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Estilos da Clinica

versão impressa ISSN 1415-7128versão On-line ISSN 1981-1624

Estilos clin. vol.23 no.1 São Paulo jan./abr. 2018

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v23i1p175-190 

10.11606/issn.1981-1624.v23i1p175-190

ARTIGO

 

ADOLESCÊNCIA E DIFERENÇA SEXUAL: O LUGAR DO ATO

 

ADOLESCENCE AND SEXUAL DIFFERENCE: THE FUNCTION OF THE ACT

 

ADOLESCENCIA Y DIFERENCIA SEXUAL: LA FUNCIÓN DEL ACTO

 

 

Cristina Moreira MarcosI; Renata Lucindo Ferreira MendonçaII

I Psicanalista. Doutora em Psicanálise pela Universidade Paris VII. Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.
IIPsicanalista. Mestre em Processos de Subjetivação pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Correspondência

 

 


RESUMO

Com a chegada da puberdade, ocorrem mudanças que levam a sexualidade ao primado da zona genital. Esse novo objetivo sexual traz funções diferentes aos dois sexos, cujo desenvolvimento sexual não se diferenciava muito até este momento. Freud compara este período à travessia de um túnel cavado a partir de ambos os lados que marca para o sujeito a desconexão entre o seu ser de criança e o seu futuro ser de homem ou de mulher. A partir de uma Conversação, fazemos a hipótese de que a gravidez pode ser, para algumas adolescentes, uma tentativa de resposta ao que é ser uma mulher.

Descritores: adolescência; psicanálise; ato; diferença sexual.


ABSTRACT

With puberty, changes occur leading sexuality to the primacy of the genital area. This new sexual goal carries different functions to the two sexes, whose sexual development did not differ much until this moment. Freud (1905/1969) compares this period to the crossing of a tunnel dug from both sides, which marks to the subject the disconnection between their being as a child and their future being as a man or a woman. From a Conversation, we hypothesize that pregnancy may be, for some adolescents, an attempt to respond to what it is to be a woman.

Index terms: adolescence; psychoanalysis; act; sexual difference.


RESUMEN

Con la llegada de la pubertad, cambios ocurren que llevan la sexualidad al primado de la zona genital. Este nuevo objetivo sexual trae funciones diferentes a los dos sexos, cuyo desarrollo sexual no se diferenciaba mucho hasta este momento. Freud (1905/1969) compara este período a la travesía de un túnel cavado desde ambos lados que marca para el sujeto la desconexión entre su ser de niño y su futuro ser de hombre o de mujer. A partir de una conversación, hacemos la hipótesis de que el embarazo puede ser, para algunas adolescentes, un intento de respuesta a lo que es ser una mujer.

Palabras clave: adolescencia; psicoanálisis; acto; diferencia sexual.


 

 

Sabe-se que somente com a puberdade se estabelecea separação nítida entre os caracteres masculinos e femininos.

Sigmund Freud

 

Adolescência e diferença sexual

No capítulo "As transformações da puberdade", Freud (1905/1969a) utiliza uma frase orientadora sobre a entrada na puberdade: "É como a travessia de um túnel perfurado desde ambas as extremidades" (p. 196). Com isso, afirma que há uma força que impulsiona o sujeito à saída da infância em direção ao mundo adulto e o que surge de novo é a primazia das zonas genitais. Freud afirma que a pulsão infantil é predominantemente autoerótica, uma pulsão que gira em torno de si mesma, de suas zonas erógenas, e suas relações se estabelecem em função das imagos representadas principalmente pelo núcleo familiar. Nesse texto, ele descreve três fases fundamentais anteriores à entrada no mundo adulto e que são, de alguma forma, uma construção para chegar à fase adulta: a infância e suas turbulências, da qual advém a construção do sujeito; o período de latência em que a criança vive, segundo ele, uma "certa tranquilidade psíquica"; e, no fim deste período, a puberdade, que é a saída da infância e a entrada no mundo adulto (Freud, 1905/1969a).

A puberdade é o retorno do recalcado e a pergunta do púbere é sobre o seu lugar no mundo e sua sexualidade, se ela vai se dirigir para a questão do ser homem ou mulher, pois, na infância, "a pulsão sexual era predominantemente autoerótica; agora encontra o objeto sexual" (Freud, 1905/1969a, p. 196). Esse é um acontecimento "divisor de águas" na saída da infância para a vida adulta, em que se instaura a primazia da zona genital.

