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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128versão On-line ISSN 1981-1624

Estilos clin. vol.22 no.2 São Paulo ago. 2017

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v22i2p388-405 

FUNDAMENTOS

 

A condição do ser falante no nó borromeano

 

The condition of being speaker in the borromean knot

 

La condición del ser hablante en el nudo borromeo

 

 

Carla Almeida CapanemaI; Ângela Maria Resende VorcaroII

IPsicanalista. Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
IIPsicanalista. Professora adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo aborda a condição do ser falante como um nó borromeano de três círculos representativos do Real, do Simbólico e do Imaginário, interrogando a estruturação sincrônica da constituição subjetiva e apontando "cortes reais" da experiência psíquica que possibilitam novas condições de organização para o sujeito. A partir do achatamento do nó borromeano, procurou-se detalhar seus campos de "ex-sistência" e gozos, além de articular a inibição, o sintoma e a angústia às nominações imaginária, simbólica e real como quarto elo.

Descritores: nó borromeano; nominação; quarto elo; sincronia; diacronia.


ABSTRACT

This manuscript discusses the condition of the human being speaker as a borromean knot of three representative circles of the Real, the Symbolic and the Imaginary, lauching a question about the synchronic structure of the subjective constitution and pointing "real cuts" of psychic experience that enable new organizational conditions for the subject. From the flatness of the borromean knot, this paper tried to detail their fields of "ex-istence" and enjoyments, in addition to joint inhibition, symptom and anguish to the imaginary, symbolic and real nominations as the fourth link.

Index terms: borromean knot; nomination; fourth link; synchrony; diachrony.


RESUMEN

Este trabajo discute la condición del ser hablante como um nudo borromeo de tres círculos representativos de lo real, lo simbólico y lo imaginario, interrogando acerca de la estructura sincrónica de la constitución subjetiva y señalando "cortes reales" de la experiencia psíquica que permiten nuevas condiciones organizativas para el sujeto. De la perspectiva de la planitud del nudo borromeo, este trabajo tiene como objetivo detallar sus campos de "ex-sistencia" y goces, y mostrar el vínculo entre la inhibición, síntoma y angustia a lo largo de las nominaciones imaginarias, simbólicas y reales como representaciones del cuarto enlace.

Palabras clave: nudo borromeo; nominación; cuarto enlace; sincronía; diacronía.


 

 

Introdução

A construção do encadeamento borromeano dos registros Real, Simbólico e Imaginário, sustentados por um quarto elo que vem ligar as três instâncias psíquicas pelas nominações paternas, somente aparece no final do Seminário RSI, de 1974-1975, e vai se consolidar em O seminário, livro 23: o sinthoma, 1975-1976.

Este artigo aborda a condição do ser falante como um nó borromeano de três círculos representativos do Real, do Simbólico e do Imaginário, interrogando a estruturação sincrônica da constituição subjetiva e apontando "cortes reais" da experiência psíquica que possibilitam novas condições de organização para o sujeito. A partir do achatamento do nó borromeano, procurou-se detalhar seus campos de "ex-sistência" e gozos, além de articular o trio freudiano inibição, sintoma e angústia às nominações imaginária, simbólica e real.

 

A sincronia e a diacronia da condição humana: da trança ao nó

Com o nó borromeano, Lacan explicita a importância equivalente dos três registros – Real (R), Simbólico (S) e Imaginário (I) –, ao mesmo tempo em que os distingue. Cada um deles se relaciona com os outros dois em um modo de alteridade em que nenhum deles se liga exclusivamente ao outro, sempre havendo um terceiro que lhes faz mediação. Portanto, a consistência do nó borromeano implica que três é seu mínimo: se uma das rodelas de barbante se solta, as outras desatam. A consistência do nó borromeano é o enodamento dos registros em um corpo furado (Lacan, [1973-1974]).

A consistência do Real é a corda, suporte da demonstração do Real. A demonstração do nó requer a textura da corda de cada uma das rodelas que compõem o nó; é com ela que se bordeja o vazio, o impossível (Lacan, [1974-1975]). A consistência do Simbólico é o buraco que metaforiza o trauma implicado na linguagem, que é a impossibilidade da relação sexual. A consistência fechada da corda do Simbólico é o buraco da castração, falta que está implicada no significante, pois que, exatamente porque é furado, o significante faz furo, e é o que permite o enlaçamento do Simbólico aos outros registros (Lacan, [1974-1975]). Por sua vez, a consistência do Imaginário é o corpo, e situa o sentido e a figuração.

