisis.


 

 

Através dos estudos sobre histeria, da formulação da teoria da defesa e da elaboração de uma ciência psicológica que abarca os fenômenos psíquicos normais e patológicos, Freud revelou dimensões da mente até então desconhecidas, lançando as pedras fundamentais que sedimentaram a psicanálise como uma nova forma de compreensão da condição humana. Os primeiros passos dessa construção, porém, não poderiam ter se desdobrado sem um acontecimento fundamental: a análise que Freud realizou de si mesmo através de suas lembranças, seus sonhos e seus atos falhos.

Se assumirmos o papel de arqueólogos, que escava um terreno em busca dos restos do cotidiano de uma cidade e da vida das pessoas que nela habitavam, podemos recolher certos registros desse período da autoanálise de Freud, especialmente nas cartas que trocou com seu amigo Fliess. Transcorrida entre os anos de 1895 e 1900, a autoanálise começou com a interpretação de um sonho, da noite de 23 para 24 de julho de 1895, e terminou por volta de 1901, com as publicações dos livros A interpretação dos sonhos e Psicopatologia da vida cotidiana, em 1901, cujos materiais provinham essencialmente das anotações e lembranças de suas próprias vivências.

Em uma carta do dia 12 de junho de 1900, hospedado com sua família no Hotel Bellevue para fugir do calor de Viena, Freud perguntou a Fliess se, algum dia, seria possível ler ali em uma placa de mármore que diria: “Aqui, no dia 24 de julho de 1895, o segredo do sonho se revelou ao Dr. Sigm. Freud?” (Freud, 1900/1986j, p. 418). O sonho ao qual Freud faz referência é o famoso sonho da injeção de Irma, analisado no livro Interpretação dos sonhos e sua interpretação marca simbolicamente o começo da psicanálise. Mas o período mais intenso da autoanálise de Freud aconteceu nas trocas de correspondências com Fliess entre 22 de junho e 14 de novembro de 1897, conforme nos aponta Elisabeth Roudinesco (1998, p. 45).

Ao longo das 301 cartas, vemos o esforço de um homem em busca de um ideal. Se a autoanálise de Freud se deu através dessa escrita, é possível testemunhar ali transformações, angústias, medos e desejos. Fantasmas de alguém que imerge em seus desconhecimentos mais íntimos. Vejamos alguns desses momentos. No dia 14 de agosto de 1897, Freud escreve:

O principal paciente a me preocupar sou eu mesmo. . . . A análise é mais difícil do que qualquer outra coisa. De fato, é ela que paralisa minha energia psíquica para descrever e comunicar o que conquistei até agora. Mesmo assim, creio que precisa ser feita e que é uma etapa intermediaria em meu trabalho. (Freud, 1897/1986d, p. 262)

No dia 3 de outubro de 1897, ele retoma essa questão:

Nos últimos quatro dias, minha auto-análise, que considero indispensável para o esclarecimento de todo o problema, prosseguiu nos sonhos e me forneceu as mais valiosas elucidações e indícios. Em alguns momentos, tenho a sensação de estar no final e, até agora, sempre soube onde a próxima noite de sonhos seria retomada. (Freud, 1897/1986f, p. 269)

O período da autoanálise de Freud foi fundamental para os rumos da teoria psicanalítica, na medida em que, através da investigação de seus próprios pensamentos inconscientes, ele se deparou com conteúdos que o obrigaram a reformular as bases das concepções teóricas que vinha edificando até o momento. Foram colocadas em relevo questões cruciais para a psicanálise, emergindo para discussão não apenas as distinções entre realidade psíquica e realidade exterior, verdade e ficção, lembrança e trauma, mas também as formulações do Complexo de Édipo e do interdito do incesto como condição da cultura e de todas as neuroses, assim como o papel da fantasia na constituição psíquica e a existência da sexualidade infantil.

