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Estilos da Clinica

Print version ISSN 1415-7128On-line version ISSN 1981-1624

Estilos clin. vol.25 no.1 São Paulo Jan./Apr. 2020

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i1p123-134 

10.11606/issn.1981-1624.v25i1p123-134

ARTIGO

 

A infância sob o fantasma dA-Criança: imperativos de gozo de nossa época

 

La infancia bajo el fantasma dEL-Niño: imperativos del gozo de nuestra época

 

Childhood under the phantom of The Child: imperatives of enjoyment of our time

 

 

Flávia Tridapalli BuechlerI; Michele KamersII

IPsicóloga, pós-graduanda em Psicanálise, Sujeito e Laço Social do Hospital Santa Catarina de Blumenau em parceria com a UNIFEBE, Blumenau, SC, Brasil. E-mail: flaviatbuechler@gmail.com
IIPsicanalista, coordenadora dos cursos de Pós-Graduação em Psicanálise, Sujeito e Laço Social, Psicopatologia Infância e Adolescência, e Psicologia Hospitalar e da Saúde do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Blumenau, SC, Brasil. E-mail: michelekamers@yahoo.com.br

 

 


RESUMO

Por meio da psicanálise e de sua interface com o campo da educação, este trabalho busca discutir o que a clínica com crianças revela acerca do mal-estar e dos imperativos de gozo produzidos pelos discursos dominantes de nossa época: o discurso da tecnociência e do capitalismo. Para tanto, destaca o lugar que a infância ocupa no projeto social moderno, a representação idealizada dA-Criança (Lajonquière, 2008, 2010) e a promessa ilusória de completude que o saber especializado e a lógica do mercado sustentam ao rechaçar o mal-estar estruturante do humano e da vida societária. Nesse sentido, reflete sobre a objetificação da criança-sujeito, o risco da não elaboração do luto dA-Criança maravilhosa e o posicionamento ético da clínica psicanalítica.

Palavras chave: infância, educação, psicanálise, época.


RESUMEN

A partir de los estudios psicoanalíticos en el campo de la educación, este artículo busca discutir lo que la clínica con niños revela sobre el malestar y los imperativos de gozo producidos por los discursos dominantes de nuestra época: el discurso de la tecno-ciencia y del capitalismo. Con este fin, destaca el lugar que ocupa la infancia en el proyecto social moderno, la representación idealizada dEL-Niño (Lajonquière, 2008, 2010) y la ilusoria promesa de integridad que el conocimiento especializado y la lógica del mercado sostienen para rechazar el malestar estructural del humano y de la vida social. En este sentido, reflexiona sobre la objetificación del niño- sujeto, el riesgo de no elaborar el duelo dEL-Niño maravilloso y el posicionamiento ético de la clínica psicoanalítica.

Palabras clave: infancia, educación, psicoanálisis, época.


ABSTRACT

Through psychoanalysis and its interface with the field of education we seek to discuss in this paper what the clinical work with children reveals about the malaise and the imperatives of enjoyment produced by the dominant discourses of our time: the discourse of technoscience and of capitalism. To this end, the paper highlights the place childhood occupies in the modern social scheme, the idealized representation of The Child (Lajonquière, 2008, 2010) and the illusory promise of completeness that specialized knowledge and the logic of the market hold in rejecting the structural malaise of human and social life. In this sense, it reflects on the objectification of the child-subject, the risk of not elaborating the wonderful Child bereavement and the ethical positioning of the psychoanalytical clinic.

Keywords: childhood, education, psychoanalyses, time.


 

 

A passagem por dois projetos de extensão universitária ainda durante o curso de graduação em psicologia proporcionou encontros com o cotidiano da clínica com crianças e suas vicissitudes. A partir do acolhimento de pais que demandavam atendimento a seus filhos, observaram-se queixas e perguntas muito semelhantes com relação à criança, bem como uma demanda hegemônica de um saber especializado para responder a estas. O que nos provocava surpresa, na medida em que esse Outro – que pensávamos tão «familiar» à criança (pais e educadores) – não apenas liam como «estranhos» os comportamentos de suas crianças, mas também se sentiam paralisados frente a ela.

Já formada e atuando como psicóloga em uma instituição de saúde privada, o encontro com o cotidiano da clínica com crianças continua a acontecer, e, novamente, a escuta dos pais permite-nos perceber que o mal-estar decorrente do comportamento da criança persiste de forma perturbadora para os adultos que a acompanham, evidenciando, mesmo diante de um considerável intervalo de tempo entre os dois serviços, um mal-estar cada vez mais evidente.

