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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. v.4 n.1 São Paulo jun. 2002

 

ARTIGOS

 

O Desenho da Figura Humana de Machover aplicado em andarilhos de estrada1

 

The machover’s human figure drawing applied in wanderings

 

 

Rodrigo Sanches Peres

Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Ciências e Letras de Assis

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A presença de andarilhos de estrada é cada vez mais notável nos acostamentos das rodovias brasileiras. Diversos estudos têm sido realizados com essa população, mas pouco enfoque tem sido dado às características psicológicas desses sujeitos. Com o objetivo de investigar aspectos da personalidade dos mesmos, foi aplicado o Desenho da Figura Humana de Machover em doze andarilhos albergados em uma instituição assistencial da cidade de São Carlos (SP). As produções gráficas foram avaliadas e analisadas em seus aspectos formais, gerais e de conteúdo. As interpretações formuladas indicam que os sujeitos estudados possuem uma auto-imagem corporal desfavorável, marcada por sentimentos de inadequação e depreciação. Notou-se ainda a existência de indícios de conflitos sexuais, dificuldades nos relacionamentos sociais e dependência etílica. Tais interpretações não são conclusivas, mas contribuem para a compreensão de aspectos importantes da dinâmica psíquica dessa população marginalizada socialmente.

Palavras-chave: Andarilhos de estrada; Desenho da Figura Humana; Personalidade.


ABSTRACT

The presence of wanderings is more and more notable in brazilian roads. Several studies have been done with this population, but few emphasis has been given to psychological characteristics of this people. With the purpose to investigate personality aspects of them, the Machover’s Human Figure Drawing was applied in twelve wanderings sheltered in an assistential institute of São Carlos (SP) city. The grafic produtions were valued and analyzed in their formal, general and content aspects. The formulated interpretations indicate that the studied people have a body image branded by inadequacy and depreciation feelings. It had been noted the existence of sexual conflicts signals, hardness in social relationships and inclination to alcoholism. Those interpretations are not conclusive, but contribute to the compreension of important psychodynamics aspects of this populations.

Keywords: Wanderings; Human Figure Drawing; Personality.


 

 

Introdução

A presença cada vez mais notável de andarilhos de estrada e/ou “trecheiros ” – sujeitos que vivem nos acostamentos de rodovias, caminhando solitariamente e sem destino, carregando num saco ou mochila puída todos os seus pertences – nas vias de transporte terrestre brasileiras evidencia o fenômeno da movimentação de nômades e errantes nos dias de hoje. No entanto, de acordo com Justo (1998), a movimentação do homem pelo mundo não é característica apenas da contemporaneidade. Trata-se, na verdade, de um fenômeno que já atravessou todos os espaços temporais e geográficos ocupados pelo homem.

A errância, na atualidade, é um evento motivado por uma intricada multifatorialidade, em que há uma densa interação entre os vários acontecimentos que podem atuar como motivadores da decisão de abandonar os referenciais da vida em sociedade. A despeito da diversidade desses fatores, todos parecem possuir um ponto em comum: a íntima vinculação a algumas das principais características que modelam o mundo contemporâneo, tais como as constantes transformações políticas e econômicas, a globalização, a precarização das relações de trabalho, o desemprego, a exclusão social, a necessidade de uma mobilidade psicológica capaz de permitir uma rápida adaptação a paradigmas em incessante metamorfose e o caráter cada vez mais efêmero dos relacionamentos afetivos e emocionais e das fixações sócio-geográficas, entre outras.