Foi Ernest Jones quem difundiu esse acontecimento, na biografia A vida e a obra de Sigmund Freud (1953/1989), transformando Freud em um personagem, o primeiro herói a realizar o desejo humano originário de épocas mais antigas – o de conhecer-se a si mesmo –, como se fosse um explorador solitário do desconhecido e do profundo reino do inconsciente. Para Jones, esse feito de Freud não se deve a nada e a ninguém, mas apenas a sua indômita coragem, tanto moral quanto intelectual. Didier Anzieu, por sua vez, no livro A auto-análise de Freud e a descoberta da psicanálise (1975/1989), caracteriza a autoanálise de Freud como um processo que se efetivou somente através do trabalho associativo consigo mesmo, além de pretender transformar a autoanálise de Freud em uma biografia analítica, interpretando-o como um paciente.

Em 1967, Octave Mannoni (1967/1973) propõe substituir o termo autoanálise por “análise original” e, assim, romper com a linha solipcista de interpretação que considerava este ato independente de transferências. Lacan faz referência a esse texto de Mannoni, na “Proposição de 9 de outubro de 1967”, e vê uma outra lógica na autoanálise de Freud:

a verdadeira análise original só pode ser a segunda, por constituir a repetição que da primeira faz um ato, pois é ela que introduz o a posteriori próprio do tempo lógico, que se marca pelo fato de que o psicanalisante passou a psicanalista. (Refiro-me ao próprio Freud, que com isso sanciona não ter feito uma auto-análise.) (Lacan, 2003, p. 258)

Para Lacan, a origem da psicanálise na autoanálise de Freud não deve ser considerada senão na temporalidade do a posteriori desse ato que funda o lugar de psicanalista para um médico que até então se dedicava a pesquisar os processos neurológicos. Da autoanálise de Freud testemunhamos apenas seus restos, as marcas – tal como faz Robson Crusoé com as pegadas deixadas na areia por Sexta-Feira – produzidas por um sujeito que por ali passou. O que testemunhamos dela são os efeitos transmitidos como prática e ensino da psicanálise. E o que nos resta dessa experiência é que o inconsciente é resultado de um desejo, mas que só temos acesso pelos efeitos que ele produz.

A autoanálise de Freud, com tudo aquilo que ele formulou a partir dela, se reinscreve como origem a cada ato de transmissão da psicanálise. Retornar ao que Freud nos deixou como legado também é reinscrever sua autoanálise como um mito fundador, uma ficção das origens da psicanálise. Podemos adentar nos escuros de seu desejo, na verdade que se produziu como efeito dela, apenas através dos escritos que nos foram publicamente transmitidos: os trabalhos sobre os sonhos (1900), sobre a psicopatologia da vida cotidiana (1901) e sobre os chistes e os atos falhos (1905), quer dizer, produções que possibilitaram que um saber se produzisse como verdade do inconsciente.

Neste artigo, nos propomos a investigar como três conceitos fundamentais para a psicanálise freudiana foram sendo elaborados durante o período da autoanálise de Freud. Sabedores dos desdobramentos que estes conceitos sofreram ao longo da própria teoria freudiana e suas releituras por diferentes correntes teóricas que deles se valeram, nos limitamos, porém, a investigar o gérmen dos conceitos de esquecimento, fantasia e sexualidade infantil nos textos e cartas de Freud do período que corresponde à sua experiência de autoanálise. Dessa forma, a produção conceitual mostrar-se-á como um efeito de transmissão do processo de tratamento psicanalítico.

 

A descoberta das fantasias na formação dos sintomas psíquicos

Uma das questões que Freud debatia com seu amigo Wilhelm Fliess, ao longo da extensa troca de correspondências que fizeram durante anos, dizia respeito ao período da vida em que os neuróticos teriam sofrido o primeiro momento da sedução traumática. As recordações que seus pacientes traziam em análise eram de lembranças de sedução que se remetiam aos três anos de idade e chegavam até mesmo a idades anteriores a um ano de vida. Contudo, Freud começou a colocar em dúvida a veracidade dessas lembranças tão remotas que seus pacientes relatavam. Além disso, a quantidade de cenas de abusos sexuais e a constatação, a partir de sua autoanálise, de que também em sua família poderia ter havido situações semelhantes, lhe impediam de pensar que efetivamente todos os neuróticos haviam sido abusados: “Infelizmente meu próprio pai foi um desses pervertidos e é responsável pela histeria de meu irmão . . . e de várias de minhas irmãs mais moças. A frequência dessa situação, muitas vezes, causa-me estranheza”. (Freud, 1897/1986a, p. 232)