A reflexão proposta neste artigo surge com base em interrogações derivadas do atendimento clínico com pais e crianças, juntamente com a leitura de produções teóricas sobre a infância, seu surgimento e o modo como esta repercute tanto no discurso especializado como no discurso social atual. Para tanto, empreendemos as referências teórico-práticas da psicanálise a partir das obras de Freud e Lacan, articulando-as com autores e pesquisadores que discorrem sobre o campo da Psicanálise e Educação.

A psicanálise foi decisiva para a mudança do olhar sobre o humano. Considerado um revolucionário ao anunciar que o indivíduo não é mais senhor da própria morada, Freud desvela ao mundo a dimensão do sujeito do inconsciente, estruturalmente dividido/fal(t)ante. O inconsciente estruturado como linguagem, inaugurado por Freud e conceitualizado por Lacan, "é vazio, é efeito de discurso, descentrado e tem como marca de origem a negatividade" (Kupfer, 2007, p.124). O sujeito da psicanálise é aquele que inevitavelmente não escapa do mal-estar e do mal-entendido estruturantes da sociedade e da condição humana. Desde a psicanálise, todo sintoma é social, justamente à medida que ele denuncia o mal-estar do laço social de uma época. O próprio surgimento da psicanálise sinaliza essa relação, pois quando Freud pôs-se a escutar as histéricas de sua época, ele escutou mulheres que resistiam de maneira sintomática ao imperativo moral e obsessivo do discurso daquele laço social (Marcon, 2018).

Ao descentralizar a racionalidade humana e ao retirar o sintoma da dimensão exclusivamente individual e biológica nomeando-o também como efeito de discurso, a psicanálise começa a posicionar-se de maneira muito particular dentro da ciência. Não menos ou mais científica, mas denunciando, assim como o sintoma, o que o imperativo discursivo de um laço social de uma época insiste em não querer saber.

O campo da Psicanálise e Educação tem-se debruçado sobre os efeitos das transformações sócio-históricas acerca da representação social da infância a partir da Modernidade, ressaltando as incidências do discurso da tecnociência e do capitalismo no posicionamento da criança como objeto. Sobre isso, algumas referências teóricas desse campo ajudam-nos a pensar.

Como salienta Lajonquière (2008, 2010), o fantasma dA-Criança ideal "virou parâmetro comportamental onipresente na vida junto a esses seres pequenos, que temos o hábito, até agora, de chamarmos de crianças" (2010, p.19). Voltolini (2011a), ao descrever como a psicanálise adentrou o campo da educação, adverte-nos da impotência de um modelo, qualquer que seja, que molde a criança à imagem e semelhança de um ideal. Kamers (2013a) discute de que maneira a escola converteu-se em um dispositivo regulador da inclusão/exclusão da criança no domínio do discurso médico-psiquiátrico e a medicina o dispositivo regulador do normal e do patológico sobre a criança no laço social atual, sendo a infância a estrutura social de entrecruzamento e retroalimentação desses dois campos. Cirino (2015) evidencia o reducionismo do sujeito ao funcionamento de seu organismo, em que o conhecimento médico- psiquiátrico negligência as "questões políticas, sociais, culturais e subjetivas que afligem a vida humana" (p. 32). Por fim, Voltolini (2016) adverte-nos do equívoco em "superpor os campos da ciência e da prática social, pois enquanto o primeiro trata de um objeto o último trata de sujeitos" (p. 28).

Se entendermos, por meio da psicanálise, que os sintomas que nos trazem os pacientes no cotidiano da clínica denunciam os efeitos de um imperativo discursivo social, e se observarmos o advento da clínica com crianças e o mal-estar com relação à infância a partir do advento das sociedades industriais, do capitalismo e do individualismo moderno, nada mais pertinente do que nos interrogarmos sobre a função que a infância começa a ganhar a partir dessa nova organização social, colocando-nos inevitavelmente frente à pergunta: o que o cotidiano dessa clínica revela-nos acerca do mal-estar e dos imperativos de gozo produzidos pelo discurso tecnocientífico e capitalista de nossa época?

