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Revista da SBPH

versão impressa ISSN 1516-0858

Rev. SBPH vol.23 no.1 São Paulo jan./jun. 2020

 

Editorial

 

 

Anunciamos o primeiro Número de 2020 da Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar cientes a respeito das ressonâncias da atualidade sobre a Psicologia Hospitalar em suas pluralidades práticas e de contextos. Reafirmamos a importância da pesquisa como sustentação de uma base para que um processo de transição e reformulação possa se assegurar em um horizonte ainda pouco nítido. É de maneira receptiva aos novos caminhos que esse número se oferece como esteio da mais viva prática que deve assim seguir e se engajar com a mesma perspicácia diante do que é aterrador. Certos de que a Psicologia Hospitalar recolherá, no a posteriori, efeitos e resultados do que agora se constrói em conjunto e em sociedade, e avisados de que todo avanço deve se desprender do amargo traço do retrocesso, o presente Número insiste na solidificação de um caminho que se faz em perspectiva.

Abrimos o número com o primeiro bloco de trabalhos, dedicado aos temas da comunicação, transmissão e cuidado, a partir da contribuição de Fender e Moretto que, em Construir, comunicar, transmitir: um caminho possível para o analista em uma equipe multidisciplinar, apresentam a proposta de estabelecimento do laço social na construção do caso clínico, sua comunicação e a transmissão resultante desse processo fundamental no contexto da equipe multidisciplinar; em Importância da Comunicação de Más Notícias no Centro de Terapia Intensiva (Gibello, Parsons & Citero) firma-se a comunicação e as habilidades que a respaldam, nos momentos específicos das notícias difíceis, no trabalho da equipe em sua tratativa com as famílias; já A vivência do luto de psicólogos dentro das instituições (Andery, Bittencourt, Comaru, Liberato, Maldonado, Moreira & Franco) se debruça sobre a atuação e desafios da psicóloga e do psicólogo na instituição e os aspectos do esgotamento e do cuidado de si que permeiam as experiências de perda inseridas nessa prática; e, em Síndrome de Burnout nos profissionais de saúde: atualização sobre definições, fatores de risco e estratégias de prevenção (Perniciotti, Serrano Júnior, Guarita, Morales & Romano), reafirma-se a importância do cuidado aos profissionais em suas relações ocupacionais.

Em Depressão, desesperança, ideação suicida e qualidade de vida de pacientes em tratamento hemodialítico (Grandizoli & Araújo Filho), busca-se avaliar critérios clínicos e emocionais de pacientes que convivem com doenças renais e as correlações disso com qualidade de vida; Macedo Neto, Granado e Salles, em A compreensão das atitudes diante do diagnóstico de câncer de próstata no processo psicodiagnóstico interventivo, empreendem um estudo clínico, com psicodiagnóstico interventivo, em um caso de diagnóstico de câncer de próstata; já Psicanálise, cirurgia bariátrica e obesidade: uma revisão integrativa (Catharin, Campos & Bocchi) é uma importante retomada de publicações e pesquisas em psicanálise sobre obesidade e cirurgia bariátrica; por sua vez, Arte como instrumento psicoterapêutico no tratamento hospitalar de pessoas com doenças onco-hematológicas (Carvalho, Costa Neto & Ferreira) avalia a implicação do uso de obras de arte no trabalho com pacientes oncológicos; e O tempo vivido no centro de terapia intensiva: a percepção da passagem do tempo na internação (Parreiras, Pereira, Madureira & Houri) que investiga a percepção e vivência temporais em pacientes internados no Centro de Terapia Intensiva.

Em um bloco dedicado ao infantil, verificamos a importância das revisões e retomadas bibliográficas. Em Intervenções Não Farmacológicas em Crianças no Pré-Operatório: uma Revisão da Literatura (Mello & Costa Junior) é revisada a literatura que compreende estudos empíricos sobre os efeitos de intervenções não farmacológicas em crianças submetidas a procedimentos cirúrgicos; Vivência de mães de crianças com cardiopatia congênita que serão submetidas à cirurgia cardiovascular (Menezes, Rodrigues, Oliveira, Marques & Zanin) também revisa a literatura científica e se ocupa das vivências maternas diante do diagnóstico de crianças com cardiopatias congênitas; e o inovador Apneia do sono na infância e a contribuição da psicologia do sono na adesão ao tratamento (El Rafihi-Ferreira, Muller & Pires) se concentra em edificar a Psicologia do Sono por via de uma retomada bibliográfica sobre a apneia do sono e dificuldades na adesão ao tratamento em debate.

Para encerrar o Número, dois trabalhos de cunho ensaístico que se ocupam da temporalidade: em O sujeito no contemporâneo e as manifestações psíquicas (Silva & Dionisio) apresenta-se uma reflexão sobre o sujeito, seu adoecimento e os desdobramentos de questões sobre novas formas de adoecer e a atualidade do sofrimento psíquico; já Impedimentos e conquistas do sentido de self no envelhecer: notas clínicas (Genaro Junior) complementa o debate sobre a atualidade com uma investigação clínica e teórica, a partir da psicanalise winnicottiana, sobre os processo de envelhecimento.

Boa leitura!

Cordialmente,

Marcos Vinicius Brunhari

Editor-chefe da Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

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