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Psicologia: teoria e prática

versión impresa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. v.10 n.1 São Paulo jun. 2008

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Paternidade em tempos de mudança

 

Fatherhood in times of change

 

Paternidad en tiempos de cambio

 

 

Ana Cristina Pontello StaudtI; Adriana WagnerII

I Faculdade de Educação, Ciências e Letras São Judas Tadeu
II Pontifícia Universidade Católica de Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A contemporaneidade pode ser classificada pela complexidade, sendo a diversidade das relações interpessoais um dos marcos destes novos tempos. Nesse sentido, vivemos em um momento de dúvidas quanto ao ser e estar no mundo, onde os papéis sociais e familiares estão cada vez menos definidos. Assim, este estudo discute como o homem vem se adaptando a essas transformações, mais especificamente quanto ao ser pai. Utilizando o referencial sistêmico de compreensão da realidade, que considera que a paternidade é construída na inter-relação de aspectos macro e microssistêmicos do contexto socio-histórico-cultural em que se encontra, percebe-se que a definição de pai na contemporaneidade tem se tornado cada vez mais elástica e difusa. Atualmente, coexistem elementos que reforçam a manutenção de uma estrutura tradicional nas relações, sendo a mãe a principal responsável pela família, e outros que atendem a uma demanda de maior inclusão e participação do homem na vida privada.

Palavras-chave: Paternidade, Contemporaneidade, Relações familiares.


ABSTRACT

Contemporaneity can be considered in its complexity, including the variety of interpersonal relations being a landmark of our times. We live in a doubtful moment concerning family and social roles, turning not so defined. This study aims to discuss how men are adapting to these demands of contemporary world, more specifically when it comes to being a father. Starting on a systemic perspective, paternity is considered to be constructed in the inter-relation of macro and micro systemic aspects of the social-historic-cultural context where it is situated. In this perspective, the definition of man and father in contemporary days is noticed to be getting more elastic and diffuse. Today, elements that reinforce the maintenance of a traditional structure in relations coexist, being the mother the main responsible for the family, with others representing the demand related to a bigger inclusion and participation of men in the private and family life.

Keywords: Paternity, Contemporaneity, Family relations.


RESUMEN

La época contemporánea puede ser clasificada por la complejidad, siendo la diversidad de las relaciones interpersonales uno de los marcos de estos nuevos tiempos. En este sentido, vivimos en un momento de dudas en relación a lo que es estar en el mundo, donde los papeles sociales y familiares están cada vez menos definidos. Así, este estudio discute como el hombre se está adaptando a estas transformaciones, especificamente en relación a ser padre. Utilizando el referencial sistémico de compresión de la realidad, que considera que la paternidad es construida en la interrelación de aspectos macro e micro-sistémicos del contexto social, histórico y cultural en que se encuentra, se percibe que la definición de padre en la época contemporánea se ha transformado en una época cada vez más elástica y difusa. Actualmente coexisten elementos que refuerzan la manutención de una estructura tradicional en las relaciones, siendo la madre la principal responsable por la família, y otros que atiendan a una demanda de mayor inclusión y participación del hombre en la vida privada.

Palabras clave: Paternidad, Época contemporânea, Relaciones familiares.


 

 

Introdução

As relações que se têm estabelecido na contemporaneidade emergem num contexto de pós-modernidade, de globalização, da relativização do conhecimento, da fluidez dos conceitos e dos valores. Como lidar com esse contexto mutante em nosso dia-a-dia na relação com os filhos, com os pais, com os amigos, com o trabalho e com tantas outras formas de interação tão fundamentais? Esse parece ser um dos desafios essenciais da atualidade.

Diante desse panorama, buscaremos refletir sobre o papel do homem imerso nessa complexidade, mais especificamente, desse homem como pai, na relação que ele estabelece na dinâmica familiar. Nesse sentido, levantamos as seguintes questões: Será que existe de fato um “novo homem” e conseqüentemente um “novo pai”? De que forma as relações familiares vêm configurando estes ditos novos papéis?

