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Psicologia: teoria e prática

Print version ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.10 no.1 São Paulo June 2008

 

ARTIGO ORIGINAL

 

A influência da religião na busca do futuro cônjuge: um estudo preliminar em comunidades evangélicas

 

The influence of religion on the search for a future spouse: a preliminary study in evangelical communities

 

La influencia de la religión en la búsqueda del futuro conyugue: un estudio preliminar en comunidades evangélicas

 

 

Agnaldo Garcia; Mariana Grassi Maciel

Universidade Federal do Espírito Santo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Apesar de a religiosidade afetar a satisfação no casamento, sua influência na busca do cônjuge é pouco investigada. O objetivo desta pesquisa foi investigar a influência da religião no ideal do futuro cônjuge e as estratégias empregadas pelos jovens evangélicos nessa busca. Quanto ao método, foram entrevistados 20 jovens entre 18 e 25 anos, membros de comunidades evangélicas históricas (Igreja Presbiteriana) e neopentecostais (Igreja Universal do Reino de Deus) de Vitória. Como resultados, a maioria esperava encontrar o futuro cônjuge na mesma denominação ou fé, considerava importante o perfil religioso do futuro companheiro e reconhecia a influência da família e de amigos nessa questão. Apesar dos alvos semelhantes, as estratégias, nas duas denominações, diferiram em função da organização das atividades. Pôde-se concluir que a religião influenciou os alvos e as estratégias empregadas na busca do futuro cônjuge ou parceiro estável.

Palavras- chave: Religião, Evangélicos, Namoro, Casamento, Relacionamento interpessoal.


ABSTRACT

Despite the effects of religiosity on marriage satisfaction, its influence on the search for a spouse is little investigated. This work aimed at investigating the influence of religion on the future spouse’s ideal and the strategies used to search him/her among evangelical young adults. Regarding the method, twenty young adults, from 18 to 25 years old, members of historical evangelical communities (Presbyterian Church) and neo-pentecostal communities (Universal Church of the Kingdom of God) of Vitória were interviewed. As results, most expected to find the future spouse in the same denomination or faith, considered important the religious profile of the future companion and recognized the influence from family and friends on this subject. Although presenting similar targets, strategies were different in the two denominations, due to activities organization. It is was concluded that religion influenced both targets and strategies used to look for the future spouse or companion.

Keywords: Religion, Evangelicals, Dating, Marriage, Personal relationship.


RESUMEN

A pesar de que la religiosidad puede afectar la satisfacción en el matrimonio, su influencia en la búsqueda del cónyuge es poco investigada. El objetivo de esta investigación fue investigar la influencia de la religión en el ideal de futuro cónyugue y las estrategias empleadas, por los jóvenes evangélicos, en esta búsqueda. Cuanto al método, fueron entrevistados 20 jóvenes entre 18 y 25 años, miembros de comunidades evangélicas históricas (Iglesia Presbiteriana) y neopentecostales (Iglesia Universal del Reino de Dios) de Victoria. Como resultados, la mayoría esperaba encontrar el futuro cónyuge en la misma denominación o fé, consideró importante el perfil religioso del futuro compañero y reconoció la influencia de la familia y de amigos en esta cuestión. A pesar de los aspectos semejantes, las estrategias, en las dos denominaciones, se diferenciaron en función de la organización de las actividades. Se puede concluir que la religión influenció los focos y las estrategias empleadas en la búsqueda del futuro cónyuge o compañero estable.

Palabras clave: Areligión, Evangélicos, Enamoro, Matrimonio, Relacionamiento interpersonal.


 

 

Introdução

O Brasil apresenta uma grande diversidade religiosa. Entre os grupos religiosos brasileiros, os evangélicos ou protestantes vêm apresentando um crescimento significativo (ALMEIDA; MONTEIRO, 2001). Tal crescimento tem conseqüências não apenas para a demografia religiosa do País, mas também para a vida social e os relacionamentos interpessoais. Enquanto há, do ponto de vista psicossocial, uma literatura elativamente extensa sobre religião e casamento, a literatura que trata de religião e namoro é mais restrita. A seguir, são destacados alguns trabalhos que investigaram o tema.

Williams e Lawler (2001), com base em pesquisa envolvendo 1.285 cristãos casados, observaram que casais que freqüentavam diferentes igrejas apresentavam níveis mais baixos de religiosidade do que casais que freqüentavam a mesma Igreja. Esses se mostravam semelhantes em religiosidade, independentemente de os parceiros, inicialmente, terem pertencido a Igrejas distintas ou não. O estudo não encontrou evidências de que casais que freqüentavam diferentes Igrejas estariam mais propensos a se afastarem da prática religiosa do que aqueles que freqüentavam a mesma Igreja. Casais de Igrejas diferentes apresentaram menos propensão de enfatizar a religião na criação dos filhos do que os casais da mesma Igreja. Casais pertencentes a Igrejas distintas educavam seus filhos, predominantemente, em uma das Igrejas.

Uma meta-análise de artigos publicados nos anos 1980 e 1990, empreendida por Mahoney et al. (2001) sobre religião e funcionamento do casal, concluiu que uma maior religiosidade parecia diminuir o risco de divórcio e facilitar o funcionamento marital (mas os efeitos eram pequenos). Segundo Wilcox e Wolfinger (2007), a participação religiosa assídua (e as normas e comportamentos que promove) encoraja o casamento de mães solteiras (em regiões urbanas dos Estados Unidos), fazendo com que apresentem maior probabilidade de se casarem dentro de um ano após o nascimento do filho. Segundo os autores, as crenças religiosas e o apoio que recebem na Igreja podem ajudar essas mães a buscar o casamento em comunidades onde este tenha se tornado cada vez menos comum.

Marks (2005) investigou a influência da religião sobre o casamento na perspectiva de cristãos, judeus, mórmons e muçulmanos altamente religiosos. Nessa pesquisa, pais e mães casados falaram sobre como três dimensões da religião (comunidade de fé, práticas religiosas e crenças espirituais) poderiam influenciar o casamento. Com base nos dados, Marks (2005) analisou a relação entre casamento e religião, descrevendo oito temas emergentes: a influência do clero, a bênção do serviço e o envolvimento com a comunidade de fé, a importância da oração, a influência conectora do ritual familiar, a prática de fidelidade marital, crenças pró-casamento e antidivórcio, homogamia de crenças religiosas, e a fé em Deus como um apoio ao casal.