 

Modernidade, laço social e discurso hegemônico

No texto Psicologia das massas e análise do eu (1921/1996), Freud aponta que toda psicologia individual é, ao mesmo tempo, psicologia social. Desde a psicanálise, a relação entre o eu e o outro é estreitada pela noção de discurso; este é caracterizado por um sistema simbólico, envolve precisamente a noção de significante e opera na constituição do sujeito e na determinação de uma forma de laço social. Diversos são os autores que se têm ocupado sobre os efeitos da Modernidade no laço social a partir do advento do capitalismo: Roudinesco (1999/2000), Bauman (2000/2001) e Lebrun (2001/2004) servem de exemplo.

O laço social contemporâneo aparece marcado por dois discursos dominantes, a saber: o discurso do capitalismo e o discurso da tecnociência. O primeiro caracteriza-se pela lógica de produção e do consumo, assim como comporta a promessa de que a felicidade, a satisfação plena e o sucesso pessoal podem ser atingidos via aquisição de objetos ofertados pelo mercado. O segundo caracteriza-se pela generalização da técnica e ascensão da ciência positivista, que reconhece o sujeito apenas como ser de razão e de comportamento ao considerar problemas sociais e relacionais somente a partir de soluções técnicas e individuais, instituindo um modelo ideal de sujeito ao qual todos devem referenciar-se.

Kehl (2002) ressalta que, neste novo mundo, as mudanças não ocorreram apenas em termos socioeconômicos, mas houve também uma mudança no que diz respeito ao campo simbólico que situa o sujeito no laço social. A partir da revolução francesa, o homem começou a organizar- se e a construir seu lugar de forma diferente no laço social, sendo essa diferença apenas possível devido a um novo discurso que começou a circular. Se nas sociedades tradicionais o discurso religioso imperava como detentor do saber e criador das leis, a partir da Modernidade quem ocupa esse lugar é o discurso da tecnociência e do capitalismo. Isso equivale a dizer que, ao final do século XX, os novos ideais que começam a sustentar o projeto social moderno estão vinculados aos valores do mercado, da ciência positivista e do uso da técnica.

A interface psicanálise e educação há tempo acompanha e pesquisa os efeitos desses dois discursos dominantes que, desde a Modernidade, impactam em todo o campo da ação e existência humana. No que concerne à infância, destaca-se o novo lugar que a criança vem a ocupar, pensada nessa ordem não apenas como consumidora dos produtos ofertados pelo mercado, mas como matéria-prima por meio da qual se fabricam novos produtos a partir do discurso da tecnociência.

Na posição de consumidora, a criança torna-se foco de várias indústrias, por exemplo, a indústria do sucesso que produz a necessidade de investir no desempenho cognitivo- comportamental por meio de manuais, técnicas e jogos específicos que as tornarão mais assertivas, mais inteligentes e mais produtivas. Ou como no caso da indústria do saber especializado em que psiquiatras, psicólogos, psicopedagogos, entre outros, utilizam-se da criança como matéria-prima para a produção da criança ideal. Sem dificuldade, pode-se perceber que, nessa lógica, a criança é objetificada, visto que, sob as circunstâncias descritas, ela aparece apenas como objeto dos imperativos discursivos parentais e sociais em que a criança fica exposta ao efeito mais radical desses discursos, pois, na prática, a criança passa a ser consumida. Vale lembrar que, na língua portuguesa, o adjetivo consumido também significa destruído, devastado, aniquilado.

Dito de outro modo, encontramos, nesse tipo de narrativa, uma criança imaginada fora do registro do mal-estar, aquele mesmo que Freud (1930/1996) caracterizou como estrutural e estruturante da vida societária. Ou seja, o problema não está no fato de os pais desejarem algo para seus filhos, mas na promessa de que todo e qualquer mal-estar possa ser evitado desde que submetido às leis do mercado e das técnicas.

De acordo com Pereira (2011), os imperativos discursivos atuais produzem ao menos dois efeitos: 1) a objetalização do sujeito; 2) a determinação de quem está dentro e de quem está fora do laço social. Nesse sentido, o autor refere:

As crianças-sujeitos de hoje, [...] são educadas para viverem em uma sociedade que as objetaliza. De um lado, aplicamos sobre elas um saber universal, científico, classificatório que obedece a um imperativo epistemológico, próprio do discurso universitário; do outro, induzimo-las ao individualismo consumista, a gadgetsou a objetos de gozo que obedecem a um imperativo do 'ter' para não serem segregadas, apartadas, postas de lado, próprio do discurso capitalista. (p. 307).

