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Psicologia: teoria e prática

Print version ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.6 no.spe São Paulo  2004

 

ARTIGOS

 

Questionando o futuro: as representações sociais de jovens estudantes

 

Questioning the future: the social representations of young students

 

 

Eugênia Coelho Paredes, Ana Rafaela Pecora

Grupo de Pesquisa em Educação e Psicologia do Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Mato Grosso

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Foram pesquisadas as representações sociais (RS) de perspectivas de futuro de pré-adolescentes e adolescentes, alunos da rede pública de ensino cuiabana. Como referencial para a análise, utilizamos a Teoria das Representações Sociais, de Serge Moscovici e colaboradores, em especial as contribuições de Denise Jodelet. Foram aplicados questionários em 30 escolas, consultando 813 sujeitos, em 2002. E entrevistas, em oito escolas, contataram 40 sujeitos, em 2003. Os dados dos questionários foram processados pelo software SPSS, sendo realizadas análises univariadas e testes bivariados de correlação. As entrevistas permitiram contextualizar tais dados. Verificou-se que as RS dos jovens se constroem com bases nos elementos: estudo, trabalho, família e qualidade de vida, enraizados na história e na cultura, representadas pela família e, em especial, pela figura materna, apontando para a ocorrência de representações do tipo hegemônico.

Palavras-chave: Representações sociais, Futuro, Adolescentes.


ABSTRACT

This study presents the results of a research about the social representations of future perspectives produced by pre-adolescent and adolescent students, who study during the day at public schools in Cuiabá. The theoretical background is based on Serge Moscovici’s and on his collaborators proposals. Denise Jodelet’s contributions were specially applied to this study. The procedure used for collecting the data counted on questionnaires, applied in 30 public schools, in which 813 subjects were studied during the year of 2002, and interviews, conducted in eight schools, listening to 40 subjects, during the year of 2003. The collected data was processed by the software SPSS. Unvaried analyses and correlation bivariety tests were done. The SR of youths are constructed based on the elements: study, work, family and lifequality, rooted in the history and culture, represented by the family, specially by the motherly figure, that points to hegemonic type of representations.

Keywords: Social representations, Future, Adolescents.


 

 

Introdução

O futuro caracteriza-se por ser a instância das aspirações, desejos, medos, preocupações e esperanças. As especulações relativas à adolescência têm crescido à medida que se ampliam os problemas contemporâneos a ela associados, como é o caso das drogas, AIDS e violência. Na pesquisa que aqui se relata, buscou-se a compreensão de como se representam os jovens, o que pensam, o que sentem, quais seus planos e projetos relativos às suas perspectivas de futuro e os empecilhos que qualificam como possíveis impedimentos ou estorvos.

 

Revisão teórica

Segundo Moscovici (1978), as representações sociais (RS) compreendem pensamentos, sentimentos, emoções, práticas, afetos e cognição, que se apresentam em constante mudança no tempo e na história, dando origem e sustentação às RS. Jodelet (2001), refletindo sobre aquilo que pareceu ser consensual entre os estudiosos deste campo, apresenta o seguinte conceito:

[...] é uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Igualmente designada como saber de senso comum ou ainda saber ingênuo, natural, esta forma de conhecimento é diferenciada, entre outras, do conhecimento científico. Entretanto, é tida como um objeto de estudo tão legítimo quanto este, devido à sua importância na vida social e à elucidação possibilitadora dos processos cognitivos e das interações sociais (JODELET, 2001, p. 22).

Assim, compreende-se que Moscovici, ao propor a Teoria das Representações Sociais (TRS), vai legitimar o saber popular, o senso comum, uma vez que, até então, este era concebido como algo difuso e ingênuo. Importância alguma era concedida a este saber, tido como inferior à argumentação científica.

Segundo Banchs (1991), as representações sociais se caracterizam por serem autônomas, dinâmicas e mutáveis, fazendo parte da realidade social. Esta é que dará sustentação ao conteúdo representado. São, assim, formas de saberes construídos na convivência cotidiana e por esta determinados, comportando contradições e transformações.

Eis o magistério de Moscovici:

As representações sociais são entidades quase tangíveis. Elas circulam, cruzam-se e se cristalizam incessantemente através de uma fala, um gesto, um encontro, em nosso universo cotidiano. A maioria das relações sociais estabelecidas, os objetos produzidos ou consumidos, as comunicações trocadas, delas estão impregnados (MOSCOVICI, 1978, p. 41).

