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Psicologia: teoria e prática

Print version ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.6 no.1 São Paulo June 2004

 

ARTIGOS

 

Avaliação da dinâmica conjugal violenta e suas repercussões sobre os filhos1

 

The violent couple dynamic evaluation and its influence under the children

 

 

Larissa Viana dos SantosI,*; Liana Fortunato CostaII,III,**

I Curso de Especialização em Terapia Sistêmica de Casal e de Família, CEFAM
II Universidade Católica de Brasília
III Universidade de Brasília

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho teve como objetivo geral avaliar como funcionam os subsistemas quando se dá a interação violenta na família, focando a violência no casal. Utilizou-se a Teoria dos Sistemas e a Terapia Familiar para coletar, analisar e discutir os dados, por meio de uma interpretação clínica. Esta é uma pesquisa qualitativa que enfatizou a intensidade e o processo da investigação, por meio de um estudo de caso de uma família, encaminhada pata atendimento pela justiça. Os instrumentos utilizados foram: descrições das seis primeiras sessões observadas durante a fase de avaliação familiar e colagem sobre a família. Pode-se perceber uma dinâmica familiar com comunicação inadequada, dada a dificuldade de simbolizar a insatisfação com o relacionamento e o uso da violência como recurso de comunicação. Ficou clara a presença de uma relação triangulada entre o casal e as dificuldades que as crianças enfrentam em se desenvolver adequadamente quando presenciam cenas de violência na família. Este trabalho possibilitou a compreensão da amplitude de um atendimento terapêutico, a partir da criação de um espaço para a participação da família ampliada, e também da importância de um trabalho conjunto entre a Justiça e a Psicologia no que se refere à violência intrafamiliar.

Palavras-chave: Família, Violência conjugal, Terapia familiar.


ABSTRACT

This research had as its general objective to evaluate how the sub-systems work when there is a violent interaction in the family, focusing on the violence between the couple. The theory of the systems and of the Family Therapy was used to collect, analyze and discuss the data, through a clinical interpretation. This is a qualitative research, which was provided by a case study of a family. This family was sent by the justice to participate of a family-therapy in a school-clinic, as it presented couple violence. The instruments used to collect the data were: description of the six first sessions observed during the family evaluation period, cut and paste work with the family as the subject and the construction of a life line of the family. Based on this material, it was possible to notice a family dynamic which presented inadequate communication, due to the difficulty in symbolizing the insatisfaction with the relationship and the use of violence as a resource to communication. It was clear the presence of a triangular relationship between the couple and the difficulties presented by the kids in involving themselves in an adequate way when they see scenes of violence in the family. This research allowed us to understand the amplitude of a therapeutic work, based on the creation of a participation space for a wider family, and also the importance of a work done together, between the justice and psychology, when it comes to intrafamiliar violence.

Keywords: Family, Couple violence, Family therapy.


 

 

Introdução

A violência conjugal é um tema de extrema relevância na atualidade, visto que a intervenção neste contexto é recente, além do que as pesquisas sobre este tema ainda se configuram como escassas, em nossa realidade. Esse trabalho tem como base uma pesquisa com o objetivo geral de avaliar como funcionam os subsistemas quando se dá a interação violenta dentro da família, focando, essencialmente, a violência no casal. Os objetivos específicos foram: conhecer o sistema nuclear em que ocorre a interação violenta do casal; identificar como ocorre essa interação violenta no casal e identificar a repercussão da interação violenta do casal nos outros subsistemas. Constituiu-se, portanto, em uma pesquisa qualitativa, que utilizou o referencial teórico da Teoria dos Sistemas (CALIL, 1987) e o contexto da Terapia Familiar (NICHOLS e SCHWARTZ, 1998) para coleta das informações.

 

Revisão teórica

A perspectiva sistêmica de avaliação familiar tem como idéia central a questão de o doente, ou o membro sintomático, ser apenas um representante circunstancial de alguma disfunção no sistema familiar. Enfatiza, portanto, o problema como a expressão de padrões inadequados de interação no interior da família (CALIL, 1987). Desse modo, os terapeutas deveriam concentrar-se mais na interação entre os membros da família do que nas qualidades individuais, princípio este que se tornou central no campo da Terapia Familiar (NICHOLS e SCHWARTZ, 1998).

Os sistemas familiares são formados por subsistemas, e estes podem ser considerados segundo seus atributos, suas funções ou sua posição, numa escala hierárquica. Assim, em uma família, há diversos grupos, tais como: os pais, os filhos, as mulheres, os homens, as crianças, os jovens, os adultos, os velhos, os que têm trabalho remunerado, os que não são remunerados, os que estudam etc. Entende-se por família nuclear o grupo formado pelo subsistema parental e/ou conjugal e pelo subsistema filial. Conforme o tema em pauta, um ou outro desses subsistemas se sobressai e pode exercer maior influência, ou experimentar maior prazer, ou fazer maiores cobranças (ANTON, 2000).

