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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.11 no.2 São Paulo dez. 2009

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Clube da luta1: sofrimentos radicais e sociedade contemporânea2

 

Fight club: radical sufferings and contemporary society

 

El club de la lucha: sufrimientos radicales y sociedad contemporânea

 

 

Ana Carla Silvares Pompêo de Camargo ArósI; Tânia Maria José Aiello VaisbergII

I Faculdade de Americana
II Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo deriva de uma pesquisa psicanalítica sobre um importante fenômeno clínico que articula despersonalização e desrealização, o qual, sob a pena de Winnicott, é conhecido como "incapacidade de se sentir vivo e real". Trata-se de um fenômeno típico de quadros borderline e psicóticos, cujas manifestações têm se mostrado frequentes na sociedade contemporânea. Utilizou-se como objeto de análise uma narrativa psicanalítica do filme Clube da luta, tomado como um acontecer humano ficcional. Foram criados/encontrados sete campos diversos, integrantes de um campo maior – "ser ou não ser". Estabelecendo interlocuções com Winnicott e Bauman, foi possível concluir que a problemática clínica estudada articula-se intimamente às novas formas de organização da sociedade líquido-moderna, as quais, de modo paradoxal, incrementam um certo tipo de individualismo ao dificultarem o amadurecimento pessoal no sentido do desenvolvimento da capacidade de se sentir vivo, real e capaz de gestualidade espontânea e transformadora de si e do mundo.

Palavras-chave: Bauman, Clube da luta, Psicanálise, Psicose, Winnicott.


ABSTRACT


This paper derives from a psychoanalytical piece of research about an important clinical phenomenon that articulates depersonalization and derealization, which, according to Winnicott, are known as the “inability to feel alive and real”. This is a typical phenomenon found in borderline and psychotic clinical profiles, the manifestations of which have demonstrated to be frequent in contemporary society. The analytical object in use was a psychoanalytical narrative employed in the movie picture known as Fight club – understood as a fictional human event. Seven diverse fields were created/found as parts of a greater field – “to be or not to be”. By establishing a dialogue with Winnicott and Bauman, it was possible to conclude that the clinical issue in question is intimately concerned with the new forms of organizing the liquid-modern society, which paradoxically develop a certain type of individualism while they make it hard to personal growth in a sense of developing one’s ability of feeling alive, real and able to provide spontaneous gesture to transform the self and the world.

Keywords: Bauman, Fight club, Psychoanalysis, Psychosis, Winnicott.


RESUMEN

El presente artículo se deriva de un trabajo de investigación psicoanalítica sobre un importante fenómeno clínico, que articula la despersonalización y la desrealización que, según la opinión de Winnicott, se conocen como "la incapacidad de sentirse vivo y real". Se trata de un fenómeno típico de cuadros borderline y psicóticos, cuyas manifestaciones demostraron ser frecuentes en la sociedad contemporánea. Como objeto de análisis, se há utilizado una narrativa psicoanalítica de la película El club de la lucha, considerada en su aspecto de acontecer humano de ficción. Se crearon/encontraron siete campos diferentes, integrantes de un campo más grande – "ser o no ser". Entablando interlocuciones con Winnicott y Bauman, se pudo concluir que la problemática clínica estudiada se articula íntimamente con las nuevas formas de organización de la sociedad líquido-moderna que, paradójicamente, fomentan un cierto tipo de individualismo, al mismo tiempo que perjudican La saturación personal en lo que se refiere al desarrollo de la capacidad de sentirse vivo, real y capaz de una gestualidad espontánea y transformadora de si mismo y del mundo.

Palabras clave: Bauman, El club de la lucha, Psicoanálisis, Psicosis, Winnicott.