Os andarilhos de estrada, segundo a tipologia dos moradores de rua proposta por Snow & Anderson (1998), têm seu estilo de vida baseado na seguinte tríade: bebida, migração e trabalhos temporários e eventuais. Adotam como meio de subsistência o trabalho volante e/ou a mendicância, sem, no entanto, ficar muito tempo parados em um só lugar. O impac to psicológico implantado pela errância parece ser bastante acentuado, visto que nesta condição há uma ausência quase total dos referenciais que geralmente norteiam a vida e a conduta de uma pessoa em sociedade, tais como emprego, residência fixa, amigos, família, etc. A sobrevivência no “trecho” é geralmente permeada por um sentimento constante de incerteza, decorrente da precariedade, desassistência e isolamento característicos dessa situação. A desconfiança e insegurança dominam esse universo, de modo semelhante ao que se observa na sociedade contemporânea, em decorrência de um vagaroso, porém gradual, processo de instalação de um novo paradigma, que implanta o provisório como modo de existência. O andarilho, não por excesso de investiment os subjetivos, e sim por falta de referências, é, na realidade, um sujeito altamente individualizado, que não pertence a ninguém, a não ser a si mesmo (Castel, 1998). É um puro indivíduo, e por isso não consegue se inserir efetivamente em espécie alguma de coletividade. É completamente superexposto em virtude da ausência de vínculos e de referenciais estáveis, de modo que “seu corpo é seu único bem e seu único vínculo, que ele trabalha, faz gozar e destrói numa explosão de individualismo absoluto” (Castel, 1998).

O Estado possui, segundo Castel (1998), diversas formas de atuação possíveis para enfrentar o problema da “exclusão social”, mas insiste em simplesmente redistribuir subvenções, não atingindo, dessa forma, o âmago da questão e levando tais intervenções ao insucesso na grande maioria das vezes. Parece-nos necessário o desenvolvimento de políticas de inserção (que reconheçam o caráter heterogêneo da sociedade e dos diferentes grupos de marginalizados), e não de políticas de integração (que geralmente buscam um grande equilíbrio social, uma homogeneização incongruente com o atual modo de produção), como vem sendo feito atualmente no Brasil e na maioria dos países capitalistas, para que sejam desenvolvidos programas de intervenção mais efetivos e contextualizados com a realidade social dos dias de hoje.

Diversos trabalhos têm sido realizados com andarilhos de estrada, enfatizando vários aspectos dessa problemática (Justo, 1998; Castel, 1998; Snow & Anderson, 1998; Nascimento, 1999; França, 1999; Nascimento & Justo, 2000; Peres, 2001, entre outros), mas pouco enfoque tem sido dado às características de personalidade desses sujeitos. Acreditamos, entretanto, que é preciso dedicar maior atenção às peculiaridades psicológicas dos andarilhos para que seja possível uma compreensão mais abrangente desse complexo fenômeno que é a errância e, conseqüentemente, o aprimoramento das estratégias de intervenção dedicadas a essa população.

Tendo em vista este objetivo, pensamos em realizar um estudo com andarilhos de estrada mediante o emprego de técnicas projetivas, pois os instrumentos deste tipo são considerados os mais valiosos do método clínico em psicologia, visto que possibilitam, segundo Anzieu (1978), uma investigação dinâmica e global da personalidade, entendida aqui como uma estrutura em evolução que pauta as condutas de um sujeito. As técnicas gráficas são um dos diversos tipos de instrumentos projetivos e podem ser definidas, de acordo com Trinca (1987), como aquelas em que o sujeito utiliza como forma de comunicação não a fala, e sim desenhos e grafismos, espontâneos ou dirigidos. Tais técnicas devem ser utilizadas quando há alguma espécie de dificuldade verbal ou quando, por qualquer motivo, a “expressão gráfica satisfaz mais do que a verbal” (Stern, 1967, citado por Trinca, 1987, p. 1).

Entre as inúmeras técnicas gráficas existentes, o Desenho da Figura Humana (Human Figure Drawing), proposto por Machover (1967 e 1969), mostra-se como um dos mais ricos instrumentos para a investigação da personalidade e de características psicológicas (Gayral & Stern, 1967; Van Kolck, 1981). Machover (1967) afirma que, quando um sujeito realiza o Desenho da Figura Humana, refere-se necessariamente às imagens internalizadas que tem de si próprio e dos outros, e dessa forma ocorre a projeção de sua imagem corporal. Assim sendo, o Desenho da Figura Humana oferece “... um espaço vazio ao testando, espaço que ele só pode habitar projetando sua própria imagem corporal” (Anzieu, 1978, p. 27). A imagem do corpo é um conceito psicanalítico pós-freudiano, proposto por Schilder, que considera o corpo como uma função de sua relação com seu ambiente vital e social (1980, citado por Nobile, 1987). Pertencente ao registro imaginário, a imagem corporal é inconsciente, tem base afetiva, e é construída e alterada gradativa e permanentemente ao longo da vida.

