EDITORIAL

É com enorme prazer que apresentamos o primeiro fascículo de 2007 da Revista Psicologia: Teoria e Prática.

Antes de proceder à apresentação do fascículo, peço licença para registrar alguns dados históricos e atualizá-los conforme os dias de hoje.

Dias atrás, tinha eu em minhas mãos a excelente revista Língua Portuguesa da Editora Segmento (ano I, n. 12, 2006), em que havia uma matéria sobre a prensa de Gutenberg. Um clássico invento inolvidável que revolucionou a escrita desde o século XV. O mérito de Gutenberg nunca será esquecido pelas gerações atuais. Ele foi o pioneiro em contribuir para a criação de uma tecnologia que permitisse disseminar conhecimentos rapidamente entre várias pessoas. Quatro séculos mais tarde, essa preocupação em relação à divulgação e à troca de conhecimentos na área da ciência foi se tornando absolutamente essencial. Em 1999, a Revista Cadernos de Saúde Pública publicou um excelente artigo do pesquisador Carlos E. A. Coimbra Jr. em que se faz referência às primeiras indexações bibliográficas que compilavam resumos de trabalhos científicos que são de grande valia para qualquer pesquisador na difícil tarefa de se aproximar da verdade. O autor cita o Zoological Records como uma indexação científica pioneira datada de 1864. Desde então, muito tem se disseminado de informações científicas entre as inúmeras indexadoras existentes. Investigadores do mundo todo tentam publicar seus trabalhos em revistas indexadas em bases de dados eletrônicas que, minimamente, lhes garantam visibilidade e possibilidade de diálogos com outros pesquisadores.

Para isso, editores, conselhos editoriais, membros de conselhos científicos e muitas outras pessoas se esforçam para produzir periódicos científicos e indexá-los nas principais bases de dados. Um enorme número de publicações caracteriza o estado atual da divulgação de resultados científicos em todas as áreas do conhecimento.

Entretanto, muito dessa variedade de revistas nem sempre tem a qualidade necessária para informar e atualizar os pesquisadores da melhor maneira. Isso contribuiu para que algumas redes de informação gerassem estratégias informatizadas para avaliar numericamente a qualidade dos periódicos com base em diversos indicadores. Dentre os mais citados, encontram-se a vida média de uma revista ou artigo e o seu fator impacto. Sobre alguns desses indicadores, gostaríamos de salientar que foi com enorme satisfação e orgulho que este ano recebemos o comunicado de que a Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia (BVS-Psi) lançou um item denominado estatísticas, em que os editores e demais interessados poderiam acompanhar os relatórios de quantidade de citações das revistas que nessa base se encontram. Isso é inédito na área da Psicologia no Brasil. Nossas revistas podem, agora, indexar-se na BVS-Psi e acompanhar o impacto de cada título com base nesse novo critério.

Neste contexto de atingir metas de excelência nos periódicos de psicologia, temos a alegria de comunicar que nossa revista recebeu, na última avaliação da Comissão Editorial da Capes/Anpepp, a classificação nacional B.

Por esse motivo, agradecemos publicamente a todos os que têm se esforçado para melhorar a qualidade da nossa revista. Um registro especial de agradecimentos deve ser feito aos autores, tanto deste fascículo quanto dos anteriores. Autores que depositaram e depositam a confiança em nós para divulgar seus trabalhos científicos.

Neste número apresentamos cinco artigos originais. O primeiro descreve as evidências de validade para o Teste Pictórico de Memória e sua relação com a inteligência, de Rueda e colaboradores. O segundo, dos investigadores Muniz, Primi e Miguel, aborda a inteligência emocional como um fator de controle do stress. O pesquisador Trinca nos apresenta um artigo sobre a origem dos transtornos ps íquicos, intitulado “O ser interior, o self, e as perturbações psíquicas”. Assef, Capovilla e Capovilla divulgam um trabalho sobre avaliação do controle inibitório em TDAH por meio do Teste de Geração Semântica. Temos ainda a honra de prestigiar nossa revista com um trabalho sobre normatização de uma Escala de Sintomas de Trauma para crianças, de Mohammadkhanie e colaboradores. As pesquisadoras Milaré e Yoshida apresentam um artigo de revisão teórica sobre coaching de executivos em relação à adaptação e aos estágios de mudanças. Ficamos também lisonjeados por publicar em caráter inédito a conferência magna proferida em maio pas sado no Instituto de Neurociência Cognitiva de Londres, Inglaterra, pelo professor cubano Dr. Miguel Angel Alvarez González, pesquisador do Laboratorio de Neurocognición del Instituto Nacional de Neurología y Neurocirugía do Ministério de Saúde Pública de Cuba e assessor da Organização Pan-americana da Saúde (OPS/OMS) na área de avaliação da cognição infantil. O fascículo finaliza com um Informe Breve de Oliveira e colaboradores sobre Representações e memória profissional da Aids de enfermeiras no Rio de Janeiro e em Florianópolis.

Como é mister, desejamos a você, caro leitor, uma prazerosa e proveitosa leitura de cada um dos artigos do fascículo e o convidamos a produzir trabalhos científicos que mostrem uma Psicologia que ouve a crítica e cujo rumo é o desenvolvimento.

Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira
Editora