 

Introdução

Falso self e sociedade contemporânea

O conceito de falso self foi amplamente trabalhado na obra de Winnicott. Trata-se de uma impossibilidade de se sentir vivo e real, ocasionando o que pode ser considerado uma das formas de expressão de sofrimento mais graves do ponto de vista da psicopatologia winnicottiana – a normalidade submissa e dissociada –, sofrimento presente em indivíduos normais de tipo psicótico, geralmente mascarado por uma hiperadaptação social e, muitas vezes, por sucesso profissional e boa capacidade intelectual. Clinicamente, observa-se essa impossibilidade por meio de queixas de sensação de irrealidade da vida, de futilidade e de um sentimento constante de vazio existencial, característico das personalidades borderline e dos quadros psicóticos (WINNICOTT, 1983b, 1983d, 1996).

O falso self está presente em todos nós, na medida em que adquirimos a capacidade de convivência social de caráter polido e amável, mas vai se tornando gradativamente patológico quando uma boa adaptação social é substituída por condutas que impedem a capacidade de expressão criativa e de gestualidade espontânea. Queixas como as citadas anteriormente têm-se tornado cada vez mais frequentes nos serviços de saúde mental e nos consultórios particulares, embora Winnicott, desde 1963, já afirmasse não haver mais neuróticos disponíveis para tratamento psicanalítico.

Paralelamente aos estudos da psicanálise com Winnicott, Bauman, sociólogo polonês contemporâneo, discute os conceitos das características peculiares da sociedade líquidomoderna, apontando o agravamento de antigos problemas sociais, como a violência e a desigualdade social, assim como refere o surgimento de novos desafios provocados pelo processo de globalização, como é o caso do medo líquido, que adquire características onipresentes, e do amor líquido, que tem como marca principal, a fragilidade e transitoriedade dos vínculos afetivos. A sociedade voltada para o consumo transforma as pessoas em mercadorias, tanto nas transações do mercado de produtos e serviços quanto no que se refere ao mercado de trabalho, no qual o objeto a ser comercializado são os próprios seres humanos. O grande paradoxo humano passou a ser, portanto, manter-se constantemente uma mercadoria atualizada e vendável, buscando adequar o seu ser a um perfil economicamente viável e desejável, apesar de as exigências do mercado de trabalho terem um caráter bastante volátil (BAUMAN, 2004, 2008a, 2008b).

O desenvolvimento tecnológico, o ritmo de vida cada vez mais acelerado, a constante influência dos meios de comunicação, o turbilhão de informações e estímulos disponíveis via internet, os relacionamentos virtuais que progressivamente substituem os vínculos face a face, as exigências cada vez maiores por capacitação e formação pessoal, a violência urbana, o crime organizado, as catástrofes ambientais provocadas pelo aquecimento global são todos fatores que colocam os seres humanos diante de novos desafios pessoais e coletivos, o que torna a experiência de viver cada vez mais uma aventura de risco (BAUMAN, 2004, 2008b).

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos indiscutíveis, o ser humano, talvez em toda a sua história, nunca se viu tão temeroso do futuro e em constante estado de alerta, pois as ameaças anunciadas constantemente pela mídia e por estudos científicos mostram que os perigos são muitos. O grande paradoxo é que grande parte dos maiores fantasmas contemporâneos, como o desemprego, a desigualdade social, a violência urbana, o crime organizado, o terrorismo, as guerras nucleares e o aquecimento global, são todos produtos criados pelo próprio ser humano e pelas formas de distribuição das riquezas e de organização social. Nunca se viram tantas discussões científicas e alertas sobre a necessidade de mudanças dos hábitos sociais e dos seus valores dominantes para a melhora da qualidade de vida do planeta e de seus habitantes. No entanto, muito pouco tem sido feito em relação à busca de caminhos que visem a mudanças significativas do status quo dominante (BAUMAN, 2008a).

Com base em uma leitura de Bauman, é possível identificar como marcas do ambiente social contemporâneo: a persecutoriedade, a insegurança, o individualismo, o isolamento social ou a evitação do contato humano, a sensação de impotência e o medo das diversas formas de marginalização e de exclusão social, temas estes que aproximam a sociologia da psicologia e da psicanálise (BAUMAN, 2008a).