À luz do referencial ecológico-sistêmico, considera-se que a paternidade é construída na inter-relação de aspectos macro e microssistêmicos do contexto socio-histórico-cultural em que se encontra. Sendo assim, é importante ressaltar que a família está diretamente ligada aos processos de transformação da cultura, participando da mesma fluidez e fragmentação da sociedade contemporânea. Famílias divorciadas, recasadas, adotivas, monoparentais, homossexuais, chefiadas por homens ou mulheres, produções independentes, entre tantas outras configurações, vêm perfilando também a família de uma maneira cada vez menos uniforme e mais complexa. Vale destacar que já não podemos falar em família, no singular, mas sim no conceito de famílias, considerando sua pluralidade e diversidade (GRACIA; MUSITO, 2000).

Ao refletirmos sobre esse contexto, é imprescindível mencionar as progressivas mudanças do papel feminino nas últimas décadas e a importância desse fenômeno nas relações atuais, que tem sua reverberação cada vez mais ampliada. O movimento feminista, que teve como uma de suas conseqüências a entrada da mulher no mercado de trabalho, é um importante fator nestas mudanças familiares e sociais, em que espaços tradicionalmente masculinos estão cada vez mais ocupados pelas mulheres. Segundo dados do IBGE1, elas já são 45% da população economicamente ativa no País. O fato de a mulher não estar mais restrita ao mundo doméstico e ter conquistado maior liberdade sexual veio de encontro aos arranjos tradicionais da organização social e familiar e, certamente, vem alterando comportamentos (OLIVEIRA; PELLOSO, 2004).

Da mesma forma, nos encontramos com as novas demandas do papel masculino. Fala-se em um “novo homem”, mais participativo na vida afetiva e familiar, dividindo com a mulher os âmbitos público e privado, em que as concepções de homem ligadas à macheza, virilidade e força vêm sendo fortemente questionadas (BADINTER, 1986; PARKE, 1998; UNBEHAUM RIDENTI, 1998, 2001; MORGAN, 2004).

Essa nova expressão do papel masculino aparece como uma das transformações importantes nas relações parentais da família contemporânea, e o exercício da paternidade tem acontecido de maneira cada vez mais participativa. Com base nessas constatações, passamos a refletir sobre o lugar do homem-pai neste complexo contexto.

 

Método

O objetivo deste trabalho não foi o de realizar uma revisão da literatura sobre o tema. Entretanto, nos propomos a refletir e levantar questionamentos sobre postulados e idéias trazidos por trabalhos teóricos e empíricos a respeito desta temática.

Sendo assim, foi feito um levantamento bibliográfico sobre a temática em bases de dados como Web of Science, PsycINFO e SCIELO, utilizando os seguintes descritores: pai, paternidade, envolvimento paterno, papel parental, relações familiares. Buscou-se uma abrangência mundial do tema, no sentido de revisar dados empíricos de diferentes países, como Brasil, Argentina, Estados Unidos e também de alguns países europeus. Também foram revisadas algumas obras importantes de autores que se dedicaram a discutir este assunto nas últimas décadas: Badinter (1986), Lamb (1986), Parke (1998), Jablonsky (1999), Arent (1999), Meler (2000), Gracia e Musito (2000), Costa (2000), Unbehaun Ridenti (2001), Wagner (2002), Vasconcellos (2002), Diehl (2002), Grzybowski (2002), Moraes (2004), Freijó (2004), Wagner (2002), Falcke e Wagner (2005), Fleck, Falcke e Hackner (2005). Os trabalhos empíricos revisados aqui, assim como a legislação vigente descrita, vêm corroborar nossas reflexões. Os postulados de Bronfenbrenner (1996), que desenvolveu um referencial explicativo de compreensão de tais fenômenos contemporâneos, com base no contexto no qual se inserem, foram os que iluminaram a discussão dos achados.