O desenho, entretanto, além de veículo de projeção da imagem corporal,

pode ser uma projeção de autoconceito, uma projeção de atitudes para com alguém do ambiente, uma projeção da imagem ideal do eu, um resultado de circunstâncias externas, uma expressão de padrões de hábitos, uma expressão de tonalidade emocional, uma projeção de atitudes do sujeito para com o examinador e a situação, uma expressão de suas atitudes para com a vida e a sociedade em geral. É usualmente uma combinação de tudo isso. Além do mais, o desenho pode ser uma expressão consciente ou pode incluir símbolos profundamente disfarçados, expressivos de fenômenos inconscientes (Levy, 1959, citado por Trinca, 1987, p. 3).

Ressaltar a validade do desenho como meio de investigação psicológica parece desnecessário, pois, conforme Van Kolck (1968), desde 1885 têm sido feitos inúmeros trabalhos nesse sentido. Segundo Trinca (1987), evidências experimentais incontestáveis indicam a existência de uma estreita ligação entre o estilo de um desenho e as características de personalidade do sujeito que o produziu, de modo que a maioria absoluta dos autores e teóricos que trabalham com técnicas projetivas parte do princípio básico de que os desenhos possuem um significado simbólico e permitem um conhecimento do indivíduo baseando- se no estilo de suas obras (Anzieu, 1978; Levy, 1969a).

A despeito do valor inegável dos desenhos como instrumento de investigação da personalidade, é necessário admitir que as técnicas gráficas possuem, assim como qualquer outro instrumento de exame psicológico, certas limitações e restrições. Além disso, é consenso entre clínicos e pesquisadores que, em última análise, nenhuma técnica isolada – seja ela projetiva ou de qualquer outra espécie – pode oferecer, por si só, um panorama profundo acerca do psiquismo de um examinando. Desse modo, as interpretações elaboradas a partir do material oriundo da aplicação de uma técnica projetiva devem ser confrontadas com análises derivadas da utilização de outros instrumentos, pois tal procedimento é capaz de subsidiar uma compreensão mais abrangente da personalidade dos examinandos, visto que as hipóteses elaboradas tomando-se como base as respostas obtidas por meio de um método projetivo podem ser corroboradas ou refutadas com maior segurança quando se faz o confronto com as hipóteses resultantes da utilização de outros instrumentos psicológicos.

 

Objetivo

O presente estudo tem como objetivo principal investigar aspectos da personalidade e das peculiaridades psicológicas de andarilhos de estrada, enfatizando primordialmente a representação da imagem corporal dos mesmos.

Sujeitos

Foram tomados como sujeitos deste estudo 12 andarilhos de estrada do sexo masculino espontaneamente albergados em uma instituição assistencial da cidade de São Carlos (SP). Todos assumidamente consomem bebidas alcoólicas e não possuem residência fixa. A instituição oferece banho, refeições e pernoite por cinco dias ao ano para os andarilhos, mas a maioria deles permanece albergada por apenas um ou dois dias, para retomar em seguida o percurso do “trecho”. O tamanho relativamente pequeno da amostra justifica-se devido à dificuldade de encontrar sujeitos dispostos a colaborar com o estudo, provavelmente em virtude da tendência ao retraimento e isolamento que parecem caracterizar essa população. A faixa etária dos sujeitos variou de 24 a 47 anos, e o tempo no “trecho” de 4 a 16 anos.

