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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.13 no.2 São Paulo ago. 2011

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Entre o prazer e o sofrimento: um estudo sobre os sentidos do trabalho para professores universitários

 

Between pleasure and suffering: a study on the meanings of work for university teachers

 

Entre el placer y el sufrimiento: un estudio acerca de los sentidos del trabajo para profesores universitarios

 

 

Maria Chalfin Coutinho; Márcia Luiza Pit Dal Magro; Cristiane Budde

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC – Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O mundo do trabalho tem sofrido transformações nas últimas décadas, provocando uma precarização e flexibilização no trabalho. Isso se reflete no trabalho docente, com contratos flexíveis, maior intensificação da carga de trabalho e exigência de polivalência. Nesse contexto, realizou-se a pesquisa com objetivo de compreender os sentidos de prazer e sofrimento no trabalho, atribuídos por professores de universidades comunitárias. Entrevistaram-se oito docentes e foi realizada a análise qualitativa de seu conteúdo. Os resultados apontam que as mudanças na esfera do trabalho docente trazem implicações para as significações deste. Predominam vivências relacionadas ao sofrimento no trabalho, associadas à elevada carga de trabalho, que gera exaustão física e mental, e à insegurança quanto ao contrato de trabalho. Contudo, vivências de prazer foram apontadas pelos participantes da pesquisa, especialmente as associadas à identidade de ser professor e ao reconhecimento do trabalho.

Palavras-chave: saúde do trabalhador; sofrimento psíquico; docentes; educação superior; mercado de trabalho.


ABSTRACT

Over the past years transformations are affecting the world of work, which is facing precarious work and flexibility in the workplace. This is reflecting in the community university academic staff work with flexible contracts, further intensification of the workload, and the needing to be versatile. In this context, it was held this research which aimed to understanding the meaning of pleasure and suffering at work for academic staff. It was interviewed eight academic staff and performed a qualitative analysis of the data. The results showed that the changes of the academic work caused implications for the meaning of this. They reported experiences predominant of suffering at work, due to the high workload which generates physical and mental exhaustion, and the insecurity related to the unpredictable work contracts. However, experiences of pleasure have been identified by the research participants, especially linked to the identity of being a teacher and the recognition of their work.

Keywords: occupational health; psychic suffering; teachers; higher education; job market.


RESUMEN

El mundo del trabajo se ha transformado en las últimas décadas, provocando una precarización y flexibilización en el trabajo. Esto se refleja en el trabajo docente, con contratos flexibles, mayor intensificación de la carga de trabajo y la exigencia de polivalencia. En ese contexto la investigación fue realizada con el objetivo de comprender los sentidos de placer y sufrimiento en el trabajo, atribuidos por los profesores de universidades comunitarias. Fueron entrevistados ocho profesores y fue realizado un análisis cualitativo de su contenido. Los resultados muestran que los cambios en la esfera del trabajo docente tienen consecuencias para su significado. Predominan las experiencias relacionadas al sufrimiento en el trabajo, asociadas a la elevada carga de trabajo, lo que genera agotamiento físico y mental, y a la inseguridad acerca del contrato de trabajo. Sin embargo, experiencias de placer fueron indicadas por los participantes de la investigación, especialmente aquellas asociadas a la identidad de ser profesor y al reconocimiento del trabajo.

Palabras clave: salud del trabajador; sufrimiento psíquico; docentes; educación superior; mercado de trabajo.


 

 

Introdução

O contexto universitário nacional e internacional tem sofrido grandes mudanças advindas de diferentes fatores, entre os quais cabe destacar a implantação sistemática dos ajustes neoliberais e as transformações que estes impõem ao "mundo do trabalho", redimensionando os objetivos, a organização e a função do ensino superior, a fim de adequá-los às novas demandas do modelo econômico (MARTINS, 2005). Segundo Blanch e Stecher (2009), nesse contexto as universidades são pressionadas a contribuir, de maneira ativa, na competitividade da economia, vendo-se obrigadas a comercializar os produtos de suas investigações, a prestar serviços ao mundo privado e a formar profissionais empreendedores. Essas modificações nos princípios e na estrutura da universidade transformam-na em mais uma organização do mercado.