 

Discussão de resultados

Uma visão sistêmica da paternidade

Para compreendermos e discutirmos a paternidade, partimos não só do contexto no qual o fenômeno se insere, como também buscamos considerar as inter-relações entre os sistemas que o compõem. Com essa premissa, torna-se impossível enxergar a paternidade sob um único prisma. Pelo contrário, um caleidoscópio de aspectos se desenha na forma de concebê-la, e, conseqüentemente, vivê-la. Sob essa perspectiva, escolhemos a visão ecossistêmica, buscando a integração entre o todo e suas partes em um processo contínuo de trocas mútuas (BRONFENBRENNER, 1996; VASCONCELLOS, 2002; MORAES, 2004; FREIJÓ, 2004)..

Nesse caso, podemos pensar que as diversas formas de vivenciarmos os papéis que desempenhamos em nosso contexto influenciam e são influenciadas pelas partes que os constituem, caracterizando um dinamismo relacional não só entre os indivíduos, mas entre os indivíduos e a cultura, entre os indivíduos e suas crenças, seus modos de pensar, ser e agir no mundo. Podemos reconhecer nossas ações ecologizadas, ou seja, influenciadas pelos pensamentos, crenças, valores, ações e reações daqueles e daquilo que nos cerca (MORAES, 2004).

Inicialmente, é importante pensarmos a respeito do desenvolvimento e do estabelecimento das relações sociais entre os grupos humanos ao longo do tempo. Os agrupamentos sociais humanos, em sua história, desenvolveram diversas formas de se organizarem, criando para isso diversas regras que prescrevem como deve ser o desempenho de seus diversos papéis. A família é um desses segmentos, em que as atribuições de cada membro podem ser pensadas como um recurso para organizar os grupos humanos e mantê-los dentro de determinada ordem. Podemos pensar que a família também possa funcionar como possível objeto ideológico nas sociedades, como um estereótipo produzido e potencializado com a finalidade de exercer certos tipos de controle social e subordinação (GRACIA; MUSITO, 2000). No caso do sistema patriarcal, por exemplo, podemos identificar este processo no que diz respeito às relações de gênero. Nessa forma de organização, tradicionalmente, a mulher sempre ocupou um papel de subjugação em relação à figura masculina. As formas de organizar a família e a sociedade acabam tornando-se normas internalizadas pelas pessoas por gerações e gerações, e consideradas, com freqüência, naturais e inatas, acabando por fazer parte do imaginário social. Isso se reflete na definição, por exemplo, do que é ser mãe, filho, pai, criança, homem, mulher, sem que essas formas de relação, muitas vezes, sejam questionadas, garantindo o desempenho previsto de cada papel (MELER, 2000). Isso quer dizer que a estrutura socio-histórico-cultural de determinada sociedade permeia a vida de homens e mulheres, e, certamente, tem efeito a respeito do pensar e do agir como pai e mãe, por exemplo.

Da mesma maneira, são fundamentais os efeitos do microssistema no qual o indivíduo se encontra, onde o próprio grupo de iguais, o ambiente profissional, os vizinhos, os colegas, os amigos, os parentes, possuem um forte poder transmissor e formador de idéias e comportamentos. Os diversos microssistemas de cada sujeito atuam fortemente em seu modo de ver e ser no mundo, configurando uma questão fundamental: a causalidade circular das interações, caracterizando a interdependência dos contextos (MORAES, 2004; VASCONCELLOS, 2002; COLTRANE, 2006; CHORVAT, 2006).