O que faz buraco em cada um dos registros permite a Lacan [1974-1975]) tratar a ex-sistência, definindo-a como o que permite a cada um dos anéis furar a consistência dos outros dois, confundindo-os ao fazer-lhes limite. Na materialidade do nó, cada um dos registros ex-siste aos outros dois, ou seja, sustenta-se fora. O terceiro anel está em posição de ex-sistência, fazendo limite na consistência dos outros dois (Araújo, 2014), sendo, portanto, ponto de amarração externo entre os outros anéis.

O sujeito está triplamente determinado por três cordas: cada uma tem seu furo, sua consistência e sua ex-sistência. A heterogeneidade que se mantém, especificando cada registro, pode ser constatada nos outros dois, demonstrando uma modalidade particular de atamento entre eles. Dessa maneira, ao falar em equivalência entre os registros, Lacan não os toma como iguais. Todos são distintos entre si, e é na medida em que são diferentes, heterogêneos, que fazem Um, que fazem o nó borromeano: "Só encontrei uma única forma de dar a estes três termos, Real, Simbólico e Imaginário, uma medida comum, que é enlaçando-os neste nó bobô...borromeano" (Lacan, [1974-1975]).

Embora os três registros RSI estejam articulados em uma equivalência quanto a suas posições, eles distinguem-se em suas funções. O Real é um lugar ao qual sempre se retorna como alguma coisa de estritamente impensável, da ordem de um impossível ao qual o sujeito não tem acesso. O Simbólico é o equívoco: à medida que o inconsciente se sustenta em alguma coisa que é estruturada como o Simbólico, há um equivoco fundamental entre o sujeito e a língua; para além do sentido das palavras, há um gozo no dizer. O Imaginário estabelece sentido ao Simbólico, aos significantes; é o efeito de escritura do Simbólico – ler diferente do que está escrito. Dessa forma, o pensamento não é apenas Simbólico, ele diz respeito ao Imaginário quando se pensa privilegiando um sentido (Milner, 2006).

Desde o seminário Le non-dupes errent ([1973-1974]), Lacan vinha fazendo uma aproximação do nó e da cadeia borromeana à trança. Afinal, é esta que coloca em evidência o elemento temporal da constituição do sujeito, por meio de seis movimentos que revelam a sincronia e diacronia dos deslocamentos RSI.

Em estudos topológicos anteriores, Vorcaro (1997, 2004, 2009) e Vorcaro & Capanema (2011), partiram da indicação de Lacan de que a finalidade da topologia "é dar conta da constituição do sujeito" (Lacan, 1998, p. 193) e realizaram uma operação de corte sobre cada um dos três anéis atados borromeanamente. Com esse artifício, desmanchou-se o nó em três retas paralelas para abordar a constituição do sujeito como um nó tramado a partir de sua disposição trançada, localizando cada cruzamento como constituinte do sujeito.

 

 

Nesse percurso ideal, o sujeito se inscreve no Simbólico que preexiste a ele. Entre a experiência em que a criança recebe atribuição fálica e a constituição da significação fálica, temos o lapso que a trança percorre, na estrutura temporal reversiva, na qual a castração retroage ao recalcamento originário para lhe conferir significância. Se com três fios realizamos seis cruzamentos numa trança, segundo a lei do "por cima e por baixo", e voltamos a unir as extremidades dessas cordas, obteremos o nó borromeano. Este, de três elos, é uma trança de seis cruzamentos não quaisquer. Da ordem de suas linhas R, S e I, podemos constatar que R passa duas vezes por cima de S; I passa duas vezes por cima de R; e S passa duas vezes por cima de I.