 

Violência

A violência familiar começou a se constituir como problema social a partir da década de 60, quando alguns autores descobriram a síndrome da criança violentada, redefinindo os maus tratos sobre as crianças. No começo dos anos 70, o movimento feminista atraiu a atenção da sociedade sobre as formas e conseqüências da violência contra as mulheres. Para Corsi (1999), violência implica sempre o uso da força para produzir um dano. Em um sentido amplo pode-se, portanto, falar em violência política, violência econômica, violência social e violência física. Em todos esses casos o uso da força remete ao conceito de poder.

As múltiplas manifestações da violência sempre são uma forma de exercício do poder mediante o emprego da força e implicam a existência de alguém acima e alguém abaixo, papéis simbólicos, que adotam a forma de papéis complementares; pai-filho, homemmulher, mestre-aluno, patrão-empregado, jovem-velho etc. Para que a interação violenta se dê, deve haver a existência de um certo desequilíbrio de poder, que pode estar definido culturalmente ou pelo contexto, ou produzido por manobras interpessoais de controle da relação (MADANES, 1984). Ainda segundo essa autora (MADANES, 1997), todos os problemas trazidos à terapia são originários do dilema entre o amor e a violência, visto que a principal questão do ser humano é amar, proteger e ajudar o outro, ou se intrometer, dominar e controlar. Acredita-se, portanto, que, quanto mais intenso o amor, mais próximo se estará da violência, no sentido de possessividade invasiva. A violência, neste caso, pode também ter a função de obter amor.

Por outro lado, a violência muitas vezes é designada como uma forma de abuso, abuso este que extrapola a questão do abuso de substâncias químicas e do abuso sexual. Ravazzola (1997) defi ne bem que as pessoas podem abusar de substâncias como também de outras pessoas, e não só sexualmente. O abuso implica sempre um abuso antisocial de alguém com poder sobre alguém que é colocado na condição de objeto e não de sujeito.

De acordo com um relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em outubro de 2002, a violência está entre as principais causas de morte de pessoas entre 15-44 anos de idade. Em média 1.424 pessoas são vítimas de homicídios por dia, quase uma pessoa por minuto. Os estudos mostram que em alguns países os cuidados demandados pelas vítimas de violência somam um gasto correspondente a 5% do Produto Interno Bruto (OPAS, 2002).

 

Violência familiar

Em um grupo social doméstico que manifesta uma relação cotidiana e signifi cativa, supostamente, de amor e proteção, existe violência familiar quando uma pessoa exerce coação sobre outra, sem que esta possa se proteger, por se encontrar numa situação de submissão. As formas mais freqüentes de manifestação de violência doméstica são a violência conjugal, especialmente contra mulher, seguida da violência física e sexual contra crianças e diferentes castigos aos anciãos (RAVAZZOLA, 1997; AUMANN e ITURRALDE, 2003).

As mulheres são as que correm maiores riscos de sofrer violência em ambientes domésticos e familiares e, segundo as estimativas da OMS, uma em cada quatro mulheres é vítima de abusos sexuais cometidos por seu parceiro ao longo da vida. O Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, publicado pela OMS em 2002, afi rma que quase metade das mulheres que morrem por homicídio é assassinada por seus maridos ou parceiros, atuais ou anteriores, uma porcentagem que se eleva a 70 % em alguns países. A violência entre casais inclui atos de agressão física, assédio psicológico, atos sexuais forçados e diversos tipos de comportamento, como isolar uma pessoa de sua família e amigos ou restringir seu acesso à informação ou ajuda. Em 48 investigações realizadas em todo o mundo, entre 10 % e 69 % das mulheres admitiram ter sofrido algum tipo de violência física por parte de seu parceiro masculino em algum momento de sua vida e a maioria das vítimas sofre esses abusos durante um período longo de tempo (OPAS, 2002).

No Brasil, a cada quatro minutos a polícia registra uma agressão física contra uma mulher. E a violência ocorre predominantemente no espaço doméstico, 63% das agressões físicas contra as mulheres acontecem em suas próprias residências (IBGE) e entre as vítimas de agressões por parte de parentes as mulheres representam 65.8%. O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal destinada a apurar a questão da violência contra a mulher no Brasil afirma que mais de 50% dos estupros ocorrem dentro da própria família (SEDUH, 2002).

Para que exista uma interação violenta geralmente ocorrem algumas condições necessárias, tais como: a) déficit de autonomia dos membros de uma família, o que significa interdependência entre eles; b) subordinação a um estereótipo em que o vitimizador e a vítima supõem que o primeiro é o único responsável da relação, quem possui a autoridade em uma hierarquia fixa; c) circularidade desses significados do abuso que consideram legítimos e que, de alguma maneira, justificam e proporcionam a impunidade ao vitimizador (RAVAZZOLA, 1997).