Instrumento

O instrumento empregado nesta pesquisa foi o Desenho da Figura Humana, de acordo com a proposta de Machover (1967 e 1969). Os sujeitos foram solicitados, dessa forma, a desenhar, com um lápis preto no 2 e em folhas de papel branco tamanho ofício, uma figura humana e, em seguida, uma figura humana do sexo oposto ao da primeira.

Tendo em vista o objetivo do presente estudo, obviamente seria mais adequada a utilização de uma bateria de instrumentos, combinando, com o Desenho da Figura Humana, outras técnicas projetivas, entrevistas e/ou técnicas analíticas. No entanto, a desconfiança e a tendência ao retraimento características dos sujeitos impossibilitaram o emprego de uma bateria de instrumentos.

Procedimento

A aplicação do instrumento foi individual e em uma sala adequada dentro da própria instituição assistencial. Inicialmente estabelecia-se um rapport com os sujeitos, esclarecendo os objetivos do estudo, e em seguida os desenhos eram solicitados.

O inquérito padronizado do Desenho da Figura Humana proposto por Machover (1967) não foi empregado, como era a intenção inicial, em virtude de alguns fatores. Em primeiro lugar, ficou evidente durante a coleta dos desenhos a pouca disponibilidade dos andarilhos em executar a parte verbal do instrumento. Em segundo lugar, a fala, na maioria das situações, é mais suscetível à utilização de mecanismos de defesas inconscientes do que a linguagem gráfica, e essa regra geral parece ainda mais evidente com os andarilhos. Foi possível verificar em um estudo anterior (Peres, 2001) que a comunicação verbal desses sujeitos é extremamente estereotipada e marcada pela insinceridade, pela tendência a fazer- se de vítima perante o interlocutor e pela evasão e desconfiança. De qualquer forma, acreditamos que o fato de termos priorizado a linguagem gráfica não invalida a análise dos desenhos, visto que, a despeito de não termos utilizado o inquérito sistematizado por Machover (1967), a linguagem verbal não foi dispensada em absoluto, pois foram feitas aos examinandos algumas perguntas quando eventuais esclarecimentos em relação aos desenhos fizeram-se necessários.

 

Avaliação, análise e interpretação dos resultados

A idéia básica da interpretação do Desenho da Figura Humana é que há uma estreita ligação entre o estilo de uma produção gráfica e as características psicológicas do sujeito que a produziu. Assim sendo, partiremos do pressuposto de Angelini e Van Kolck (1969), segundo o qual uma exploração cuidadosa dos desenhos de um indivíduo, com base em conceitos psicanalíticos, pode fornecer as chaves para a compreensão de sua personalidade. Outro aspecto fundamental a ser considerado na interpretação de desenhos é a importância da observação das características globais das produções gráficas, procurando compreendê-las como um todo, e não apenas como a soma de suas partes. A análise dos traços isolados de um desenho não permite conclusões de espécie alguma, visto que, na realidade, o parcial encontra significado somente dentro de um contexto global (Di Leo, 1991).

Com o intuito de tornar mais compreens íveis ao leitor as origens e os fundamentos das interpretações que serão introduzidas a seguir, as análises dos desenhos serão apresentadas de uma forma didaticamente linear, concisa e direta. As porcentagens que serão apresentadas dizem respeito à avaliação da primeira figura desenhada pelos sujeitos, pois o segundo desenho foi empregado apenas para a análise do tratamento diferencial das duas produções de um mesmo sujeito. Vale ressaltar mais uma vez que é imprescindível considerar a inter-relação de todos os aspectos de um desenho para que se possa chegar a hipóteses coerentes e merecedoras de crédito, visto que uma única característica ou traço de uma produção gráfica jamais possui um significado projetivo por si só. Desse modo, todas as hipóteses oriundas da análise das produções gráficas que serão apresentadas neste trabalho foram baseadas na avaliação de um traço do desenho e corroboradas pela observação de outros aspectos igualmente significativos a ponto de conferir maior credibilidade à hipótese inicial. Além disso, buscamos na literatura nacional e internacional o referencial neces sário para a adequada interpretação dos resultados. Assim sendo, foram utilizados no presente estudo os critérios de avaliação propostos por Van Kolck (1984), enfatizando mais especificamente os aspectos gerais, formais e de conteúdo das produções gráficas, e os trabalhos de Van Kolck (1967, 1968 e 1984), Van Kolck, Tosi & Pellegrini (1991), Di Leo (1991), Machover (1967 e 1969), Campos (1998), Buck (1969), Hammer (1969), Bell (1964), Bernstein (1964) e Levy (1967, 1969a e 1969b) para a análise e interpretação dos desenhos.