Freud (1905/1969a) relata que, na puberdade, ocorrem mudanças corporais fundamentais que preparam o sujeito e o encaminham ao mundo adulto, afirmando que surge "um aparelho altamente complexo" (p. 214) nesse momento. Esse aparelho é acionado por estímulos descritos como dois tipos de excitação: "vindo do mundo externo, mediante a excitação das zonas erógenas já conhecidas, do interior do organismo, . . . e da vida anímica, que por sua vez é um repositório de impressões externas e um receptor de excitações internas" (Freud, 1905/1969a, p. 197). Para ele, por meio dessas duas vias, chega-se a uma mesma condição: a "excitação sexual".

Segundo Freud (1905/1969a), na infância, a pulsão infantil é autoerótica e o pré-prazer age com uma força menor que na vida adulta. Os estímulos esperados e suportados são de menor escala e não há o conflito das duas correntes, a terna e a sexual. Na primeira infância, as pulsões podem se satisfazer com os mesmos objetos, não há diferença entre eles. Somente após o período de latência, na puberdade, a força desses estímulos chega a seu ápice e deixa de ser autoerótica e familiar. Na puberdade, não existe harmonia entre o sensual e o terno, há uma luta entre essas duas correntes. Com os acontecimentos da puberdade, o sujeito precisa lidar com a conjunção dessas correntes, e este é o desafio. A reposta dada nessa batalha é a adolescência; o que foi recalcado é o protótipo do sexual, que retornará.

Na adolescência, o que está em jogo é a sexualidade, é a conjunção entre a corrente terna e sexual. O que retorna aí é o que foi recalcado da relação sexual entre o menino e sua mãe, entre a menina e sua mãe e, depois, seu pai. A menina tem que abrir mão do seu primeiro amor que é, para todo ser falante, a mãe, e se dirigir ao pai que possui o falo, e o menino não pode desejar a mãe porque pode perder o falo que possui. A simbolização para a menina passa por isso que não se tem, a do menino, por aquilo que se tem imaginariamente, então, "um elemento imaginário entra na dialética simbólica" (Lacan, 1999, p. 125).

Como afirma Freud, a menina, para possuir o falo, representado pelo desejo de ter um filho do pai, dirige o seu amor para o pai, e o menino, que já detém o falo, representado pelo pênis, recua diante do desejo de ter a mãe para não perder o falo. A questão dos seres humanos passa por quem imaginariamente possui o falo e quem não o possui. "Freud insiste nesse ponto: o falo não tem . . . o mesmo valor para aquele que possui realmente o falo, isto é, a criança masculina, e para a criança que não o possui, isto é a criança feminina" (Lacan, 1999, p. 125).

A história familiar nomeada de Complexo de Édipo é o que deve ser recalcado e que retorna na puberdade. Lacan relê o Complexo de Édipo a partir do discurso, da linguagem. Para explicá-lo, ele utiliza a Metáfora Paterna, na qual o significante materno é substituído pelo Nome-do-pai, inaugurando, assim, um sujeito desejante. No entanto, como Miller (2014) assinala, o Édipo não é uma solução única do desejo, mas sua forma normatizada pelo Nome-do-Pai que não esgota o desejo. Lacan (1992) procede a uma crítica do Édipo freudiano no seminário "O avesso da psicanálise", ao interpretar o complexo de Édipo como um sonho de Freud, como um desejo de Freud de salvar o pai.

Em Freud (1923/1969), é a comparação imaginária dos corpos que faz surgir a descoberta da castração do outro pela criança. A partir daí, o mundo se divide entre aqueles que possuem o pênis e estão submetidos à angústia de castração e aqueles que não o possuem e sofrem as consequências da inveja do pênis. Freud emprega pouco o termo falo, que ele diferencia do órgão, mas que não deixa de ser definido como referência para ambos os sexos: "para ambos os sexos entra em consideração apenas um órgão genital, ou seja, o masculino. O que está presente, portanto, não é uma primazia dos órgãos genitais, mas uma primazia do falo" (Freud, 1923/1969, p. 180). Entretanto, para cada um, os caminhos e as saídas da fase edípica serão diferentes.