Corsi (1999) considera a existência da Síndrome da Mulher Maltratada, sendo essa mulher uma pessoa do sexo feminino que sofre maltrato físico, emocional e/ou abuso sexual, por ação ou omissão, do parceiro com quem mantém um vínculo de intimidade.A vitimização inclui obrigar a mulher a executar ações que não deseja e/ou proibi-la de concretizar aquelas que quer efetuar. A repetição do ciclo da violência familiar e a vivência recorrente do mesmo instauram a Síndrome da Mulher Maltratada. Esta promove um estado de paralisia progressiva, que a mulher vítima de violência conjugal assume, constituindo a Síndrome da Indefesa Aprendida. Geralmente, a socialização tradicional do papel sexual, experienciada por essas mulheres, também reforça a impossibilidade de elas atuarem em sua própria defesa. Elas foram criadas para dar amor, para serem boas esposas, boas mães e boas donas de casa. Romper com esse estereótipo por abandonar a casa, por denunciar o marido, por dissolver a família etc. a delega uma grande culpa à causa de sua formação, que se vê multiplicada pelas atribuições que lhe são feitas por sua família de ou pela de seu marido, pelos vizinhos, amigos, por companheiros de trabalho, pela escola das crianças, assim, como, por autoridades judiciais.

 

Violência conjugal e os filhos

Considerando que os membros das famílias sempre estão envolvidos nos acontecimentos que ocorrem no âmbito doméstico, e que, ao olhar sistêmico, todos são participantes do contexto, seja ativa ou passivamente, as crianças que convivem com a violência conjugal sofrem suas conseqüências inevitavelmente. Para Almarales (2002), o fenômeno violento, quando produzido no seio da família, adquire um significado especial, uma vez que a unidade familiar aparece como um reduto do amor, incompatível com o uso da agressão e da força. Deve-se, portanto, admitir que, assim como a família é o agente socializador básico, ao mesmo tempo e em muitos casos, constitui uma escola da violência em que a criança aprende que as condutas agressivas representam um método eficaz para controlar as demais pessoas e para realizar seus próprios desejos. A violência contra as crianças pode ser: física, abandono físico e emocional, maltrato emocional e exploração sexual. Para esta pesquisa é importante que se considere o maltrato emocional, que está constituído por formas mais sutis, nas quais as crianças estão permanentemente aterrorizadas, repreendidas ou rechaçadas.

Para Ravazzola (1997), a experiência de ter sido objeto de maus tratos na vida infantil, seja recebendo-os ou presenciando-os, deixa sinais difíceis de serem modificados, e é provável que a criança se sinta completamente confusa e afetada pelo fato de amar o autor da agressão. Essa criança constrói, então, justificativas que não incriminem o agressor, não registrando, portanto, o dano que lhe foi causado, não sendo este percebido como grave e prejudicial, ou sendo minimizadas.

Corsi (2003) chama atenção para a pouca percepção social sobre o problema, já que essa problemática ocorre na intimidade e é estruturada segundo dois princípios básicos: o da invisibilidade e o da naturalização. O fenômeno não é visto e é tido como natural nas relações familiares. Muitas vezes os filhos são utilizados durante as brigas do casal, principalmente pelo pai agressivo, que faz com que a mãe sinta-se culpada de qualquer coisa que aconteça aos filhos. As crianças acabam desenvolvendo algumas características, típicas de quem convive com a violência no lar, tais como: vivem com a esperança de que a situação da violência melhore ou termine; mostram-se desesperadas porque não vêem saídas; desenvolvem uma baixa auto-estima; expressam sentimentos de medo, ansiedade, insegurança e incertezas; desenvolvem problemas de autocontrole e condutas exageradas; manifestam dificuldades para concentrar-se; mostram-se dependentes econômica e emocionalmente; tendem a ser sexualmente ativos e em muitas ocasiões abandonam o lar; aprendem padrões de conduta violentos, copiando o da vítima (passivo) ou do agressor (matam animais ou agridem a outras crianças menores do que elas); pensam com freqüência em suicidar-se e/ou mutilar-se ou causar-se algum dano. São freqüentes as tentativas de suicídio (VIDA HUMANA INTERNACIONAL, 2002).