Segundo O’Leary (2001), populações mais expostas a processos de modernização (moradores urbanos, pessoas com níveis mais elevados de educação e jovens) estão mais propensas a se casarem fora de seu próprio grupo religioso. Grupos religiosos minoritários ainda sofrem limitações em relação a um “mercado” de casamento.

Heaton e Pratt (1990) observaram, com base em uma pesquisa realizada em 13.017 domicílios, que casais que freqüentavam alguma Igreja e casais que apresentavam fortes convicções sobre a utilidade da Bíblia estavam mais propensos a considerar seu casamento muito feliz e tinham menos chance de se divorciarem. Já crenças semelhantes sobre a Bíblia não possuíam uma relação significativa nem com a satisfação nem com a estabilidade matrimonial. Por outro lado, Booth et al. (1995) encontraram pouco apoio para a idéia de que um aumento da atividade religiosa melhoraria as relações matrimoniais. Embora um aumento da religiosidade estivesse associado à diminuição da probabilidade de o casal considerar o divórcio uma opção, tal intensificação não elevou os índices de felicidade ou interação matrimonial nem diminuiu conflitos ou problemas, comumente considerados causas de divórcio.

Segundo Weaver et al. (2002), o tema do aspecto religioso nas relações matrimoniais e na família tem sido mais abordado pela literatura internacional. Baucom (2001) propôs um “casamento” entre a religião e a ciência dos relacionamentos, e a necessidade de hipóteses específicas que explorassem o modo como certos aspectos da vida religiosa poderiam se relacionar com aspectos específicos da dinâmica familiar ou do casamento. Outros autores, ainda, trataram do tema sob diferentes perspectivas ou dimensões, como satisfação (HATCH; JAMES; SCHUMM, 1986; DUDLEY; KASINSKI, 1990); ajustamento (HANSEN, 1987; WILSON; FILSINGER, 1986); estabilidade (LEHRER; CHADWICK, 1993; ROBINSON, 1994), compromisso (LARSON; GOLTZ, 1989); comunicação e satisfação (SNOW; COMPTON, 1996); sucesso no casamento (SCHUMM; JEONG; SILLIMAN, 1990); felicidade (ORTEGA; WHITT; WILLIAM, 1988); influência da religião sobre o casamento (KALMIJN, 1998).

Esses estudos têm demonstrado diferentes influências da religião sobre a vida de casais e a vida familiar. Por outro lado, a literatura sobre religião e namoro é muito mais restrita. Nos anos 1970, Hampe (1971) verificou que o namoro inter-religioso era mais freqüente entre católicos do que entre protestantes. Além dos fatores especificamente religiosos, o autor também atribuiu o fato a aspectos sociais, como a porcentagem de católicos na população, o status social e as atitudes pré-maritais sexualmente permissivas de católicos. Markstrom-Adams (1991) encontrou mais barreiras, em relação ao namoro com alguém de outra denominação, entre jovens mórmons (maioria) do que entre jovens não-mórmons. Nesses dois estudos, constatou-se que fatores religiosos afetaram atitudes e resultados em relação ao namoro. Lutz-Zois et al. (2006) apontaram que, entre casais de namorados universitários, há uma relação significativa entre similaridade religiosa percebida e sucesso no relacionamento. Participantes que apresentavam grandes semelhanças religiosas ou de outros tipos relataram maior satisfação do que aqueles que compartilhavam menos semelhanças, mas somente quando ambos as consideravam importantes.

As relações entre religião, casamento e namoro ainda são pouco investigadas no Brasil. No entanto, um tema que vem sendo investigado no País refere-se à influência da religião na vida sexual dos adolescentes. Borges (2004) constatou que a religião evangélica agia como um fator de proteção à vida sexual. Os maiores percentuais de atividade sexual em casais antes do casamento têm sido encontrados nas que não têm religião ou não freqüentam cultos (BEMFAM, 1999). Leite, Rodrigues e Fonseca (2004) observaram que a religião constitui-se em fator influente no que diz respeito à vida sexual, apontando que adolescentes adeptos de uma religião eram menos propensos a se iniciarem na vida sexual nessa fase. Schor et al. (2007) observou que havia alguma relação entre religião e vida sexual das adolescentes de Serra Pelada (11 a 15 anos). Toneli e Vavassori (2004) investigaram, entre estudantes do sexo masculino (15 a 19 anos), de Florianópolis, práticas sexuais e alguns valores a elas associados. Alguns adolescentes, em geral evangélicos neopentecostais, afirmaram querer casar virgens (porcentagens que oscilaram entre 6,6% e 7,5%). Em suma, apesar de alguns estudos apontarem para a influência da religião no sentido da restrição da prática sexual antes do casamento, essa influência não está completamente comprovada na literatura científica nacional.

Alguns autores investigaram diferentes aspectos da relação entre religião e casamento no Brasil. Norgren et al. (2004), ao investigarem a satisfação conjugal em casamentos de longa duração (mais de 20 anos), observaram que o aumento desta está ligado à proximidade do casal, a estratégias adequadas para a resolução de problemas, à coesão, à boa habilidade de comunicação, ao fato de os cônjuges estarem ou não satisfeitos com sua situação econômica e serem praticantes de sua religião. Os autores encontraram uma relação significativa somente entre as variáveis praticante na religião e nível de satisfação do casal. Segundo eles, o sistema de crenças das religiões daria apoio para que os casais enfrentassem o casamento como um compromisso. Supostamente, esses casais fariam parte de uma comunidade de apoio para os momentos de crise, reforçando as expectativas de permanência do relacionamento conjugal.

Villa, Del Prette e Del Prette (2007) pesquisaram a influência religiosa sobre os comportamentos sociais no contexto conjugal, avaliando, entre casais católicos, presbiterianos e sem filiação, a relação entre filiação religiosa e habilidades sociais. Os autores não encontraram diferenças entre os grupos, concluindo que os ensinamentos religiosos não constituiriam fator determinante de habilidades sociais conjugais e que as regras de relacionamento social veiculadas pelas Igrejas para o casamento seriam parecidas e estariam presentes na cultura, atingindo, dessa maneira, também os casais sem filiação religiosa.