 

 

A despeito dessa aplicação do nó aos seus primeiros trabalhos, cabe salientar a ressalva de Lacan no Seminário RSI ([1974-1975]): a trança e o nó borromeano de três cordas não são a norma para a relação de R, S e I. O nó borromeano de três elos perfeitamente trançados não existe, ele só pode ser considerado como modelo, pois situa uma estrutura ideal do ser falante. Em cada sujeito, os sintomas explicitam que essa estrutura se constituirá, desde sempre, falhada, comportando necessariamente os lapsos dos nós, que precisarão de um quarto elo para que os três registros se mantenham atrelados "borromeanamente". Vale notar, entretanto, que a função desse quarto elo será a de amarrar os três anéis soltos e resgatar a condição borromeana que falta à constrição destes. Seja na trança ou no nó de três ou quatro elos, a condição borromeana permanece sendo suposta como necessária para a constituição do sujeito, mas suas falhas só serão distinguíveis após o sujeito ter reparado seus lapsos com o quarto elo. É o que permite relativizar a "trançagem" a três e reduzi-la à sua função de explicitar as bases da construção borromeana. O que foi descrito nos seis movimentos da trança (Vorcaro, 1997; 2004; 2009; Vorcaro & Capanema, 2011) é a constituição subjetiva calcada no pai edípico, sem considerar outros acontecimentos possíveis em uma subjetivação qualquer que podem ter o estatuto de Nome-do-Pai sem corresponder ao pai edípico.

Assim, a estruturação sincrônica do sujeito, trabalhada na trança de três elos como um modelo ideal de estrutura calcada no Nome-do-Pai, não exclui, e comporta também em seu trançamento, o movimento diacrônico e temporal, bastando acrescentar a dimensão clínica do quarto elo.

É possível constatar que os acidentes implicados nos cruzamentos entre R, S e I. são acontecimentos constitutivos da estrutura tridimensional da realidade psíquica de um sujeito qualquer. Não obstante, os rearranjos das novas articulações entre essas dimensões, desdobrados na latência e na adolescência, permitirão estabelecer diferentes traços estruturais ou ainda sustentar aqueles já constituídos anteriormente. Assim, a passagem adolescente implica um importante momento em que cortes reais estruturantes acontecem, pois a possibilidade do encontro sexual traz consigo o encontro com o real da falha constitutiva do ser humano – a não relação sexual (Capanema, 2015; Vorcaro & Capanema, 2011).

As estruturas subjetivas são orientadas singularmente pela especificidade da nominação paterna com a qual o sujeito se sustém (Lacan, [1974-1975]). O estabelecimento do quarto elo distinto de R, S, I, que suporta a nominação paterna, aponta que esse quarto anel pode ser considerado como a possibilidade de suplência à estrutura borromeana de três elos e, ao mesmo tempo, à condição de estruturação, já que esta depende da versão paterna que o sujeito constitui na passagem adolescente.

 

O achatamento do nó borromeano

Lacan ([1974-1975]) propõe o achatamento do nó como forma de redução do Imaginário. Achatar é projetar no plano o que é tridimensional, é a redução de três dimensões para duas, o que nos permite contar seus buracos, possibilitando a distinção dos elementos que estão em jogo na estrutura do ser falante. Além de facultar a visualização de uma ordenação, permitindo posicionar um dos elos como mediador entre os outros dois.

No nó achatado é possível localizar os campos de ex-sistência de cada um dos registros em relação à consistência dos outros dois, bem como detectar os diversos gozos nas intersecções entre os registros: gozo fálico, entre Simbólico e Real; gozo do Outro, entre Real e Imaginário; sentido, entre Imaginário e Simbólico, e o objeto a (como mais-de-gozar) na intersecção entre os três.

 

 

Lacan desenvolve o termo ex-sistência na topologia borromeana, considerando que o cruzamento de duas retas não estanca o deslizamento infinito entre elas, como considerado pela geometria. Na lógica borromeana, o ponto se define pelo encontro entre três retas, quando uma delas barra o deslizamento das outras duas, colocando-se como limite e possibilidade de amarração, numa posição de ex-sistência. Esse terceiro elo ex-siste aos outros dois como elemento externo, possibilitando o enlaçamento borromeano, mas situando como ex-sistência o lugar da falta naquele elo que se abre. Na figura do nó borromeano achatado, temos três áreas de dupla sobreposição que excluem um dos três registros, colocando-o em uma posição de ex-sistência: gozo do Outro (sem o Simbólico), gozo fálico (sem o Imaginário, sem o corpo) e sentido (sem Real).