 

Terapia Familiar

A Terapia Familiar só encarou verdadeiramente o lado obscuro da vida familiar no início da década de 1990. A compreensão do contexto que cerca o surgimento da violência é fundamental para a Terapia Familiar de duas maneiras. A primeira está relacionada ao melhor entendimento que se tem das pessoas, quando seu contexto familiar é considerado.A segunda diz respeito ao oferecimento de tratamento. As mudanças no contexto familiar criam poderosas mudanças nos aspectos pessoais e têm influência no contexto social (NICHOLS e SCHWARTZ, 1998). Vários são os autores que, na atualidade, preconizam o encaminhamento para Terapia Familiar, na presença de violência intrafamiliar (CIRILLO e DI BLASIO, 1991; GLASER e FROSH, 1997; PERRONE e NANNINI, 1997; BARUDY, 1998).

 

Metodologia

Estudo de Caso – Esta pesquisa qualitativa-interventiva foi realizada por meio de um estudo de caso e visou a compreender a dinâmica familiar presente em uma família com história de violência conjugal, enfatizando a intensidade e o processo da investigação. Demo (2001) sugere que a intensidade no processo de investigação em pesquisas qualitativas trata da dimensão complementar natural dos fenômenos, tipicamente processual, dialética não-linear, dotada também de traços individuais irregulares e irrepetíveis. Com relação à dimensão da intensidade presente no estudo qualitativo, esse autor diz que a intensidade, por ser profunda, envolvente e participativa, toca o plano da subjetividade, pela qual, sendo todos igualmente formados no mesmo processo evolucionário, somos também absolutamente individuais (DAMASIO apud DEMO, 2001; KATZ apud DEMO, 2001). Também a intensidade aponta para a politicidade da realidade, em particular da realidade humana, que encontra uma de suas qualidades mais visíveis na capacidade de criar, de negociar e de refazer potencialidades e oportunidades.

Contexto – Este trabalho, devido à complexidade do tema, exigiu uma análise qualitativa, que visasse ao processo e à intensidade da dinâmica da família, valorizando, portanto, seus aspectos mais profundos, por meio de uma leitura sistêmica e utilizando as técnicas da Terapia Familiar para a coleta das informações. Os atendimentos terapêuticos foram realizados numa clínica-escola de uma universidade, e a equipe de Terapia Familiar foi composta por duas terapeutas responsáveis pelo caso, seis estagiários curriculares de graduação em Psicologia, uma pesquisadora voluntária graduada em Psicologia, e com a supervisão geral de uma terapeuta de família supervisora. As salas de atendimento possuem os equipamentos necessários a esse tipo de abordagem, como espelho unidirecional, câmara de filmagem e interfone, permitindo que a equipe se subdivida para atendimento e observação, possibilitando inclusive a intervenção dos observadores durante os atendimentos.

Participantes – A família Coimbra (nomes fictícios) foi encaminhada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios/TJ-DFT para a Terapia Familiar, a partir de sentença judicial, por estar envolvida em situações de violência conjugal, em que o autor do ato violento foi Petrônio, ex-marido de Fernanda, sendo esta configurada como a vítima de seus ataques violentos. Petrônio quebrou o nariz de Fernanda, com um soco, durante uma entrevista de avaliação psicossocial (parte do processo judicial), e também está envolvido em outros processos criminais. A visita das crianças ao pai está proibida, também por ordem judicial. O grupo familiar é composto por: Verny (60 anos), estrangeira, escolaridade grau médio, aposentada, divorciada, duas filhas; Petrônio (40 anos), 1o grau incompleto e desempregado, pai de Pietro e Samy, fruto do casamento de dez anos com Fernanda; Fernanda (38 anos), graduada em medicina, atualmente trabalhando como secretária e divorciada de Petrônio; Pietro (13 anos), cursando a 5a série e; Samy (8 anos), cursando a 2a série. A família Coimbra pode ser considerada como pertencente à classe média, uma vez que possui renda superior a 20 salários mínimos e reside em local nobre do Plano Piloto (DF), excetuando-se Petrônio, que mora na periferia. A mãe, Fernanda, possui a guarda de Pietro e Samy e os três moram com a avó Verny.

Os instrumentos utilizados para o estudo de caso foram as descrições das seis primeiras sessões observadas durante a fase de avaliação familiar, em que se começaram a esclarecer os objetivos da terapia com a família, sendo que nessas sessões foram avaliadas as manifestações verbais e não-verbais de seus membros, utilizando-se, portanto, alguns recursos para obter informações sobre esta, tais como: uma Escultura e uma Colagem, cujo tema foi Minha Família. A Escultura é uma técnica não verbal que permite à família a expressão de idéias e de emoções por meio da utilização do corpo e do movimento (ANDOLFI, 1981). A Colagem é uma atividade que possibilita que a família se retrate por meio de figuras desenhadas ou coladas, explicitando como estes se vêem uns em relação aos outros.