Pouco tem sido examinado sobre religião, namoro ou escolha do futuro cônjuge no Brasil. Scott e Cantarelli (2004), ao investigarem, entre os jovens de classes populares, o lazer, a religiosidade e a aquisição de conhecimentos, referiram-se brevemente ao namoro de jovens presbiterianos e assembleianos. No caso da Assembléia de Deus, o fato de toda a diversão estar ligada à própria Igreja possibilitaria o surgimento de namoros entre seus membros. Embora fosse unânime o ideal de namorar pessoas da mesma religião, a fim de que se evitassem conflitos religiosos, no caso desses jovens, o namoro não estava restrito aos grupos religiosos. Assembleianos e presbiterianos concebiam o namoro com o intuito de se casarem e constituírem família.

Se, por um lado, a literatura científica internacional e nacional tende a indicar a religiosidade como um fator relevante para a satisfação no matrimônio, de outro lado, pouco se sabe a respeito das metas e práticas relacionadas ao papel da religião na escolha de um cônjuge, apesar de esta escolha indicar um momento crítico na vida do indivíduo e do casal, representando um importante problema de pesquisa. Assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar a influência da religião no ideal do futuro cônjuge (ou parceiro estável) e as estratégias empregadas pelos jovens evangélicos de Vitória (membros de uma Igreja histórica e de uma Igreja neopentecostal) na busca dessa pessoa. O presente trabalho baseia-se nas propostas de Hinde (1997), tomando-as como referencial teórico para o estudo do relacionamento, e considerando os fatores religiosos importantes elementos da estrutura sociocultural na medida em que afetam e são afetados pelos relacionamentos.

Considerando a natureza do problema, algumas notas, referentes à situação dos evangélicos no Brasil, são apresentadas. O protestantismo vem mostrando, nas últimas décadas, um crescimento expressivo no País (MARTIN, 1990). Na década de 1950, representavam apenas 2% ou 3% da população nacional. Em 1970, eram 4,8 milhões (5,2% da população). Em 1980, passaram a 7,9 milhões (6,6%). Em 1991, eram 13,2 milhões (9,1%) e, no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000, somavam 26,5 milhões (15,6%) (JACOB et al., 2003). No caso da expansão evangélica, ela tem ocorrido basicamente em razão das denominações evangélicas pentecostais (Assembléia de Deus, Congregação Cristã no Brasil etc.) (MARIANO, 1999; JACOB et al., 2003). Teologicamente, essas denominações dão relevância aos dons do Espírito Santo. Além de falar em línguas estranhas, elas enfatizam os dons da cura e da profecia, dons propiciados pelo Espírito Santo, e a luta contra o demônio (MARIANO, 1999). Os evangélicos pentecostais eram cerca de 3,9 milhões (3,2% da população) em 1980, passando a 8,8 milhões (6,0%) em 1991 e a 18 milhões (10,6%) em 2000 (JACOB et al., 2003).

A Igreja Universal do Reino de Deus, considerada neopentecostal, surgiu em 1977, no Rio de Janeiro, tendo sido fundada por pregadores brasileiros. No que se refere à doutrina, caracteriza-se pela guerra espiritual contra o diabo e seus anjos e pela pregação da Teologia da Prosperidade, doutrina que afirma que o cristão tem direito ao melhor neste mundo. Caracteriza-se por líderes fortes, pela utilização de meios de comunicação de massa, pelo estímulo à expressividade emocional nos cultos e pela pregação de cura divina (MARIANO, 1999). Os presbiterianos, por sua vez, fazem parte do Protestantismo Histórico ou Tradicional (Igrejas ligadas às reformas protestantes de Lutero e Calvino) e estão presentes no Brasil desde o século XIX (1859). Por vezes denominadas Igrejas Protestantes de Missão, chegaram ao Brasil para instaurar uma presença religiosa ativa e dirigida a um trabalho evangélico de conversão entre “os brasileiros”(BRANDÃO, 2004).

 

Método

Participantes

Participaram da pesquisa 20 jovens entre 18 e 25 anos, sendo dez membros de uma comunidade evangélica histórica (Igreja Presbiteriana – IP) e dez membros de uma comunidade neopentecostal (Igreja Universal do Reino de Deus – IU), que se declararam em busca de um cônjuge ou parceiro romântico estável. Algumas informações sobre os participantes são apresentadas na Tabela 1:

Tabela 1. Dados sobre os participantes da pesquisa

 

 

A abordagem inicial para o recrutamento dos participantes deu-se por meio de um contato por telefone com comunidades evangélicas de Vitória, Espírito Santo. Na Igreja Presbiteriana, o primeiro contato foi com a coordenadora da Escola Dominical. Na Igreja Universal, o primeiro contato foi com um de seus membros (obreiro), que encaminhou, para avaliação do pastor e do bispo, uma cópia do roteiro de entrevista e uma do termo de consentimento para a realização da pesquisa. Após a autorização dos religiosos, os participantes foram contatados e recrutados, realizando-se as entrevistas. A Comissão de Ética em Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, após análise dos protocolos de pesquisa e dos procedimentos de coleta de dados a serem utilizados no projeto intitulado A Influência da Religião na Busca do Futuro Cônjuge: Um Estudo Preliminar em Comunidades Evangélicas, aprovou o projeto por estar em conformidade com as normas contidas tanto na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, quanto na Resolução nº 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia.