No Brasil, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, foram estabelecidos meios legais para que o sistema educacional ficasse atrelado às regras do mercado. A partir daí houve um grande crescimento no número de instituições de ensino superior privadas no país, como pode ser observado nas estatísticas oficiais. De acordo com dados apresentados por Brasil (1996), em 1994 havia no país 851 instituições de educação superior, das quais 633 eram privadas e 218 públicas. Já em 2009, os dados de Brasil (2011) registram um total de 2.314 instituições de ensino superior, das quais 2.069 são privadas e 245 são públicas, o que indica um aumento de aproximadamente 950% nas instituições privadas em um período de 15 anos. Essas instituições são criadas a partir de um modelo de gestão empresarial, posteriormente também difundido entre as universidades públicas (AMORIM, 2009).

Nesse contexto, ocorre a precarização do trabalho docente, que advém do processo de reestruturação produtiva, combinando a evolução tecnológica com a flexibilização do trabalho. Assim, produzem-se racionalização do tempo, exigência de aumento da produtividade, valorização da qualificação, eficiência e multifuncionalidade do trabalhador, perda de direitos trabalhistas e supressão de postos de trabalho considerados desnecessários.

A mudança da gestão para um modelo empresarial no contexto universitário redimensiona a noção de qualidade para uma lógica de competição baseada no mérito e na competência (GENTILI, 1995). Diante disso, a eficiência e a produtividade são objetivadas em índices como produção de artigos, orientações e projetos para captação de recursos, e o acirramento da competitividade no contexto laboral e a intensificação da carga de trabalho do professor são efeitos desse processo (MANCEBO, 2007). Para isso também contribui a ampliação do uso das tecnologias informacionais e de comunicação no contexto de trabalho, favorecendo a agregação de novas tarefas ao cotidiano docente e o prolongamento do tempo de trabalho.

Oliveira e Freitas (2008) problematizam o paradoxo da exigência da qualificação que convive com uma desprofissionalização dos docentes ocasionada pela perda de autonomia e sobrecarga de trabalho. Nesse contexto, o cotidiano do trabalho docente acaba modificado no que diz respeito às suas relações laborais concretas e sofre também transformações relativas à maneira de ser e de se relacionar do sujeito no trabalho. Isso produz inúmeras implicações para a saúde desses trabalhadores e para as vivências de prazer e sofrimento atreladas ao trabalho, como indicam os estudos de Lopes (2006), Freitas (2005), Gradella Jr. (2010) e Vilela (2010).

Para a compreensão teórica de sofrimento, optou-se aqui pela abordagem da psicodinâmica do trabalho, a partir da proposta de Dejours e da produção brasileira no campo (MERLO; MENDES, 2009). O sofrimento, segundo Mendes (2007, p. 50), se apresenta "como uma reação, uma manifestação da resistência e da insistência em viver em um ambiente precarizado". Entretanto, pode ser ressignificado e transformado em prazer ou, quando isso não ocorre, exigir o uso intensivo de estratégias de defesa. Contudo, "o uso exacerbado de defesas pode culminar no esgotamento, abrindo caminho para o adoecimento" (MENDES, 2007, p. 54).

Dejours e Abdoucheli (2009) distinguem dois tipos de sofrimento: criador e patogênico. O primeiro é aquele capaz de se transformar em criatividade, beneficiando a identidade do sujeito. Assim, "aumenta a resistência do sujeito ao risco de desestabilização psíquica e somática" (DEJOURS; ABDOUCHELI, 2009, p. 137). Já no sofrimento patogênico, o trabalho funciona como um mediador da fragilidade e da desestabilização da saúde. Ele ocorre quando o sujeito já explorou todos os seus recursos defensivos e o sofrimento não compensado

[...] continua seu trabalho de solapar e começa a destruir o aparelho mental e o equilíbrio psíquico do sujeito, empurrando-o lentamente ou brutalmente para uma descompensação (mental ou psicossomática) e para a doença (DEJOURS; ABDOUCHELI, 2009, p. 137).

