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Psicologo informacao

Print version ISSN 1415-8809

Psicol inf. vol.15 no.15 São Paulo Dec. 2011

 

Editorial

 

Psicologia Metodista – 40 anos

É com muito orgulho e grande satisfação que apresentamos mais esta publicação de Psicólogo InFormação, no ano em que o Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo completa 40 anos de existência.

O orgulho se manifesta por vermos mantidos, nesses quarenta anos, o comprometimento com o saber científico e a união entre esse saber e a ação; no constante propósito de que nossos alunos sejam cidadãos conscientes de seu papel na sociedade, além de que estejam sempre empenhados na construção, no raciocínio crítico e reconstrução de conceitos, habilidades e valores.

A satisfação está na apresentação de mais um número do periódico que nasceu com intuito de estimular, fomentar a escrita e a pesquisa acadêmica pautada no trabalho conjunto – docentes e discentes. E o temos feito, até então, com esforço conjunto desses incansáveis professores que instigam em seus alunos a vontade de investigar e relatar. Também temos de ressaltar a colaboração de colegas de outras instituições que nos auxiliam como consultores, pareceristas e autores. Devemos mencionar que tal esforço seria inútil se não tivéssemos o apoio institucional, tanto no que se refere à manutenção como na própria editoração deste periódico.

Trazemos neste número nove artigos de investigação científica originais e duas comunicações acadêmico-científicas que consideramos importantes textos de reflexão e incentivo ao estudo e fomento de ideias para novas investigações na área da psicologia clínica e da saúde.

O primeiro artigo, intitulado "Influência da personalidade do pai na participação da prestação de cuidados ao bebê", de autoria de colegas portugueses da Universidade do Algarve, trata de uma investigação que revela a influência de fatores de personalidade, como neuroticismo e estabilidade, extroversão e introversão, psicoticismo e como características superegoicas influem na participação do pai nos cuidados com seu filho. Tal contribuição mostra-nos que a preparação dos pais para a "parentalidade" é um importante tema a ser discutido na área da saúde, e que preparar os pais para receberem a criança e conseguirem ultrapassar essa difícil fase de adaptação é uma estratégia para a promoção de saúde mental da criança.

O segundo artigo, "Fatores preditivos de transtornos alimentares entre estudantes do ensino médio", agrega as contribuições de colegas ligados à Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS, e colegas filiados às Universidades Católica de Campinas – PucCamp e Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, que contribuem com o levantamento e análise de transtornos alimentares em adolescentes, estudantes de ensino médio. O estudo mostra uma preocupação com pessoas nessa faixa etária adolescente, tendo em vista que na sociedade atual o medo de ganhar peso, bem como o desejo de perder peso, constituem-se em uma preocupação excessiva na população jovem. Tais comportamentos têm se tornado um grave problema em saúde pública em âmbito mundial, uma vez que desencadeiam alterações comportamentais e graves transtornos alimentares. De modo que o presente texto é um convite ao leitor da área de psicologia e ciências afins a refletirem sobre o fomento de investigações na área clínica e epidemiológica, e de igual modo sobre formas e técnicas de intervenção.

O terceiro artigo, "Produção científica sobre violência contra o idoso nas bases Scielo e Lilacs", dos colegas da Universidade São Judas, da cidade de São Paulo, procura fazer um exaustivo trabalho de levantamento da literatura científica a respeito das publicações sobre população idosa na América e no mundo. O texto convida o leitor a refletir sobre a preocupação com uma população, principalmente a americana, que envelhece, assim como aguça o gosto pela pesquisa nessa área.

O quarto artigo, "Investigação sobre atendimento psicossocial oferecido em delegacias de defesa da mulher", feito por colegas da Universidade Anhembi Morumbi, traz à luz uma importante questão da violência doméstica, e trata da avaliação feita pelos próprios profissionais que atuam em órgãos especializados para o atendimento de vítimas dos diversos tipos de violência em São Paulo. O texto chama a atenção para a reflexão de como ampliar e rever modelos e técnicas mais eficazes no atendimento psicossocial e como esse pode promover a saúde física e mental dessa clientela.

O quinto artigo, intitulado "Estresse e reajustamento social em auxiliares de enfermagem", da Universidade Metodista de São Paulo, procurou avaliar sintomas de estresse e o reajustamento social numa amostra de auxiliares de enfermagem, bem como tecer relação entre variáveis como o trabalho e o estresse. No texto, pode-se observar resultados que indicaram presença significativa de estresse e possibilidades de adoecimento nesses profissionais; de modo que também fomenta a realização de novas investigações, na medida em que não se encontraram relações significativas entre os horários de trabalho, sobrecarga e setores específicos de trabalho com os agravos de saúde.