Técnicas de coleta de dados

Foi utilizada uma entrevista semi-estruturada com questões abertas. Um roteiro com 26 questões foi desenvolvido visando a identificar três formas pelas quais a religião poderia influenciar o relacionamento romântico. A primeira foi a influência da religião na construção do ideal do futuro cônjuge (ou parceiro estável). Nesse item, buscou-se identificar se e como o perfil desse parceiro ideal sofre a influência de princípios religiosos (como professar uma religião, freqüentar cultos, ser membro de Igreja e apresentar comportamento, opiniões e atitudes compatíveis com a orientação religiosa professada). A segunda forma foi a influência da religião sobre as estratégias de busca desse parceiro ideal. Esse tópico procurou investigar como a religião influenciava as atividades do jovem relacionadas à busca por um parceiro estável ideal nas atividades da Igreja (freqüência a cultos, escola dominical, encontros de mocidade, visitas a outras Igrejas, participação em grupos e demais atividades ligadas à Igreja). A terceira forma, por sua vez, foi a influência de pessoas ligadas à religião na formação da imagem ideal de parceiro ou na delimitação das estratégias de busca por essa pessoa com base em princípios religiosos. Empregou-se o seguinte roteiro:

1. Em que local você encontrou seu(sua) atual namorado(a) ou espera encontrar um(a) namorado(a)?

2. Como foi este encontro ou como você acha que seria este encontro?

3. Você já o(a) conhecia? Tratava-se de um(a) amigo(a)? Você teria interesse em namorar um(a) amigo(a) ou conhecido(a)?

4. Seu(sua) namorado(a) pertence a alguma Igreja? Qual? (Para quem tem namorado/a).

5. Sua família aceita esse relacionamento? (Para quem tem namorado/a).

6. Você já namorou antes?

7. Seu(sua) namorado(a) pertencia a alguma Igreja?

8. Você já namorou alguém de outra Igreja? Qual?

9. Sua família aceitou (ou aceitaria) seu relacionamento com alguém de outra Igreja?

10. Você considera importante namorar ou buscar um(a) namorado(a) de sua própria Igreja/denominação? Por quê?

11. Quanto a religião é importante para você? Você segue os preceitos da Igreja? Quanto você se integra à vida da Igreja?

12. Você se considera, do ponto de vista religioso, liberal ou conservador?

13. Você acha importante que as pessoas que vivem juntas sejam legalmente casadas?

14. Você acha importante manter a virgindade até o casamento?

15. Você acha que casamentos mistos (de religiões diferentes) podem ser bem-sucedidos? Por quê? Em que condições?

16. Quais locais você considera mais propícios para encontrar um(a) futuro(a) cônjuge?

17. Que atividades podem facilitar o encontro com um(a) futuro(a) cônjuge?

18. Você considera aceitável utilizar meios pouco convencionais para encontrar um(a) cônjuge, como agências de namoro, anúncios em jornais e outros? O que você pensa sobre o assunto?

19. Quais os valores que você buscou (ou buscaria) em seu(sua) namorado(a) e possível futuro(a) cônjuge)? Você namoraria uma pessoa com valores distintos dos seus? Por quê?

20. No que a religião pode contribuir para a formação de uma pessoa a fim de que ela se torne um(a) cônjuge melhor?

21. Seria importante o(a) seu(sua) futuro(a) cônjuge professar uma religião?

22. Seria importante o(a) seu(sua) futuro(a) cônjuge ser membro de Igreja? Por quê?

23. Seria importante seu(sua) futuro(a) cônjuge freqüentar os cultos de sua Igreja, suas atividades? Por quê?

24. Seria importante que seu(sua) futuro(a) cônjuge apresentasse comportamento, opiniões e atitudes compatíveis com sua orientação religiosa?

25. Alguma(s) pessoa(s) já o(a) aconselhou(aconselharam) ou sugeriu(sugeriram) que você buscasse um(a) futuro(a) cônjuge com a mesma formação religiosa que você?

26. Alguma(s) pessoa(s) já o(a) incentivou(incentivaram) ou influenciou(influenciaram) a ter um relacionamento com alguém da Igreja?

Procedimento de coleta e análise de dados

Os participantes foram entrevistados individualmente com base em um roteiro preestabelecido (entrevista semi-estruturada). As entrevistas foram gravadas em áudio (gravação digital) e transcritas na íntegra. Os participantes da IP foram entrevistados durante a Escola Dominical (ao saírem da sala, eram entrevistados um a um). Na Igreja Universal, as entrevistas foram realizadas antes dos cultos, durante vários dias, para que não houvesse interferência nas atividades da Igreja. Enquanto o conteúdo das respostas foi analisado com base em Bardin (1995), as categorias emergentes foram identificadas e organizadas de acordo com a literatura sobre o tema. Com base na leitura das respostas transcritas, organizaram-se seis grupos temáticos: 1. a importância da religião na vida pessoal; 2. crenças acerca de casamento e religião; 3. o papel da religião na escolha do futuro cônjuge; 4. a influência da religião em relacionamentos anteriores; 5. local e características do encontro ou possível encontro; 6. influências externas.

 

Resultados e discussão

Por meio da análise do conteúdo das respostas, os resultados foram organizados em seis temas: a) a importância da religião na vida pessoal; b) crenças acerca de casamento e religião; c) o papel da religião na escolha do futuro cônjuge; d) a influência da religião em relacionamentos anteriores; e) local e características do encontro ou possível encontro; e (f) influências externas.

1. A importância da religião na vida pessoal

Todos os participantes consideraram a religião (ou o relacionamento com Deus) um importante aspecto de sua vida pessoal. Alguns fizeram questão de separar “religião” de relacionamento com Deus: “o importante não é ser religioso, e sim ser cristão, servir verdadeiramente a Deus” (25F, IU – idade, sexo e Igreja); “não me considero religiosa nem tampouco quero ser. Quero dia após dia ter uma vida com Deus” 25F, IU). Um dos participantes da IP considerou a fé mais importante do que a religião, e outro apontou a perda da importância da religião com o tempo. (Para quem a religião perdeu importância?) Para sete participantes da IU, a religião não era o mais importante, mas sim ser cristão, servir verdadeiramente a Deus, valorizar os ensinamentos da Bíblia, ter fé e praticar a palavra do Senhor. Todos os entrevistados relataram seguir os preceitos da Igreja, estando integrados à vida desta. A vida religiosa, contudo, poderia ser ou mais conservadora ou mais liberal. Na IP, alguns jovens (quatro) consideraram-se liberais do ponto de vista religioso, outros (cinco) consideraram-se conservadores (um assumiu uma posição intermediária). Na IU, nove jovens consideraram-se conservadores, um não se considerou “religioso”, desejando apenas ter “uma vida com Deus”. Apesar da distinção entre religião e relacionamento com Deus apontada por vários participantes, eles consideravam esses fatores como importantes em suas vidas.

