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Revista da SBPH

versão impressa ISSN 1516-0858

Rev. SBPH vol.19 no.2 Rio de Janeiro dez. 2016

 

EDITORIAL

 

Assistência, ensino e pesquisa em Psicologia Hospitalar

 

 

A Revista da SBPH, seguindo a missão à qual se propõe, tem acolhido e publicado trabalhos originais na área de Psicologia, cuja temática se relaciona com o campo da Saúde, estimulando sua interlocução com os demais campos de saber, valorizando a pluralidade e as diferentes abordagens teóricometodológicas que compõem o nosso campo.

Nosso interesse é apresentar à comunidade científica textos que reflitam contribuição significativa para a área, de tal modo que estes, simultaneamente, nos dêem a conhecer os atuais desafios com os quais os profissionais da saúde têm se deparado no cotidiano de seus trabalhos, bem como os distintos modos pelos quais estes desafios, antes mesmo de serem enfrentados, têm por nós sido tomados como fonte de pesquisa para a construção de novos saberes.

A sequência de trabalhos apresentados neste número da Revista da SBPH contempla estes aspectos: pesquisas que subsidiam a prática hospitalar em seus respectivos campos, a formação de profissionais e os aspectos clínicos que envolvem a prática assistencial nas instituições de saúde.

O artigo que abre este número, intitulado "Repercussões biopsicossociais do diagnóstico de c âncer colorretal para pacientes oncológicos", apresenta a pesquisa de autoria de Juliana Monteiro Costa, Gabriela Menezes Finco, Rayssa Lidya Guerra Souza, Waleska Carvalho Marroquim Medeiros e Maria Cecília Mendonça Melo, da Faculdade Pernambucana de Saúde (Recife – Pernambuco) e aborda, de modo interessante, o problema da repercussão do diagnóstico de câncer colorretal para os pacientes, ressaltando, por meio dos resultados de sua pesquisa, que forma como o diagnóstico é transmitido pelo médico teve influência na compreensão e no tratamento da doença, indicando a importância da qualidade da comunicação entre paciente, família e equipe de saúde.

Abordando o mesmo tema pela perspectiva psicanalítica, o artigo "A experiência da revelação diagnóstica de HIV: o discurso dos profissionais de saúde e a escuta do psicanalista" das pesquisadoras Mayra Moreira Xavier Castellani e Maria Lívia Tourinho Moretto, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, apresenta a relação entre o problema da transmissão do diagnóstico e sua relação com os dilemas da experiência da revelação do diagnóstico, em pacientes jovens adultos com HIV adquirido por transmissão vertical, a partir de reflexões sustentadas pela teoria e pela clínica psicanalítica com os referidos pacientes.

Na sequência, apresentamos o artigo "Frequência de sintomas psicóticos em pacientes com indicação de transplante hepático em Recife: estudo transversal", que apresenta o trabalho dos pesquisadores do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e da Faculdade Pernambucana de Saúde, Carlos Eduardo Souza dos Santos, Leopoldo Nelson Fernandes Barbosa, Monique Taise dos Santos, Sarah Maria Teles Lima e Priscilla Machado Moraes. Neste trabalho os pesquisadores avaliaram a frequência de sintomas psicóticos em indivíduos na fila de espera para transplante hepático em hospital escola de Recife, ressaltando a importância da atenção integral à saúde mental de indivíduos debilitados pela doença e pelo tempo em fila de espera.

As autoras Aline Maués Ferreira de Figueiredo Seixas (Universidade Estadual do Pará), Alana dos Anjos Moreira e Eleonora Arnaud Pereira Ferreira (Universidade Federal do Pará) em "Adesão ao tratamento em crianças com diabetes Tipo 1: insulinoterapia e apoio familiar", investigaram a adesão à insulinoterapia sob a perspectiva do apoio familiar ao tratamento, e encontraram resultados que podem contribuir para a compreensão e melhoria de resultados no planejamento de ações que visam aumentar a adesão ao tratamento.

Na vertente que aborda a questão da adesão das crianças aos esquemas terapêuticos, Camilla Volpato Boering (Universidade Federal de Santa Catarina), em "Psicologia Hospitalar: avaliação e intervenção comportamental em um caso com diagnóstico de Febre Reumática", apresenta o trabalho que desenvolveu com uma criança de nove anos em período de hospitalização, por meio da abordagem cognitivo-comportamental. Os três últimos artigos apresentam trabalhos que se interligam pela temática da formação dos profissionais em saúde, com relação a temas sensíveis.

O artigo "Uso de atividades lúdicas no processo de humanização em ambiente hospitalar pediátrico: intervenção Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET/Saúde REDES - Urgência e Emergência)", realizado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe, Raphael A. S. Araujo (acadêmico do Curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe), Ana Luíza Oliveira Sobral (Hospital de Urgências de Sergipe), Flávio Aragão da Silva (acadêmico do Curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe) e Prof. André Faro (Universidade Federal de Sergipe) apresenta o trabalho realizado por alunos em uma enfermaria pediátrica de um hospital de urgência, no esforço da construção de um espaço mais humanizado tanto para as crianças internadas, que se apresentaram mais comunicativas e participativas, quanto para os acadêmicos, que tiveram a oportunidade de desenvolver suas habilidades comunicativas e de formação de vínculo.

Em "A perspectiva de residentes sobre a morte e seu reflexo na relação com os pacientes", as colegas do Maranhão, Larissa Horácio Barbosa (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão) e Isalena Santos Carvalho (docente da Universidade Federal do Maranhão) discutem as dificuldades dos residentes no manejo com pacientes sem perspectiva de cura e como a participação no programa de residência repercute em sua atuação junto a estes, indicando a importância da consideração dessas dificuldades na formação dos profissionais de saúde.

Atentas ao mesmo problema, em "Significados atribuídos pelo residente recém-ingresso na Residência Multiprofissional em Saúde", Jamile Luz Morais (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Airle Miranda Souza (docente da Universidade Federal do Pará) buscaram compreender os significados atribuídos por residentes recém-ingressos na Residência Multiprofissional, identificando os ganhos e as perdas advindos desta inserção, considerando que a entrada em um Programa desta ordem configura-se como um evento significativo, suscitando novas experiências.

É com a expectativa de que nosso trabalho atenda aos interesses de nossos leitores que encerramos os trabalhos desse ano de 2016, renovando nosso compromisso de com a excelência de nosso trabalho.

Agradecemos aos nossos leitores e aos nossos autores pela parceria e desejamos que em 2017 sigamos juntos empenhados na direção do alcance de nossas metas.

 

Prof.ª Dr.ª Maria Lívia Tourinho Moretto
Editora-Chefe da Revista da SBPH

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