À vista disto, é possível entendermos que a lógica que rege o discurso da tecnociência e do capitalismo que governam o laço social atual segue duas vertentes para determinar quem nele fica e quem dele sai: 1) a partir do imperativo do ter, por meio do gozo imediato, sem barra e a qualquer custo, em que o capital representa a mestria e 2) a partir do imperativo da norma, por meio da classificação e naturalização dos sujeitos, em que a mestria é representada pelo saber especializado.

 

Das crianças de carne e osso à criança ideal: imaginário social e violência

A história mostra-nos que o surgimento de um sentimento de infância não se deu ao acaso, pelo contrário, constituiu-se devido a uma funcionalidade que lhe foi atribuída. Desde Ariès (1981), sabe-se que, a partir de movimentos sócio-históricos, foi concedida à infância um lugar muito particular onde a criança passou a ser reconhecida como promessa do vir a ser adulto. Trata-se de movimentos, cujos efeitos não se limitaram às particularidades geracionais, mas incidiram diretamente sobre o projeto social moderno.

À medida que a infância começou a ser valorizada através da promessa de futuro atribuída à criança, os campos de organização e ordenamento da sociedade começaram a mobilizarem- se, transformando a criança em objeto de controle, intervenção e prevenção do campo médico e educacional.

No campo da saúde mental, Cirino (2001) destaca os trabalhos de Kanner (1971), Ajuriaguerra (1980) e Bercherie (1983) para analisar o surgimento da psiquiatria infantil no início do século XX e o modo como essa clínica nasceu com conceitos e métodos próprios apenas na década de 30, sendo a partir das mobilizações produzidas sobre o projeto social moderno que pudemos vislumbrar o surgimento de um discurso especializado sobre a criança e sua infância. Organizados a partir da mestria do discurso médico-psiquiátrico, começaram a ocupar-se da criança visando à possibilidade de prevenir, desde a infância, a incidência da loucura no adulto.

No campo da educação, Kamers (2013b) destaca os trabalhos de Bercherie (1983) e Donzelot (1986) para analisar o modo como a Igreja e o Estado tornaram-se representantes de um movimento moralizante em que a educação foi nomeada como garantia da ordem pública, a criança como objeto privilegiado da educação e a escola como instituição de profilaxia da loucura no adulto, analisando de que maneira a escola converteu-se em um dispositivo agenciador da criança e de sua família através do discurso médico-psiquiátrico.

À vista disso, é possível perceber a maneira como o discurso da tecnociência via saber especializado começa a apropriar-se do projeto social de transformar o recém-chegado à imagem e semelhança de um modelo ideal. Com isso, surge a "boa" forma dA-Criança, demandada pelo Estado, criada pela ciência positivista, vendida pelo mercado e sustentada pelo discurso a partir de um saber que reconhece o sujeito apenas como ser racional e comportamental, de uma imagem que sustenta a forma ideal do que deve ser uma criança e sua educação, das metodologias que rechaçam o mal-estar inerente ao ser humano e à vida societária, e de discursos que prometem aquilo que Freud anunciou como impossível: uma forma ideal de completude e pleno desenvolvimento, em que não há conflito, não há falta e, consequentemente, não há sujeito.

A "boa" forma dA-Criança implica uma demanda impossível de realizar-se. Trata-se de uma promessa da realização narcísica do sonho adulto de completa satisfação e bem-estar que lança a criança real para fora do laço social, pois demanda dela, à moda Procusto, o assassinato do sujeito em nome de um ideal.

Nesse contexto, a produção discursiva do fantasma dA-Criança assombra todas as crianças de carne e osso em que se projeta a possibilidade de materialização desse ideal (Lajonquière, 2008, 2010). A palavra assombrar não é utilizada por acaso, visto que, além de provocar medo, também significa cobrir de sombra, tornar triste e de pouca valia. Dessa maneira, todo e qualquer discurso que sustente a fantasia de completude lança sombra sobre as possibilidades do advento da criança-sujeito e sua singularidade, contexto em que a infância, a princípio, abrigo de todas as crianças, passa a acolher somente uma: A-Criança. Aqui, a generalização da "boa" forma e da técnica deixa à mercê não somente a criança de carne e osso, mas cada adulto que não se reconhece ou não é reconhecido desde seu saber singular ou transmissão em relação a sua criança.