Procedimento – As observações foram realizadas através do espelho unidirecional, com enfoque nas questões referentes ao comportamento manifesto entre os membros da família e no conteúdo verbal e não verbal expresso no transcorrer das sessões. As anotações eram feitas pelos estagiários e pesquisadores, sendo que, ao final de cada sessão, esta era descrita conforme as observações de cada membro do grupo. Foram essas anotações o material que serviu de base para a análise. Nos três primeiros atendimentos somente compareceram: Fernanda, Verny, Pietro e Samy. Os demais atendimentos contaram com a presença de todos, inclusive de Petrônio. Os atendimentos nos quais foram coletadas as informações aconteceram durante o segundo semestre de 2002. É importante ressaltar que essa família deu continuidade aos atendimentos terapêuticos após a fase da coleta de informações.

 

Discussão dos resultados

A interpretação dos dados foi clínica, baseada na leitura sistêmica das interações e conteúdos presentes nos materiais analisados. Por meio dos relatos da família, pudemos observar que esta consegue se organizar de forma a manter uma rotina de vida, com as crianças estudando, a mãe e a avó trabalhando. Durante a época de férias as crianças passeiam, visitam o pai e recebem colegas em casa, para brincar. Chamaram-nos a atenção os recursos afetivos e emocionais que a família possui para se organizar e promover lazer e descanso para todos. Porém, nessas informações, há um aspecto muito importante que é a desobediência da mãe no cumprimento da decisão judicial que proíbe o pai de ter acesso aos filhos. Parece que o aspecto violento presente na relação conjugal, bem como a participação do pai em roubos, não se constitui motivo de receio da mãe com relação ao contato das crianças com o pai. Percebemos aí indícios de uma comunicação distorcida, a dupla mensagem (WATZLAWICK, BEAVIN e JACKSON, 1985), envolvendo os membros dessa família, fazendo com que não se saiba o que constitui proteção ao perigo.

Esse aspecto é relevante, pois, apesar de Fernanda dizer não desejar manter nenhum vínculo com Petrônio, a não ser o de mãe e pai das crianças, ainda apresenta muita dificuldade em cumprir a ordem judicial. Por outro lado, ela diz: “Eu estou cansada das insistências do Petrônio em retomar o casamento, todas as vezes que ele liga, ele quer falar da mesma coisa, e eu não vou mais aceitar isso”. Percebe-se, portanto, que a separação do casal e a permanência, somente, de uma relação parental, ainda não estão claras para Petrônio.

Pietro também está enfrentando dificuldade em aceitar a separação dos pais, o que fica evidente em seu posicionamento durante as atividades propostas na sessão. Ele mantém-se afastado das mulheres da sua família, permanecendo ao lado do pai. Pietro chega à sessão muito próximo à mãe, porém, em seu decorrer, coloca-se ao lado do pai, enfrentando a mãe junto com ele: “Os problemas na minha família só existem porque meu pai não mora com a gente e se ele voltasse para casa tudo se resolveria”. O conflito de lealdade fica bem evidente (BOSZORMENYI-NAGY e SPARK, 1983), já que Samy, ao contrário de Pietro, está sempre do lado da mãe e concordando com o que ela diz. Neste sentido, as crianças estabelecem uma relação conflituosa com seus pais e entre si, porque não sabem a quem e quando devem amar ou rejeitar.

O comportamento de Pietro retrata de forma bastante clara o que Ravazzola (1997) explica como uma das possíveis reações das crianças pertencentes a famílias violentas. Essa autora explica que, por ser o agressor um membro da família, este também representa alguém a quem se deve defender lealmente de qualquer ataque, neste caso, a criança também se defende dos perigos que atacar o pai representa, visto que este é um suposto aliado familiar. Essa criança constrói, então, justificativas que não incriminem o agressor, não registrando, portanto, o dano que lhe foi causado, não sendo este percebido como grave e prejudicial, ou sendo minimizado. Aqui, Pietro contesta qualquer crítica que venha ser feita ao seu pai, defendendo-o de forma incisiva e tentando incluí-lo na família, seja de forma simbólica, por meio de desenhos, ou verbalmente, ao falar freqüentemente sobre o pai durante as sessões em que este esteve ausente. Quando, em uma das sessões, Petrônio começa a relatar suas histórias de agressividade e violência, Pietro senta-se no colo de sua mãe, em seguida sai da sala. Ao retornar, a terapeuta pergunta o que sente quando houve a história de seu pai, e Pietro responde: “Não sei, mas acho que ele não precisa mudar. Ele é um ótimo pai”.

Fernanda foi agredida por Petrônio numa audiência judicial e, ao vir para as sessões de Terapia Familiar, escondeu-se no estacionamento para ter certeza de que Petrônio chegasse antes à sala de atendimento. Ela tem medo de ser agredida no estacionamento em função de suas ameaças ditas durante os atendimentos, na presença dos terapeutas. Mesmo diante dessas evidências, as quais Pietro presenciou e presencia, este busca manterse sempre ao lado do pai, quando em sua presença. Na ausência do pai, ele se mantém ao lado da mãe.