Para Lacan, o falo não designa tampouco o órgão. No Seminário 18, ele é um semblante que indica a relação com o gozo. "O falo é, muito propriamente, o gozo sexual como coordenado com um semblante, como solidário a um semblante" (Lacan, 1971/2007, p. 33). Esse semblante tem uma função simbólica que define a posição do sujeito em relação ao desejo e é marcado pelo modo como os sujeitos se relacionam com a castração. Os homens são submetidos à castração e formam um conjunto. As mulheres não podem ser privadas do que elas não têm, não formam um conjunto. Segundo Lacan (1971/2009), não podemos definir um universal das mulheres. Os diferentes modos de lidar com a castração inauguram diferentes modos de gozo: o gozo fálico e o gozo outro que Lacan (1985) define como gozo feminino. É preciso dizer que ser biologicamente homem ou mulher não significa nenhuma relação predeterminada ao gozo sexual. Se dizer ou se acreditar homem ou mulher é questão de cada um e, para Lacan, não depende unicamente da questão edipiana: "A identificação sexual não consiste em alguém se acreditar homem ou mulher, mas em levar em conta que existem mulheres, para o menino, e existem homens, para a menina" (Lacan, 2009, p. 33).

Embora a psicanálise tenha nascido da escuta das histéricas, Freud (1933/1969) confessa que, após anos de reflexão e pesquisa, fica sem resposta em relação à pergunta: o que quer uma mulher? Sua conclusão não ultrapassa a inveja do pênis, ao qual a mulher jamais conseguiria renunciar. O desejo de um filho é um modo de responder a isso por meio da equivalência psíquica inconsciente entre o desejo de ter o falo e desejo de ter um filho. Desse modo, a mulher é, para Freud, irremediavelmente ligada a uma reivindicação fálica jamais satisfeita.

Segundo Lacan (2005), o resto da operação analítica não é o rochedo da castração, como afirma Freud, mas o objeto a. De acordo com Deltombe (2010), isso permite ao sujeito não permanecer prisioneiro do Édipo e encontrar uma solução singular segundo o que causa seu desejo. No Seminário 5, Lacan (1999) afirma que "Ele (Freud) não viu que a solução do problema da castração, tanto no homem quanto na mulher, não gira em torno do dilema de ter ou não ter o falo" (p. 465).

Todos os elementos do Édipo freudiano são retomados em Lacan (1999), no Seminário 5. Nele, Lacan reformula a questão da relação primordial à mãe nos seguintes termos: trata-se de se tornar o ser desejado ou não. O sujeito busca saber o que orienta o desejo da mãe para encontrar aí seu lugar. O pai é aquele que abre a possibilidade de um além da captação imaginária. Permanece o fato de que a relação mãe-filha continua a ser centrada na reivindicação fálica. Lacan, entretanto, distancia-se da posição dos pós-freudianos que atribuem uma importância excessiva à mãe ao caracterizarem a relação mãe-criança como dual. O que é essencial, para Lacan, é o fato de a mãe se situar como Outro primordial. Para o sujeito, trata-se de saber se ele se tornou desejado ou não, ele busca no desejo da mãe um lugar para se situar no Outro. É ao desejo do Outro que a menina é confrontada e sua angústia se faz presente diante deste desejo (Marcos, 2016).

Lacan (2005) encontra outra solução para o rochedo da castração mostrando que, tanto para o homem quanto para a mulher, o desejo de ter o falo é substituído pela questão do gozo que se localiza nos objetos a. Nessa época, a diferença entre os sexos se inscreve na relação respectiva do homem e da mulher em relação ao objeto a. No Seminário 20, Lacan (1985) situa a mulher como não-toda na dimensão fálica. Sendo assim, não há um significante que defina a mulher. Cada mulher tem uma relação particular com o Outro e o gozo (Derzi & Marcos, 2013).

Toda a trama que acontece na primeira infância é recalcada e o sujeito passa, após o recalque, a viver um período de latência em que as repostas simbólicas inventadas para essas questões são suficientes para o sujeito lidar com sua vida e seus objetos amorosos. Freud considera que até a puberdade não há uma clara diferenciação entre o caráter feminino e o masculino, na medida em que "a menina comporta-se como um menino". Na puberdade, emerge um gozo que desfaz essa antiga identificação. Os diversos desencadeamentos que ocorrem na puberdade testemunham que o estatuto mesmo da infância protege o sujeito dessas eclosões. Amparado no Outro, a criança pode sustentar-se a partir de uma identificação ao ideal parental. Nesse sentido, a identificação ao falo protege.

Na puberdade, em certa medida, o corpo fálico se desfaz e o sujeito se vê confrontado, a partir de um aumento da energia pulsional, às transformações corporais. Stevens (2004) fornece uma preciosa definição da adolescência como uma sintomatização da puberdade. Nesse sentido, a função da adolescência seria a sintomatização do excesso pulsional ao qual o adolescente se vê confrontado. Dito de outro modo, a adolescência seria a construção de um modo singular de fazer frente a essa força pulsional que atinge os sujeitos no momento da puberdade.