Pela abertura dos registros, Lacan apaga sua consistência e destaca a ex-sistência de cada um deles: "algo ex-siste por só ser suponível na escrita pela abertura da rodela em reta infinita" (Lacan, [1974-1975]). Se todas as rodelas fossem consistentes, não seria possível seu enodamento; a relação entre duas consistências só é possível se uma terceira se coloca como ex-sistência.

Desse modo, pela abertura de uma das rodelas em reta infinita, projetam-se os campos de ex-sistência do Inconsciente que ex-siste ao Simbólico e responde pelo sintoma, e o campo do Falo que ex-siste ao Real e responde pela angústia. Desde o Seminário RSI não há indicação do que ex-sistiria ao Imaginário e que responderia à inibição. Porém, em "A terceira" (2011, p. 312), no nó achatado, Lacan escreve "Representação" e "Pré-consciente", ex-sistindo à inibição.

 

 

No achatamento do nó borromeano, a abertura de cada rodela em reta infinita é o que ex-siste a cada um dos elos e se representa por uma sombra em torno do elo. A abertura do Simbólico em reta infinita cede lugar ao Inconsciente, que é considerado por Lacan o Real do Simbólico. Real porque é impossível acessá-lo pelo significante, mas apenas entrever o que não cessa de não se escrever na linguagem. Desse modo, o Inconsciente está articulado ao nó borromeano pelo Simbólico, à medida que ele apenas se deixa divisar via significantes.

 

 

Para Lacan ([1974-1975]), o falo é o Real, sobretudo quando elidido:

O falo não é a ex-sistência do Real. Há um Real que ex-siste com esse falo, que se chama gozo, mas é antes a consistência, é o conceito, se posso assim dizer, do falo.

O falo não existe como todo, mas apenas como falta; é um gozo que não se sabe de onde vem. Ele consiste mesmo em sua ausência, dando corpo ao Imaginário, pois é à proporção que não aparece que o falo permite sua imagem.

Segundo Lacan ([1974-1975]), o falo está no Real à segunda potência; isso quer dizer que o falo é o Real do Real:

Donde o acento especial que o falasser põe no falo, neste sentido, de que o gozo aí ex-siste, que está aí o acento próprio do Real. O Real, enquanto ex-siste, quer dizer, o Real como Real, o Real à segunda potência, é tudo que esse falasser conhece do dois, é a potência.

O falo ex-siste ao Real e, ex-sistindo como significante mestre (S1), comanda os outros significantes (S2) que estão na consistência da corda do Simbólico. O falo é a letra que engancha o Real no nó, sendo um significante mestre ligado à potência fálica e possui o estatuto de ser uma referência que fornece consistência aos S2. O falo não se situa no Inconsciente, porque ele é o limite do Inconsciente como cadeia significante, e como limite deve permanecer fora da cadeia. Esse significante mestre S1 poderia dar conta da existência do sujeito e o encerraria nela, daí o falo ser da ordem da ex-sistência e assim se constituir como falta a ser (Araújo, 2014).

O achatamento do nó nos permite também visualizar a projeção dos avanços dos campos de gozo sobre os registros RSI, mediante a sombra produzida pela intrusão de um registro sobre o outro. A inibição é proposta como uma detenção produzida pela intrusão do Imaginário no Simbólico; o sintoma, como efeito do Simbólico no Real; e a angústia, como um transbordamento do Real sobre o Imaginário do corpo.

 

 

No nó borromeano, os modos de gozo são abordados segundo a posição de ex-sistência ocupada entre os registros. Entre Imaginário e Simbólico, inscreve-se a função do sentido; entre Simbólico e Real, a função do gozo fálico; e entre Real e Imaginário, a função do gozo do Outro. Pode-se visualizar, na figura anterior, que os campos de gozo se situam nas interseções externas entre cada dois registros, no ponto que um registro "fura" o outro, ou seja, é no ponto de ex-sistência de um registro ao outro que os gozos se inscrevem na subjetividade humana.