Jodelet (2001, p. 30) acrescenta: “Assim, a comunicação social, sob seus aspectos interindividuais, institucionais e midiáticos, aparece como condição de possibilidade e de determinação das representações e do pensamento sociais”.

É por esse motivo que, para a realização da pesquisa, se delimitou como locus de estudo a escola, em que as trocas sociais são constantes e evidentes. Além de haver concentração dos sujeitos pesquisados, esse ambiente, segundo Gilly (2001), proporciona observar como as RS se constroem, evoluem e se transformam.

Apesar de indispor de literatura vasta quanto ao tema representações sociais de perspectivas de futuro, encontraram-se nos trabalhos de Ferreira Salles (1998), de Nascimento (2002) e de Santos (2002) valiosas contribuições para a compreensão do tema.

Ferreira Salles (1998) revela haver uma contradição entre a representação social do adolescente e da adolescência compartilhada por professores, diretores, inspetores e pelos próprios jovens. De um lado, o adolescente é assim representado:

[...] despreocupado com o futuro, é irresponsável, só quer viver a vida e desfrutar grande liberdade que leva à auto-afirmação comportamental e que a adolescência é época de menores responsabilidades está tanto na fala dos próprios adolescentes como na dos adultos. Esse é, provavelmente, o núcleo central das representações sociais que os entrevistados elaboram do adolescente e da adolescência em torno do qual gravitam os outros componentes: drogas, sexualidade, estudo, trabalho, relações entre pais e filhos adolescentes (FERREIRA SALLES, 1998, p. 151).

Por outro, segundo a autora (1998, p. 152), os adolescentes, ao falar de si mesmos, descrevem “[...] as angústias que sentem, as dificuldades que vivem, as preocupações com o futuro, mostrando-se, sob esse ângulo, pouco enquadrados na representação social que eles mesmos elaboram do adolescente e da adolescência genericamente”.

Santos (2002), ao estudar as representações sociais do tempo futuro existentes nos projetos de vida de jovens em São Paulo, conclui:

De acordo com os dados coletados, as representações sociais do futuro presentes nos projetos de vida dos jovens se constroem a partir de vários elementos. O trabalho, a formação acadêmica, a formação familiar e a aquisição de bens materiais apresentam-se como componentes para que as representações sociais do tempo futuro adquiram um sentido de auto-realização (SANTOS, 2002, p. 77).

Segundo Nascimento (2002), estudo, trabalho e família emergem como forma de inclusão social.

Um dos requisitos para a inserção na sociedade contemporânea ainda continua a ser o trabalho. O segundo é a educação, sobretudo o estudo. Este é para a maioria dos jovens um dos possíveis caminhos que pode garantir o desenvolvimento de habilidades para o ingresso no mundo social. Portanto estudo e trabalho são fortes aliados na construção de projetos de vida. Uma terceira categoria que compõe a tríade do modelo de vida social é a pertença e ou constituição de uma família (NASCIMENTO, 2002, p. 6).

À luz do pensar de Sawaia (1999, p. 9), a inclusão social é uma transmutação da exclusão. A autora a define como “[...] um processo complexo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela”.

Para a autora, a dialética que envolve as questões de inclusão e exclusão emerge, em especial, a partir da desigualdade social, acirrada no Brasil. É neste sentido que a tríade estudo, trabalho e família inscreve na vida dos adolescentes um mecanismo de ascensão e inclusão social, que os distancia de uma possível marginalidade.

De acordo com Wanderley (1998), o fenômeno da exclusão está intimamente relacionado com as condições socioeconômicas do país, em especial com o elevado índice de desemprego. Na expressão do autor (1998, p. 25),

[...] pobreza e exclusão no Brasil são as duas faces da mesma moeda. As altas taxas de concentração de renda e de desigualdade – persistentes em nosso país – convivem com os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural.

Essa constatação está de acordo, mais uma vez, com os dados encontrados nas pesquisas sobre perspectivas de futuro para o jovem brasileiro. Ter emprego parece fazer parte do sonho, um direito de todos, realidade, porém, para poucos; conquistá-lo seria uma possibilidade de entrada inclusiva no mundo social competitivo.

 

Metodologia

O universo da pesquisa foi constituído por escolas públicas, situadas na cidade de Cuiabá, que abrigam uma população que conta com cerca de 80.000 pré-adolescentes e adolescentes, de 11 a 14 anos de idade, em seu período diurno de funcionamento. A amostra foi extraída por conglomerados, referentes ao número de escolas por região e densidade de alunos por instituição. Ao final, 30 escolas e 813 alunos constituíram a massa contatada na coleta de dados. De oito instituições, inscritas no mesmo universo, foram ouvidos 40 jovens, utilizando-se a técnica de entrevista semi-estruturada.