Assim, capturados pela promessa de completude ofertada pelo discurso da tecnociência e do capitalismo, restou aos adultos, pais das crianças de carne e osso, a posição de sentirem-se paralisados, culpados e impotentes em relação ao ideal, já que os únicos detentores do saber sobre A-Criança seriam os especialistas. Dito de outro modo, se no encontro entre o adulto e a criança o que impera é o fantasma dA-Criança, o que restará à criança de carne e osso é uma transmissão genérica e vazia que tornará a sua educação um fato de difícil acontecimento (Lajonquière, 2008, 2010).

Como podemos observar através das queixas e demandas dos pais com relação à criança que é levada para atendimento: pais que, capturados pelo mal-estar com relação ao comportamento da criança, mal conseguem construir qualquer hipótese sobre o que se passa com seu filho, o que demonstra a insuportabilidade dos pais em lidar com as crianças quando elas demonstram também serem marcadas pelo registro da falta, da incompletude e do mal-estar.

Nesse sentido, é possível perceber a maneira como a narrativa dos adultos chancela o fantasma dA-Criança que não leva em consideração questões históricas, sociais, culturais e subjetivas inerentes à vida humana, pois A-Criança é constituída sobre categorias fictícias, fora do tempo e da história, é naturalizada e completa (Lajonquière, 2008, 2010).

Há, nessa forma naturalizada e objetificada de compreender as crianças, algo que as violenta em vez de abrigá-las nesse período particular que é a infância e que tem sua relevância reconhecida na vida de cada sujeito. O caráter violento desses discursos que atualmente sustentam os imperativos de gozo de nossa época aparece quando as crianças de carne e osso desaparecem na sombra dA-Criança. Como afirma Pereira (2011), esse fantasma socialmente inflacionado faz da criança-sujeito uma criança universal e, por isso, invisível, invisibilidade que a deixa fora do campo da circulação da palavra e a lança para fora do laço social.

 

Freud e a impossibilidade da educação

A partir da Modernidade, podemos perceber a maneira como a infância, além de surgir como estrutura social, também começa a ser alvo de categorias fictícias, idealizadas por um discurso dominante que inflaciona o imaginário social dessa época. Isto não é sem importância, pois revela que a infância surge em uma época em que não se espera pouco das crianças, pois é sobre elas que são depositados todos os ideais sociais de um futuro promissor.

Lajonquière (2008, 2010) aponta que A-Criança, letra maiúscula por representar a criança ideal do imaginário social, é dotada de capacidades que conseguem responder à demanda impossível do ato educacional. Ela é nomeada pelo autor como mito morto ao não abrir caminhos, já que, dessa rigidez imaginária na qual se constitui, o registro da falta não opera, este que é responsável pelo reconhecimento da diferença e pela nossa constituição como sujeito de fala e desejo. Assim, A-Criança fecha caminhos por não deixar que a palavra circule, a palavra que é marca de desejo e de nossa sujeição à castração.

Pais, médicos, educadores e a sociedade de modo geral reforçam o ideal dA-Criança ao procurarem nas crianças de carne e osso os traços que dão consistência à fantasia científica de completude e à fantasia do mercado de gozo imediato (Passone, 2016). Reduzindo as crianças

ao modelo ideal dA-Criança, evidencia-se o caráter violento desses dois discursos que, ao naturalizarem a criança-sujeito, tornam possível, via rechaçamento da falta, da diferença e do desejo, a objetificação da criança. Dessa maneira, os imperativos discursivos atuais insistem em negligenciar o impossível, fazendo da infância o seu campo experimental para a "boa" forma dos adultos do futuro.

Para exemplificarmos como essa lógica incide sobre o discurso daqueles que se ocupam das crianças, basta repararmos no cotidiano dos que se implicam com a clínica da infância, em que, na grande maioria dos casos: 1) a manifestação da criança que é estranha aos olhos do adulto é interpretada como algo da ordem do não esperado, do diferente, do anormal, da doença; 2) os adultos responsáveis pelos cuidados da criança nada reconhecem deles naquilo que dela se queixam; 3) a demanda endereçada ao profissional é a da eliminação d'isso que os adultos não reconhecem, e, portanto, consideram estranho; 4) a demanda dos adultos de considerar esse estranhamento como falha biológica, ou seja, falha no real do corpo, atribuindo todo o conflito àquele de quem são porta-voz: "não é possível, alguma coisa essa criança tem que ter!".