No ajuste do nó está o objeto a, no qual se situa a área de tripla sobreposição do Real, do Simbólico e do Imaginário, marcando a incompletude do ser falante, em que se escreve o lugar da falta. O objeto a é o cerne do gozo que se sustenta com o nó borromeano, é o inatingível gozo a mais (mais-gozar) (Vorcaro & Capanema, 2011).

Mas o nó escreve as condições de gozo e permite contar os seus resíduos: as intersecções entre os círculos notam as modalidades do gozo, por falta do gozo pleno que não há. E a realidade é abordada com os aparelhos do gozo, que a linguagem permite, enquanto encadeia e faz prevalecer articulações privilegiadas entre RSI.

Localizado na junção do Imaginário com o Simbólico e suportado pela ex-sistência correlata ao Real, está o vago gozo do sentido, do corpo que fala:

Se pensamos que não há Outro do Outro, ou pelo menos que não há gozo desse Outro do Outro, precisamos de fato fazer em alguma parte a sutura entre esse simbólico que se estende ali, sozinho, e esse imaginário que está aqui. Tudo isso para obter um sentido (Lacan, 2007, p. 70).

O funcionamento significante, reduzido à dimensão pura do Simbólico, é o registro do equívoco. Esse funcionamento só é operante na interpolação do Imaginário, que nele encontra equivalências, reciprocidades e dessemelhanças, produzindo valores designativos e assim permitindo, ao dizer, um laço que ultrapassa a mera jaculação de termos deslizantes um a um (Vorcaro & Capanema, 2011).

Na medida em que o Inconsciente se sustenta nesta alguma coisa que é por mim definida, estruturada como o Simbólico, é do equívoco fundamental com esta coisa que se trata, sob o termo Simbólico.... O equívoco não é o sentido. O sentido é aquilo por que alguma coisa responde, é diferente do Simbólico, e esta alguma coisa, não há meios de suportá-la senão a partir do Imaginário (Lacan, [1974-1975]).

O sentido é uma sutura do equívoco do buraco do Simbólico, é o que dá consistência imaginária à falta inerente ao Simbólico, que é de não haver Outro do Outro, de não haver resposta para a falta no Outro. A opacidade do sentido se deve à sua função de substituição da falta, de sua função de suplência, desse modo, o sentido responde pelo Real, que, por sua vez, ex-siste ao sentido.

O que Lacan ([1974-1975]) nos propõe no Seminário RSI é mudar a perspectiva de um efeito de sentido. É estreitá-lo em um nó, com a condição de que não seja de qualquer jeito. Ou seja, ele localiza o sentido, que é Imaginário, em relação aos outros dois registros, Simbólico e Real. É por que um dos registros está sempre em relação aos outros dois que se trata de um efeito de sentido. Lacan ([1974-1975]) observa que o efeito de sentido exigível ao discurso analítico tem que ser Real, o que trança o analista vai do Imaginário ao Real. Mas não se trata de descuidar do Imaginário na prática da psicanálise, senão de conseguir com que ele se amarre com o que volta sempre ao mesmo lugar, que é o Real. O termo Imaginário não quer dizer pura imaginação, o efeito de sentido ex-siste e é nisso que ele é Real.

Para Lacan (2005), o gozo fálico está relacionado à angústia de castração, provocada pelo não saber diante do desejo do Outro, e o sintoma é a manifestação clínica desse embaraço do sujeito. O Outro existe como inconsciência constituída, como correspondente ao desejo na medida do que falta ao sujeito e do que ele não sabe. O sujeito vive no total desconhecimento a respeito de seu desejo e sem uma sustentação possível desse desejo em referência a um objeto qualquer.

Lacan propõe a angústia da castração como a verdade da sexualidade. O falo tomado como sexual sempre aparece como falta e é o que causa angústia. É nesse ponto, em que o falo se faz presente como falta, barrando o sujeito, que Lacan formula a relação entre a castração e a inexistência da relação sexual, da incompletude do Outro, ponto estrutural que implica que os seres falantes vivam a sexualidade via castração (Lacan, 2008b).