Interessava saber em que medida as representações sociais são produzidas no interior das escolas. Instigantes pareciam ser a apreensão dos elementos formadores de atitudes, opiniões e crenças dos alunos, as formas e processos pelos quais se constroem suas representações sociais.

O questionário foi, assim, aplicado a 813 indivíduos. As perguntas caracterizavam-se por ser de múltipla escolha. Os sujeitos podiam marcar tantas alternativas quantas julgassem necessárias. O material obtido foi processado pelo software Statistical Package for Social Science (SPSS). Neste, foram realizadas análises univariadas de caráter exploratório e descritivo dos agrupamentos das variáveis e testes bivariados de correlação. Para análise dos resultados foram utilizadas as freqüências simples, análises cruzadas de freqüências e análises hierárquicas de cluster.

Esses dados foram, posteriormente, enriquecidos pelo material verbal coletado por meio de entrevistas semi-estruturadas. Os colóquios prezaram o intento de ampliar a compreensão que, por vezes, não se obtém das respostas quantificadas dos questionários, contextualizando-as e ampliando as possibilidades de entendimento e análise.

Para favorecer uma leitura mais objetiva das informações recolhidas por entrevista, foi utilizado o software ALCESTE, que, realizando a análise lexical dos discursos, permitiu a apreensão dos grupos temáticos, suas recorrências e contrapontos.

 

Discussão de resultados

Na tentativa de identificar os elementos das representações sociais de perspectivas de futuro, perguntou-se, inicialmente, aos jovens: “Quais as maiores preocupações que você tem em relação ao seu futuro?”. Esta questão era seguida de 19 alternativas de resposta.

Como os sujeitos podiam marcar tantas opções quantas julgassem convenientes, a leitura dos gráficos que a seguir serão apresentados deve ser realizada tomando como referência cada alternativa. Dessa forma, para cada item, é que se conseguiu a variação entre 0% e 100%. Os percentuais de todos os quesitos da questão completa, se forem somados, ultrapassarão, sempre, a marca de 100%, e esta leitura, conseqüentemente, não fará sentido.

Esclarece-se que a coluna sim indica as respostas assinaladas pelos pesquisados, enquanto a coluna não implica, simplesmente, que eles deixaram de marcá-la.

De acordo com os dados fornecidos e processados, as preocupações dos jovens com o futuro apresentam a seguinte configuração:

 

 

Os elementos das representações sociais de perspectivas de futuro parecem se configurar nas seguintes temáticas: estudo, felicidade, saúde, profissão e emprego, que aparecem com as maiores freqüências, tomando em consideração um ponto de corte arbitrário, a partir de valores maiores ou iguais a 40%.

Nota-se que as opções mais assinaladas foram aquelas que correspondem aos aspectos positivos, ficando as de conotações negativas pouco indicadas. Segundo Piaget e Inhelder (1976), isso pode ocorrer em razão de os sujeitos apresentarem remanescentes do pensamento egocêntrico, o que levaria o adolescente a pensar em futuro glorioso, a fantasiar e, assim, se distanciar do real. Ou isso poderia, pelo inverso, estar a refletir aspectos negativos de sua vida.

As situações apresentadas podem ser agrupadas em três categorias.

 

 

A categoria formação acadêmica denota representações do estudo, ancorando-se na possibilidade de ascensão social. Esse processo, no entender de Jodelet (2001), enraíza a representação, pois a inscreve em um conjunto de elementos anteriormente elaborado pelos sujeitos. Nas palavras da autora: “[...] num sistema de acolhimento nocional, um já pensado” (2001, p. 39).

Serão utilizados, nesta exposição, alguns excertos de entrevistas. Esclarece-se que a identificação quanto à idade e ao sexo dos sujeitos pode ser lida mediante auxílio do quadro a seguir.

 

 

Vamos às vozes dos entrevistados, neste caso, o quarto sujeito contatado, uma adolescente com 15 anos de idade.

Eu acho que os jovens devem se preocupar com o futuro, porque é o futuro da gente mesmo. Então para que a gente estuda? Sem o estudo a gente não vai ser nada na vida. Eu acho assim, para mim é assim, né? [...] Pretendo me formar em alguma coisa, no futuro me formar, ser alguém na vida, fazer as minhas coisas. [...] Olha, eu não sei explicar muito, mas é ser gente na vida, ser alguém na vida, ser enfermeira, médica, advogada, essas coisas, assim. Isso, para mim, que é ser uma pessoa na vida, não querer ser só gente. Ele quer se formar em alguma coisa para ser mais gente do que ele é. Estudar muito para poder chegar até aonde a gente quer, temos que estudar muito. Então, para mim, é isso, porque, se a gente não estudar muito na vida, a gente não vai para frente (suj_4 ida_5 sex_2).