Diante da incredibilidade da realidade dos fatos, um novo elemento começou a se apresentar como solução do problema da etiologia das neuroses. Assim, no dia 6 de abril de 1897, Freud faz uma revelação a Fliess, sem conseguir compreender como efetivamente uma lembrança poderia remeter a um período de vida tão prematuro:

O que tenho em mente são as fantasias histéricas, que, tal como as vejo, remontam sistematicamente a coisas que as crianças entreouvem em idade precoce e só compreendem numa ocasião posterior. A idade em que captam essa espécie de informações, estranhamente, é a partir dos seis a sete meses! (Freud, 1897/1986a, p. 235)

Logo a seguir, na carta do dia 2 de maio de 1897, ele começa a desmantelar essa teoria da sedução. As fantasias, então, passam a ser consideradas como “ficções protetoras”, afirma Freud (1897/1986b, p. 240). São lembranças de situações reais que foram ouvidas, mas compreendidas apenas em um momento a posteriori. Na tentativa de formular esse novo conceito de fantasia, em 25 de maio de 1897, Freud a define como “a combinação inconsciente de coisas vivenciadas e ouvidas”, que tem a função de “tornar inacessível a lembrança da qual provieram ou podem provir os sintomas” (Freud, 1897/1986c, p. 248). As fantasias são formadas por amalgamação e distorções de recordações e relacionam diferentes aspectos do acontecimento traumático. Por exemplo, um fragmento da cena visual combina-se com um fragmento da cena auditiva, formando uma fantasia, de modo que “a conexão original torna-se impossível de rastrear”.

As fantasias, consequentemente, vêm estabelecer a realidade como efeito de uma construção fictícia. A descoberta de seu papel na constituição psíquica foi o primeiro golpe para a queda da teoria da sedução como um acontecimento real sofrido pelas crianças. Contudo, isso ainda não era suficiente para derrubar totalmente essa teoria, na medida em que era preciso encontrar o caráter de universalidade das fantasias, isto é, de que forma as fantasias deveriam estar presente na formação de todas as neuroses.

Através de sua autoanálise, Freud identificou em si mesmo manifestações dessa ficção protetora. Assim, ele pode se desvencilhar de enunciados do tipo “ao menos um não está submetido” para concluir que “todos estão condicionados pelo mesmo determinante”. Foi a partir de um sonho incestuoso com sua filha Mathilde, relatado a Fliess no dia 31 de maio de 1897, que Freud percebeu em si próprio as mesmas fantasias sexuais que identificava em seus pacientes. Neste sonho, ele reconheceu a expressão de sentimentos afetuosos com sua filha de nove anos de idade, com sua sobrinha Hella e com Anna – sua irmã e mãe de Hella –, deparando-se com expressões inconscientes de pai incestuoso.

Em carta do dia 21 de setembro de 1897, depois da investigação de suas recordações infantis e de seu desejos inconscientes, Freud reconheceu que não podia mais conceber que todas as pessoas teriam sofrido um ato de sedução real por parte de um adulto: “a surpresa de que, na totalidade dos casos, o pai, sem excluir o meu, tinha que ser acusado de pervertido” (Freud, 1897/1986e, p. 265). Assim, ele anunciou sua grande transformação: “E agora quero confiar-lhe, de imediato, o grande segredo que foi despontando lentamente em mim nestes últimos meses. Não acredito mais em minha neurótica |teoria das neuroses|” (Freud, 1897/1986e, p. 65). A teoria da sedução não passava, portanto, de uma fantasia construída na formação de todas as neuroses.