Ravazzola (1997) também explica que, quando uma criança presencia a violência de um dos pais sobre o outro, é comum que esta se sinta confusa pelo fato de amar o agressor, já que muitas vezes este se comporta de forma carinhosa e delicada com os filhos. Isso se confirma quando Samy diz que ficou com o pai nas férias, mas sentiu muitas saudades da mãe. Outra situação que retrata de forma bem nítida essa confusão que se forma para as crianças é quando Samy diz: “Fiquei de mal do meu pai porque ele ficava xingando a minha mãe e eu não gosto disso”, mas em seguida completa: “Mas eu sinto um pouquinho de saudades dele”. É como se Pietro e Samy quisessem acomodar os ânimos, buscando agradar a todos um pouquinho e assim refrear as manifestações violentas do pai.

Neste contexto, pode-se, também, perceber o padrão de comunicação simétrica que se estabelece entre o casal na disputa pelo poder (WATZLAWICK, BEAVIN e JACKSON, 1985). A comunicação simétrica é caracterizada pela igualdade e minimização das diferenças nos comportamentos entre os indivíduos, como no caso da rivalidade e competição, e isso fica claro quando Pietro avisa que: “Meu pai disse que não viria hoje porque minha mãe não falou direito com ele no telefone e a Samy não quis falar com ele também e por tudo isso não valeria a pena”. Outro ponto bastante relevante na leitura sistêmica dessa família, além da comunicação, é a indefinição de papéis e de vinculação entre seus membros, característica comum em famílias violentas, em que as crianças acabam assumindo papéis parentais, muitas vezes por considerarem a mãe agredida pelo pai como muito frágil, e assim imaginarem garantir uma pseudo-proteção a essa família, além de se considerarem mais adultos e criteriosos do que os adultos com quem convivem. Essa indefinição ficou clara na execução da tarefa da Escultura, realizada durante uma das sessões. Para Andolfi (1981) a Escultura pode ser definida como a representação simbólica de um sistema; dessa forma, relações, sentimentos, mudanças podem ser representados e experimentados simultaneamente.

Pedimos à família que se posicionasse como se fosse para uma fotografia. Todos os membros da família se posicionaram em um mesmo sentido, um ao lado do outro, sem divisão hierárquica, ou de subsistemas. Colocaram-se em uma relação de igualdade, sem diferenciação de papéis, sendo que a autoridade e a proteção se encontram difusas, como demonstrado abaixo. Outro aspecto importante é a colocação de Petrônio fazendo parte do mesmo grupo, como se integrasse esse sistema.

 

Verny – Fernanda – Samy – Pietro – Petrônio

Durante o processo de avaliação da família (momento da coleta de informações), foi divulgada a decisão judicial suspendendo as visitas do pai às crianças por um período de seis meses. Nesse momento, a família trouxe a notícia da decisão judicial muito mobilizada e contestando essa decisão, cada um à sua maneira. Pietro diz: “Eu não aceito a decisão do juiz e vou ver meu pai na hora que eu quiser, porque isso é uma besteira do juiz”. Fernanda, embora entenda os motivos que levaram o juiz a essa decisão, diz: “Estou preocupada com essa decisão brusca do juiz e tenho medo que Petrônio abandone seu tratamento e isso prejudique a mudança dele como pai”. Samy disse concordar com tudo o que a mãe disse, e Verny ressaltou: “O Petrônio nunca procurou um emprego, mas usa de meios ilícitos para ganhar dinheiro. Ele não pode sustentar nem a si mesmo quanto mais as crianças”. Quando fala de meios ilícitos, Verny se refere aos vários roubos de carro já praticados por Petrônio, pelos quais está respondendo a processos, em liberdade. Todas essas falas mostram que, apesar de essa decisão judicial ser protetiva para a família, é também uma decisão que potencializou uma divisão preexistente. A autoridade entra em conflito com a questão afetiva, resolvendo a falta de proteção e de limite, porém, desencadeando a incompreensão da família. Isso porque a dimensão jurídica tem uma função normativa, ampliando a necessidade de uma dimensão compreensiva e questionadora para a família.