Assim, o gozo fálico é o substituto do gozo impossível, é o gozo oriundo da castração, no qual o sujeito, para se proteger da inexistência da relação sexual, inscreve-se na função fálica. Ele se situa entre o Real e o Simbólico, possibilitando que o Real do gozo se junte ao significante. É considerado um gozo fora do corpo, já que o Imaginário, na posição de ex-sistência, confere o estatuto de "só depois" da produção da significação fálica. Ou seja, só depois do ato sexual é possível dar sentido à significação fálica. É o sentido que vai dar consistência à significação fálica.

O gozo fálico está em relação ao campo de ex-sistência do Real – o falo – e é proposto por Lacan ([1974-1975]) como sua metáfora. Isto é, o gozo fálico está localizado no furo do Simbólico operado no Real e metaforiza a ex-sistência do falo (Guerra, 2013).

Uma distinção entre o gozo fálico e a significação fálica se faz necessária. O primeiro implica um cruzamento do Real e do Simbólico que se juntam, os registros se interceptam e tamponam seus furos. A significação do falo assinala o furo, é a própria significação (Bedeutung) da falta, que aponta para uma referência real de um termo. Enquanto isso, o gozo fálico é a tentativa de obturação da castração (Amigo, 2007).

Na interseção entre Real e Imaginário, há o gozo do Outro. Para Lacan, "a representação se separa inteiramente do gozo do Outro" (Lacan, [1974-1975]), referindo-se aqui à posição de ex-sistência do Simbólico nesse gozo, ou melhor, o gozo do Outro está fora da linguagem. O gozo do Outro sem mediação simbólica é sentido como algo corporal, alheio à função fálica, que é a função da palavra, totalmente fora do Simbólico.

Lacan associa ao gozo do Outro a angústia que não é somente sinal de uma falta, mas a angústia como sinal da falta de apoio da falta. O autor exemplifica a angústia dizendo que ela não é a falta do seio materno, mas sim sua iminência quando o seio lhe vem em cima. Quando a castração simbólica não está operando, quando não está localizada a função da falta, o objeto a ameaça fazer-se presente todo o tempo. Ele entende a angústia como a ameaça da presença desse objeto e, ao referir-se ao seio materno, remete ao gozo materno, que é um gozo que não permite a função da falta (Lacan, 2005).

Em O seminário, livro 23: o sinthoma, Lacan (2007) nos fala que o verdadeiro furo não é o do Simbólico, mas o do campo do gozo do Outro, onde se revela que não há Outro do Outro e não há ex-sistência que o suporte. Assim, no nó achatado tem-se o falo como ex-sistente ao gozo fálico, e o inconsciente como ex-sistente ao sentido, porém o campo de ex-sistência do gozo do Outro é o verdadeiro furo, daí o motivo do vazio desse campo de ex-sistência nos desenhos de Lacan desde o Seminário RSI.

Segundo Guerra (2013), é por não existir Outro do Outro que ele não pode ser figurado. "Donde o gozo do Outro, ao ser representado na ex-sistência entre real e imaginário, pode ser pensado como consequência de uma operação de amarração que inclui um ponto de exclusão" (p. 57). Esse ponto pode ter toda utilidade clínica, pois o que propõe o analista é fazer a emenda entre Imaginário e saber inconsciente para a obtenção de sentido. Atrelado a essa emenda, "na mesma tacada", o analista faz outra sutura, entre o "sinthoma" e o real parasita do gozo, tornando-o possível (Lacan, 2007, p. 70).

Em outras palavras, o analisando pode ser levado, em uma análise, a ligar o que tem de mais real em seu sintoma ao Simbólico, alcançando um saber fazer com isso e a obtenção de um gozo suplementar possível, que faça laço com o outro. Essa é a direção clínica a ser trabalhada com os sujeitos inundados pela dispersão do gozo do Outro.

 

Inibição, sintoma e angústia em RSI

Lacan propôs que o Imaginário, o Simbólico e o Real fossem os primeiros nomes que enodam a estrutura do ser falante, que cada um desses registros fosse uma nominação. A essas nominações, Lacan relacionou três manifestações clínicas: a inibição, o sintoma e a angústia. A Inibição é a nominação do Imaginário; o Sintoma é a do Simbólico; e a Angústia, a nominação do Real (Lacan, [1974-1975]).