 

A fantasia desvela a sexualidade infantil

Além da formulação do conceito de fantasia, a hipótese da sexualidade infantil também surge como efeito da queda da teoria da sedução. Isso aponta que Freud, ao contrário de considerar a criança como alguém que sofre passivamente as ações dos outros, nos mostra que o neurótico não passa de forma alheia pela experiência de sedução, na medida em que a sexualidade está presente desde sua infância. A criança, portanto, já não pode mais ser considerada apenas como um ser passivo diante de tal acontecimento e o outro indivíduo não se reduz a um agente ativo sedutor. Nessa revolução, deslocam-se os papéis dos sujeitos.

A autoanálise de Freud novamente é fundamental para a revelação desse processo. Em carta de 15 de outubro de 1897, ele reconhece em si a existência de sentimentos afetuosos em relação a seus pais:

Uma única idéia de valor geral despontou em mim. Descobri, também em meu próprio caso, |o fenômeno de| me apaixonar por mamãe e ter ciúme de papai, e agora o considero um acontecimento universal do início da infância. . . . Cada pessoa da platéia foi, um dia, um Édipo em potencial na fantasia, e cada uma recua, horrorizada, diante da realização de sonho ali transplantada para a realidade, com toda a carga de recalcamento que separa seu estado infantil do estado atual. (Freud, 1897/1986g, p. 273)

Com essas descobertas, inscreviam-se alguns dos principais elementos do edifício teórico psicanalítico: a teoria da defesa e o recalcamento, o inconsciente, a importância da sexualidade infantil e o Complexo de Édipo. Além disso, ao concluir o papel fundamental das fantasias na constituição dos sintomas neuróticos, Freud transfere o pêndulo de importância da realidade externa à realidade psíquica. A sexualidade infantil é reconhecida na causalidade das estruturas psíquicas e o sujeito definitivamente abandonado da posição passiva e ingênua de ser abusado por um adulto ativo e perverso. A cena de sedução se tornou uma fantasia e entrou no lugar do trauma real. Com isso, a verdade ganha estatuto de ficção, ou seja, as lacunas das recordações infantis são preenchidas por construções psíquicas, e a psicanálise pode emergir, por fim, como uma teoria do inconsciente.

“Era o dia 12 de novembro de 1897; o sol estava precisamente no quadrante leste; Mercúrio e Vênus estavam em conjunção...” (Freud, 1897/1986h, p. 279): com essa descrição, Freud gostaria de ter anunciado o nascimento de uma de suas mais importantes ideias: as causas do recalcamento. Na carta de 14 de novembro de 1897, ele descreve a Fliess como começou seu conto de fadas: “Há poucas semanas veio meu desejo de que o recalcamento pudesse ser substituído por meu conhecimento da coisa essencial que está por trás dele; e é disso que estou tratando agora”. O recalcamento já não poderia ser considerado como algo orgânico, nem como um mecanismo próprio apenas de casos patológicos. “Mas, então, o que é que o recalcamento normal nos proporciona?” (Freud, 1897/1986h, p. 279). A importância dessa carta é a tentativa de sustentar que o recalcamento não ocorre conforme a teoria da sedução, mas dessa “coisa essencial” que o torna um mecanismo normal.

Logo no início dessa carta, Freud desvincula a sexualidade dos órgãos genitais, hipótese também necessária à teoria da sedução, e estende a capacidade de produzir excitação a outras zonas corpóreas. A ampliação da sexualidade para outras partes do corpo já estava sendo trabalhada desde a famosa “Carta 52”, de 6 de dezembro de 1896, em que se definem as zonas erógenas como diferentes fontes corporais de sexualidade. A hipótese que encaminha para a formulação de uma sexualidade infantil começa a se desdobrar pelo conceito de zona erógena: “Devemos pressupor que, na primeira infância, a liberação da sexualidade não é tão localizada quanto depois, de modo que as zonas que são abandonadas mais tarde (e também toda a superfície do corpo) também provocam algo que é análogo à liberação posterior da sexualidade” (Freud, 1897/1986h, p. 280).