2. Crenças acerca de casamento e religião

Os participantes apresentaram opiniões diferentes quanto à importância da religião para o sucesso ou fracasso do casamento e à possibilidade de sucesso de casamentos mistos (entre membros de religiões diferentes). Na IP, a maioria (sete participantes) acreditava que casamentos mistos poderiam ser bem-sucedidos. Para dois jovens, isso dependeria da reação de cada um, por exemplo: “Com amor e fé, tudo pode dar certo” (23F, IP); “Acredito que possa ser bem-sucedido desde que o casal não deixe isso interferir, mas acho as chances muito pequenas” (18F, IP). Repare-se que nesta outra fala há discordância: “ Pode ser, mas da mesma religião fica mais fácil, mais conveniente. Mas qualquer casamento para dar certo tem que haver muito diálogo” (24M, IP). Na IU, a maioria duvidava que esses casamentos pudessem ser bem-sucedidos. Seis participantes acreditavam que o casal não estaria “na mesma sintonia”, que os pensamentos em relação aos ensinamentos da Igreja de um e da Igreja do outro seriam muito diferentes e, dessa maneira, a probabilidade de solidificação desse relacionamento seria muito pequena: “São ritmos diferentes; é complicado cada um seguir uma denominação, a probabilidade desse relacionamento [se] solidificar é muito pequena” (25F, IU); “De maneira nenhuma, pois no casamento nos tornamos uma só carne, um só corpo. Como pode em um único corpo a cabeça querer ir para a direita e o corpo querer ir para a esquerda? O corpo não conseguirá ir a lugar nenhum” (24M, IU). Para os outros quatro, o relacionamento poderia ser bem-sucedido se houvesse acordo e respeito de ambas as partes em relação à fé do outro: “Se houver um acordo, ou melhor, uma compreensão e respeito de ambas as partes, em relação à fé que se professa, acho que pode ser bem-sucedido” (21F, IU). Por outro lado, todos consideraram importante o fato de o casal ser legalmente casado e manter a virgindade até o casamento, o que indica a prática de valores condizentes com o ensino religioso que se tem nas questões ligadas ao relacionamento romântico e sexual. Em suma, divergiram-se as opiniões relativas à questão de casamentos inter-religiosos poderem ser bem-sucedidos, detectando-se uma postura mais tolerante entre os presbiterianos entrevistados.

3. O papel da religião na escolha do futuro cônjuge

Todos os participantes levaram em conta fatores religiosos no momento de buscar o cônjuge. Na IU, todos consideraram importante namorar ou buscar um(a) namorado(a) em sua própria Igreja ou denominação, pois, assim, o casal teria a mesma “visão” religiosa, e partilharia dos mesmos ensinamentos e da mesma fé: “É imprescindível ser da mesma Igreja porque os conceitos, a fé, a forma como é interpretada a palavra são aspectos que, certamente, influenciarão no relacionamento (25F, IU)”; “Acho importante, porém não essencial. O que importa é se a pessoa tem fé em Deus; a religião que ela segue é menos importante” (21M, IU). Na IP, a maioria (sete participantes) também reconheceu a importância da similaridade religiosa, alegando que, assim, os parceiros poderiam partilhar dos mesmos princípios e ter um incentivo a mais para freqüentar a Igreja: “Acho que facilita o namoro, pois passo muito tempo do meu fim de semana na Igreja e minha namorada poderia me acompanhar” (24M, IP). Apenas três jovens entendiam que não era necessário o casal fazer parte da mesma denominação, pois “o Deus é o mesmo”. No entanto, consideraram importante ter uma base cristã.

Seis participantes da IP e nove da IU querem ter como cônjuges pessoas que pratiquem valores como levar uma vida cristã, ter fé em Deus, ter espiritualidade e ter compromisso com Deus: “Eu busquei em Deus ter os valores que tenho e não abriria mão deles por ninguém, pois prefiro agradar a Deus em primeiro lugar” (21F, IU). “O importante não é o valor econômico, mas sim o valor espiritual da pessoa. Ela estando com Deus, aí tudo vai bem. Busco alguém com esse valor espiritual igual ao meu” (23M, IU). Um participante da IU disse que buscava uma pessoa que o respeitasse, fiel, inteligente e madura. Dois participantes da IP acreditavam que o mais importante seria saber ceder: “É muito complicado namorar com pessoas com valores tão diferentes, mas não é impossível; os dois têm que ceder” (21F, IP). “Busco um rapaz legal, bonito, inteligente, carinhoso, que goste das mesmas coisas que eu, que seja da mesma Igreja e que me respeite. Até namoraria uma pessoa com valores diferentes dos meus, mas ela teria que aceitar minhas colocações, assim como eu tentaria aceitar as colocações dela” (18F, IP). Outro jovem procurava alguém que o aceitasse como era: “Busco uma namorada que me aceite como sou. Ela pode ter valores diferentes dos meus sim, pois as pessoas não são iguais” (24M, IP). Outro, ainda, buscava uma companheira fiel, carinhosa, sorridente, e que gostasse de uma boa conversa e de se expressar. Assim sendo, parece que há dois grupos de valores no que se refere à busca do cônjuge: a) valores ligados à religião e b) valores ligados ao próprio relacionamento. Apenas um participante da IU namoraria alguém com valores distintos dos seus. Oito não namorariam alguém nessas condições, e um disse que dependeria da pessoa, sendo preciso ceder e conversar. Entre os jovens presbiterianos, cinco consideraram a possibilidade de namorar alguém com valores distintos dos seus: “[...] cada pessoa tem seu valor. Eu namoraria alguém com valores diferentes dos meus, mas não muito” (25F, IU). Para três pessoas, isso não seria possível e, para duas, isso dependeria de a pessoa saber ceder e conversar. Assim, entende-se que o fator coincidência de valores afetou a busca pelo futuro cônjuge, ainda que alguns considerassem possível a negociação (ceder, conversar). Os valores relativos a relacionamento parecem estar mais presentes entre os presbiterianos entrevistados do que entre os evangélicos neopentecostais.