Essa força que surge impulsiona o sujeito à saída da infância, confrontando-o a questões como a diferenciação dos sexos e o questionamento sobre o seu lugar no mundo. Qual será sua invenção singular para encontrar um modo de se identificar com os ideais de seu sexo? Essas indagações atravessam o sujeito e ele é obrigado a rever o seu antigo lugar infantil e a se separar dele. A criança já fez a descoberta da castração, entretanto é somente "na puberdade que a polaridade sexual coincide com masculino e feminino" (Freud, 1923/1969, p. 184). A conclusão do sujeito sobre o seu lugar no mundo e sua pulsão é redirecionada para fora do núcleo familiar. Para que haja esse redirecionamento, é necessário viver, nesse período, a separação do par parental, já que, na infância, o sujeito se vê ligado a esse par, tentando ocupar um lugar de primazia nessa relação. Essa separação é considerada por Freud um acontecimento extremamente difícil de ser vivido.

Em seu prefácio à peça de Frank Wedekind, O despertar da primavera, Lacan afirma "Que o que Freud demarcou daquilo a que chama sexualidade faça um furo no real, eis o que se percebe pelo fato de que, como ninguém escapa ileso, as pessoas não se preocupem com o assunto" (Lacan, 2003, p. 558). O real do gozo que irrompe na vida dos personagens da peça é causa de múltiplos efeitos e passagens ao ato. Na peça, cada um vai, a seu modo, confrontado com a questão sexual, inventar uma resposta. É no Seminário 18 que Lacan anuncia sua famosa afirmação: "Não há relação sexual no ser falante" (Lacan, 2009, p. 60). Ele a desdobrará nos seminários subsequentes, os Seminários 19 (1971-1972) e 20 (1972-1973), e, ainda mais posteriormente, no Seminário 22 (1974-1975), no mesmo ano em que escreve o prefácio à peça de Wedekind. Lacan assinala que a questão da inexistência da relação sexual está no centro dessa peça.

Podemos dizer que o novo que surge no momento da puberdade é, na verdade, o reaparecimento, para o sujeito, de sua falha de saber no real. Trata-se da emergência de um novo para o qual o sujeito não tem reposta. A inexistência da relação sexual é a dificuldade de saber o que fazer quanto ao sexo, é a ausência de um saber quanto ao sexo.

A palavra rapport designa relação, laço entre objetos distintos, relação de semelhança, traços, elementos comuns. O termo relação sexual designa o ato sexual entre dois sujeitos e envia a uma ilusão de completude, de união entre dois elementos que fariam "Um" a partir do encontro. A fantasia de uma fusão entre dois seres no ato sexual é algo presente no imaginário cultural há muitos séculos, como testemunha o discurso de Aristófanes no Banquete de Platão, mito retomado por Lacan inúmeras vezes. No Seminário 19, Lacan (2012) evoca Aristófanes para afirmar a inexistência da relação sexual.

Mesmo se em Freud a questão da não-relação não seja anunciada enquanto tal, ela é subjacente ao longo da sua obra na medida em que ele destaca o fracasso do encontro sexual entre os homens e as mulheres. Lacan questiona o termo "relação sexual" evidenciando o que há de imaginário nessa expressão. No Seminário 16 (2008), ele aproxima a noção da relação ao escrito introduzido pela lógica, no sentido matemático. Uma relação é logicamente definida, o que implica que não há relação sexual no sentido estrito da palavra. Para que houvesse, seria necessária uma relação entre o signo do macho e o signo da fêmea. No Seminário 18, Lacan (2009) precisa que só existe questão lógica a partir do escrito, na medida em que o escrito não é linguagem e ele retorna a sua asserção "Não há relação sexual no ser falante" (p. 60), pois uma relação é o que pode se escrever. Se a relação sexual não pode se escrever, isso se deve à função do falo: "essa função do falo torna insustentável, doravante, a bipolaridade sexual, e insustentável de uma forma que literalmente volatiliza o que acontece com o que se pode escrever dessa relação" (Lacan, 2009, p. 62). O falo é o que separa os homens e as mulheres. Não há relação sexual.

Já dissemos anteriormente que os dois termos que se intitulariam de homem e de mulher são, a partir das suas respectivas relações com o gozo, heterogêneos. Faltam no real dois termos homogêneos, como na linguagem matemática, para que a relação sexual se escrevesse. Lacan (2012) anuncia no Seminário 19 que "Quando digo que não há relação sexual, formulo, muito precisamente, esta verdade: que o sexo não define relação alguma no ser falante" (p. 13).