Por fim, faz-se necessário reconhecer que as interpretações oriundas do emprego do Desenho da Figura Humana neste estudo são essencialmente preliminares, visto que, em virtude dos impedimentos já mencionados, esta técnica foi utilizada isoladamente. De qualquer forma, o uso projetivo dos desenhos, como já dissemos, propiciam uma valiosa contribuição à compreensão do psiquismo dos examinandos, desde que empregados com as devidas ressalvas que se fazem necessárias (Heidgerd, 1969; Brown, 1969).

Feitas estas observações e prestados os devidos esclarecimentos, iniciaremos as análises pelos aspectos gerais das produções gráficas. A maior parte dos desenhos foi feita com um tamanho médio (58,3%), o que não possui nenhuma interpretação espec ífica, e no centro da folha (96,6%), o que indica certo grau de adequação ao ambiente (Bell, 1964; Hammer, 1969; Campos, 1998). Essa hipótese, contudo, será relativizada mais adiante, pois a análise de outros aspectos dos desenhos forneceu subsídios para interpretações contrárias a essa. A caracterização da pressão dos traçados denota bom nível de energia, visto que prevaleceu (66,6%) o tipo de linha considerada média (Hammer, 1969; Campos, 1998). Quanto ao tipo de traçado, houve o predomínio do traço contínuo (41,6%), o que denota auto-afirmação e capacidade de tomar decisões, assim como do tipo avanço-recuo (41,6%), o que é indicativo de sensibilidade, por um lado, e insegurança e imaturidade, por outro (Bernstein, 1964; Hammer, 1969; Levy, 1969b; Van Kolck, 1984; Campos, 1998).

Analisando os aspectos formais das produções gráficas, nota-se que todos os sujeitos que romperam com as malhas da rede social há menos de sete anos (quatro andarilhos) desenharam a figura humana posicionada de frente, o que geralmente é interpretado como indício de adequação do grau de exposição em relação ao mundo (Van Kolck, 1967 e 1984; Portuondo, 1973; Campos, 1998). Porém, em boa parte (62,5%) dos desenhos dos sujeitos que estão há mais tempo no “trecho”, a cabeça da figura humana encontrava-se de perfil, enquanto o corpo posicionado de frente, indicando possivelmente evasão da realidade e certo conflito com o controle social (Machover, 1967; Buck, 1969; Van Kolck, 1967 e 1984). Os indicadores de conflito – presentes em 91,6% dos desenhos – que mais se destacaram foram os reforços e retoques, notadamente na região da cabeça, que revelam insatisfação e até mesmo agressividade (Portuondo, 1973; Van Kolck, 1967).

Na maior parte dos desenhos (75%) observa-se que não foram empregados adequadamente elementos gráficos capazes de diferenciar as figuras masculina e feminina, o que geralmente denota atitudes ambivalentes dos sujeitos para com os dois sexos, em decorrência de um aparente fracasso em reconhecer o sexo oposto como diferente do seu (Machover, 1967 e 1969; Levy, 1969a; Portuondo, 1973; Van Kolck, 1967 e 1984). Essa hipótese pode ser corroborada em relação a uma parte da amostra levando-se em conta o fato de que metade dos sujeitos desenhou o sexo oposto em primeiro lugar. Houve omissões generalizadas na maioria dos desenhos (91,6%), principalmente das mãos, o que nos permite supor falta de confiança nos contatos sociais e na produtividade individual (Machover, 1967; Levy, 1969b; Van Kolck, 1984; Campos, 1998; Van Kolck & Neder, 1991). Em outros casos (33,3%) foi feito apenas o desenho da cabeça, omitindo o resto do corpo, o que é significativo de exacerbada censura corporal e sexual (Levy, 1969a; Van Kolck, 1984; Campos, 1998).