Os participantes ainda atribuíram um papel de destaque à religião (ou ao relacionamento com Deus) no que se refere à sua contribuição para a formação de um cônjuge melhor. Na IU, todos consideraram que a Palavra e a fé em Deus contribuem para tudo, isto é, que o ensinamento de Sua palavra ajuda no casamento e que o caráter cristão torna qualquer pessoa melhor: “Se a pessoa segue os preceitos de sua crença, ou seja, é fiel à sua crença, assim também será como cônjuge” 18F, IU). “A religião não contribui em nada, mas sim o nível espiritual, a comunhão com Deus; aí pode tornar melhor o casamento” (23M, IU). Os jovens da IP acreditam que a religião contribui para a educação, para os valores e para os princípios, e que, quando há fé, a pessoa valoriza mais a fidelidade e tem mais força para enfrentar os problemas; é possível tornar a família mais unida por conta dos valores que se aprendem. Assim, na IU, parece haver uma relação mais direta entre religiosidade e sucesso no casamento, enquanto na IP, esses fatores parecem apenas intermediar a formação.

A maioria dos jovens considerou importante que o futuro cônjuge professasse uma religião. No que se refere a ter um “relacionamento com Deus”, consideraram importante que o futuro cônjuge o tivesse. Além da vida religiosa ou da comunhão com Deus, a maioria ainda atribuiu importância ao fato de o futuro cônjuge ser membro da mesma Igreja (nove jovens da IP e nove da IU): “Esse é um dos fatores mais importantes, ambos serem da mesma Igreja. É a mesma fé, os ensinamentos dados através da palavra e muito mais [...]” (25F, IU); “Para que haja uma igualdade de pensamentos” (21M, IU); “Seria mais fácil ir para a Igreja e também criar os filhos na Igreja” (24F, IP); “[...] porque teria mais chances de se parecer comigo” (20M, IP). A maioria (todos da IU e oito da IP) também considerou importante que o futuro cônjuge participasse dos cultos e atividades da Igreja: “Porque, a cada culto ou reunião, aprendemos uma coisa diferente uma da outra para o nosso crescimento espiritual, para termos força para vencer todo mal” (22F, IU); “Porque seria um incentivo a mais para ir para a Igreja” (24F, IP); “Pois assim teríamos os mesmos objetivos e laços de amizade” (21F, IP). Para dois participantes da IP, o importante seria que ele(a) freqüentasse a própria Igreja e fosse cristão(ã), estivesse em comunhão com Deus. Não obstante, a maioria esperava que o futuro cônjuge apresentasse opiniões e atitudes compatíveis com sua orientação religiosa. Dois jovens da IP destacaram que o cônjuge deveria ter sua própria opinião, com base no que lhe foi ensinado: “Se ele crê e aceita aquilo que sua religião apresenta, conseqüentemente ele tem comportamento, opiniões e atitudes compatíveis com a orientação religiosa” (18F, IP).

Em suma, os aspectos religiosos (em sentido amplo, incluindo o relacionamento com Deus) foram considerados pela maioria dos participantes das duas denominações, apesar de haver algumas diferenças entre esses dois grupos, fatores importantes na hora de escolher o futuro cônjuge.

4. A influência da religião em relacionamentos anteriores

Apenas duas participantes tinham namorado na época da pesquisa, os quais pertenciam à mesma Igreja que elas (daí o namoro ter sido prontamente aceito pela família). Quanto à existência de relacionamentos anteriores, apenas três jovens não haviam tido essa experiência. Os 17 restantes já haviam namorado anteriormente. Desses, 14 (nove da IP e cinco da IU) já tinham se relacionado com alguém que pertencia a alguma Igreja da mesma denominação. Três jovens da IU relataram que os(as) antigos(as) namorados(as) não pertenciam a nenhuma Igreja. Vários desses jovens já haviam namorado pessoas de outras denominações. Na IP, sete participantes já haviam se relacionado com pessoas de outras denominações ou orientação religiosa (católica, batista, quadrangular e espírita). Já na IU, apenas três participantes já tinham se relacionado com pessoas de outras denominações, mas apenas evangélicas (batistas e assembleianas). A maioria dos entrevistados (seis da IP e seis da IU) afirmou que a família aceitaria relacionamentos com pessoas de outras religiões ou denominações. Assim, entende-se que, na prática, houve certa abertura para o relacionamento de membros de uma Igreja e/ou denominações com membros de outra ou com indivíduos que não pertenciam a nenhuma Igreja, embora ainda se perceba uma preferência por membros da mesma denominação ou comunidade evangélica.

Em relação à necessidade de amizade antes do namoro, as duas jovens que namoravam na época da entrevista tinham sido amigas dos atuais namorados antes do namoro. Cinco dos entrevistados da IP e quatro da IU demonstraram interesse pelo namoro depois da amizade. Mas, para dois da IU e um da IP, isso não faria diferença. Três jovens da IU e três da IP prefeririam namorar alguém que não tivesse sido seu amigo antes.

5. Local e características do encontro ou possível encontro

Dos 20 participantes, apenas dois tinham namorado(a) no momento da entrevista. O encontro havia ocorrido primeiro em um curso pré-vestibular e depois na Igreja. Quanto aos 18 restantes, havia expectativas quanto ao local e às características do encontro com o parceiro. Dois rapazes e três garotas da IU e quatro rapazes e uma garota da IP esperavam encontrar o futuro cônjuge na própria Igreja. Três rapazes e uma garota da IU e um rapaz e três garotas da IP acreditavam que encontrariam em qualquer lugar. Ou seja, dez jovens esperavam encontrar o futuro cônjuge em sua própria Igreja e oito em qualquer lugar.

Quanto à expectativa em relação à forma como se daria esse encontro, as respostas foram diferentes. Para responderem, um da IU e dois da IP basearam-se em relacionamentos anteriores que surgiram de uma amizade; e um da IU em relacionamentos que surgiram da convivência e de objetivos em comum: “Para pretender namorar alguém, preciso antes conhecê-lo. Portanto, pode ser um amigo ou conhecido” (21F IU). “Gostaria de namorar um amigo ou conhecido, pois acho que o namoro fica mais fácil de acontecer quando começa com uma amizade” (18F, IP).