O aforisma "Não há relação sexual" evidencia a recusa de Lacan em acreditar no "Um" da completude da relação sexual, denunciando-o como imaginário. Lacan vai progressivamente definir o gozo como Um, como solitário. É o que ele destaca na peça de Wedekind. Lacan (2003) se centra no real e no gozo em jogo no momento da irrupção das manifestações da sexualidade para cada adolescente. O escândalo da peça está justamente no fato de que ela revela a inexistência da relação sexual, exibindo o gozo Um, sem nenhuma relação entre um gozo e outro, encarnados nos personagens Wendla e Melchior.

As questões – ser homem ou mulher?; qual objeto escolher?; como existir de modo singular no mundo? – serão um enigma para o sujeito adolescente. Um enigma a ser tratado por ele em um tempo particular e lógico e respondido a partir da fantasia construída na infância. Nesse momento, há um deslocamento da libido que era direcionada para o próprio corpo e para o Outro parental, sendo essa ação orientada pela fantasia. "É a fantasia que domina a escolha de objeto, e ela corresponde perfeitamente ao que a criança construiu de saída ao longo de suas investidas sexuais." (Solano, 1997, p. 12). Essa construção é sempre uma ficção singular, uma invenção solitária do sujeito, que retorna como questão na adolescência para uma ressignificação do objeto a partir da fantasia já existente.

Na vida infantil, a criança inventa uma fantasia singular para tratar a perda do objeto que é, também, delimitado nessa construção. É a fantasia que orienta o sujeito e a criança constrói uma promessa falsa para si mesma: "quando eu for adulto, terei o que não tenho hoje". O período de latência, no qual o sujeito vive "certa tranquilidade psíquica", é, de um certo modo, um intervalo feito pelo sujeito. Finalizando esse período, é "restabelecida" a ligação originária com o objeto, sendo essa ligação ressignificada. Enfim: "o encontro do objeto é, na verdade, um reencontro" (Freud, 1905/1969a, p. 210).

Na puberdade, essa promessa é revista e há uma "articulação do eu ideal e do ideal do eu . . . . O momento púbere é um momento em que, com efeito, o narcisismo se reconfigura" (Miller, 2015, p. 3) e a promessa feita a si mesmo é rearticulada. Mesmo com a falha da fantasia, isso não significa sua destituição ou dissolução, mas principalmente sua rearticulação.

Esse trabalho do adolescente é difícil e angustiante. Mesmo com a construção da fantasia infantil, mesmo se valendo de recursos para lidar com a sexualidade e com o saber oferecido pelo Outro, o reencontro com o objeto não é sem dificuldades.

Sendo assim, a adolescência, para a psicanálise, "pode, talvez, ser estudada como o tempo de concluir, em torno do qual se subjetiva para o sujeito seu ser sexual e também o tempo em que se operará a escolha definitiva do objeto, orientada fundamentalmente pela fantasia" (Solano, 1997, p. 8). Momento de separação do Outro parental e de identificação com os ideais do seu sexo. Dito de outro modo, momento de subjetivação do seu ser sexual, tanto para Freud como para Lacan.

 

Ato e acting out na puberdade: "a gente engravida"

Freud (1914/1969), no texto "Recordar, repetir e elaborar", afirma que, em muitos momentos, os sujeitos repetem em ato o que não é possível ser dito. Essa é uma das formas do sujeito se apresentar no mundo. Os adolescentes, muitas vezes, ao criarem maneiras de se separar do Outro parental, dizer de si e tentar responder a um gozo incompreensível, utilizam o ato.

É necessário nos perguntarmos como o púbere vai lidar com sua travessia. Qual preço ele terá que pagar ou está disposto a pagar para ultrapassar essa fase, esse momento tão delicado que é "o do encontro do sujeito com o desejo sexual, a etapa do remanejamento da vida sexual infantil e da escolha do objeto de amor" (Lacadée, 2011, p. 28), além a separação do par parental. Em muitos momentos, seja na vida infantil, na adolescência ou na vida adulta, vemos que onde faltam as palavras surge o ato, seja por meio da violência, como nos atos infracionais, ou por meio de outros atos.