Esse panorama discutido com maestria ao longo de sua obra traz alguns questionamentos de fundamental importância, uma vez que ressalta que a vida e o amor líquidos são precários, carecendo expressivamente de relacionamentos afetivos duradouros que implicam vínculos significativos e permeados por elementos eticamente carregados. Os relacionamentos constituem bênçãos ambíguas no cenário líquido-moderno, marcado pelas chamadas “relações puras”, conforme nos explica Bauman (2008b, p. 32):

Uma "relação pura" centralizada na utilidade e na satisfação é, evidentemente, o exato oposto da amizade, devoção, solidariedade e amor – todas aquelas relações "Eu-Você" destinadas a desempenhar o papel de cimento no edifício do convívio humano. Sua "pureza" é avaliada, em última instância, pela ausência de ingredientes eticamente carregados [...]. A "criação de um relacionamento bom e duradouro", em total oposição à busca de prazer por meio de objetos de consumo, "exige um esforço enorme".

Uma das características do amor líquido é a busca de prazer por meio de objetos de consumo, pois, na sociedade consumista, o amor também é transformado em um produto a ser comercializado. E quanto mais destituídos da condição humana estiverem os consumidores, mais buscam, por meio de uma compulsão por comprar, suprir materialmente um vazio existencial e afetivo, o que, por sua vez, mantém o mercado em pleno vigor (BAUMAN, 2004).

O filme Clube da luta tomado como um acontecer humano ficcional

Essa produção cinematográfica apresentou uma repercussão bastante grande desde sua estreia nos cinemas e, até hoje, quase dez anos após seu lançamento, reúne fãs em comunidades virtuais e blogs na internet. No Brasil, seu lançamento foi marcado por um assassinato em massa, quando o estudante de medicina Mateus da Costa Meira, 24 anos, matou três pessoas e feriu outros cinco espectadores dentro da sala de cinema, portando uma submetralhadora. O crime ocorreu em novembro de 1999 e foi o primeiro caso de assassinato em massa registrado no Brasil. Mateus não havia assistido ao filme, mas conhecia seu enredo. Antes de atirar na plateia de 28 espectadores em uma sala de cinema da capital paulista, foi ao banheiro e atirou no espelho, na própria imagem, conforme informações veiculadas na mídia (LIMA; ZAKABI, 1999; FERREIRA, 2004).

O filme Clube da luta, que foi tomado por nós como um acontecer humano ficcional, conta o drama vivido por Jack (Edward Norton), funcionário de uma grande empresa de seguros, que levava uma vida pacata dedicada exclusivamente ao trabalho e se tornou fundador de um clube de boxe clandestino, em parceria com Tyler Durden (Brad Pitt), ficando claro, ao longo da trama, que ele desenvolveu um processo de dissociação de sua personalidade, passando a apresentar um quadro de psicose clínica. Tyler Durden e Jack eram duas faces de uma mesma pessoa.

A pesquisa psicanalítica ocorre num campo fundamentalmente ético, e o seu método tem como pilares a associação livre e a atenção flutuante, que são consideradas, com base em uma leitura de Bleger (1984), condutas que se manifestam no campo da comunicação com o mundo externo e que também podem ser compreendidas como comunicação discursiva ou como uma comunicação não verbal. Além de se constituir uma forma particular de escuta, observação e manejo – sempre permeados por uma postura acolhedora –, a pesquisa psicanalítica ressalta os princípios éticos fundamentais, por se basear em um máximo respeito à singularidade de cada encontro, entre sujeitos e enquadres das pesquisas, que não se restringem, necessariamente, ao contexto clínico padrão (VAISBERG, 2004; AIELLO-VAISBERG; MACHADO, 2008).

A postura assumida pelo psicanalista diante de um acontecer humano ficcional deve ser de similar preocupação com o acolhimento que ele assume numa situação real e não estabelecer julgamentos prévios em relação às manifestações das condutas humanas das personagens e às mensagens explícitas e implícitas contidas nas imagens. Dessa forma, o filme passa a ser compreendido como expressão de um encontro clínico ficcional, ou seja, como um estudo de caso que deve ser vivido de forma plena. Isso implica um processo similar de uso do método no que compete à escuta e ao manejo de discursos e condutas, o que poderá ser observado na forma de relação com as produções decorrentes do encontro entre pesquisador e obra ficcional.