Outro aspecto de fundamental relevância na composição das formas de pensar e agir de cada indivíduo é o processo transgeracional. Isso quer dizer que aquilo que é aprendido e transmitido entre sucessivas gerações, dentro do grupo familiar de cada sujeito, se expressa diretamente na concepção de mundo de cada um. Conforme Falcke e Wagner (2005), é possível identificar a força do legado familiar na transmissão de seus valores, crenças, normas e mitos de geração a geração nas mais diversas culturas. Esse processo baseia-se no pressuposto de que todo indivíduo se insere em uma história que já existe antes mesmo de ele nascer, à qual deve adaptar-se e corresponder. Por serem as relações familiares tão marcantes e influentes na vida do sujeito, elas acabam por representar a base do comportamento futuro sem que o sujeito se dê conta da força que ela supõe em suas escolhas e decisões. A liberdade de escolha, na verdade, apresenta-se atrelada às relações familiares, que, por sua vez, estão permeadas pelo contexto em que se localizam (COSTA, 2000).

E o que acontece quando começam a ocorrer transformações nesses processos sociais e as relações passam a se organizarem de maneira diferente daquela que nos foi ensinada? Sabemos que hoje em dia as relações têm demandado revisões de valores, papéis e comportamentos, como no caso da paternidade. Será que é possível a desvinculação daquilo que aprendemos? Quanto é possível ser original?

Para pensarmos essas questões é fundamental considerar que não é processo fácil romper com papéis que foram instituídos social e historicamente como referenciais de identificação. A possibilidade do novo, em que as referências conhecidas não servem mais como modelo a ser seguido, certamente é fonte geradora de angústia e ansiedade. A masculinidade, entendida por meio da noção de um modelo construído em um contexto multiinfluenciado, não é universal, e sim variável através dos tempos e dos espaços (ARENT, 1999; HALFORD, 2006). Sendo assim, o pai ocidental, que vem se desenvolvendo em um sistema capitalista com fortes heranças do patriarcado em sua forma mais arcaica, certamente possui características que correspondem às exigências e pressupostos deste cenário.

No entanto, a contraponto da história, existe a demanda de um pai mais participativo e envolvido na criação dos filhos. É importante considerar que outros aspectos foram sendo modificados para que este “novo pai” fosse solicitado. Neste panorama, encontramos um aspecto fundamental, que se refere às modificações relativas ao papel feminino. Fala-se que a mulher da contemporaneidade está diferente, com maior independência emocional e financeira, que também está mais ativa e com maior liberdade sexual. Além das modificações que isso tudo vem gerando na vida das mulheres de hoje, essas mudanças certamente tiveram um papel importante no processo de transformação e questionamento do masculino, como um agente alavancador de um homem mais capaz de trocas afetivas e de demonstração de fragilidades (DIEHL, 2002). Podemos considerar que a entrada das mulheres no mercado de trabalho, de alguma maneira, impulsionou e favoreceu a ampliação do envolvimento dos homens na esfera doméstica e no cuidado com os filhos, abrindo a possibilidade de novas formas de interação entre homens e mulheres, e, conseqüentemente, entre pais e filhos (LAMB, 1986).

No entanto, é importante salientar que o crescimento da participação feminina na esfera pública não é proporcional ao crescimento do homem na esfera privada, ainda que existam muitos homens desempenhando tarefas domésticas e de cuidado com os filhos. Historicamente, a tarefa de cuidar tem sido associada ao gênero feminino, aspecto certamente reforçado socialmente com o fato da gravidez e da amamentação. Por outro lado, a paternidade não passa por esse mesmo processo, definindo-se por meio de uma construção cultural e social bastante identificada com esse determinismo biológico do gerar e do amamentar.