Sobre o acting out, Freud (1914/1969) afirma: "Podemos dizer que o paciente não recorda coisa alguma do que esqueceu e reprimiu, mas expressa-o pela atuação ou atua-o ('acting it out'). Ele reproduz não como lembrança, mas como ação; repete-o, sem, naturalmente, saber que o está repetindo" (p. 165). Freud esclarece que o acting é uma ação do sujeito que se repete no decorrer de um certo tempo e é direcionada a um Outro, podendo ser o analista ou outra pessoa.

O ato, por outro lado, não é dirigido ao Outro e está do lado do sujeito. "O momento da passagem ao ato é o do embaraço maior do sujeito, com o acréscimo comportamental da emoção como distúrbio do movimento" (Lacan, 2005, p. 129). O sujeito se precipita, sai da cena que causa tanto embaraço e retorna renovado, "o que talvez lhe dê ensejo de ser valorizado. A partida é justamente a passagem da cena para o mundo" (Lacan, 2005, p. 130).

São dois casos freudianos de jovens adolescentes que permitem a Lacan (2005) delimitar e diferenciar passagem ao ato e acting out: "Dora" (Freud, 1905/1969b) e "A jovem homossexual" (Freud, 1920/1969). As duas aproximam-se pela idade. São jovens que, quando chegam ao tratamento com Freud, estão no limiar do mundo adulto e é a partir das questões sobre o sexo que começam seus tratamentos. São púberes que se perguntam sobre seu lugar no mundo, precisam se separar do Outro parental e lidar com o próprio sexo e o sexo oposto. O adolescente precisa atravessar essa fase para inventar o seu lugar no mundo e essa é uma travessia praticamente solitária, pois ele "deve assumir, quase sempre sozinho, sua identidade sexual" (Lacadée, 2011, p. 30).

No caso Dora, há no quarteto amoroso vivido entre ela, seu pai, o Sr. K. e a Sra. K., a montagem de uma cena na qual se revela a mostração e a provocação diante do olhar do Outro. Essa encenação implica, segundo Lacan, um acting out. A amizade de Dora e de seu pai pelo casal encobre uma trama complexa de relações. A Sra. K mantém com o pai de Dora um caso amoroso. Dora encontra-se assim oferecida aos galanteios do Sr. K., que lhe faz a corte. Nessa história, cada um se faz cúmplice do outro: o pai fecha os olhos, Dora encobre as relações de seu pai com a Sra. K. O momento em que o Sr. K se declara para Dora à beira do lago e lhe diz que sua mulher não era nada para ele marca a ruptura do quarteto. Dora responde com uma bofetada e se torna insuportável, chegando a ameaçar suicídio. É assim que ela chega à Freud. A bofetada, identificada como uma passagem ao ato, implica uma retirada da cena, um corte na história. Se o acting out se estende na sedução endereçada ao Sr. K., essa encenação se desfaz na cena do lago, na qual, após a revelação de que a Sra. K. não era nada para ele, Dora se vê reduzida a nada. Sua única saída é sair da cena.

No caso da jovem homossexual, Lacan (2005) se refere à tentativa de suicídio ao pular da ponte como uma passagem ao ato. A jovem havia se interessado por uma dama mais velha, de reputação duvidosa. Ela lhe faz a corte oferecendo-lhe flores e devoção. O desafio implicado nessa relação era acentuado por passeios ostensivos na companhia da dama pelas proximidades do local de trabalho de seu pai. Todo esse movimento em torno dessa mulher configurava um acting out, montando uma cena e sua exibição. O caso amoroso da jovem com a dama não é mais que um acting out endereçado ao Outro paterno.

A partir desses dois casos, Lacan (2005) destaca a orientação para o Outro presente no acting out. No caso Dora, todo o seu comportamento ambíguo com o Sr. K. e, no caso da jovem homossexual, toda a sua aventura com a dama, são acting out. Este é uma figura de encenação, uma exteriorização pela via do ato, ele mostra pelo ato aquilo que não foi demonstrado pela via simbólica. A presença da encenação no acting out indica não apenas a presença do Outro, mas também o endereçamento ao Outro e, nesse sentido, está vinculado à dialética do inconsciente.

Um belo dia, o pai cruza com a filha em um de seus passeios na companhia da dama cortejada. O pai lança um olhar enfurecido à filha e a dama lhe pergunta então quem era aquele senhor. Sabendo que se tratava do pai da jovem, a dama lhe propõe interromperem seus encontros. Neste instante, a jovem joga-se da ponte caindo na linha de trem que passava embaixo. Identificada com o objeto a (olhar), a jovem segue o destino do objeto que é separar, cair.