Voltolini (2011a), em seu livro Educação e psicanálise, analisa o modo como a psicanálise adentrou de forma modesta e singular no campo da educação, apontando a maneira como o discurso psicanalítico se distancia dos discursos da tecnociência e do capitalismo. Para o autor, apesar de em algum momento Freud não ter escapado de corresponder à pretensão pedagógica de um ideal educativo profilático, foi-lhe possível, a partir de suas experiências práticas e reflexões teóricas, um giro discursivo crucial em que identificou a impossibilidade de ortopedia da criança à imagem e semelhança de um ideal, e ainda, os entraves produzidos pelo não reconhecimento dessa impossibilidade no ato educativo, experimentada por pais e educadores como impotência. Trata-se, portanto, não da constatação da impotência de um discurso, mas da percepção de sua impossibilidade. Percepção do impossível estrutural que pode abrir caminhos para a revelação de outras direções possíveis nas práticas educacionais, bem como permitir que essa mesma prática não se reduza ao mero exercício de um poder (Voltolini, 2011b).

A psicanálise ajuda-nos a refletir sobre o lugar do impossível, este que o discurso da tecnociência nas suas mais variadas formas – discurso médico-psiquiátrico ou discurso psicopedagógico – insiste sistematicamente em rechaçar. Isso abre espaço para que qualquer manifestação da criança considerada como "estranha" ao projeto social seja considerada anormal e, portanto, necessite de uma intervenção especializada para sua "familiarização".

A clínica psicanalítica diferencia-se epistemologicamente da clínica médica-psiquiátrica, pois, enquanto essa última define o sintoma apenas pela face sígnica nósos – que corresponde necessariamente à doença/distúrbio – a primeira define o sintoma por sua face sígnica pathos – paixões/excesso – e também por sua face significante, em que o sintoma faz-se como "parte de uma frase à qual a existência de alguém se encontra atrelada" (Kupfer & Voltolini, 2005, p. 363).

O reconhecimento dessa diferença epistemológica consiste na divergência entre essas duas clínicas, já que, enquanto uma naturaliza as manifestações subjetivas da criança, a outra formula questões para que aquilo que é condição de nossa diferença do mundo animal não seja reduzido a um desequilíbrio bioquímico e a uma breve taxonomia. Como afirma Voltolini (2011b):

É dentro da ciência, mas no seu 'avesso', que ela [psicanálise] realiza sua empreitada investigativa. Mas o avesso não quer dizer 'contrário', como concluem alguns espíritos que preferem a querela ao rigor, mas indica o que é parte do 'mesmo pano', não qualquer parte, mas aquela que se pretende 'esconder'. Ali onde a costura foi malfeita, sem um cuidado estético, a tinta não foi considerada, e a estampa ficou opaca, mas ali, também, fundamentalmente, onde a estrutura da roupa encontra sua 'amarração', sem a qual nenhuma beleza externa poderia existir. Por conta desta posição, a Psicanálise está condenada a ser um lembrete crônico à ciência daquilo que ela esconde ao erigir a bela roupa que constrói com seus instrumentos hábeis para criá-las. (p. 237).

Nesse contexto, não se trata de uma disputa sobre qual campo é mais eficaz, mas de um posicionamento ético diante daquilo que não se quer saber, da falácia discursiva de que tudo é possível, da obturação da falta, da promessa de solução para todo conflito, da possibilidade de completude, do adestramento completo, da equivalência entre sofrimento psíquico e distúrbio orgânico, da adequação do corpo à imagem idealizada, da sentença das crianças n'A-Criança.

 

A face mortífera do ideal: A-Criança

Freud, em Introdução ao narcisismo (1914/2010), destaca que a criança é depositária do narcisismo dos pais. Estes, endividados simbolicamente com seus antecessores, não apenas fazem da criança o suporte daquilo que tiveram que renunciar, mas depositam nela todas as expectativas e ideais que outrora lhes foram endereçados. Como sabemos: "Todos nós deixamos na vida alguma conta pendente no cartório das expectativas parentais. [...] Assim, cada um de nós tenta na educação de uma criança vir a repor algo que ficou pendente em nosso percurso" (Lajonquière, 2010, p. 261).