Fábio Herrmann (1999, p. 18-19) comenta o uso de uma obra ficcional na pesquisa psicanalítica:

Vamos deixar clara a idéia: ficcional não significa falso, nem mesmo cientificamente menor, mas inserido num tipo de verdade peculiar à literatura, que é em geral mais apropriada para a compreensão do homem que a própria ciência regular. Ficção é uma hipótese que se deixou frutificar até as últimas conseqüências, antes de decidir sobre sua validade, é um instrumento poderoso de descoberta, mas tende a capturar o investigador, que também é personagem dela, levando-o a crer que sua história é fato. Nem mesmo Freud, nosso inventor, escapou por completo à atração fática da clínica [...]. A estreita vinculação entre nosso conhecimento e a ficção constitui uma parte do preço a pagar – nada exorbitante, a meu ver – pela generalização da Psicanálise como ciência completa: seu objeto de conhecimento, o Homem Psicanalítico, não pode ser o homem inteiro e concreto, mas uma "ficção verdadeira".

A afirmação de Herrmann traz ponderações importantes que precisam ser levadas em consideração e, ao mesmo tempo, endossa que a opção por esse tipo de estratégia metodológica foi consagrada na psicanálise, desde seus primórdios, quando Freud escreveu sobre o caso Schreber (1974b), também os artigos "Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância" (1974a) e &O Moisés de Michelangelo& (1974c).

A análise do filme se deu com base na redação de uma narrativa psicanalítica3, que constitui uma ferramenta auxiliar importante para a clínica e para a pesquisa psicanalítica, uma vez que procura apresentar a transparência possível referente à comunicação da experiência clínica com encontros humanos reais ou com obras ficcionais, ressaltando sempre a subjetividade do clínico que, ao escrever e apresentar a comunicação do encontro aos seus pares, funciona como um &sonhador brincante& – dada a semelhança das narrativas com o relato de um sonho (VAISBERG; LOUSADA-MACHADO, 2005).

Com base em inúmeras leituras da narrativa, foram criados/encontrados os campos do imaginário4:

O método psicanalítico, cujo caráter interpretativo consiste, precisamente, no pressuposto de que toda conduta humana tem sentido, consiste num processo de captação, inevitavelmente hipotética, de campos de sentido afetivo-emocional, que se faz por meio da criação/encontro de sentidos de condutas humanas. Tais campos organizam-se, a nosso ver, ao redor de valores e crenças que são inconscientes (AIELLO-VAISBERG; MACHADO, 2008, p. 79).

Dessa forma, é possível concluir que as manifestações das condutas podem ocorrer no corpo, no mundo externo e na mente. Essa divisão ocorre mais com finalidades teóricas, mas diversos arranjos podem ocorrer entre as diferentes manifestações das condutas humanas, de modo que se integrem suas diversas formas de expressão, ou apareçam de forma dissociada em contextos nos quais o intercâmbio dessas manifestações seria esperado (BLEGER, 1984; MENCARELLI; BASTIDAS; AIELLO VAISBERG, 2008).

Os campos do imaginário

Do encontro com a obra ficcional tomada como um acontecer humano, foi criado/ encontrado um grande campo denominado &ser ou não ser&, que representou uma busca desesperada por uma existência genuína, por se sentir vivo e real. Esse campo, por sua vez, foi composto por sete subcampos que condicionaram a existência das personagens às seguintes condutas: comprar, sofrer, apanhar, roubar, destruir, transar e encontrar o outro (ARÓS, 2009).

Compro, logo existo5

Este subcampo organiza-se em torno da crença de que a posse de objetos concede uma sensação de existência, pois, no exato momento em que passa a possuir o objeto, a pessoa percebe que está viva, o que, segundo o conceito winnicottiano do falso e verdadeiro self, pode ser compreendido como uma vivência sem autenticidade, uma manobra defensiva para sobreviver, resultante de processos de submissão (WINNICOTT, 2000a, 1983d).