Entendemos que essa complementariedade entre essas dimensões normativa e compreensiva está contemplada no trabalho de parceria entre o contexto jurídico e o contexto terapêutico. Santos (2002) aponta o contexto jurídico como a oportunidade para a ressignificação dos atos violentos, com a ajuda dos profissionais da justiça, da violência como violência, interrompendo um ciclo de naturalização da violência intrafamiliar. De acordo com o encaminhamento da justiça, a presença desse pai era indispensável aos atendimentos familiares e, também, muito requisitada pela própria família, além de ser avaliada pelos terapeutas de família como fundamental para o tratamento. Neste sentido, é interessante que se reflita e se discuta sobre a questão do espaço terapêutico e jurídico, quais são as dificuldades e facilidades de um trabalho conjunto e complementar, quais são seus encontros e desencontros, quais são as fronteiras que os aproximam e os separam e como conjugar uma decisão judicial a uma proposta de tratamento terapêutico, sendo o Direito e a Psicologia duas ciências com epistemologias tão distintas e que se aliam para lidar com a questão da violência na família.

 

A colagem

 

 

Esta foi uma atividade realizada pela família durante uma das sessões observadas, cujo tema era Minha Família. Foi pedido a todos os membros da família que desenhassem ou colassem figuras que representassem a sua família. Nesse dia estavam presentes todos os membros da família, exceto Petrônio. Samy começou desenhando a si mesma, enquanto Verny colava uma figura que representava Fernanda, esta, porém, colou uma figura de uma família inteira, desenhou Pietro e Verny, sendo que Pietro retocou o desenho que o simbolizava, acrescentando barba ao seu rosto. Durante a colagem, houve um momento de tensão, visto que Pietro pediu à mãe que desenhasse seu pai dentro da casa deles e Fernanda recusou-se a atender o pedido de Pietro, dizendo que não o representaria na colagem, pois ele não faz parte de sua família e é somente pai das crianças, completando: “Pietro, se você quiser representá-lo, faça você mesmo, em outra casa”. Assim, Pietro retratou o pai na lateral oposta da folha e de cabeça para baixo. Por fim, a colagem recebeu dois títulos dados pela família: Família Adams e Família Criativa ou Feliz.

O que se pôde apreender por meio da colagem é que existe um conflito nessa família em relação à indefinição de sua qualidade: ou são uma família de monstros ou são uma família feliz, harmoniosa. Percebe-se também a existência de duas casas na colagem, sendo uma grande, representada por inteiro e na qual estão inseridos Verny, Fernanda, Pietro e Samy, além de uma família composta por pai, mãe e dois filhos. Já a outra casa está desenhada pela metade e vazia. Além disso, Petrônio está desenhado fora das duas casas e de cabeça para baixo, o que pode ser interpretado como: Petrônio tem uma casa, mas as crianças não o vêem habitando essa casa e ele não está autorizado a habitar uma casa em que possam estar crianças. O mundo do pai é visto como um mundo desorganizado, em que as coisas estão de cabeça para baixo. Uma das tarefas do atendimento terapêutico deve se dirigir a buscar, junto com a família, a redefinição de sua condição de monstros. Autores como Fruggeri (1998); Anderson e Goolishian (1998); Gergen e Kaye (1998) apontam a importância da reconstrução da linguagem em suas influências afetivas e emocionais, discutindo o valor dado a uma palavra e a importância em sua redefinição.

A colagem ainda nos aponta a desproporção de tamanho das crianças em relação aos adultos. Samy, em especial, está desenhada em cores muito vivas e Pietro com barba. Em contraste, os adultos representados estão desenhados em cores fracas e esmaecidas. A família parece indicar uma grande importância dada às crianças. No entanto, um detalhe nos preocupa: Pietro, desenhado com barba, está em uma posição de homem da casa, igualando-se ao pai em tamanho e características físicas.

A Colagem nos indicou que Samy tem seu lugar garantido na casa, ela mesma se coloca de forma bastante visível. Pietro foi colocado na Colagem pela mãe, mas recolocou-se como gostaria de estar presente, como adulto, já que acrescentou barba ao seu rosto no desenho; Verny foi colocada por Fernanda, também, porém em posição esmaecida, com um traço mais fraco, o que indica seu processo de retirada dessa família (a continuidade da terapia mostrou Verny indo morar sozinha); Fernanda foi colocada na casa por Verny, que escolheu uma foto identificando uma artista de sucesso com uma legenda apontando uma separação conjugal. Pensamos que isso indica que Fernanda está sem lugar na casa e que precisa de ajuda para enfrentar a separação; Fernanda, porém, escolhe uma foto com uma família inteira (colocada no canto inferior esquerdo), com pais e filhos, o que nos faz pensar em sua confusão no enfrentamento da separação.

Tanto a Escultura como a Colagem nos possibilitaram fazer uma leitura sistêmica do funcionamento familiar que está de acordo com a literatura sobre o tema violência intrafamiliar. Trata-se de uma família com conflitos de lealdade, confusão de papéis, comunicação dúbia e dificuldades na hierarquia, mas que se mostra disponível para a ressignificação de sua relações e a redefinição do papel da violência em suas interações.