 

 

As zonas sombreadas indicam a intrusão de cada campo no outro, um movimento que gira em direção ao centro do nó, ou seja, a partir do objeto a e das diferentes modalidades de gozo que implicam o triádico freudiano― Inibição, Sintoma e Angústia, considerados por Lacan como termos tão distintos quanto os registros R, S e I.

Lacan começou pela inibição, dizendo que é uma nominação do Imaginário ou uma identificação imaginária ao Outro Real, uma identificação ao desejo do Outro, que Freud (1921/1989b) coloca como uma identificação constitutiva das massas.

No nó borromeano, a intrusão do Imaginário no Simbólico é o que detém o desdobramento infinito da reta do Simbólico. O que faz o Simbólico entrar no nó é a inibição, é a nominação Imaginária que impede o desdobramento infinito da cadeia significante ao produzir um sentido.

Quando Lacan fala de inibição, fala sempre da intrusão do Imaginário no Simbólico (Lacan, [1974-1975]). A estreita relação entre inibição e imagem levou Lacan a atribuir ao Imaginário a propriedade da consistência, pois a inibição unifica o corpo por meio da detenção da imagem. A inibição como nominação do Imaginário é considerada um assunto de corpo, que é, para Lacan, constituinte do Imaginário, mas que vai ter efeitos no campo do Simbólico.

A consistência da corda do nó borromeano é o que faz com que cada um dos três anéis seja um só corpo ao se enlaçar. A partir dessa consistência imaginária, o gozo ex-siste e se sustenta fora dessa consistência, fora do corpo (Dafunchio, 2013). O gozo fálico encontra-se em posição de ex-sistência ao Imaginário, e a inibição é a tentativa de dar sentido a esse gozo fálico fora do corpo.

No Seminário RSI ([1974-1975]), Lacan vai definir o sintoma como símbolo do que não anda bem no real, um efeito do simbólico sobre o real. Na classe de 21 de janeiro de 1975, o sintoma é tomado como o que ex-siste ao inconsciente, como o que do inconsciente passa para o real. O sintoma passa a ter uma dimensão de nominação pareada a uma dimensão simbólica e enodada ao real, como o nó borromeano deixa apreendê-la.

Segundo Porge (2010), essa mudança do sintoma altera também seu paradigma, que não é mais aquele da substituição significante e da metáfora. O sintoma passa a ser o que faz limite à metáfora no jogo das equivalências entre as dimensões. A "eRrância" da metáfora torna-se o R do real da metáfora, letra passível de ser escrita no nó borromeano, que, com seus cruzamentos, por cima e por baixo em suas planificações, constitui uma escrita, evidenciando no sintoma a relação letra a letra na qual o sujeito é acuado.

A primeira aparição dessa nova versão do sintoma acontece no Seminário, livro 10: a angústia, com a distinção entre acting out e sintoma. O sintoma, então, não é concebido como uma mensagem dirigida ao Outro; ele não chama à interpretação porque se satisfaz autisticamente, porque é um modo de gozo que basta a si mesmo (Lacan, 2005).

Essa perspectiva do sintoma como gozo é retomada por Lacan nos ensinos seguintes, até culminar em O seminário, livro 16: de um Outro ao outro (2008a), com o enunciado "não há relação sexual". Não existe, para o ser falante, o gozo pleno da complementaridade entre os sexos, como exposto no mito de Aristófanes contido em O banquete, de Platão (Schejtman, 2013).

Daí por diante, todos os tipos de gozos a que tem acesso o ser falante situam-se no lugar do gozo impossível da relação que não existe; são suplências referentes ao inalcançável do gozo mítico, imaginado pertencer ao pai primevo de Totem e tabu (1913/1989a).

Lacan, em o Seminário RSI ([1974-1975]), localiza o sintoma como efeito da abertura do registro do Simbólico em direção ao Real. Ele já não vem do Real, porém é um efeito do Simbólico no Real. Esse efeito, que constitui o sintoma, supõe o Um do inconsciente que passa ao Real, uma letra, um S1 separado, produto não da repressão secundária contida nas formações do inconsciente, mas de uma fixação de gozo que o inconsciente não cessa de escrever e que indica o Simbólico entrando no Real, tratando-se aqui do "sintoma-letra de gozo" (Schejtman, 2013).