Freud (1920/1969) busca compreender a tentativa de suicídio da jovem a partir do equívoco significante presente no verbo niederkommen (cair, parir). Porém a passagem ao ato subtrai o sujeito do registro do simbólico para situá-lo no lugar do real. O sujeito deixa de ser um significante que se representa para outro significante, para ser aquilo que escapa à simbolização, identificando-se ao objeto a. A passagem ao ato indica o rechaço do inconsciente, pois temos uma ruptura radical, um rasgo na linguagem, ocorrendo a desaparição do cenário e do espectador, apontando algo que ultrapassa o sujeito.

Dora identifica-se ao nada assim como a jovem homossexual identifica-se ao olhar enfurecido do pai. O nada e o olhar são as duas formas do objeto que surgem em ambos os casos. Diante da angústia que surge, Lacan afirma que o sujeito encontra-se embaraçado. Ele está fora de toda representação possível. A bofetada de Dora faz que todos a considerem doente e a harmonia do quarteto se rompe. Essa saída da cena, que vemos em Dora, é a própria estrutura da passagem ao ato. A tentativa de suicídio da jovem homossexual segue a mesma estrutura. Reduzida a nada, ela pula da ponte. O ato é uma saída da determinação simbólica, um furo na ordem simbólica.

Durante uma Conversação1, as adolescentes abordam questões relativas ao tráfico, às drogas, aos atos infracionais, ao amor e ao aborto. Nesse encontro, estão presentes: as adolescentes, uma fisioterapeuta, uma advogada, a secretária da instituição e uma psicanalista.

Uma das adolescentes está grávida de um rapaz envolvido com o tráfico. Ela é questionada, pelas adolescentes, sobre o seu lugar nesse namoro e no tráfico de drogas. As adolescentes afirmam que "namorar com esse rapaz não é bom" e que ela pode ser considerada traficante se estiver junto a ele. Ela discorda dessa fala e a advogada presente intervém: "Se você for pega pela polícia junto a ele, você vai ser presa, terá que responder por isso". Ela responde imediatamente: "Eu não! Eu não fiz aborto".

No decorrer da Conversação, elas passam a nos dizer que queriam ter filhas mulheres, que queriam ter "meninas e não meninos". Há uma insistência nessa questão, ao dizerem-nos que "menina era sempre melhor". Ao questionarmos isso, elas respondem: "ter menino é muito perigoso, tem o tráfico, tem as drogas".

As adolescentes relatam o "perigo" de terem meninos, dizendo-nos da morte, das prisões e dos atos violentos, ao que interpelamos: "se os meninos vão para o tráfico, se há tanto perigo e violência e as meninas não entram nisso, o que as meninas fazem?". Após um pequeno silêncio, uma responde e as outras confirmam: "A gente engravida!".

A adolescente, ao ser colocada como traficante pelas outras junto ao parceiro, como infratora e detentora das drogas, retira-se disso, dizendo: "Eu não! [não vou ser presa] Eu não fiz aborto!". Para essa adolescente, embora estivesse envolvida com atividades ligadas ao tráfico, mesmo que por intermédio do seu parceiro, o ato infracional ao qual caberia a ela responder seria um aborto, ato considerado ilegal no Brasil até o momento2. Com essa fala, ela explicita que, para as adolescentes dessa Conversação, existe uma diferença entre a menina e o menino em relação a um ato infracional. Isso nos mostra que as adolescentes questionam o que seria "a menina enquanto menina e o menino enquanto menino" (Miller, 2015, p. 3), como se houvesse algo predeterminado.

No texto "Em direção à adolescência", Miller (2015) reafirma a lógica freudiana que nos diz que há uma predisposição a uma posição feminina e a uma posição masculina desde a infância. Freud "observa, a esse respeito, que as inibições da sexualidade e a tendência ao recalque são maiores na menina. A menina se apresenta mais pudica que o menino" (Miller, 2015, p. 2). Haveria, então, uma diferenciação sexual, talvez observada pelas adolescentes que localizam essa diferença a partir de um predeterminismo biológico, e não uma construção infantil, como nos ensinou Freud.