Já do ponto de vista de Bauman (2008b), trata-se de um fenômeno generalizado, um dos pilares do mundo líquido-moderno, regido pela cultura consumista, diante da qual é considerado um padrão de normalidade.

Sofro, logo existo

Este segundo subcampo organiza-se em torno da crença de que sentir dor concede uma sensação de existência, a qual, para Winnicott (2000a, 1983d), representa um processo de dissociação entre mente e existência psicossomática, decorrente do processo de despersonalização.

Do ponto de vista bauminiano, o sofrimento relaciona-se aos conceitos de medo líquido, ao amor líquido e à síndrome de Titanic, que se caracteriza por um medo de uma catástrofe iminente no plano social ou da exclusão social, no plano individual (BAUMAN, 2004; 2008a).

Apanho, logo existo

O roubo aparece no filme em três momentos distintos. Compreendemos o roubo do carro esporte no aeroporto e o da gordura humana roubada da clínica de cirurgia plástica, posteriormente utilizada para fabricar sabão, como organizados em torno da crença de que a adrenalina de fazer algo proibido e perigoso (roubar, assaltar) pode levar a pessoa a se sentir viva. Assim, torna-se possível relacionar a conduta de roubar ao conceito winnicottiano de tendência antissocial, que representa para Winnicott (2000e) um sinal de esperança. Entretanto, no caso do assalto ao funcionário da loja de conveniência, a conduta torna-se mais patológica e passa a se organizar em torno da crença de que quem a pratica não faz diferenciação entre mundo interno e externo. No filme, Tyler encontrou a liberdade na perda da esperança, então faz o outro chegar ao fundo do poço (ameaçando sua vida), para que este se sinta como ele e possa viver no dia seguinte a sensação de liberdade e valorizar mais sua vida. Dessa forma, é possível se sentir vivo quando se &ajuda& alguém (que representa a si mesmo) a se sentir vivo. Pode-se associar esse subcampo à vivência de desrealização, a um processo regressivo de indiferenciação entre a pessoa e os outros e à tentativa de resgate da experiência de onipotência que não pôde ser experimentada na infância (WINNICOTT, 1983b, 1975, 2000a).

Segundo a obra de Bauman (1998), a violência é decorrente do processo de globalização negativa e da fidelidade ao líder (Tyler) e à instituição Clube da Luta6.

Roubo, logo existo

O roubo aparece no filme em três momentos distintos. Compreendemos o roubo do carro esporte no aeroporto e o da gordura humana roubada da clínica de cirurgia plástica, posteriormente utilizada para fabricar sabão, como organizados em torno da crença de que a adrenalina de fazer algo proibido e perigoso (roubar, assaltar) pode levar a pessoa a se sentir viva. Assim, torna-se possível relacionar a conduta de roubar ao conceito winnicottiano de tendência antissocial, que representa para Winnicott (2000e) um sinal de esperança. Entretanto, no caso do assalto ao funcionário da loja de conveniência, a conduta torna-se mais patológica e passa a se organizar em torno da crença de que quem a pratica não faz diferenciação entre mundo interno e externo. No filme, Tyler encontrou a liberdade na perda da esperança, então faz o outro chegar ao fundo do poço (ameaçando sua vida), para que este se sinta como ele e possa viver no dia seguinte a sensação de liberdade e valorizar mais sua vida. Dessa forma, é possível se sentir vivo quando se “ajuda” alguém (que representa a si mesmo) a se sentir vivo. Pode-se associar esse subcampo à vivência de desrealização, a um processo regressivo de indiferenciação entre a pessoa e os outros e à tentativa de resgate da experiência de onipotência que não pôde ser experimentada na infância (WINNICOTT, 1983b, 1975, 2000a).

No momento em que a gordura humana roubada da clínica de cirurgia plástica é utilizada na fabricação de explosivos, compreendemos que essa conduta passa a se relacionar ao subcampo da destruição, que será discutido a seguir.