A angústia é a nominação determinada pelo transbordamento do Real sobre o Imaginário. Nesse transbordamento, Lacan colocou o Gozo do Outro J(A), no qual se faz presente um gozo sem limites, uma vertente da angústia quando falta a falta.

Na primeira lição de o Seminário RSI ([1974-1975]), Lacan coloca a angústia partindo do Real, aparecendo nesse momento uma relação estreita entre a angústia e o medo do corpo. Ele exemplifica o conceito com o caso do pequeno Hans, quando algo em seu corpo desperta e o embaraça, e a fobia eclode como uma tentativa de dar corpo ao seu embaraço, de dar um sentido a esse gozo fora da linguagem. Diante da angústia pura do gozo do Outro, ele se acomoda ao falo pela invenção de uma suplência sintomática ao Nome-do-Pai por meio da fobia.

Lacan (2005), em O seminário, livro 10 aponta que a angústia é como uma luva virada ao avesso, ficando o interior para fora. Essa metáfora topológica figura a experiência da angústia, em que o interior do corpo se manifesta fora dele, tendo-se uma dimensão corporal da angústia. "A angústia é isso que, do interior do corpo, ex-siste quando há alguma coisa que o desperta, que o atormenta" (Lacan, [1974-1975]).

Na topologia borromeana, o gozo do Outro é o gozo do corpo que não se escreve, visto que não todo fálico, gozo fora da linguagem, fora do Simbólico. Essa presença do interior do corpo que a angústia faz emergir irrompe sobre a imagem narcísica e desfigura a ideia que o sujeito tinha de si. No fenômeno clínico da angústia, há uma irrupção do Real do corpo sobre a imagem narcísica, um transbordamento do Real sobre o Imaginário.

 

O quarto elo

Lacan chega à conclusão de que, na cadeia de três anéis, R, S e I terminam homogeneizados, a menos que sejam pintados de cores diferentes ou nomeados para distingui-los.

Mesmo que sejam três, isso faz quatro, donde minha expressão mais-uma. E será retirando uma, real, que o grupo se desata.... Em três não se sabe nunca qual das três é real, e é por isso que é necessário que sejam quatro (Lacan, [1974-1975]).

Torna-se necessário o quarto elo para que se introduza a diferença entre os registros, pois de três consistências nunca se sabe qual é Real. Pelo acréscimo do quarto elo, cada um dos três anéis pode ser colocado em relação como aquele da nominação. De acordo com Porge (2010), a introdução do quarto anel faz coexistir o Real fora de sentido dos três anéis desenlaçados e uma dimensão de nominação dando sentido – Imaginário, Simbólico ou Real –, de tal forma que cada anel pode ser portador dessa função.

Lacan pouco desenvolveu o tema do quarto elo como nominação. No entanto, ele formula a possibilidade de abordar a inibição, o sintoma e a angústia como nominações passíveis de encadear o Simbólico, o Imaginário e o Real de modo borromeano e antecipa o título de seu próximo seminário: Quatro, cinco, seis.

Porém, O seminário, livro 23 acabou denominado O sinthoma, e o que se chamaria Quatro, cinco e seis nunca foi dado. Lacan introduz o sinthoma como um quarto tipo de nominação, utilizando o caso Joyce.

 

Conclusão

A nominação reconhecida como quarto anel abre caminho para a existência da pluralidade dos Nomes-do-Pai. Com o nó borromeano, a função de nominação não é mais privilégio do Nome-do-Pai nomeado, ela se pluraliza em Nomes-do-Pai nomeantes. Mesmo se podemos dizer que algo do pai continua presente na nominação, esta pode também provir do Imaginário e do Real.

Assim temos, no Seminário RSI, os três registros nomeados por Lacan ([1974-1975]) "um, dois e três". Já a inibição, o sintoma e a angústia, responsáveis pelo encadeamento dos três registros de modo borromeano, seriam "quatro, cinco e seis". Essa série – RSI e as nominações Imaginária, Real e Simbólica – nos possibilita trabalhar clinicamente a diversidade e a singularidade das amarrações do quarto elo para cada sujeito.

 

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Recebido em novembro/2016.
Aceito em junho/2017.

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