Se, por um lado, a possibilidade de ascensão social é ancorada no estudo, por outro, é objetivada na metáfora ser alguém na vida. Segundo Moscovici (1978), a ancoragem traz certa materialidade a uma representação. Ser alguém é explicitado por um dos sujeitos como:

Não ser uma pessoa à toa, ter alguma coisa para se sustentar. Igual a uma árvore, com os pés no chão, uma estrutura de vida boa. Eu não pensava nisso não. Agora eu penso em ter uma estrutura boa (suj_25 ida_5 sex_2).

Conforme apontado pelos entrevistados, a ancoragem não se dá apenas por meio do estudo, mas também pelo trabalho.

Preocupo um pouco com os estudos, porque, sem estudo, você não tem profissão, não tem nada. Hoje em dia até lixeiro tem que ter estudo [...]. Eu acho que ela quer ter uma profissão boa para ser alguém na vida, quer servir para alguma coisa. [...] Tem que andar certo, estudar e ter um bom emprego (suj_12 ida_2 sex_1).

Nesse sentido, pode-se dizer que a categoria formação acadêmica parece ter relação direta com aquela denominada trabalho. Estudar, provavelmente, liga-se à possibilidade de ter, no futuro, a garantia de uma profissão e, portanto, um emprego. Essas duas categorias conduzem a uma outra, referente à qualidade de vida.

Santos (2002), ao estudar as representações sociais do tempo futuro existentes nos projetos de vida de jovens em São Paulo, conclui que estas adquirem sentido de auto-realização quando vinculadas ao trabalho, à formação acadêmica e à constituição de família, bem como à aquisição de bens materiais.

Os elementos que compõem as categorias utilizadas por Santos, com exceção de aquisição de bens materiais e formação de família, coincidem com os encontrados na presente pesquisa. Esclareça-se que o quesito bens materiais inexistia nas alternativas do questionário utilizado com os jovens cuiabanos, mas apareceu nas falas por meio das entrevistas, conforme pode ser apreciado.

Eu sonho com uma coisa que eu adoro, que é tomar banho de piscina. No meu futuro eu quero ter uma casa e eu quero que ela tenha piscina. Eu quero ter tudo o que eu não tenho agora, uma boa roupa para vestir e não ter que ficar repetindo roupa e não ter que ir na panela e falar: ‘Hoje é de novo isso!’ Eu quero viver muito bem e ter o que eu não tenho, o que a minha mãe não tem condições de me dar hoje, eu quero ter quando eu tiver uma família. É o que eu penso. Quando eu tiver um bom dinheiro, quero ter esse sonho (suj_2 ida_3 sex_2).

Nova indagação se apresentou: “Será que a idade dos sujeitos influenciaria nas representações sociais expressas pelas preocupações com relação ao futuro?”. Os dados apontaram diferenças que parecem recair sobre a constituição de família. Quanto mais jovens os adolescentes, maiores são os projetos de estabelecer e sustentar uma família. Aliás, os respondentes de 11 anos apresentam as maiores inquietações com respeito a todos os itens e os índices vão diminuindo à medida que se progride no gradiente de idade.

 

 

Ser feliz, algo tão abstrato, é o item mais apontado para todas as idades. Assim, procurou- se verificar articulações existentes entre os elementos grifados na tabela. Os mais novos ancoram a expectativa na família atual. Já os mais velhos, na futura família, o que é representado pelo item ter filhos e educá-los. Talvez isso ocorra em virtude de os mais novos estarem, segundo Piaget (1998), na fase de desenvolvimento das operações concretas, necessitando da experiência vivida. Os mais velhos, estando no estágio dito formal, conseguem abstrair e realizar projeções.

Nas entrevistas, esses dados não se expressam com tanta diversidade, uma vez que a maioria dos jovens declara se preocupar em constituir família.

Sem ter filhos, não quero, para você ter um filho você tem que pensar muito nas conseqüências do amanhã, porque você tem que ter muitas condições para colocar um ser humano no mundo. Se você não tem condições, para colocar ele para sofrer, aí não vale nem a pena. Bem lá no futuro, pode até ser que eu tenha filhos, isso só quando eu achar uma pessoa que goste de mim e eu goste dele. Dizem que pobre não casa, amiga, mas meu sonho é casar, mas eu não penso em ter filhos tão cedo. Primeiro quero me formar, eu só vou pensar em me casar quando eu me formar (suj_15 ida_5 sex_2).