Mas um outro elemento vem se colocar como fundamental nesse movimento a posteriori de produção da sexualidade. O recalcamento, segundo Freud, pode se dar de três formas. Primeiro, conforme a teoria da sedução já apontava, pelo estímulo dos órgãos sexuais e pela excitação de quaisquer outras regiões. Segundo, pela excitação interna que esse órgão produz. Contudo, é a terceira causa do recalcamento que importa a Freud. A liberação da sexualidade, também se produz através de “idéias, ou seja, dos traços mnêmicos – logo, também por intermédio da ação retardada”.

O conceito de “ação retardada”, cuja origem remonta à teoria da sedução, se referia à sensação de desprazer que era produzida por um evento da puberdade quando este reativava a recordação de uma cena de sedução sofrida ainda na primeira infância. Através da ação retardada, essa segunda cena (sexual) suscitava a sensação da primeira (não sexual), que, ao ser ressignificada a posteriori, produzia desprazer. Neste processo, a ação do recalcamento se dava sobre a primeira cena traumática, que era recalcada e transformada em causa dos sintomas psíquicos. Nessa nova concepção sobre a ação retardada, Freud acrescenta outra causalidade lógica para seu funcionamento. A ação retardada ocorre também em relação à lembrança de excitações de zonas sexuais abandonadas. A lembrança atual, diz Freud, cheira mal como o objeto real cheirava mal.

O recalcamento, dessa forma, se produz a partir de lembranças, que reavivam a excitação de alguma zona sexual que fora abandonada durante a “onda sucessiva de desenvolvimento”. Ao contrário do que afirmava a teoria da sedução, a criança não sofre passivamente uma ação originada em um agente externo ativo. A noção de ação retardada ou a posteriori se mantém, na medida em que agora é a lembrança da excitação abandonada a responsável por sua reativação. A sedução não é mais uma realidade factual, mas uma ficção, uma fantasia composta pela montagem de lembranças. Como afirmara anteriormente: “o conhecimento seguro de que não há indicações de realidade no inconsciente, de modo que não se pode distinguir entre a verdade e a ficção” (Freud, 1896e/1997, p. 265).

A fantasia, portanto, através da ação retardada, não produz a ressignificação sexual das lembranças, mas reativa as excitações que foram apagadas no abandono das zonas sexuais. Essas recordações não provocam o desprendimento de prazer, mas a produção de repugnância e de sentimentos morais. O recalcamento se faz sobre a lembrança do prazer que era produzido pelos órgãos do corpo. O efeito, porém, não é novamente a liberação de prazer, mas a produção de desprazer.

Mesmo que nesse período Freud ainda não houvesse explorado mais profundamente a ideia de sexualidade infantil, é importante indicar que a saída do campo real da teoria da sedução para o campo das fantasias apontava para a ampliação da sexualidade, para o desvelamento de outras zonas do corpo produtoras de prazer, para recalcamento normal sustentado em lembranças. Assim, com essas ideias do final de 1897, Freud já elaborava algumas hipóteses que foram desenvolvidas nos “Três ensaios”, de 1905. O tempo que separa os dois textos é de quase oito anos e entre eles diversos trabalhos foram publicados. Contudo, a ideia de publicar um livro que contivesse como principal eixo a sexualidade infantil continuava insistindo em sua mente. Pelo menos é isso que aparece na carta do dia 11 de outubro de 1899: “curiosamente, há alguma coisa em ação no piso mais inferior. É possível que uma teoria da sexualidade seja a sucessora imediata do livro dos sonhos” (Freud, 1899/1986i, p. 380).

 

A sexualidade infantil inscreve-se como lembrança encobridora

Por essa época, a autoanálise de Freud se desenvolvia através das recordações de sua infância, as quais muitas vezes tinham que ser confirmadas com sua mãe, da interpretação dos sonhos, além dos relatos de atos falhos. A produção teórica não passou ao largo desse processo de análise de si, de modo que encontramos como efeitos desse tratamento a elaboração de alguns dos textos mais fundamentais da psicanálise.