Destruo, logo existo

Outra possibilidade de definição desse campo organiza-se em torno da crença de que, quando se quebra algo ou se destrói algo belo ou se mata alguém, presenciam-se os instantes de transformação desse objeto material ou humano, de algo belo para algo feio, do íntegro ao despedaçado, do útil ao inútil, do vivo ao morto. Ao fazer parte disso, a pessoa sente-se viva e especial. Cabe a ela, naquele momento, decidir sobre a vida e a morte, naquele momento ela é Deus. Em diálogos com a obra de Winnicott, essas condutas podem relacionar-se aos conceitos de delinquência ou de sociopatia, ao resgate da experiência de onipotência que não pôde ser experimentada na infância, à angústia de aniquilamento, à ideia de desesperança e à "organização no sentido da invulnerabilidade" (WINNICOTT, 1975, 1983e,1983f, 1983g, 1994c, 1995, 2000b, 2000e)7.

Transo, logo existo

Organiza-se este subcampo em torno da crença de que, quando se faz sexo, toca-se e se é tocado por outro corpo, ocorre a percepção de que se está vivo. Essa conduta pode ser interpretada, com base na obra de Winnicott (1975, 2000a, 2000b) como uma tentativa de resgate da experiência psicossomática e de retomada do processo de personalização interrompido na infância e da capacidade de relacionamento com objetos.

Segundo Bauman (2004, 2008b), relaciona-se ao amor líquido e à tendência da sociedade de consumo de transformar o sexo em mercadoria a ser comercializada.

Encontro o outro, logo existo

Este subcampo baseia-se no amor que Tyler Durden refere começar a sentir por Marla e na sua relação com Bob após sua morte e se organiza em torno da crença de que, quando a pessoa percebe que há outro ser humano igual a ela, com o qual pode manter uma relação de objeto ou de dependência, teme perder a sua presença e ficar sozinha novamente. Quando está na presença desse outro, ficam ambos tão conectados que não há diferenciação entre um e outro, então a pessoa se sente viva e protegida. Em nosso ponto de vista, isso ainda não implica uma forma de amor maduro entre duas pessoas totais, por este demandar maior grau de amadurecimento emocional. Sem dúvida, há uma significativa mudança qualitativa na forma de Tyler estabelecer relações objetais, e, nesse momento, ocorre uma mudança de campo, pois implica um reconhecimento da existência de um mundo não-eu e da retomada dos processos de integração, personalização e realização. Implica amadurecimento emocional e melhora na saúde mental de Tyler, no filme, representados pelo fim da dissociação mental (WINNICOTT, 1975, 2000a).

Segundo Bauman (2008b), trata-se de uma "relação pura".

 

Conclusões

Apresentaremos a seguir uma discussão que se baseia em uma relação de "uso" de alguns conceitos winnicottianos para pensar o que encontramos na pesquisa, o que se traduz em uma fidelidade ao pensamento vivo do autor. Adotando uma postura eminentemente clínico-reflexiva, pretendemos fazer uso da teoria para pensarmos a clínica ou a obra cultural, postura que se diferencia daquela assumida em estudos hermenêuticos (VAISBERG, 1999, 2001, 2004).

O drama vivido por Jack/Tyler Durden ilustra uma problemática que tem se tornado cada vez mais frequente nos consultórios e serviços de saúde mental e, apesar de constituir uma forma de sofrimento radical, fornece esperança de cura por demonstrar que o impulso no sentido da integração e a busca da continuidade de ser – processos que têm início desde o nascimento do bebê – não deixam de buscar, nos casos em que ocorreram processos dissociativos decorrentes de falhas ambientais severas que provocaram a vivência de agonias impensáveis e a consequente interrupção no processo maturacional, novas ofertas de cuidados suficientemente bons, que auxiliem a retomada dos processos de integração, personalização e realização (WINNICOTT, 1975, 2000a).