A análise dos aspectos de conteúdo das produções gráficas corresponde a uma interpretação específica de cada parte da figura humana desenhada levando-se em consideração seus respectivos significados funcionais. A predominância da cabeça com um tamanho considerado médio (66,6%) não merece, por si só, nenhuma interpretação específica. No entanto, esta parte foi enfatizada com detalhes, complementos e linhas mais precisas e reforçadas, em detrimento de um corpo esquematizado em 50% dos desenhos, o que pode ser indicativo de projeção de aspirações intelectuais e uso da fantasia como mecanismo de defesa inconsciente perante um provável sentimento de vergonha relacionado às funções e partes corporais (Levy, 1967 e 1969a; Machover, 1967; Van Kolck, 1967 e 1984; Portuondo, 1973). Considerados uma simbologia de desordens no campo sexual, os cabelos desordenados foram os mais presentes (50%) nos desenhos (Machover, 1967; Van Kolck, 1984; Campos, 1998). Pode-se levantar também a hipótese de sentimento de perda da virilidade, visto que os cabelos parecem ainda parcos e escassos em boa parte (41,6%) das figuras (Van Kolck, 1967 e 1984; Van Kolck, Tosi & Pellegrini, 1991; Portuondo, 1973; Campos, 1998).

Dificuldades no contato com o mundo exterior e com a realidade, assim como egocentrismo e comportamento regressivos, parecem estar associadas ao desenho dos olhos, de tamanho médio, em 50% dos casos, porém sem pupilas (Machover, 1967; Van Kolck, 1984; Portuondo, 1973; Campos, 1998). Certa acentuação das características faciais é algo freqüente nos desenhos de figuras humanas, partindo-se do princípio de que o rosto é a parte mais expressiva do corpo. No entanto, na maioria dos desenhos (66,6%) deste estudo – principalmente naqueles efetuados por sujeitos que viviam há mais de sete anos no “trecho” – percebe-se um contorno demasiadamente acentuado dos caracteres faciais, denotando provavelmente evasão nos relacionamentos interpessoais, personalidade fugidia e timidez (Van Kolck, 1967 e 1984; Portuondo, 1973; Campos, 1998). Pode-se supor também que as linhas extras utilizadas nos contornos do rosto foram empregadas no sentido de conferir um aspecto de maior amadurecimento e profundidade à personalidade (Van Kolck, 1967 e 1984; Campos, 1998).

O nariz foi de tamanho grande (33,3%) ou médio (33,3%) na maior parte dos desenhos, denotando possivelmente necessidade de afirmação do papel sexual e representação do mecanismo de compensação, utilizando uma simbologia essencialmente fálica para expressar virilidade e mascarar um possível sentimento de perda da potência sexual (Van Kolck, 1967 e 1984; Van Kolck, Tosi & Pellegrini, 1991; Machover, 1967). Os andarilhos restantes desenharam o nariz de tamanho pequeno (25%) ou o omitiram (8,3%), mas consideramos dispensável interpretar estes aspectos por ter ocorrido em uma pequena porcentagem de sujeitos. O desenho da boca foi considerado de tamanho médio na maioria (83,3%) dos casos, mas com formatos diversos: houve predomínio (50%) do traço em forma de arco voltado para cima, sugerindo provavelmente dependência e introversão (Portuondo, 1973). Observou-se ainda uma notável distorção da forma dessa parte do corpo em alguns desenhos (33,3%), subsidiando as hipóteses de tendência ao alcoolismo, intemperança e desordens sexuais (Machover, 1967; Van Kolck, 1967). Notou-se a ausência de orelhas na maioria (66,6%) das figuras, mas a omissão dessa parte do corpo é bastante comum. Quando presentes, as orelhas foram feitas de tamanho mediano, porém enfatizadas, o que sugere resistência à autoridade (Van Kolck, Tosi & Pellegrini, 1991; Campos, 1998). O pescoço foi desenhado basicamente de dois modos distintos: médio e simples, sem maiores peculiaridades (33,3%), representando talvez indício de domínio adequado dos instintos, e fino e comprido (33,3%), revelando possivelmente controle rígido e repressivo, chegando a um moralismo exacerbado (Levy, 1967 e 1969b; Portuondo, 1973; Van Kolck, Tosi & Pellegrini, 1991). Além disso, houve distorção na forma (16,6%) e omissão (16,6%) do pescoço nos desenhos restantes, mas estes aspectos não serão interpretados por terem sido verificados em um número reduzido de sujeitos. A omissão das mãos e até mesmo dos braços em 66,6% dos desenhos parece corroborar a hipótese já levantada de dificuldade nos relacionamentos sociais, levando ao isolamento, solidão e rompimento com o mundo exterior em casos extremos (Levy, 1969a; Van Kolck, Tosi & Pellegrini, 1991; Di Leo, 1991).