Ser um menino ou uma menina é uma construção. A psicanálise não reconhece o biológico como uma orientação, portanto, a questão não é nascer menino ou menina como afirmam as adolescentes. Para a psicanálise, o que importa é a construção do sujeito em relação a ter ou não o falo e às imagos infantis e, para além disso, sua posição em relação à castração e ao gozo. O nascimento como macho ou fêmea não determina para uma criança seu lugar de homem ou mulher. O que há é uma construção infantil. Assim, o que orienta o sujeito na adolescência é essa construção que foi feita de forma singular, é o modo como o sujeito reconhece o seu lugar e o seu corpo, modo que deve ser ressignificado para lidar com a pulsão, terna e sexual, que deve ser direcionada ao mundo fora do universo familiar. Na puberdade, ocorre "tanto para Freud como para Lacan, . . . uma escansão sexual, uma escansão no desenvolvimento, na história da sexualidade" (Miller, 2015, p. 3).

A partir das falas das adolescentes na Conversação, que continua girando em torno dos atos infracionais em que "os meninos vão para o tráfico e as meninas engravidam", nos perguntamos sobre esse modo de agir, pois a puberdade, enquanto um gozo sem nome, pulsa no corpo do sujeito. Podemos afirmar, de acordo com a psicanálise, que a puberdade se apresenta em um modo de agir, seria o corpo com seu novo modo, sem uma nomeação particular.

Os adolescentes agem e, em alguns casos, sua resposta para encontrar uma solução para o seu ser de homem e para a sua virilidade se dá por meio dos atos infracionais. Assim, vender drogas, fazer parte de uma gangue, "crescer nas funções do tráfico", faz que ele ocupe um lugar na sociedade e na comunidade, é uma resposta viril sobre seu ser de homem, além de poder ser, também, um modo de convocar o olhar do Outro, um apelo ao Outro, por meio das infrações.

As adolescentes nos dizem, nessa Conversação, que a resposta que encontram não se dá pela via do tráfico ou das gangues, embora elas possam estar envolvidas com isso3. Para serem vistas, escutadas e ocupar um lugar na sociedade, algumas engravidam. A gravidez não é um ato infracional, mas é considerada, pelas políticas públicas, um problema a ser prevenido e tratado.

 

Considerações finais

O modo como os adolescentes agem pode ser uma ação direcionada ao Outro, um apelo ao Outro, um acting e, portanto, atos a serem escutados. Em alguns casos, o apelo a ser escutado pelo Outro se apresentaria sob a forma de uma gravidez para as adolescentes, e sob a forma de atos infracionais convencionais, como descrevemos anteriormente, para os adolescentes. A adolescência é o momento de subjetivação do seu ser sexual.

É na medida em que a função do homem e da mulher é simbolizada, é na medida em que ela é literalmente arrancada do domínio imaginário para ser situada no domínio simbólico, que se realiza toda posição sexual normal, consumada. É pela simbolização a que é submetida, como uma exigência essencial, a realização genital – que o homem se viriliza, que a mulher aceita verdadeiramente sua função feminina. (Lacan, 1988, p. 208)

Se para os adolescentes o ato infracional pode ser um modo de se situar enquanto homem, para as adolescentes, a gravidez poderia ser uma tentativa de responder à pergunta: o que é ser uma mulher? Quando algumas dessas adolescentes engravidam, elas tentam encontrar uma resposta ao que é ser uma mulher pela via do falo que, como sabemos, não esgota a questão para ela. Gravidez e feminino ou maternidade e feminino não são termos coincidentes. Lacan vai além da conclusão freudiana que afirma uma equivalência entre o feminino e a maternidade. No entanto, a resposta dada pelas adolescentes: "A gente engravida" parece funcionar como uma tentativa, por meio do ato, de se inscrever como mulher, diferente da menina, a partir da maternidade.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência
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30160-011 – Belo Horizonte – MG – Brasil.

renatalucindopsi@yahoo.com.br
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30160-011 – Belo Horizonte – MG – Brasil. 

Recebido em setembro/2017.
Aceito em abril/2018.

 

 

NOTAS

1. Dispositivo criado por Jacques Allain-Miller, em 24 de julho de 1996, baseado na associação livre e utilizado pelo Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Criança (Cien), com o objetivo de pesquisar as questões que atravessam crianças e adolescentes. Essa Conversação, em uma organização não governamental que acolhe gestantes, foi realizada entre os anos 2007 e 2008.
2. No Brasil, o aborto é considerado como crime contra a vida humana, com algumas ressalvas, pelo Código Penal Brasileiro em vigor desde 1984, conforme os artigos 124 a 128 (https://bit.ly/18kAH0G).
3. Não trataremos, neste artigo, dos modos como os adolescentes rapazes fazem sua travessia na adolescência, mas indicamos como referência, aos interessados, a tese de doutorado A clínica psicanalítica do ato infracional: os impasses da sexuação na adolescência (Zeitoune, 2010).

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