Ao longo da obra de Winnicott, durante o estudo de seu pensamento sobre os processos psicopatológicos ou de sua teoria sobre o sofrimento humano, é possível identificar dois posicionamentos diversos. Em alguns textos, defende a tradicional divisão tripartite que separa as patologias em neuroses, psicoses e quadros borderline, mas, por meio do desenvolvimento do conceito de falso e verdadeiro self, cria uma nova possibilidade nosológica – a normalidade submissa e dissociada. Winnicott também diferencia os conceitos de normalidade e de sanidade, compreendendo a sanidade como posição de autenticidade pessoal. Como é um profundo apreciador do uso de paradoxos, afirma que o enlouquecimento seria um caminho mais construtivo e saudável – um claro pedido de ajuda –, uma busca de resgate da autenticidade perdida, durante a interrupção do processo maturacional. Enquanto isso, a normalidade submissa e dissociada constitui-se numa fonte de preocupações e de sofrimento desatrelado de esperança, caso o pedido de ajuda não seja captado, em razão de o sintoma mascarar o sofrimento, encoberto atrás de uma aparente normalidade e de uma hiperadaptação social (VAISBERG, 2005, 2007).

Nosso ponto de vista sobre a concepção psicopatológica de Winnicott diverge da sicopatologia clássica e da psicopatologia psicanalítica clássica, enfocando, no que se refere aos fenômenos do falso self, a dissociação como sofrimento fundamental. Consequentemente, tudo o que é vivido em estado dissociado pode ser, assim, compreendido como manifestação de sofrimento psíquico (VAISBERG, 2006, 2007).

Em semelhante linha de raciocínio, concordamos com Mello Filho (2003) quando este relaciona a tendência antissocial e a sociopatia aos fenômenos do falso self, assim como o faz com as patologias narcísicas, ou seja, com as psicoses.

As leituras da obra de Bauman sugerem reflexões e mudanças sociais amplas e urgentes, pois questionamos a possibilidade de seguirmos afirmando que "tudo começa em casa". Se sob determinado ponto de vista concordamos com Winnicott (1996) no que concerne ao fato de as bases do desenvolvimento emocional se remeterem fundamentalmente aos cuidados recebidos na primeira infância, torna-se importante ressaltar que um cuidado suficientemente bom depende também das condições psíquicas vigentes no ambiente social.

Não podemos deixar de considerar que a condição social da mulher sofreu várias trans formações desde a época de Winnicott, pois, atualmente, é significativa a parcela de mulheres que buscam se realizar profissionalmente e dividem a tarefa de mãe e de profissional de forma bem-sucedida, o que sugere que uma maternagem suficientemente boa não pode estar dissociada de uma busca de realização pessoal e profissional da mulher, quando esta assim o desejar. Além disso, os pais também têm assumido um cuidado muito mais próximo com os filhos, superando o amparo essencial à mãe no cuidado com seus bebês e passando a exercer o papel de pais suficientemente bons (FERREIRA; VAISBERG, 2006).

No entanto, o panorama da sociedade atual que estimula o isolamento social em detrimento
do convívio e das relações face a face, a persecutoriedade em detrimento da sensação de segurança, o ter em detrimento do ser, a passividade e a submissão em detrimento da espontaneidade e da autonomia (amparada e protegida) traz novos desafios às ciências humanas, sociais e, em especial, à psicologia e à psicanálise, demandando medidas éticas urgentes de cuidado especial às famílias e/ou às mães.

Com base nisso, levanta-se a questão do que pode ser feito para qualificar transformações sociais e ofertas de tratamento adequado à problemática do sofrimento contemporâneo, como a impossibilidade de se sentir vivo e real, sintoma que, conforme foi abordado, pode emergir em diferentes contextos diagnósticos.

A psicologia clínica e os processos psicoterápicos tradicionais precisam adaptar-se às aceleradas transformações sociais pelas quais temos passado, uma vez que uma das características dominantes da sociedade consumista é a evitação de qualquer experiência que ocasione frustração. Pesquisas recentes apontam para um aumento da busca por terapias mediadas por computador em detrimento do contato profissional face a face das terapias individuais e grupais8, o que é extremamente preocupante (YALOM; LESZCZ, 2007).

