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Psicologia: teoria e prática

Print version ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.5 no.1 São Paulo June 2003

 

RESENHA

 

Avaliação psicológica: conceitos, métodos e instrumentos

 

 

Luiz Fernando Bacchereti

Universidade Presbiteriana Mackenzie

 

 

Obra resenhada: João Carlos Alchieri; Roberto Moraes Cruz. Avaliação psicológica: conceito, métodos e instrumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo, (Coleção temas em avaliação psicológica) 2003. 127 p.

Durante as últimas décadas, a Psicologia utiliza vários instrumentos de avaliação psicológica, porém, muitas vezes, sem a devida compreensão sobre os procedimentos e metodologias necessários à avaliação científica dos fenômenos humanos, principalmente no que tange à utilização de um pensamento mais sistemático e organizado.

Nesta obra, são abordados vários temas considerados extremamente importantes para o desenvolvimento desse pensamento, envolvendo questões como: o desenvolvimento histórico da avaliação psicológica no Brasil, seu campo de conhecimento e seus objetivos, a observação e medida de processos e fenômenos psicológicos, os procedimentos para uso de instrumentos psicológicos, os instrumentos de avaliação psicológica comercializados no Brasil, e as competências e perfis necessários em avaliação psicológica.

Os autores estabelecem como objetivo principal desta coletânea o auxílio a profissionais, professores, pesquisadores e alunos no processo de conhecimento e de desenvolvimento de uma investigação baseada em princípios científicos sobre a avaliação psicológica.

No capítulo sobre a avaliação psicológica no Brasil, são abordados aspectos sobre o desenvolvimento histórico de sistemas teóricos de observação e de avaliação de processos psicológicos que contribuíram com a trajetória e o conhecimento técnico-científico da psicologia. Esse período abrange desde a produção médica e científica (1836-1930), bem como a fase de criação dos cursos de psicologia (1962-1970) e de pós-graduação (1970- 1987), e a emergência dos laboratórios de pesquisa em avaliação psicológica (1987).

No capítulo seguinte, os autores estabelecem o surgimento e a constituição de uma subárea do conhecimento psicológico, denominada “avaliação psicológica”, em que, historicamente, foi firmada pelo objetivo de medir fenômenos e processos psicológicos por meio de procedimentos diagnósticos ou prognósticos. Para tanto, devem-se considerar três critérios interdependentes: a medida, o instrumento e o processo de avaliação.

O capítulo seguinte remete o leitor a uma reflexão sobre as variáveis que podem influenciar o processo de conhecimento e de avaliação psicológica, como, por exemplo, o objetivo, os recursos metodológicos e os recursos técnicos presentes nesse tipo de procedimento técnico.

Parte das sugestões apresentadas estabelece como alternativa a necessidade de que os profissionais mantenham contato mais próximo com livros, manuais, glossários especializados e artigos científicos publicados, pois essa atitude implica a condição de globalizar a ação de busca e de informações específicas sobre pesquisas realizadas na área de avaliação psicológica. Outra questão diz respeito à participação do profissional em experiências concretas de pesquisa e de intervenção, como forma de ampliar suas vivências diante do fenômeno investigado, considerando não apenas o indivíduo, mas também toda a rede de variáveis internas e externas que determinam o bem-estar ou o adoecimento físico e psicológico do sujeito.

Posteriormente, em um novo capítulo, tais sugestões/reflexões abordam questões fundamentais sobre os procedimentos para o uso de instrumentos psicológicos, envolvendo desde questões de aplicação, como também o uso de material, correção, avaliação e laudo psicológico.

No Capítulo 5, os autores apresentam uma lista que contém os principais instrumentos de avaliação psicológica comercializados no Brasil e a “preocupação” existente diante de alguns instrumentos, principalmente quanto à sua qualidade e condições técnicas e metodológicas de precisão, validade e padronização. Citam também recentes estudos realizados por Noronha, Primi e Alchieri, em que, dos 146 instrumentos de avaliação comercializados no Brasil por 11 editoras, apenas 28,8% relatam, em seus manuais, a existência das condições acima mencionadas.

Já no último capítulo do livro, o leitor irá poder, de fato, realizar uma reflexão sobre as competências que envolvem o processo de avaliação psicológica e sobre as dimensões que abarcam esse problema.

Dessa forma, a referida obra mostra-se bastante significativa não apenas para os profissionais que atuam diretamente em processos de avaliação psicológica, mas também para estudantes e profissionais de Psicologia que queiram refletir sobre algumas diretrizes acerca dos procedimentos e cuidados dentro desta área de conhecimento.