Mesmo que atualmente o pai pareça estar assumindo um papel mais participativo na vida dos filhos, as crenças e valores presentes no imaginário social não se transformam abruptamente. Concomitantemente a essa demanda de um homem mais presente na vida privada, observamos que ainda persiste no senso comum a vinculação da maternidade a uma aura idealizada, diferente da paternidade. As mulheres acabam assumindo a tarefa de corresponder a esse papel idealizado que culturalmente lhes é imposto, e que acaba fazendo parte daquilo que elas mesmas acreditam. Existe, assim, uma expectativa de que o amor materno seja incondicional, capaz de colocar qualquer outro projeto de vida das mulheres em segundo plano, havendo, ao mesmo tempo, uma forte pressão para que isso se cumpra (BADINTER, 1985; GRZYBOWSKI, 2002). Muitas mães sentem-se culpadas se assim não agirem ou não sentirem, o que acaba reforçando e perpetuando esse mito do amor materno. Da mesma forma, não é incomum que muitos pais também tenham essa crença de que os filhos não podem ficar sem os cuidados da mãe, já que a mulher estaria instintiva e naturalmente mais preparada para desempenhar tal função, sendo o aspecto biológico não apenas influente, mas determinante nessa relação. Nesse caso, o cuidado masculino passa a ser considerado dispensável (MIALL; MARCH, 2003).

Essa forma de perceber, de alguma maneira, pode incidir em um processo que não é incomum em muitas famílias: a desresponsabilização paterna diante dos cuidados e envolvimento com os filhos. No entanto, esse processo, que nem sempre é consciente, é compartilhado e até mesmo incentivado pelas próprias mulheres e pela sociedade em geral. O ser mãe e o ser pai revelam a impossibilidade de um arranjo inteiramente individual, sendo preciso pensar os efeitos do funcionamento social, o qual cria obstáculos diante da possibilidade de desenvolvimento de singularidades, com base em uma lógica em que tudo parece “natural” e legítimo (MELER, 2000; UNBEHAUN-RIDENTI, 2001; MACHADO, 2005).

Um interessante estudo norte-americano realizado por Anderson e Hamilton (2005), que buscou analisar o conteúdo de 200 livros infantis utilizados proeminentemente durante os anos de formação das crianças, revelou que as histórias lidas reforçam muitos estereótipos de gênero. Nesses livros, os homens tendem a assumir uma postura de líderes mais ativos e as mulheres como suas seguidoras, numa postura mais passiva. O estudo ainda salienta que as mulheres são associadas aos cuidados domésticos de forma expressiva, e, quando assumem algum tipo de função profissional, esta se dá de maneira estereotipada. Quanto à representação da figura paterna nas histórias, em geral, esta não é representada e, quando o é, relaciona-se a pais ineficazes. Ou seja, a literatura infantil presente descreve modelos deficientes de paternidade, o que certamente contribui para a manutenção de funções estereotipadas.

Assim, conforme Diehl (2002), os homens foram sendo colocados diante de uma situação, de certo modo, paradoxal. Ainda que de maneira menos intensa, a educação dos meninos, hoje, está mais fortemente voltada para a agressividade, a virilidade e a força, numa postura ativa perante a sociedade. Ao mesmo tempo, estes meninos tiveram de passar a se comportar e a sentir de forma, muitas vezes, oposta àquela segundo a qual sua personalidade foi estruturada, na busca por atender às expectativas da atualidade em torno de suas atribuições e comportamentos. Existem controvérsias quanto às transformações no papel do pai. Ao mesmo tempo em que alguns pais têm assumido com maior freqüência e qualidade os cuidados dos filhos, essas mudanças parecem estar sendo ainda ensaiadas, não tendo sido ainda possível romper com a dicotomia entre o que é feminino e o que é masculino (FLECK; FALCKE; HACKNER, 2005).

Diante disso, encontra-se um importante aspecto a ser pensado. Em meio à busca masculina por uma maior aproximação daquilo que tradicionalmente cabia às mulheres, existe uma grande preocupação a respeito do quanto essa nova postura pode ou não interferir na manutenção da masculinidade. Muitos homens acabam encontrando-se em um dilema de estar mais engajado àquilo que estão lhe exigindo para acompanhar as transformações contemporâneas, e, ao mesmo tempo, temerosos em não comprometer sua imagem de virilidade e de macho diante de toda uma sociedade que estimula e valoriza tal característica. Essas preocupações não se restringem aos homens, visto que muitas mulheres também têm esse receio em relação ao sexo oposto, seja nas relações que estabelecem com eles, seja na c riação de seus filhos.