Ao mesmo tempo em que trabalhava os materiais de seus sonhos e fazia coleções de relatos sobre atos falhos e lapsos, ele escrevia dois artigos: “O mecanismo psíquico do esquecimento” (1898) e “Lembranças encobridoras” (1899). Ambos os textos acabaram incluídos no livro Psicopatologia da vida cotidiana (1901), o primeiro como a base do capítulo de abertura de sua obra mais longa sobre o assunto, enquanto o segundo, retomado no capítulo quatro, “Lembranças da infância e lembranças encobridoras”, desta mesma obra.

Em “O mecanismo psíquico do esquecimento”, Freud apresenta pela primeira vez o relato de um ato falho. Desvendar os processos psíquicos que estão por trás do esquecimento de um nome próprio é, ao mesmo tempo, elucidar os processos a que devem sua origem e a formação dos sintomas psíquicos. Em ambas as situações, a do esquecimento e a sintomática, quando uma lembrança reaparece na consciência, a produção de afeto gerada por seu conteúdo leva ao seu recalcamento. A função da memória, que é por vezes considerada um “arquivo aberto”, está sujeita a sofrer afetações de acordo com a vontade do indivíduo, de modo que acabamos esquecendo justamente aquilo que não queremos lembrar.

Nesse texto de Freud, trata-se do esquecimento de um nome próprio, do pintor italiano Luca Signorelli. Durante suas férias na Croácia, em uma conversa com um amigo em viagem de trem, indo em direção a uma cidade próxima dos países Bósnia e Herzegovina, Freud comentava sobre as características dos habitantes turcos daquela região e, logo a seguir, sobre os afrescos desse esquecido pintor, na cidade de Orvieto, Itália. O que lhe vinha à mente não era o nome Signorelli, mas outros dois: Botticelli e Boltraffio. De ambos, as iniciais “Bo” remetiam à Bósnia e à seguinte associação sobre como os turcos respondiam aos médicos diante dos temas da morte e da sexualidade: “Herr, que se há de fazer?” e “Sabe, Herr, se isso acabar, a vida não vale mais nada”. A palavra “Herr”, cujo significado é “senhor”, remete à “signor”, de Signorelli, e à Herzegovina. Assim, através do esquecimento do nome do pintor italiano, Freud havia recalcado as ideias de morte e sexualidade.

Em “Lembranças encobridoras” (1899), Freud mostra que a memória – essa narrativa que situa os lugares e os caminhos por onde cada um passou, que determina o ser do sujeito, influenciando-o até o fim de sua vida – se faz através de esquecimentos que, por vezes, são de forma absoluta. No lugar do registro dos acontecimentos verdadeiros, surgem nítidas lembranças, irrelevantes, isoladas, sem sentido e nem contexto. Ora, a partir de uma certa idade, a memória consegue ser selecionada conforme a força e a importância de seu assunto. Aquilo que parece importante para a cadeia de eventos que forma nossa vida permanece registrado; caso contrário, é simplesmente esquecido. Há, porém, uma época em que essa distinção não acontecia, pois o que permanece dela não eram lembranças determinantes para o sujeito. Não lembramos quando começamos a falar, não lembramos quando começamos a caminhar, quando nasce um irmão ou qualquer acontecimento traumático que tenha ocorrido em nossa primeira infância. Mas podemos nitidamente lembrar de objetos e sensações, de cenas e pessoas, sem que tenham tido alguma significação para nós.

Freud chamou de lembranças encobridoras (Deckerinnerungen) essas recordações da primeira infância que não fazem parte da narrativa concatenada que constitui a história de nossas vidas. Elas se caracterizam por serem impressões desprovidas de relevância, como eventos cotidianos, cujos conteúdos não poderiam produzir nenhum efeito emocional, mas que são recordadas com a maior nitidez em seus pequenos detalhes. Paradoxalmente, os acontecimentos de importância, que ocorreram na mesma época de vida, não ficaram registrados na memória. Freud, então, se pergunta sobre o processo psíquico por trás da memória, que fizeram que esses eventos traumáticos não fizessem mais parte da história do sujeito: “por que se suprime precisamente o que é importante, retendo-se o irrelevante?” (Freud, 1899/1990, p. 290).