As atuais características do trabalho do professor universitário o levam a experimentar um paradoxo em relação aos sentimentos suscitados (FREITAS, 2005; VILELA, 2010; GRADELLA JR., 2010). De um lado, vivências de sofrimento relacionadas à precarização das condições e relações de trabalho e, de outro, as vivências do prazer possibilitadas pela produção de conhecimento, pelas relações afetivas e pelo reconhecimento que o espaço acadêmico possibilita. Quando funciona como fonte de prazer, o trabalho proporciona identidade, realização, reconhecimento e liberdade, permitindo, assim, ao trabalhador ser sujeito da ação e não meramente dominado pelo trabalho (MENDES, 2007).

Diante do contexto até aqui apresentado, realizou-se uma pesquisa com o objetivo de investigar os sentidos do trabalho para professores de universidades comunitárias no estado de Santa Catarina. A referida pesquisa integrou o projeto iberamericano "El capitalismo organizacional como factor de riesgo psicosocial"1. Neste artigo, apresenta-se apenas parte dos resultados dela, com destaque para as implicações das transformações do trabalho no contexto universitário relativas às vivências de prazer e sofrimento dos docentes.

 

Método

Esta pesquisa consiste em um estudo qualitativo, o qual, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), possibilita maior compreensão e aprofundamento sobre os processos por meio dos quais os sujeitos constroem sentidos e significados. Nesse tipo de abordagem, o pesquisador tem como foco de atenção o significado que os sujeitos "dão às coisas e à sua vida", de modo que se procura capturar a perspectiva, a visão dos participantes sobre o tema da pesquisa (ROMÃO, 2004). O uso desse tipo de abordagem de pesquisa é relevante quando se trata de tema ainda pouco explorado, pois "permite desvelar processos sociais ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares" (MINAYO, 2008, p. 57).

Como já assinalado, fez-se a opção pela abordagem teórica da psicodinâmica do trabalho para compreender os sentidos de prazer e sofrimento no trabalho. De acordo com Merlo e Mendes (2009), predominam no Brasil os estudos que utilizam essa abordagem apenas como categoria teórica, caso desta pesquisa, e não estudos ancorados no método originalmente proposto por Dejours.

Este estudo utilizou como principal instrumento para o levantamento de informações a entrevista semiestruturada que, segundo Richardson (1999), propicia a interação face a face entre entrevistador e entrevistado, constituindo-se como um meio de comunicação bilateral. Foram utilizados também registros em diário de campo e aplicados questionários com 18 professores, cujas informações não fizeram parte do corpus de análise deste artigo.

As questões elencadas nas entrevistas foram adaptadas do projeto "El capitalismo organizacional como factor de riesgo psicosocial", como pode ser visto em Blanch e Stecher (2009), Blanch et al. (2010) e Blanch, Sahagún e Cervantes (2010). O roteiro, inspirado na proposta do projeto internacional, trazia questões relativas a: trajetória profissional do entrevistado; condições, carga, ambiente e relações sociais no trabalho; pressões e estratégias de resistência; implicações para as identidades profissionais; e expectativas em relação ao trabalho. O roteiro foi utilizado de forma flexível, sem obstaculizar a "emergência de temas novos durante o trabalho de campo" (MINAYO, 2008, p. 190).

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética na Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Sendo assim, todos os participantes foram esclarecidos e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes da participação no estudo. Mediante autorização, foi efetivado o registro de áudio das entrevistas, posteriormente transcritas e analisadas.