O sexto artigo, "Qualidade de vida do paciente renal crônico em tratamento hemodialítico em Dourados – MS", traz as contribuições de colegas pesquisadores de Dourados, Mato Grosso do Sul. O texto revela, por meio de um estudo qualitativo acerca de pacientes reais, como a doença crônica e o tratamento dialítico infligem alterações comportamentais e físicas que afetam em demasia a qualidade de vida dos pacientes. O trabalho nos leva a pensar na importância de se estudar tais casos, uma vez que as doenças crônicas, como são as renais, são problemas graves de saúde pública, visto que causam elevadas taxas de morbidade e mortalidade, além do impacto negativo sobre a qualidade de vida relacionada à saúde.

O sétimo artigo, "Avaliação do trabalho do psicólogo em unidades de saúde pública", realizado por nosso grupo na Universidade Metodista, procurou investigar os tipos de intervenção e a questão da avaliação do trabalho do psicólogo em saúde pública. A ideia de pesquisar tal assunto teve origem em nossas discussões acerca do fato de que, apesar da psicoterapia e outras formas de intervenção estar em franca avaliação crítica, a produção de pesquisas ainda se constitui em desafio para a compreensão dos aspectos que contribuem para a mudança no processo terapêutico.

O oitavo artigo, "Qualidade de vida em estudantes de psicologia", de colegas da Universidade Católica Dom Bosco, indica que, ao fazer a avaliação da qualidade de vida de universitários, encontrou-se resultados intrigantes, pois mostrou homens com melhor desempenho do que as mulheres em relação à qualidade de vida, além de revelar que quanto maior a idade, tanto melhor a qualidade de vida em todos os domínios. Isso pode indicar que as questões que envolvem a qualidade de vida podem ir além dos parâmetros mencionados pelos próprios domínios, uma vez que, embora o instrumental seja adequado e bastante exaltado pela própria Organização Mundial de Saúde, vários estudos indicam resultados díspares. Fato que, sem dúvida, levanta questionamentos para muitas e diferentes pesquisas.

O nono artigo, "Qualidade de vida de profissionais de saúde do Hospital do Câncer de Campo Grande", também de colegas sul- -mato-grossenses, avalia a qualidade de vida desses profissionais de saúde e revela o "domínio vitalidade" com escore preocupante; todavia, apresentavam boa capacidade produtiva, além de indicar que esses profissionais de saúde trabalham por realização pessoal. Deste modo, o texto nos faz indagar se a satisfação com o trabalho, ainda que esse seja demasiado complexo, e por vezes desgastante, influencia de forma positiva a qualidade de vida? Certamente, essa é uma questão para ser respondida em investigações futuras e que o presente estudo nos convida a refletir.

As seguintes comunicações são, sem dúvida, dois temas de vanguarda e que tratam da aplicação da psicologia na área da saúde. A primeira delas, "Avaliação Psicológica e Saúde Mental: aplicações da psicologia clínica em comunidades indígenas", trata de um tema intrigante que é a possibilidade de intervenção psicológica – com a técnica psicoterapêutica breve em populações indígenas. Intrigante ao trazer à discussão uma questão não só da aplicabilidade da psicoterapia, mas sim da questão metodológica que subjaz a essa ação. Isso porque o texto vem mostrar a possibilidade de utilização de instrumental teórico-técnico da psicologia para compreensão/ intervenção em diferentes etnias e culturas. Mostra-se, pois, um texto de vanguarda, na medida em que a aplicação da psicologia em grupos indígenas é ainda um fato bastante recente no Brasil.

A outra comunicação, "As contribuições da psicologia nas emergências e desastres", trata de um assunto muito pouco explorado na área da psicologia, que se refere às intervenções psicológicas nas emergências e nos desastres. No texto, os autores chamam à atenção para a união das técnicas psicológicas com as ações de órgãos como a Defesa Civil, nos cenários críticos, durante e após grandes emergências; revela ainda a possibilidade de atuação psicológica nas etapas preventivas e curativas – de reconstrução daquilo que fora danificado.

Convidamos, então, o leitor a apreciar e tecer considerações críticas sobre a natureza teórica e metodológica, a partir desses diversos textos voltados para a Psicologia da Saúde. Também esperamos que, com esses textos, novas ideias sobre futuras investigações e reflexões possam vir.

Marília Martins Vizzotto - Editora
Tania Elena Bonfim - Editora associada