Essas afirmações tornam-se mais claras se tomarmos como exemplo duas funções sociais muito importantes: a política e a educação. O mundo da política sempre foi tradicionalmente um espaço masculino, com a exigência de uma postura ativa, competitiva e ousada. A história das mulheres nesse campo é ainda muito recente e muito inferior a dos homens em termos numéricos. As mulheres que se aventuram nesse setor, provavelmente possuem um encargo a mais: provarem que são capazes de estar lá e realizar suas tarefas com competência. Já na educação, a situação se inverte ainda mais fortemente se pensarmos em termos de educação infantil. São raras as escolas que possuem um homem à frente de uma turma de crianças, sendo objeto até mesmo de rechaço quando nessa situação. As mulheres são as “donas” desse campo, pois são consideradas mais sensíveis e melhores cuidadoras que os homens. Parece que as dicotomias estão sendo vivenciadas dos dois lados.

Para exemplificar, não são poucos os autores que reconhecem, em seus estudos e pesquisas (MOTA, 1998; ARENT, 1999; JABLONSKY, 1999; MACHADO, 2005; JOHNSON, 2005), a presença de elementos bastante tradicionais em relação ao ser homem e ao ser pai, mesclados com novas demandas acerca da masculinidade e da paternidade. Em pesquisa realizada por Henwood e Procter (2003), com homens ingleses entre 18 e 35 anos, a definição de homem e paternidade não aparece de forma clara, havendo elementos que sustentam a hegemonia masculina nas relações e outros que aludem mais fortemente à posição inclusiva do homem na vida familiar e privada em um mesmo discurso. Estudos realizados em contextos distintos, tanto nos Estados Unidos (JOHNSON, 2005), como no Leste Europeu (CHORVAT, 2006; DUDOVA, 2006), revelam que os homens ainda carregam, de maneira mais acentuada, a responsabilidade do sustento familiar, mesmo no caso de casais em que ambos os cônjuges trabalham fora e colaboram de forma igualitária economicamente. Isso nos reforça a idéia de que em grande parte das culturas, o trabalho masculino ainda é tido como mais importante que o feminino (PARKE, 1998; BORNHOLDT, 2006).

Podemos pensar que os homens-pais da contemporaneidade enfrentam diversas contradições também no âmbito legal ao buscarem exercer sua paternidade de maneira que atendam às novas demandas sociais. Ao lermos a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT, 2005), por exemplo, encontramos a forte disparidade em relação às licenças-maternidade e paternidade, com 120 e 5 dias de licença concedidos, respectivamente. Vale lembrar que até 1988, esse direito não era dado aos homens. A guarda dos filhos em processos de separação conjugal também ajuda a ilustrar esse fenômeno. Ainda que venham acontecendo alguns avanços, como as guardas alternadas e compartilhadas, sabe-se que a primazia materna no cuidado e proteção dos filhos é ainda uma realidade. A retirada da guarda materna acaba se dando, na prática, por alguma incapacidade ou impossibilidade da mãe. A mulher está amparada pela lei e respaldada pelo senso comum de que a ela compete a tarefa de educação na família (WAGNER, 2002). Vale considerar que os aspectos legais também contribuem para a manutenção de um modelo mais tradicional de parentalidade, pois se encontram ainda fortemente atrelados às dicotomias diante dos gêneros masculino e feminino (DEUTSCH, 2001).