Sua resposta é construída no sentido de identificar as forças que operam no processo psíquico. A lembrança encobridora atua como um mecanismo de conciliação, que se faz através do processo associativo entre representações. A imagem que se registra não é a da experiência efetivamente relevante, mas de outro evento, que está, de alguma forma, associado ao primeiro. A lembrança efetiva, substituta, não carrega consigo a força do acontecimento original, mas se caracteriza como um registro incompreensível, cujo conteúdo parece ser sem sentido. Por isso, o sujeito dificilmente encontra uma possibilidade de reconhecer-se nas lembranças encobridoras. A verdade da lembrança, nesse sentido, fica suprimida em favor de uma falsificação, como um produto, cujo marca americana carrega, em seu selo, a origem “made in China”.

Assim, em “Lembranças encobridoras”, Freud nos apresenta, como exemplo, um relato extraído de sua experiência de autoanálise. Descrito como se fosse uma associação de um de seus pacientes, trata-se de uma lembrança de sua infância, na qual três crianças – dois meninos, um deles o próprio Freud, e uma menina, sua prima – estão colhendo flores amarelas. Por acordo mútuo, os meninos decidem arrebatar o ramo de flores da menina, que, chorando, corre em direção à casa, onde recebe, como consolo, um delicioso pedaço de pão preto. Os meninos, olhando a cena, se desfazem do ramo de flores e correm em direção à casa para também saborear um pedaço daquele pão. O amarelo das flores e o sabor do pão são elementos desproporcionalmente destacados dessa lembrança. São esses traços que fizeram que essa cena infantil pudesse ser recordada, repetindo-se em outras cenas. Durante a adolescência, retornando à mesma cidade, Freud encontra novamente sua prima usando, dessa vez, um vestido amarelo. Ele já não está mais enamorado por ela, mas se questiona como seria sua vida caso os dois seguissem como um casal, conforme o desejo de seus pais.

A sequência da investigação de sua memória levou Freud a concluir que “o passo intermediário entre uma lembrança encobridora e aquilo que ela esconde tende a ser fornecido por uma expressão verbal” (Freud, 1899/1990, p. 301). A linguagem, articulando imagens mnêmicas de diferentes épocas, serve como elemento que desvela as fantasias inconscientes. Assim, as intensidades do amarelo das flores e do sabor do pão são efeitos da ação do recalque, na medida em que esses traços perceptivos carregam a marca de uma fantasia de origem. O arrebatamento do ramo de flores encobre a fantasia de “defloramento”; ganhar uma fatia do pão mostra o quanto, naquela época, sua família lutava “pelo pão de cada dia”; é um elemento sobredeterminado, pois também o delicioso sabor do pão, tão vivamente presente em sua memória, é interpretado na forma de querer “uma ocupação pão com manteiga”, isto é, do conforto material que iria receber caso seguisse o que lhe era esperado, a saber, casar-se com sua prima, essa menina das flores e do vestido amarelo. Em todas essas situações, o que se encontra por trás são as duas forças mais poderosas que mobilizam a psique: a fome e o amor.

O que está por trás das lembranças encobridoras? Ora, o que está em questão aqui parece ser que uma lembrança anterior surge como uma tela, encobrindo uma fantasia que acabou sendo recalcada. A fantasia infantil utiliza-se de uma lembrança encobridora da mesma época para permanecer ativa, após sofrer diversas transformações, no inconsciente de sujeito. Com isso posto, entra em questão o valor de autenticidade da cena infantil. A fantasia vai buscar no conjunto de lembranças do sujeito pontos de contato (por exemplo, a fantasia de defloramento e o arrancar as flores) através dos quais ela pode manter sua existência, mesmo que sua manifestação se dê de forma remodelada. Nesse processo de buscar elementos de representação, quer dizer, construindo pontes entre ficção e realidade, a memória também acaba sofrendo alterações.