Gostaria de ter uma mulher e ter uma boa família, mas por enquanto quero só namorar e não ter filhos (suj_14 ida_4 sex_1).

Apesar de haver consenso, em todas as faixas etárias, em relação ao desejo de formação da família, quanto mais as pessoas se aproximam da idade de 15 anos tanto mais frisam que só querem constituí-la no futuro.

É notória, nas entrevistas, a diferença na elaboração do discurso entre os representantes do sexo feminino e os do masculino. As meninas se expressam melhor, seus argumentos são mais claros e elaborados, se comparados aos dos meninos.

Estudo, trabalho, qualidade de vida e família parecem ser indicativos de representações hegemônicas em relação às preocupações com o futuro. Estão presentes em densidade que amparam a assertiva, apontando para um enraizamento na história e na cultura. Isso leva ao entendimento segundo o qual as representações sociais de perspectivas de futuro, aqui delineadas, se encontram arraigadas desde a infância, desvelam valores, atitudes e crenças sustentadas pelas famílias e pelo social circundante.

“O que lhe daria maior prazer no futuro?” Esta foi uma pergunta que se caracterizava por ser aberta, sem alternativas prefixadas à resposta. Posteriormente, os elementos discursivos foram agrupados por atributos, que formaram, por similaridade, categorias. Estas podem ser visualizadas pela tabela a seguir.

 

 

Família, trabalho e formação acadêmica foram os três elementos mais apontados pelos sujeitos como relacionados à possibilidade de ser feliz no futuro. A tríade é descrita por Nascimento (2002) como possibilidade de inclusão social. Os elementos são valorizados pelos adolescentes como garantia e possibilidade de inserção na sociedade produtiva.

 

 

Para eu ser muito feliz, teria que, primeiramente, eu pensar na minha mãe, a minha mãe estar em um lugar bom e eu penso em ter uma família para mim. Eu seria muito feliz se eu tivesse um bom emprego, uma família, tivesse uma pessoa que gostasse de mim, para mim é a felicidade que eu quero no futuro (suj_2 ida_3 sex_2).

Posteriormente, houve a pretensão de compreender se as preocupações em relação ao futuro, vigentes no grupo feminino, eram diferentes daquelas apresentadas pelo grupo masculino. Os dados tabulados mostraram a existência de homogeneidade entre 14 itens assinalados na questão, reduzidos aos seguintes grupos temáticos: estudo, constituição familiar, ter ou não filhos, trabalho, perda de entes queridos e como vai estar o país.

Por outro lado, os itens Pegar AIDS, Envolver-se com drogas, Ter saúde e Ser feliz indicaram que as meninas apresentam tendência maior a assinalar as alternativas, priorizando sobretudo o bem-estar físico e psicológico.

 

 

Na tentativa de compreender quem estaria, ou não, influenciando o jovem nas suas escolhas, portanto, nas suas preocupações com o futuro, foi realizado um cruzamento entre a questão “Você costuma conversar sobre o seu futuro com quem?” com a pergunta “Quais as maiores preocupações que você tem em relação ao seu futuro?” Na primeira indagação, apresentava-se ao sujeito seis possibilidades de marcações. A leitura revela que a mãe se destaca como a maior interlocutora, com quase o dobro das indicações conferidas ao pai.

 

 

Os amigos aparecem em segundo lugar. Segundo Erikson (1976), a pré-adolescência e a adolescência são fases propícias para que o grupo de amigos aumente em tamanho e importância.

É curioso notar que as referências ao professor ficam em última colocação, com resultados inferiores até mesmo em relação à opção ninguém. Essa posição de distanciamento nos leva a refletir sobre o papel ocupado pelo profissional em sala de aula. Ao que parece, por um lado, aproxima-se mais, conforme Freire (1991), da postura bancária antes que da libertadora, uma vez que o diálogo em algumas situações não é estabelecido.

“Os professores não. Não falam nada, eles não conversam sobre isto” (suj_14 ida_4 sex_1).

Contrapondo-se a esta situação, surgem outras duas. A figura do professor se presta a questionamentos, ao adotar uma posição que parece ser de puro formalismo: uma intenção, embora distante, de atender ao preconizado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1998), que define ser a escola um espaço no qual o aluno encontre oportunidade para reflexão e instrumentalização de elementos que culminem na busca e na construção de projetos futuros.