Foram entrevistados 8 professores universitários, sendo 6 mulheres e 2 homens, escolhidos por facilidade de acesso e disponibilidade para participação no estudo. Em relação à titulação dos entrevistados, 3 são doutores, 4 são mestres e 1 está fazendo mestrado. Quanto à área de formação e atuação, temos 1 biólogo, 1 químico, 2 psicólogos, 1 assistente social, 1 matemático, 1 cientista social e 1 economista. O tempo de atuação na docência dos entrevistados varia de 4 a 30 anos, e 6 deles têm mais de 10 anos de profissão.

Todos os participantes lecionam em universidades comunitárias, e 2 também dão aulas em outras universidades, 1 em uma universidade pública como substituto e outro em uma universidade particular. Todos os docentes entrevistados exercem atividades de docência na graduação e 3 atuam também em programas de mestrado. Já em relação à carga horária estabelecida nos contratos de trabalho, 3 professores são contratados em tempo integral (40 horas), e 5 professores têm contratos parciais que variam de 8 a 32 horas semanais. Além disso, 4 dos entrevistados exercem outras atividades profissionais além da docência.

O tratamento das informações foi realizado de modo qualitativo, por meio da análise temática de conteúdo2 do conjunto das entrevistas transcritas e dos diários de campo. Esse método de análise é composto por três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados (BARDIN, 1994; MINAYO, 2008). Após o processo de análise, chegou-se a três categorias principais: condições de trabalho, mudanças no trabalho docente e vivências de prazer e sofrimento no trabalho. Este texto apresenta apenas a última categoria, dividida aqui nas seguintes subcategorias: efeitos do trabalho sobre a saúde e limites e possibilidades de enfrentamento. A seguir, são apresentados e discutidos os resultados a partir da análise do conjunto das entrevistas, com alguns exemplos de fala dos participantes, com o propósito de ilustrar as temáticas enfocadas.

 

Resultados e discussão

Efeitos do trabalho sobre a saúde

A partir da pesquisa realizada, foi possível observar como as mudanças no contexto universitário, discutidas anteriormente, vêm afetando o cotidiano de trabalho dos docentes entrevistados, processo este em pleno curso, mas que já produz várias formas de sofrimento. Entre os fatores que contribuem para essas vivências de sofrimento, podemos destacar o desgaste provocado pela grande jornada e carga de trabalho, o medo e a insegurança relacionados aos contratos precários e as relações hierarquizadas e competitivas no contexto organizacional, as quais minam as relações de solidariedade.

Todos participantes deste estudo mencionaram processos de mudança organizacional em curso nas instituições de ensino onde trabalhavam, tendo como consequência intensificação e ampliação do tempo de trabalho. No entanto, algumas especificidades se fazem presentes, como o fato de os professores com mais tempo de profissão enfatizarem o sofrimento gerado pelas mudanças experimentadas no contexto de trabalho.

Em relação ao tipo de mudanças, é possível observar ênfases diferentes. Os professores inseridos em programas de pós-graduação destacaram a necessidade de produção científica, exemplificada pela pressão para a publicação de artigos. Já os demais docentes destacaram prioritariamente o elevado número de aulas que precisam ministrar e a participação em reuniões e outras atividades extraclasse.

A quantidade excessiva de atividades profissionais, extrapolando a carga horária formal, é apontada como fator de sofrimento, pois o trabalho invade e determina os outros momentos da vida. Assim, até mesmo as horas que deveriam ser destinadas ao lazer acabam sendo ocupadas com atividades referentes à docência. Nesse sentido, um dos sujeitos afirma:

Eu tenho uma carga horária extremamente pequena pra fazer um monte de coisa. [...] eu estou me dedicando muito mais e isso tem trazido alguns prejuízos para minha saúde, pois você tem menos tempo para família, para o lazer e chega final de semana, você está muito cansada (entrevistada 5).