 

Conclusões

A interpretação dos desenhos da figura humana produzidos por andarilhos de estrada possibilitou a elaboração de algumas hipóteses preliminares acerca das características psicológicas dessa população, notadamente no que diz respeito à representação da imagem corporal. Foi possível observar no material de parte da amostra indícios de sensibilidade destacada, insegurança, desordens sexuais relacionadas à tomada de atitudes ambivalentes para com os dois sexos, necessidade de afirmação sexual e sentimento de perda da virilidade. A dificuldade nos contat os sociais foi projetada de maneira destacada nos desenhos, assim como a tendência à solidão, fuga da realidade, timidez e introversão. Resistência à autoridade, hostilidade e um provável sentimento de vergonha relacionado às funções e partes do corpo também foram notados. A fantasia parece ser um mecanismo de defesa utilizado em larga escala pelos sujeitos pesquisados, apresentando-se como fonte de satisfação paliativa perante as privações e frustrações cotidianas. Traços de agressividade e regressão ficaram evidenciados, talvez em decorrência de uma possível inclinação a comportamentos desviantes e ao alcoolismo. Vestígios de uma veemente censura corporal e sexual, revelando controle rígido e repressivo dos instintos, podendo levar inclusive a um moralismo exacerbado, também emergiram da análise de alguns aspectos de parte das produções gráficas.

Em alguns desenhos foram percebidos determinados detalhes e traços que poderiam levar a conclus ões contraditórias. Nesses casos, foi dada maior ênfase à observação das características globais das produções gráficas, procurando compreendê-las como um todo, e não apenas como a soma de suas partes. Desse modo, se a análise de um determinado aspecto do desenho apontava em um sentido oposto àquele sugerido pela interpretação das características globais, foi necessário descartar tal análise baseada em um detalhe parcial.

Na maior parte dos casos é visível uma representação desfavorável da imagem corporal, não chegando, porém, a um comprometimento patológico. Essa hipótese não surge de maneira tão evidente a partir da análise dos aspectos gerais, formais e de conteúdo, mas é sustentada tomando-se como base a observação das características globais dos desenhos. Produções desequilibradas, figuras grotescas e bizarras com proporções desordenadas e pobremente integradas são elementos simbólicos altamente significativos (Van Kolck, 1967 e 1984; Hammer, 1969; Buck, 1969; Portuondo, 1973; Di Leo, 1991; entre outros) que se encontraram presentes nos desenhos deste estudo, principalmente no material oriundo daqueles que estão há mais tempo no “trecho”, apontando para a existência de uma autoimagem marcada por sentimentos de inadequação e depreciação. Muito provavelmente tais traços estão intimamente ligados ao uso abusivo de substâncias alcoólicas, à desassistência, à precariedade, às migrações constantes, à provisoriedade e ao isolamento característicos da condição de vida nômade errante dos andarilhos de estrada, comprometendo a percepção de si mesmo, do outro e do mundo.