Como ano que vem, se eu passar, eu vou fazer a sétima série, aí o professor chega e pergunta: o que você vai ser quando crescer? Todo mundo fala, uns falam que querem ser advogado, outros falam que querem ser jogador de futebol, outros falam que querem servir o quartel. Eu, por exemplo, falo que quero ser caminhoneiro. Tem vezes que os professores nem falam. A professora pergunta o que você quer ser, o que você não quer, aí todo mundo fala, depois, só no começo do novo ano (suj_16 ida_1 sex_1).

Uma terceira situação, que, embora apareça com porcentagem reduzida, demonstra a importância de alguns educadores na elaboração de projetos e na construção do futuro de seus alunos. Assumem uma postura libertadora, segundo Freire (1991), parecendo atender, ao menos esporadicamente, ao que é estabelecido pelos PCNs (1998):

Eu penso. Eu atrasei alguns anos, porque, quando eu comecei, eu não tinha cabeça para pensar e estudar. Eu fui pegar cabeça quando eu conheci uma professora. Ela era bonitona e me falou: ‘Você precisa estudar, estuda, que você vai ter uma vida boa’ e eu comecei a conversar com ela sobre as coisas da vida e comecei a gostar da escola e dos meus professores (suj_9 ida_3 sex_1).

A análise de cluster realizada pelo cruzamento anteriormente mencionado configurouse em um extenso dendrograma que será mostrado a seguir. Os números que aparecem antes das palavras indicam as perguntas consideradas e suas alternativas.

Poder-se-á verificar que o gráfico arbóreo se dividiu, inicialmente, em dois grandes eixos. Estes deram origem a outras ramificações, formando uma dupla de categorias analíticas: exclusão e inclusão. A primeira compreende as alternativas que levariam os estudantes a serem privados de algo importante, por via de sua despreocupação, do envolvimento com drogas, de não conseguir emprego, de se tornar soropositivo, de não poder ter filhos e ou de perder pessoas importantes para si. A segunda apresenta os itens referentes ao estudo, trabalho e família, apontando para mecanismos de inserção social.

Esclareça-se que as denominações de categorias e suas partições decorrem de uma operação de caráter interpretativo. Em parte houve o socorro da literatura consultada, mas, por outro lado, constitui-se em exercício e tentativa de compreensão dos dados coletados.

 

 

Dentro do primeiro eixo, o bloco denominado inquietações é constituído por preocupações com o futuro, não estando ligado diretamente às pessoas com quem os jovens conversam. Recebeu essa denominação por apresentar atributos associados à angústia e ao mal-estar que podem acometer os pesquisados.

Eu acho que todo mundo deverá se preocupar. Igual as drogas, o próprio nome já diz, é uma droga. Quem entra nas drogas para sair é muito difícil, só por Deus ou fazendo um tratamento e querendo se tratar. Todo mundo tem que ter consciência do que é a AIDS, que não é um brinquedo, não é uma doença que você tomou uma vacina e curou. A AIDS é uma doença que não tem cura, praticamente, sem cura [...]. Igual sobre a violência, a violência está terrível [...]. Por qualquer coisa estão brigando, por causa de 10 centavos estão se matando (suj_19 ida_4 sex_2).

Uma hipótese de compreensão dos dados se inscreve na possibilidade de se tratar de uma representação que se encontra ancorada em acontecimentos observados na vida cotidiana e, também, veiculados pelos meios de comunicação de massa. Se assim for, esta seria a razão pela qual os elementos não se associam diretamente às figuras sociais, na presunção de que seja difícil falar de assuntos relacionados a uma dimensão inquietadora e pessimista da vida. O meio de comunicação mais apontado foi a televisão.

[...] os que consomem drogas querem matar todo mundo só para se aparecer, como meu pai fala. Quando passa no Cadeia Neles, na televisão, meu pai fala: ‘Olha, você não pode seguir esse caminho, você tem que ver e compreender’ (suj_22 ida_2 sex_1).

A quais programas os jovens assistem? Os mais destacados foram os filmes e as novelas. No período de coleta, a Rede Globo de Televisão transmitia capítulos de O Clone, que apresentava como um de seus temas de destaque a problemática das drogas, o que pode ter induzido maiores preocupações por parte dos espectadores juvenis.

Desemprego está ligado à opção não poder ter filhos. A conexão dos itens remete à percepção dos jovens, segundo a qual, sem ter as condições básicas de sustento, possibilitadas pelo emprego, inexistem alternativas para a geração e subsistência da prole.