Da mesma maneira, muitas vezes os próprios homens acabam sentindo-se despreparados ou menos capacitados que as mulheres para assumirem sozinhos a responsabilidade pelos filhos, como demonstrado na pesquisa de Unbehaun Ridenti (1998), ao entrevistar dez homens brasileiros casados sobre o direito paterno de reivindicar a custódia dos filhos. Ainda que todos reconhecessem que o homem possui esse direito, apenas dois foram taxativos ao afirmarem que reivindicariam a guarda dos filhos no caso de separação conjugal. Parece que muitos homens acolhem a idéia da maior relevância da mãe na vida dos filhos e sua maior habilidade nessa situação, principalmente se os filhos forem pequenos. Nessa mesma pesquisa, os pais relataram perceberem-se mais importantes na vida dos filhos no período da adolescência, reforçando a idéia dos pais como figura de autoridade e responsável pela colocação dos limites, mais fortemente do que as mães.

Ainda assim, vale lembrar que é crescente o número de pais-homens que têm se mostrado disponíveis e desejosos de ficarem com a responsabilidade da criação dos filhos (WAGNER, 2002; HALFORD, 2006; SILVERSTEIN; AUERBACH; LEVANT, 2002). Para isso, esforçam-se por construírem uma paternidade com maior envolvimento, buscando novas acomodações entre a paternidade e a vida profissional, num desafio constante de reconstruir e redefinir este papel.

 

Conclusão

Ao buscar problematizar a paternidade na contemporaneidade, é preciso ter um olhar cuidadoso sobre os diversos aspectos que permeiam este fenômeno. O primeiro deles é a identificação das nuances desta contemporaneidade, que tornam as relações cada vez menos generalizáveis, principalmente se considerarmos que cada vivência humana pertence a um contexto socio-histórico-cultural determinado. Sob uma visão relacional-contextual, todos os aspectos implicados em determinado fenômeno possuem grande relevância na sua construção.

Nesse caso, um dos fatores que consideramos fundamental foi a mudança do papel feminino e suas implicações na concepção do masculino. Assinalamos que a mulher, provavelmente, possui papel importante como impulsionadora da demanda por um homem mais engajado na vida familiar e mais participativo nas questões subjetivas das relações. Acreditamos que é fundamental considerar o contexto que permitiu ou propiciou a saída da mulher da esfera doméstica, levando em conta aspectos que vão além de aspirações pessoais, tais como a busca das mulheres por maior liberdade, autonomia e realização pessoal. Pensando no contexto mais amplo, identificamos um fator extrínseco que também possui papel importante: o fator econômico. Há algumas décadas, o rendimento masculino conseguia de forma mais eficiente dar conta do sustento de um grupo familiar (ainda que a mulher ajudasse com trabalhos informais nas classes mais baixas, como lavar roupa para fora, costurar, fazer artesanato, entre outros). Entretanto, o aumento das cidades, o crescimento populacional, o acirramento da concorrência com menores ofertas de emprego, o desenvolvimento cada vez mais intenso da sociedade capitalista implicada em lucros, na individualidade e no consumismo, certamente contribuíram enormemente para que surgisse a necessidade do aumento de ingresso financeiro na família, levando a mulher a sair de casa e buscar trabalho. Em muitos casos, as conseqüências deste processo não são percebidas como positivas, mas desencadeadoras de estresse e descontentamento pessoal, visto que muitas mulheres passaram a acumular funções à medida que a inserção masculina nas tarefas domésticas não cresceu na mesma proporção.

Além disso, ainda que a mulher esteja atuando no mundo de maneira mais ativa, ao mesmo tempo ela precisa constantemente dar provas de suas capacidades e potencialidades. Para isso, enfrenta um mundo de trabalho que privilegia o homem e que muitas vezes a mantém à sua sombra. A mulher se vê obrigada a lutar diariamente para conquistar mais espaço na vida pública, e, quando o faz, necessita reafirmá-lo todos os dias. Entretanto, algo muito semelhante acontece com os homens. Assim como a mulher batalha para mostrar-se capaz no mundo profissional, o homem também tem de enfrentar muitas barreiras para obter credibilidade na esfera doméstica. Para conseguir espaços igualitários dentro de casa, também precisa lutar diariamente e reafirmar essa conquista quando a obtém, já que sempre foi visto com descrédito quanto às suas possibilidades nesse campo.