Um jovem da IU e um da IP esperavam que o encontro se desse de maneira inesquecível ou especial. Dois jovens da IU e um da IP esperavam que se desse de maneira simples e natural. Outros (um da IU e dois da IP) esperavam que ocorresse ao acaso. Dois da IU e um da IP esperavam que ocorresse quando Deus determinasse. Um da IU e dois da IP não sabiam como seria o encontro. Todos os jovens da IU consideraram a Igreja o local mais indicado para encontrar o futuro cônjuge. Na IP, os jovens citaram a própria Igreja, acampamentos, escolas e/ou universidades e outras Igrejas como locais mais propícios para encontrarem o futuro companheiro.

Em relação às atividades que facilitariam o encontro com o futuro cônjuge, a maioria dos jovens da IU afirmou que os cultos na própria Igreja poderiam ser ocasiões propícias para isso (para tal finalidade): “Freqüentar cultos é uma forma de analisar o compromisso que a pessoa tem com Deus” (25F, IU). “Posso encontrar alguém em diversos lugares, mas os cultos são mais propícios, pois eles professam a fé em Deus e essa é uma característica que procuro em alguém” (21M, IU). Para os jovens presbiterianos, os encontros de mocidade seriam a maneira mais fácil, seguidos pela freqüência à escola dominical, visitas a outras Igrejas e a participação nos cultos e grupos de estudo. “Nos encontros de mocidade é possível encontrar rapazes da mesma idade que a minha e, em visitas a outras Igrejas, é possível conhecer gente diferente” (21F, IP). As duas denominações diferem quanto às atividades religiosas: enquanto a IU privilegia os cultos (diários), a IP tem uma maior diversidade de atividades, incluindo aquelas voltadas para a educação religiosa (escola dominical), de sociedades internas (inclusive de jovens), além dos cultos. Desse modo, a IP apresenta oportunidades mais diversas para o encontro de jovens.

Quanto ao local e características do encontro ou possível encontro, a maior parte esperava encontrar o futuro cônjuge na própria Igreja, onde haveria maiores possibilidades de conhecer alguém com modo de vida e gostos semelhantes. No caso da IU, quase não foram citadas atividades fora da Igreja, como acampamentos, visitas a outras Igrejas ou passeios, concentrando-se nos cultos realizados na própria Igreja.

A maioria acreditava que o namoro inicia-se a partir de uma amizade, pois assim seria possível conhecer melhor o futuro cônjuge: seus costumes, perfil religioso e intenções em relação ao romance. Alguns já tiveram relacionamentos com pessoas de outras denominações, mas, embora acreditassem que conseguiriam a aprovação da família, poucos a obtiveram de fato.

6. Influências externas

A escolha de um(a) namorado(a) não estava associada somente à pessoa do próprio participante e do futuro parceiro. A participação de pessoas do próprio grupo (principalmente o da família e o da Igreja) também afetaria essa escolha. A maioria (todos da IP e seis da IU) reconheceu que já havia recebido sugestões para buscar um futuro cônjuge com a mesma formação religiosa. Os outros (quatro participantes da IU), por sua vez, já haviam recebido a mesma fé. A restrição a membros da própria Igreja, contudo, foi menor para esses jovens. Cinco participantes da IP e seis da IU já haviam sido incentivados a se relacionarem com alguém da própria Igreja. Outros meios para se encontrar um futuro cônjuge também foram considerados. Alguns jovens (cinco da IP e um da IU) consideraram possível até mesmo a utilização de meios alternativos como agências de namoro, anúncios em jornais e outros: “É aceitável, não utilizo, mas não tenho nada contra” (21M, IP). Os que rejeitaram essa possibilidade alegaram que tais procedimentos não são seguros e que seria preciso conhecer a pessoa antes de se envolver em um relacionamento sério: “Você não conhece a pessoa que está do outro lado, é como dar ‘um tiro no escuro’ (25F, IU)”. “Eu acho que é uma armadilha diabólica para que a pessoa perca a fé” (19M, IU).

A maioria dos jovens já sofreu a influência da família e de amigos para buscar um cônjuge com a mesma formação religiosa, o que não significa que o jovem atenda a essas recomendações: “Eu ouço, mas faço minhas próprias escolhas” (21M, IP). Entende-se que, como houve uma nítida preferência por futuros cônjuges da mesma denominação ou fé, os casamentos resultantes dessa preferência possivelmente apresentariam conseqüências sociais, culturais e religiosas importantes, uma vez que, se os pais pertencem à mesma Igreja, possivelmente os filhos serão por eles educados de acordo com seus princípios religiosos, o que afetaria o perfil social, cultural e religioso de sua comunidade.

 

Conclusão

Os resultados indicam uma forte influência da religião sobre a busca, em suas diversas dimensões, dos jovens evangélicos das duas denominações, incluindo alvos e estratégias empregadas pelo futuro cônjuge. A busca por um parceiro da mesma religião ou denominação justifica-se pelo fato de que pesquisas têm indicado que casais que freqüentam a mesma Igreja apresentam níveis mais altos de religiosidade, e tendem a enfatizar a religião na criação de seus filhos (WILLIAMS; LAWLER, 2001).

A religião, a integração à vida da Igreja e o seguimento de seus preceitos pelo cônjuge foram considerados importantes fatores para a maior parte dos membros entrevistados da IP, que também apontaram dificuldades em casamentos inter-religiosos. A religião também influenciou os valores dos jovens em relação ao namoro e ao casamento: atribui-se importância à virgindade até o casamento. Quanto ao futuro cônjuge, houve a expectativa de encontrar um(a) parceiro(a) da mesma religião (denominação) ou da mesma fé (comunidade evangélica), pois assim se poderia partilhar dos mesmos ensinamentos, amizades e atividades. Em relação aos valores de um futuro cônjuge, esperava-se encontrar um que possuísse os valores religiosos e os ligados ao próprio relacionamento, mas, apesar das expectativas desses jovens de encontrar um parceiro semelhante quanto à religiosidade, alguns autores têm observado que populações mais expostas a processos de modernização estão mais propensas a se casarem fora de seu grupo religioso (O’LEARY, 2001).