No bloco despreocupação ou descaso, as respostas relativas à despreocupação e esquiva aparecem em conjunto com a figura do professor. Bem pode ser que o professor não esteja usando o espaço da sala de aula para propiciar discussões em relação ao futuro de seus alunos. Não é impossível que ele esteja mais preocupado em transmitir conteúdos programáticos, ao invés de contribuir para a formação de cidadãos críticos e autônomos.

Esperava-se encontrar o mestre próximo à representação social de ter que estudar muito para ser alguém na vida. Entretanto, isto parece não ocorrer no espaço da relação professor-aluno dos jovens pesquisados.

Ainda em despreocupação ou descaso, é notada uma associação direta entre as alternativas não sei e ninguém. Isto pode significar que, entre aqueles que marcaram não sei, quando foram solicitadas indicações acerca das preocupações com o futuro, os jovens possam ter assinalado, concomitantemente, conversar com ninguém sobre o futuro. Duas hipóteses interpretativas podem ser levantadas: a primeira reforça o significado das palavras associadas, ou seja, quem marcou essas opções não se preocupa com o futuro e por isso não conversa a respeito dele; a segunda, porque o futuro se manifestaria como algo temido, o que os leva, possivelmente, ao que Abric1 chamou de zona muda, que contém aquilo sobre o que não se fala, em que pese a sua importância.

O eixo conquista de cidadania não apresentou qualquer alternativa referente às figuras sociais. Ao se subdividir, dá origem às classes dimensão individual e social. A primeira traz duas relações interessantes. Uma delas, entre as alternativas sustentar a futura família e melhorar a vida da família, está a indicar que a garantia de sobrevivência possa conduzir ao progresso, talvez tendo como base de inferência as agruras atuais. A outra, entre conseguir um emprego e escolher em que vai trabalhar, mostra a necessidade de inserção no mercado de trabalho e suas eventuais dificuldades.

A dimensão social correlaciona os atributos formar família e ter profissão, em que o primeiro parece ser garantido pelo segundo. Ter filhos e educá-los e como vai estar o país induzem à interpretação em acordo com a qual as questões socioeconômicas e os problemas contemporâneos a elas associados possam interferir na criação dos filhos. Entretanto, aponta, além disso, para preocupações mais amplas, ao inserir o país no discurso.

As alternativas ter saúde e ser feliz, diretamente associadas, revelam uma outra dimensão, a de bem-estar. Situada na fronteira gráfica entre os eixos que indicam realização social e pessoal, mostra que o sentir-se bem depende de tais conquistas.

No quesito ser alguém na vida e interlocução, encontra-se uma única preocupação dos jovens: estudar muito para ser alguém na vida. São destaques as influências de conversas com a mãe, com o pai e com os amigos. Frisa-se que a alternativa mãe se encontra diretamente associada ao item referido, mostrando sua importância.

Eu acho que, para você ser alguém na vida, você tem que querer e não basta a pessoa somente falar ‘você vai ser alguém na vida’ porque eu quero, isso não basta, a pessoa tem que querer, tem que se esforçar e estudar, porque, sem estudo, não tem trabalho. Hoje em dia ninguém trabalha se não tiver estudo. A pessoa, para ser alguém na vida, ela tem que estudar, tem que ter interesse no futuro, no nosso mundo, como ele está sendo hoje e como ele vai ser amanhã, as conseqüências do dia-a-dia, então, para ser alguém, tem que se interessar pelas coisas dele e pelas coisas do nosso mundo (suj_19 ida_4 sex_2).

De acordo com Ferreira Salles (1998), o estudo continua sendo a esperança para realização dos projetos e de suas perspectivas de futuro. Na sua pesquisa, os jovens atribuíram grande importância a esse elemento, como se fosse garantia de futuro estável, promissor e que, ao mesmo tempo, possibilitasse boa situação financeira e status social.

Conquista de cidadania representa a esperança de sucesso futuro, que, por sua vez, parece ter ligação com o estudo. A escola é representada como a ponte que o ligará a um futuro melhor.

Nas entrevistas encontrou-se a presença de um contraponto em relação ao quesito ser alguém na vida. Uma das entrevistadas declara:

[...] na nossa idade não pode trabalhar, eles querem trabalhar, mas não podem. Por isso que vai para as drogas e ficam vagabundeando por aí. [...]. Meu irmão foi para esse caminho. Ele começou a trabalhar e saiu, só que mataram ele (suj_23 ida_3 sex_2).