No entanto, é possível se pensar que os homens tenham um aspecto dificultador neste processo. O homem enfrenta um preconceito em relação à sua masculinidade mais intenso do que as mulheres em relação à sua feminilidade. Provavelmente, em termos de sexualidade, um homem sofresse maior discriminação ao buscar exercer papéis originalmente femininos do que as mulheres ao exercerem funções originalmente de cunho masculino. A questão masculina parece estar mais fortemente impedida ou dificultada por este fenômeno, que vai além da comprovação de capacidade e competência como no caso das mulheres. A mulher pode ser vista como tentando ocupar um mundo do qual não teria condições de dar conta, enquanto os homens estariam deixando de ser homens.

Tudo isso se apresenta de forma muito sutil, visto que atualmente esses estereótipos aparecem de forma mais velada, menos explícita, em que muitas vezes o discurso não corresponde à prática. Por exemplo, como uma sociedade que vem pregando um homem mais sensível e participativo nas relações afetivas oferece condições trabalhistas tão díspares entre homens e mulheres, como no caso da licença-paternidade e nos casos de guarda em situação de divórcio? Sabemos que já houve avanços legais nesse sentido, mas que ainda não dão conta ou não acompanham aquilo que se afirma no discurso. Desse modo, fica a seguinte questão: até que ponto será que a contemporaneidade de alguma forma não mascara a manutenção do tradicional?

É importante salientar que esses aspectos fazem parte do imaginário das pessoas sem mesmo que elas se dêem conta, pois a transmissão de crenças e valores que circulam no macro e nos microssistemas de determinado contexto, acrescida das questões transgeracionais, compõe a forma de ser e estar dos sujeitos.

Muitos de nós, homens e mulheres, estamos aprisionados devido à força desses sistemas que, muitas vezes, perpetuam comportamentos e idéias acerca do que é certo e errado, normal ou patológico. A determinação de estereótipos socio-histórico-culturais acaba regendo e valorando as relações num processo contrário à expressão da subjetividade e da singularidade de cada sujeito.

Como superar tais contradições? Para isso, é necessário um processo de conscientização a respeito dos aspectos que estão implicados na nossa forma de ver, perceber e agir com nossas vidas. A partir do momento que nos tornamos conscientes dessas relações, abre-se a possibilidade de questionamento e transformação. Tomar consciência dos fenômenos sociais, considerando-os processos de construções permeados pelo contexto, que vão além das características individuais de cada um, é o primeiro passo favorecedor de mudanças, que nos habilita a fazer escolhas mais conscientes em relação àquilo que de fato desejamos.

Pensar a paternidade em nossos dias é considerar a inter-relação e a interdependência de todos esses aspectos e de outros tantos que não abordamos aqui, devido às limitações do nosso olhar, por também estarmos mergulhados nos ditames de nosso contexto.

Buscar definições em um período de transformações não é tarefa fácil e, talvez, seja até mesmo desnecessário. Por isso, não temos como objetivo redesenhar uma nova determinação social sobre o ser pai, entretanto, esperamos poder contribuir para a ampliação do pensar e do exercer esse papel a fim de possibilitar, acima de tudo, o questionamento de modelos que criam e recriam a nossa subjetividade, abrindo espaço para uma vivência mais plena de nossas vidas.

 

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Endereço para correspondência
Ana Cristina Pontello Staudt
Rua Rubem Antônio da Silva, 65 ap. 204
Porto Alegre – RS
CEP 91530-210
E-mail: anacpontello@hotmail.com

Tramitação
Recebido em maio de 2007
Aceito em fevereiro de 2008

 

 

1 Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_vizualiza.php?id_noticia=817&id_pagina=1>, acesso em 20 de dezembro de 2007.