Os dados sugerem que há uma tendência de os grupos se diferirem em alguns aspectos, apesar da semelhança em vários outros. No grupo da IP, por exemplo, a religião parece influenciar o relacionamento de forma mais indireta, por meio da educação, dos princípios e dos valores. No grupo da IU, essa influência parece ser mais direta. A religião (ou a fé, como preferem denominar) afetaria os relacionamentos, por intermédio da fé em Deus, da palavra de Deus e dos ensinamentos que são transmitidos pela Igreja.

A busca por um cônjuge da mesma denominação ou fé também mostra a importância atribuída à semelhança religiosa que se espera nos relacionamentos românticos. A busca por semelhança religiosa no relacionamento romântico é comprovada por pesquisas que indicam que tal semelhança pode, de fato, contribuir para um casamento feliz com pouca chance de o casal divorciar-se, como ocorre entre casais que relataram ter em comum fortes convicções relacionadas à utilidade da Bíblia (HEATON; PRATT, 1990). Por outro lado, Booth et al. (1995) encontraram pouco apoio para a idéia de que um aumento na atividade religiosa melhorasse as relações matrimoniais. Assim, mais investigações são necessárias para avaliar a influência da religiosidade sobre relacionamentos românticos, seja na fase do namoro ou busca por um futuro cônjuge, seja após o casamento. Seria importante que se fizessem estudos longitudinais que investigassem as expectativas dos casais antes do casamento e se elas realizaram-se ou não após o matrimônio.

Quanto aos alvos (o futuro cônjuge e seu perfil), observou-se a importância atribuída à religião e a fatores associados a ela, como os valores, por exemplo. Esse tipo de valorização é apoiado pela família e companheiros de fé, e, nesse sentido, os participantes das duas Igrejas assemelharam-se. Quanto às estratégias, a própria estrutura e a organização das atividades são diferentes nas duas denominações, havendo uma maior diversificação de atividades na comunidade histórica.

A literatura nacional tem reconhecido, ao menos parcialmente, a influência da religião nas práticas sexuais de adolescentes (BORGES, 2004; BEMFAM, 1999; LEITE; RODRIGUES; FONSECA, 2004; SCHOR et al., 2007; TONELI; VAVASSORI, 2004). Contudo, os resultados da presente pesquisa indicam que a influência da religião não se restringe apenas à sexualidade, mas se estende ao projeto de vida do jovem, em seus aspectos familiares e sociais.

Com relação aos estudos sobre religião e matrimônio, Norgren et al. (2004) encontraram significativa relação, em casamentos de longa duração, entre o nível de satisfação conjugal e o fato de o casal ser praticante de uma religião. Dada a importância atribuída ao fator religiosidade para a estabilidade conjugal, torna-se relevante conhecer como esse fator afeta a escolha de um parceiro estável ou cônjuge. Em relação a esse aspecto, há apenas breves referências na literatura consultada. Scott e Cantarelli (2004), ao investigarem o lazer, a religiosidade e a aquisição de conhecimentos de jovens de classes populares, referem-se brevemente ao namoro de jovens presbiterianos e assembleianos, indicando que há o interesse, por parte deles, em namorar, casar e constituir família com pessoas da mesma religião. Na presente pesquisa, com presbiterianos e membros da IU, detectou-se essa mesma tendência. Enquanto os autores consideraram o culto como uma barreira à possibilidade de namoro, já que as mulheres ficavam separadas dos homens, no presente estudo, os membros da IU consideraram a freqüência ao culto como um importante meio para se encontrar um parceiro romântico.

A proposta de Hinde (1997) apresenta-se como um possível referencial teórico para a discussão da complexidade desses relacionamentos, permitindo que se integrem aspectos do relacionamento (expectativas, atividades), aspectos da influência de estruturas socioculturais (da religião, no caso) e aspectos do próprio indivíduo (processos psicológicos) de modo dialético, levando em conta suas influências mútuas. Relacionamentos são indissociáveis das estruturas socioculturais. No caso investigado, fatores religiosos afetaram os relacionamentos (a busca de cônjuge), que, por sua vez, também podem afetar a estrutura sociocultural (casamentos intra-religiosos possivelmente contribuirão para a estabilidade do grupo religioso). Cada grupo religioso, contudo, parece exercer essa influência de modo diferente, devido a diferenças doutrinárias e a atividades que afetam as expectativas do indivíduo e suas estratégias de busca pelo cônjuge. Em suma, a religião (como parte da estrutura sociocultural) parece afetar os relacionamentos por meio de normas para relacionamentos ideais e de condições que estabelece para os encontros, e influenciar a formação da personalidade e da subjetividade de cada indivíduo. Por outro lado, fatores individuais e de relacionamento afetam-se mutuamente e também influenciam as estruturas socioculturais, mantendo ou reforçando tal estrutura ou a transformando.

Apesar da influência da religião na escolha do futuro cônjuge, conforme indicado por Hampe (1971), fatores sociais também estão em jogo, inclusive a porcentagem de cada denominação na população e sua posição social. Em concordância com Markstrom-Adams (1991), nossos dados também indicaram a existência de barreiras e subjetividade em relação ao namoro de um jovem evangélico com alguém de outra denominação. A semelhança percebida, em termos de religião, conforme Lutz-Zois et al. (2006), foi importante na escolha dos parceiros, tanto em relação a expectativas quanto na prática, conforme indicado pelo histórico de relações românticas dos participantes. Estudos futuros poderão investigar a relação entre semelhança religiosa percebida e sucesso no relacionamento inicial (namoro), assim como o histórico de busca e escolha do cônjuge entre evangélicos casados.

Pode-se concluir que a religião (pelo menos no grupo estudado) influenciou as expectativas dos jovens no que se refere ao relacionamento romântico, tanto em relação ao perfil esperado do futuro cônjuge ou parceiro estável (alvo), quanto às estratégias empregadas pelo indivíduo na busca dessa pessoa.

 

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Endereço para correspondência
Agnaldo Garcia
Av. Des. Cassiano Castelo, 369
Serra – ES
CEP 29173-037
E-mail: agnaldo.garcia@pq.cnpq.br

Tramitação
Recebido em fevereiro de 2007
Aceito em fevereiro de 2008