Atualmente, é possível afirmar que o discurso do capitalismo e o discurso da tecnociência prometem a quitação dessa dívida através da ortopedia da criança À-Criança. Lógica que além de inviabilizar à criança uma alternativa possível de diferenciar-se do fantasma dA-Criança, impõe obstáculos ao trabalho psíquico dos adultos de luto dA-Criança maravilhosa.

Leclaire (1975/1977), em seu livro Mata-se uma Criança, também nos ajuda a pensar sobre esse lugar de depositária do narcisismo do adulto que preside o destino de cada criança:

Existe, pois, uma compulsão a atribuir à criança todas as perfeições... A criança terá uma vida melhor que a de seus pais, não será submetida às necessidades que estes sabem ser as dominantes da vida. Doença, morte, renúncia ao gozo, restrições à sua vontade perdem a validade em se tratando da criança, as leis da natureza, assim como as da sociedade ficam suspensas diante dela. (p. 20).

O autor afirma o modo como a idealização narcísica dos adultos encontra lugar seguro quando se refugia na criança, lugar em que se entrelaçam os anseios e nostalgias do infantil no adulto, assim como a esperança de quitação da dívida com os antecessores.

Assim, ao rechaçar o mal-estar estrutural da insatisfação pulsional e ao sustentar a possibilidade de gozo ilimitado, os discursos hegemônicos atuais cativam – no duplo sentido da palavra: seduzem e prendem – os adultos a uma condição que os impossibilita de realizar o luto dA-Criança, justamente por sustentarem, sistematicamente, a possibilidade de adequação do real ao ideal, deixando, assim, todas as crianças de carne e osso "à mercê da falta de oportunidade de serem diferentes da maneira como são supostas ou desejadas" (Lajonquière, 2010, p. 214).

Ao considerarmos que o luto da criança ideal é antes de tudo um trabalho social e ao observarmos que os campos de organização e ordenamento da sociedade – no nosso caso, o campo da saúde-mental e da educação – seguem os valores que os discursos da tecnociência e do capitalismo impõem, é possível percebermos a maneira como esse luto torna-se quase impossível de realizar-se. Isto porque, para todo estranhamento com relação à criança, há uma argumentação especializada que a naturaliza e que sustenta a experiência da "boa" forma. Trata-se apenas de uma questão de método e de tempo até que essa criança atinja o estatuto dA- Criança, tornando impossível o reconhecimento de qualquer traço de familiaridade com as crianças de carne e osso.

Em Luto e melancolia (1915/2010), Freud adverte que, no trabalho de luto, é preciso recalcular a rota dos investimentos libidinais que antes se dirigiam para determinado lugar para que então seja possível viver apesar da perda. Isso permite-nos pensar que o luto dA-Criança consiste em um trabalho fundamental para o acontecimento da educação como transmissão da Lei e de marcas simbólicas que permitirão a constituição da criança como sujeito e seu viver no mundo e no laço social.

Além de dificultar a realização do luto dA-Criança, os discursos hegemônicos atuais, ao sustentarem um ideal de completude e pleno desenvolvimento, também potencializam nos adultos a recusa em reconhecer e dar testemunho da falta, transmissão essencial do ato de educar que permite o reconhecimento de que toda forma de relação entre sujeitos, inclusive a relação adulto-criança/pais-filhos/professor-aluno, estará sempre marcada "a fogo por um resto, uma diferença, esta mesma que recria uma e outra vez a estranheza entre os personagens" (Lajonquière, 2010, p.214). Estranheza entendida desde a psicanálise como familiar e não como uma diferença grotesca que recebe o estatuto de distúrbio, falha no real do corpo, que faz da criança de carne e osso ao mesmo tempo o problema e a solução. Desse modo, não há caminho que não tenha como produto a infância excessivamente patologizada, visto que qualquer manifestação da criança de carne e osso que lhe afasta dA-Criança é considerada anormal.

Ao sustentar a criança-modelo, a sociedade mostra seu voto de morte. A face mortífera dA- Criança aparece quando não há condições possíveis para que os adultos suportem que a criança de carne e osso também se endividará simbolicamente, logo, não corresponderá às perfeições que dela esperam, como afirma Lajonquière (2008, 2010) ao caracterizar a demanda moderna endereçada às crianças como perversa e de anulação, visto que, para a criança de carne e osso ser amada no altar dA-Criança, é preciso que ela se despose do seu próprio ser. Ao sustentar a ideia de uma morte simbólica, o autor ajuda-nos a pensar sobre a sentença de morte que o fantasma moderno dA-Criança encobre. Morte qualificada como simbólica, pois A-Criança, considerada letra morta ao não deixar que a palavra circule, é plena de transmissões vazias, não saindo jamais da posição de objeto ao ocupar sempre o lugar de infans, ou seja, aquele que não fala.