O próprio Winnicott (1990, p. 78-79) alerta:

O psiconeurótico funciona, aparentemente, a partir da consciência, sentindo-se pouco à vontade com o que se encontra fora do alcance da mesma. O desejo de conhecer a si próprio parece ser uma característica do psiconeurótico. Para estas pessoas, a análise traz um aumento da autoconsciência, e uma tolerância maior para com o que é desconhecido. Já os pacientes psicóticos (e as pessoas normais de tipo psicótico), ao contrário, pouco se interessam por ganhar maior autoconsciência, preferindo viver os sentimentos e as experiências místicas, e suspeitando do autoconhecimento intelectual ou mesmo desprezando-o. Estes pacientes não esperam que a análise os torne mais conscientes, mas aos poucos eles podem vir a ter esperanças de que lhes seja possível sentir-se reais.

Essas considerações reforçam a necessidade do desenvolvimento de novas modalidades de cuidado, uma vez que a análise padrão seria indicada para os quadros de neurose. Winnicott (1983c) indica que o psicanalista deve adaptar-se às necessidades de seu paciente, oferecendo uma forma de análise modificada nos casos de psicose e de indivíduos normais de tipo psicótico, por meio de um manejo sensível e acolhedor (holding). A possibilidade de ser um "psicanalista fazendo outra coisa" inspirou a criação de novas modalidades clínicas, ou seja, enquadres clínicos diferenciados (VAISBERG, 2004).

Os enquadres clínicos diferenciados, dentre os quais se destacam as oficinas psicoterapêuticas9, as consultas terapêuticas individuais ou coletivas e a arteterapia de inspiração winnicottiana, dependem de uma sustentação suficientemente boa por parte do terapeuta que deve adaptar-se às necessidades de cada paciente ou grupo de pacientes. Sustentar um encontro é algo bastante complexo e não deve ser confundido com "dar apoio", exige capacidade de amadurecimento pessoal e análise pessoal. Trata-se de estar com o paciente como singularidade existencial, de oferecer uma presença devotada e disponível, de modo que permita a emergência de um acontecer genuíno que permita encorajar o indivíduo a se aventurar e a buscar viver, enfrentando os desafios cotidianos (Vaisberg, 2004).

A problemática do sentimento de irrealidade, de sensação de futilidade e vazio existencial demanda o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas, sensíveis a esse perfil de sofrimento radical, o que constitui um desafio aos profissionais de saúde, nos níveis de cuidado primário, secundário e terciário.

 

Referências

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Endereço para correspondência

Ana Carla Silvares Pompêo de Camargo Arós
Rua Anna Francisca Lobo de Paula Vargas, 195 – Condomínio Alto das Palmeiras
Jardim das Palmeiras – Campinas – SP
CEP 13101-500
e-mail: anacarla@mpc.com.br

Tramitação
Recebido em março de 2009
Aceito em setembro de 2009

 

 

1 Filme de 1999, dirigido por David Fincher.
2 Artigo baseado na tese de doutorado de Arós (2009).
3 A narrativa foi escrita por Ana Carla S. P. de Camargo Arós.
4 Os campos do imaginário foram inspirados na teoria dos campos de Fábio Herrmann (1991) e no conceito de conduta de Bleger (1984) e representam campos afetivo-emocionais de motivações inconscientes.
5 Os nomes dos campos foram inspirados na célebre frase de Descartes “Penso, logo existo”, apesar de se referirem a condutas que descrevem processos anteriores à capacidade de pensar, relativos ao desenvolvimento emocional primitivo (WINNICOTT, 2000a).
6 Os diálogos com a obra de Bauman sugerem a mesma possibilidade de compreensão para os subcampos apanho, roubo e destruo, logo existo.
7 Talvez essa possa ser uma compreensão possível para crimes, como o cometido por Mateus da Costa Meira, visto a partir de uma visão ampla, embora cada caso tenha que ter seus determinantes pesquisados particularmente.
8 Esse fato segue a mesma tendência geral da evitação do estabelecimento de vínculos face a face, justificados por um temor da exposição social, entre outros fatores.
9 Trata-se das oficinas Ser e Fazer da Universidade de São Paulo.

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