O tráfico, desgraçadamente, se manifesta como possibilidade de conquistas futuras, de ser alguém na vida, de angariar dinheiro e de prestígio no âmbito de certos subgrupos sociais. Sabe-se que esta é uma representação reforçada pela mídia, veiculadora das vicissitudes de drogados, mas, concomitantemente, expositora das fortunas que são angariadas pelos que controlam as teias de distribuição.

 

Considerações finais

As representações sociais de perspectivas de futuro para o grupo de pré-adolescentes e adolescentes parecem ser construídas com base nos seguintes elementos: estudo, trabalho, família e qualidade de vida. Os três primeiros tópicos são classificados por Nascimento (2002) como uma tríade na qual se manifestam as representações. Estudo, trabalho e família se apresentam como interdependentes. Para conseguirem um emprego, os pesquisados apontam a necessidade de primeiramente estudar. Esses dois elementos servem de suporte, portanto, de ancoragem para a possibilidade de mobilidade social.

A representação social de estudo como possibilidade de ascensão social é, de um lado, manifestada na permanência na escola, por outro, é objetivada em ser alguém na vida. Para ser alguém no futuro e possuir status social, o jovem se vê forçado a estudar. O estudo parece ser a saída e a possibilidade de conquistar um futuro melhor.

O estudo serve de ancoragem para realização no trabalho, como explicitam: sem estudo não há trabalho, colocação no mercado. Dessa forma, a ancoragem do futuro parece se amarrar nas difíceis condições presentes na vida dos familiares, que incentivam os jovens a permanecer na escola, pois isso é tido como possibilidade de conseguir um emprego, uma forma de superação.

Foram encontradas representações hegemônicas, uma vez que sua origem parece enraizada na história e na cultura, como apresenta Wagner (1998), sendo a mãe e a família seus melhores representantes. Nos elementos estudo, trabalho, qualidade de vida e família, há existência de consenso, pois são partilhados de forma quase homogênea pelo grupo de pré-adolescentes e adolescentes.

Por outro lado, há a existência de um discurso, em grau menor, indicador de dissenso, no que se refere a ser alguém na vida pela via do tráfico de drogas. O surgimento dessa representação parece quebrar qualquer unanimidade relativa à outra, segundo a qual somente com estudo e labor se processa a mobilidade social. Isso, segundo Wagner (1998), estaria indicando a existência de representação dita polêmica.

Surgiram alguns problemas contemporâneos, como a AIDS, as drogas e a violência, fatores que podem impedir ou obstaculizar a realização de projetos futuros.

Os jovens foram contatados na escola. Não é improvável que tal circunstância tenha ditado a eles a locução de um discurso de adesão ao mote oficial, de acordo com o qual a educação conduz ao sucesso. Entretanto, os tempos que Ocorrem são fartos em notícias acerca do apequenamento de oportunidades de trabalho formal, mesmo para aqueles que concluíram sua formação em nível superior.

Entendemos, assim, que os dados coletados refletem, sobretudo, representações hegemônicas, formadas em acordo com a cultura, representada principalmente pelas mães.

As mães exercem papel preponderante na família. Os pais, figuras fugidias de autoridade, sancionam ou impedem certos comportamentos públicos, mas detêm menores referências às trocas respeitantes à discussão e planejamento do futuro.

A escola, por meio das vozes de seus professores, parece distante e silente, contribuindo para que as argüições sobre o futuro se afastem das características da realidade vivida e se colem ao espaço do desejo, da fantasia e do sonho. Uma das razões para essa conclusão advém do fato de os mestres argüirem sobre a necessidade de estudo quando precisam impor ordem dentro da sala de aula. Isto, parece-nos, opera como elemento de repulsa, ou quase, para seres que ainda desejam manter os descompromissos típicos da infância, cada vez mais distante.

As expectativas em relação ao futuro dos jovens pesquisados, por idealizadas, prestamse ao papel de denegadoras do real, de espaço acolhedor às inquietudes e inseguranças que rondam, por tantos motivos, os adolescentes.

 

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Endereço para correspondência
Eugenia Coelho Paredes
Instituto de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso
Av. Fernando Corrêa da Costa,
78060-900, Cuiabá, MT, Brasil
E-mail:eparedes@cpd.ufmt.br

Tramitação
Recebido em fevereiro/2004
Aceito em março/2004

 

 

1 Expressão utilizada por Jean-Claude Abric em sua conferência intitulada “A zona muda das representações sociais e seu papel nas práticas sociais”, na III Jornada Internacional e I Conferência sobre Representações Sociais, no Rio de Janeiro, Brasil, em setembro de 2003.