Para Leclaire (1975/1977), a criança resiste a essa morte simbólica na exata medida em que ela começa a falar, sendo a sua entrada no campo da linguagem o que lhe possibilita proteger- se dessa velada tentativa de homicídio, saindo, portanto, da posição de objeto para advir como sujeito desejante: falante porque faltante (Kehl, 2002). Segundo o autor, é a partir da fala que a criança de carne e osso pode vir a criar condições para se separar da imagem mortífera dA- Criança, ao mesmo tempo que convida o adulto a iniciar o trabalho de luto dessa imagem. Sabe- se que isto só é possível à medida que os adultos que se ocupam das crianças – pais, familiares, profissionais da saúde e educação – disponibilizem-se a reconhecer o mal-estar inerente à condição humana; na prática, isso significa que o adulto precisa suportar a condição da criança- sujeito e resistir a qualquer leitura reducionista e tecnicista sobre a criança e o ato de educar.

Contudo, se a lógica do discurso da tecnociência e do capitalismo também não favorece a circulação da palavra ao trabalhar com o saber especializado que fala sobre a criança-objeto e não com a criança-sujeito, quais seriam os lugares que, ao considerá-las como sujeito, permitem às crianças um espaço de fala? Será que a criança nada fala ou será que para os adultos tornou- se quase impossível escutar algo para além do que de antemão eles esperam?

 

A ética na clínica psicanalítica

O cotidiano da clínica na atualidade nos faz refletir não apenas sobre a escassez de espaços para que a criança fale e seja escutada como sujeito, mas sobre a demanda cada vez mais intensa de ortopedia da criança à imagem ideal. Na grande maioria dos casos de crianças que são levadas para atendimento, a demanda dos adultos para que a criança seja atendida ocorre justamente quando ela começa a diferenciar-se dA-Criança. Logo, é quando a criança começa a renunciar às expectativas e ideais que lhe foram endereçados, ou que dela são esperados, que os adultos que a acompanham começam a estranhá-la ou diagnosticá-la.

A clínica psicanalítica volta-se para a escuta das crianças de carne e osso, o falar com a criança, o reconhecimento do seu saber e o enigma de suas manifestações. A pergunta sobre "o que a criança tem?" passa por uma mudança discursiva importante em que o foco não é procurar identificar o que na criança há de errado. Quando a pergunta é reformulada para "o que esta criança tem a dizer?", caminhos abrem-se para que a criança-sujeito possa advir como sujeito, ao mesmo tempo, onde ela fique ao abrigo de uma ética que a preserve do fantasma dA-Criança.

A ética com a qual a psicanálise está implicada sustenta a criança como sujeito não-todo, e, dessa maneira, constrói possibilidades para a realização do luto dA-Criança maravilhosa, como afirma Leclair (1975/1977):

A prática psicanalítica consiste em tornar manifesto o trabalho constante de uma força de morte: esta que consiste em matar a criança maravilhosa, que, de geração em geração, testemunha acerca dos sonhos e desejos dos pais; só há vida a esse preço, pela morte da imagem primeira, estranha, na qual se inscreve o nascimento de cada um. Morte irrealizável, mas necessária, pois não há vida possível, vida de desejo, de criação, se cessarmos de matar a 'criança maravilhosa' que renasce sempre. (p. 10).

Desse modo, a clínica psicanalítica com crianças implica o trabalho de tornar manifesto o mal-estar e os imperativos de gozo produzidos pelo discurso da tecnociência e do capitalismo no que tange à dimensão do tempo de infância. Ao possibilitar um espaço de fala tanto para a criança quanto para o adulto na realização do luto dA-Criança, a psicanálise não deixa cair no esquecimento isso que a época atual insiste em não querer saber. Assim, ao não corresponder ao furor psiquiátrico e psicopedagógico, que são classificatórios e patologizantes, a psicanálise convoca a sociedade moderna a responsabilizar-se pelas queixas que ela mesma produz ao não reconhecer a diferença e o mal-estar como traços estruturantes de nossa condição humana.

 

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Recebido em novembro de 2019 – Aceito em março de 2020.

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