Nossas lembranças infantis nos mostram nossos primeiros anos não como eles foram, mas tal como apareceram nos períodos posteriores em que as lembranças foram despertadas. Nesses períodos de despertar, as lembranças infantis não emergiram, como as pessoas costumam dizer; elas foram formadas nessa época. (Freud, 1899/1990, p. 304)

Em função dessas pontes simbólicas, a linguagem torna-se fundamental para a formação da memória e, consequentemente, de constituição psíquica. O sujeito vai depender da primeira língua que ele aprendeu a representar a si mesmo e as coisas do mundo. As expressões idiomáticas, como Freud se refere no texto, que teriam a função de fornecer os representantes para as fantasias inconscientes, dependem da língua que o sujeito fala, pois elas podem assumir diferentes significados em cada país ou região.

Uma das principais características das lembranças encobridoras, porém, é a posição que o sujeito se coloca na cena recordada. O sujeito que rememora se vê dentro da cena infantil como se fosse um observador externo, mesmo sabendo que aquela criança à qual ele se refere seja ele próprio. Afirma Freud:

Sempre que numa lembrança o próprio sujeito assim aparecer como um objeto entre outros objetos, esse contraste entre o ego que age e o ego que recorda pode ser tomado como uma prova de que a impressão original foi elaborada. (Freud, 1899/1990, p. 303)

A autenticidade da cena, portanto, não se encontra na fidelidade da impressão original, mas na veracidade da construção ficcional, na qual resta um traço mnêmico como ponto de contato entre a fantasia e uma recordação infantil. Por isso, pode-se ter uma lembrança encobridora, que venha a ser confirmada como criação fictícia, mas que não por isso seja considerada falsa. Seu valor de verdade, nesse caso, foi transferido para elementos de uma outra cena.

 

Conclusão

Autoanálise é o termo que se utiliza para fazer referência ao período em que Freud se voltou para sua vida a fim de buscar uma compreensão de seu próprio inconsciente. Entretanto, trata-se de uma palavra cujo prefixo não tem o mesmo sentido de outras que também começam com auto. A autoanálise de Freud não se realiza enquanto análise de si e por si, como se fosse de um único e mesmo sujeito. Automóvel e autobiografia, por exemplo, não seguem nessa mesma lógica, na medida em que sujeito e objeto da ação são necessariamente iguais. Vale lembrar que a autoanálise de Freud não foi um tratamento que ocorreu pela fala, mas através da escrita, entre as cartas trocadas com Wilhelm Fliess, as anotações de seus sonhos, atos falhos e lembranças infantis. Como efeito, tivemos a produção de conceitos e a transmissão da prática clínica psicanalítica.

No dia 14 de novembro de 1897, Freud percebeu as limitações de uma investigação de seu próprio inconsciente por si mesmo, mostrando que a subjetividade não se faz sem a presença de uma alteridade. Assim, ele escreveu a Fliess:

Minha auto-análise continua interrompida. Apercebi-me da razão por que só posso me analisar com o auxílio de conhecimentos objetivamente adquiridos (como uma pessoa de fora). A verdadeira auto-análise é impossível, caso contrário, não haveria doença neurótica. (Freud, 1897/1986h, p. 282)

Nos limitamos, neste artigo, a tentar entender o desdobramento da formação de conceitos como fantasia, sexualidade infantil e lembranças encobridoras, sabedores de que muitos outros conceitos e técnicas de interpretação apareceram a partir da autoanálise que Freud empreendeu de suas próprias experiências. Devemos, porém, ter em mente que, como nas lembranças encobridoras, essas experiências carregam um traço que é inacessível em sua origem. Há algo que deve ser perdido para que elas possam se constituir, como afirma Freud, na seguinte citação: “a matéria-prima dos traços mnêmicos de que a lembrança foi forjada permanece desconhecida para nós em sua forma original” (Freud, 1899/1990, p. 304). Não temos mais acesso à impressão original, mas apenas aos restos que foram construídos a partir dela. São traços que funcionam como telas protetoras, anteparos contra um encontro traumático. Trata-se de um ponto cego da memória, que se remete ao real do sexo, do corpo e da morte e que só se faz representar através das construções de realidades fictícias.

 

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Endereço para correspondência
Rua da República, 338
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Recebido em janeiro/2016.
Aceito em abril/2016.

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