Finalmente, gostaríamos de chamar ainda a atenção para um outro aspecto extremamente relevante, que é a existência de um relacionamento conjugal triangulado, no qual as crianças ainda estão mediando os conflitos conjugais (BOSZORMENYI-NAGY e SPARK, 1983). As crianças sofrem diretamente com o fato de vivenciarem ou presenciarem cenas de violência dentro da família, podem se tornar crianças inseguras e desconfiadas dos adultos, além de poderem apresentar sintomas como depressão e ansiedade e de poderem ficar divididas afetivamente entre seus pais (DELFINO, 2003; ITURRALDE, 2003). As crianças demonstram uma clara divisão afetiva e de lealdade entre seus pais, estando Pietro vinculado ao pai e Samy vinculada à mãe, o que não significa dizer que essa divisão não lhes cause sofrimento, já que essas crianças optaram por defender um dos pais e se vêem obrigadas a se afastar do outro, apesar de amarem a ambos. Ambas as escolhas feitas por essas crianças, mostram-nos conseqüências possíveis quando estas estão envolvidas em uma dinâmica familiar violenta, ou seja, elas minimizam as atitudes violentas do agressor, defendendo-o com ardor, ou cortam relações com este e defendem incisivamente a vítima das agressões.

 

Considerações finais

Nesse texto, além de apontar o conhecimento sobre as repercussões da violência conjugal sobre todo o sistema familiar, gostaríamos de poder contribuir de duas formas: um primeiro aspecto diz respeito ao atendimento terapêutico sob obrigação e um segundo aspecto se refere à interface entre Psicologia e Justiça. Com relação ao primeiro ponto, buscamos colocar em prática a possibilidade de a Psicologia procurar compreender e explicar as ações humanas, juntamente com o Direito com suas preocupações sobre como regular e prever determinados tipos de comportamento, buscando estabelecer um contrato social de convivência humana (SELOSSE, 1989, 1997). Esse autor questiona o contexto da aplicação da pena, puramente como espaço de punição, apontando para a necessidade de que essa pena adquira um sentido reparador do ato cometido para o sujeito. Em sua experiência, e na nossa também, o contexto terapêutico oferece a oportunidade para a continuidade da ressignificação e reparação do ato violento.

Com relação à parceria entre Justiça e Psicologia, esse estudo de caso permitiu-nos compreender melhor a interface existente entre o Contexto Terapêutico e o Contexto Jurídico, como também as possibilidades e os limites de uma atuação conjunta e complementar dos dois contextos. Embora sejam de origens epistemológicas tão distintas, essas duas áreas interagem entre si com o mesmo objetivo, ou seja, o de intervir de forma efetiva para cessar a violência na família. Enfatizamos o contexto da Terapia Familiar como uma possibilidade no avanço de uma visão compreensiva da violência na família, permitindo, assim, que seus membros interajam de uma forma diferente daquela que permite a presença da violência.

Com a suspensão das visitas do pai aos filhos, por meio de uma decisão judicial, ficou bastante clara a diferença de contextos, sendo que o pai continuou a participar das sessões de Terapia Familiar, juntamente com seus filhos. Com isso percebemos que esse pai, por meio da terapia, pôde estar presente na família de uma forma diferente da habitual, ou seja, num contexto no qual a comunicação pode ocorrer sem violência. Dessa forma, tornam-se claros as possibilidades e os limites de um trabalho conjunto entre a Justiça e a Terapia Familiar, ou seja, estas podem se aproximar para se complementar e ampliar os trabalhos desenvolvidos por ambas, sem que interfiram diretamente nas decisões de cada uma.

Contudo, é de extrema importância que estudos sobre a violência intrafamiliar continuem a ser realizados, a fim de se obter uma compreensão mais elaborada desse contexto e recursos mais efetivos para lidar com essas situações. Além disso, estudos mais aprofundados sobre a interface da Justiça e da Terapia Familiar são necessários para que esse trabalho conjunto torne-se realmente benéfico para as famílias.

 

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Endereço para correspondência
Larissa Viana dos Santos
AC 02 Lote 11 ap. 106 – Condomínio Riacho Doce – Riacho Fundo
71810-200, Brasília, DF, Brasil
E-mail:lalaviana@hotmail.com

Tramitação
Recebido em outubro/2003
Aceito em fevereiro/2004

 

 

1 Esse texto baseia-se no Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), apresentado a uma banca examinadora em junho de 2003, realizado pela primeira autora, sob a supervisão da segunda.
* Psicóloga graduada pela Universidade Católica de Brasília Aluna do Curso de Especialização em Terapia Sistêmica de Casal e de Família – CEFAM.
** Psicóloga, Terapeuta Familiar, Psicodramatista; Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo; Professora Adjunta da Universidade Católica de Brasília; Pesquisadora Associada da Universidade de Brasília.