Não encontramos na literatura nenhum estudo utilizando-se do Desenho da Figura Humana como método de investigação da personalidade em andarilhos de estrada ou em populações similarmente nômades e itinerantes. Desse modo, os resultados desta pesquisa não puderam ser comparados com outros trabalhos com sujeitos semelhantes, o que possivelmente facilitaria o processo de corroboração ou refutação de algumas hipóteses. De qualquer forma, tomando como base as análises e interpretações formuladas a partir dos desenhos coletados junto à amostra do presente estudo, pode-se supor que as peculiariedades psicológicas dos sujeitos pesquisados foram determinantes no processo de deserção das malhas da rede social e acentuaram-se mais ainda com a atual condição de vida. Um ponto important íssimo que pode ser observado demonstra que, na maioria dos casos, as injunções da vida errante parecem contribuir para o agravamento de certas dificuldades e conflitos de ordem psíquica, visto que as produções gráficas dos sujeitos com maior tempo no “trecho” apresentaram mais elementos simbólicos representativos de desordens psicológicas do que as produções dos andarilhos que se iniciaram há relativamente pouco tempo neste estilo de vida. Na maioria dos desenhos, quanto maior o período de exposição às privações do nomadismo e da errância, maior o grau de comprometimento das figuras. Desse modo, a hipótese inicial, de que as vicissitudes características da vida no “trecho” instalam um impacto psicológico marcadamente intenso nesses sujeitos, parece confirmar-se.

As interpretações aqui apresentadas, porém, não possuem um caráter definitivo, visto que são oriundas da utilização de apenas uma técnica de investigação. Como já ressaltamos anteriormente, em virtude das dificuldades de estabelecer contato com os sujeitos desta população, não foi possível o emprego de uma bateria de instrumentos – procedimento que indubitavelmente conferiria maior precisão às hipóteses apresentadas. De qualquer forma, as análises dos desenhos proporcionaram uma idéia geral e preliminar das mais importantes características psicológicas dos andarilhos de estrada e fornecem elementos capazes de subsidiar estratégias de intervenção e políticas de reinserção social mais contextualizadas com as peculiaridades dessa população excluída e marginalizada socialmente.

Vale enfatizar novamente que a atividade gráfica subsidia uma investigação psicológica ampla e merecedora de crédito, sendo assim uma ferramenta, um instrumento valioso para o trabalho do psicólogo em suas várias áreas de atuação profissional. No entanto, as conclusões e interpretações derivadas da técnica de Machover são passíveis de questionamentos, pois faz-se necessário reconhecer que, a despeito de sua sensibilidade, agudez clínica e fidedignidade inquestionáveis, a padronização, a escalonagem e o rigor estatístico das análises oriundas do Desenho da Figura Humana deixam muitas vezes a desejar, em virtude da inexistência de parâmetros para comparações transculturais, o que compromete, de certa forma, sua objetividade e precisão (Hutz & Antoniazzi, 1995; Maloney & Glasser, 1982; Hutz & Bandeira, 1995). De qualquer modo, é preciso aceitar o fato de que o psiquismo humano não pode ser observado, mensurado e analisado sob o paradigma positivista das ciências exatas, e sim somente sob a ótica das ciências humanas. Assim sendo, essas ressalvas são moderadoras, mas não desencorajantes, pois, em última instância, “para nós, não é uma questão de tudo ou nada” (Di Leo, 1991, p. 82).

 

Referências

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Endereço para correspondência
Rua Jesuíno de Arruda, 2753
Centro São Carlos – SP
CEP 13560-060
e-mail: rodrigo_sanches_peres@hotmail.com

Tramitação
Recebido em novembro/2001
Aceito em fevereiro/2002

 

 

1 O presente trabalho contou com a grata colaboração de José Sterza Justo (Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar – UNESP/Assis) e Lucinéia Francisco Batistela (Departamento de Psicologia Clínica – UNESP/Assis).