Segundo Lopes (2006, p. 38), os tempos dentro e fora do trabalho se confundem e permeiam toda a vida do professor universitário, "e, mais do que isto, um tempo de trabalho intenso e multifacetado, atravessado por atividades e exigências diversas que não cessam". Isso é mencionado pelos entrevistados como uma vivência desagradável como pode ser observado na fala a seguir:

[...] de manhã, quando eu deveria estar em casa fazendo as minhas coisas, eu não consigo. Eu, às vezes tô corrigindo prova, muitas vezes preparando aula. [...] Quer dizer, você nunca consegue ter tempo pra terminar o teu trabalho. Pra mim isso é frustrante (entrevistada 2).

Tal afirmação corrobora dados observados em outros estudos como os de Gomes (2002) e Oliveira (2001), em que os professores participantes dessas pesquisas fazem referência à sobrecarga em seu trabalho e mencionam a invasão do espaço e do tempo pessoal pelo trabalho.

Nesse sentido, a cobrança por produtividade, a introdução de tecnologias informacionais e a flexibilização dos horários de trabalho do professor são os principais fatores geradores de intensificação e ampliação do tempo de trabalho. A elevada carga de trabalho emerge como um dos desencadeadores da exaustão física e mental, de modo que, na fala dos professores entrevistados, é recorrente o relato de uma sensação de cansaço físico e mental: "E é cansativo! [...] a gente trabalha muito [...]. Então chega no final do ano eu estou muito cansada, muito esgotada. É desgastante" (entrevistada 12). Tal desgaste pode ter implicações para a saúde dos docentes, como foi exemplificado por outra entrevistada:

Porque eu já senti até que a minha saúde fica prejudicada [...] acho que é muito em função do trabalho. E às vezes eu tenho enxaqueca durante o dia. No final do dia eu estou cansada, estou exausta (entrevistada 7).

Em pesquisa realizada com docentes de universidades públicas, Gradella Jr. (2010) identifica distúrbios de saúde psicossomáticos e/ou físicos, predominantemente, associados à organização do trabalho, geradores de sofrimento.

A precariedade dos contratos de trabalho também se apresenta como fator de sofrimento. Os contratos parciais e temporários, prática comum nas instituições privadas e comunitárias, não dão garantias de estabilidade ao professor. Vários entrevistados relatam não saber quantas horas/aula terão no próximo semestre, nem sequer sabem se manterão o emprego. O modo como é estabelecido o contrato de trabalho apresenta-se assim, como uma fonte geradora de insegurança aos docentes. Isso pode ser observado na fala a seguir:

[...] a gente é concursado oito horas, [...] a universidade só tem obrigação de dar oito horas, se tu tiveres mais coisas pra fazer daí aumenta a tua carga horária, mas a universidade não tem a obrigação de dar quarenta horas, como eram nossos professores antigos, então fica um pouco à mercê ainda desses jogos políticos e de poder (entrevistada 1).

O regime de trabalho baseado no contrato hora-aula é analisado em outros estudos, como de Freitas (2005) e Siqueira (2006). Esses autores também apontam os efeitos negativos desses contratos para a saúde mental dos docentes, o que é potencializado quando essa é a única ou a principal atividade do trabalhador, como é o caso da maioria dos sujeitos entrevistados nesta pesquisa.

A gestão educacional, operada mediante critérios de mercado, com relações hierarquizadas e problemas éticos também é considerada, pelos docentes entrevistados, fator de sofrimento. Isso pode ser expresso pela ausência de critérios considerados justos, como a preferência por contratar professores com algum tipo de ligação com os gestores. Dessa forma, os participantes da pesquisa destacam que, muitas vezes, há a contratação de docentes por motivos pessoais e não por qualificação profissional, mesmo em instituições nas quais há concurso público. Esse processo pode gerar sofrimento, como pode ser observado no relato a seguir:

[...] quando teve o último concurso, eu estava concorrendo com essa pessoa de fora, veio aluno e me disse "a coordenadora de curso disse que prefere que o outro passe" [...]. Chorei muito no dia em que eu descobri que tudo estava preparado pra eu não passar (entrevistada 1).

O fato de a forma de gestão das instituições de ensino ser percebida como injusta, ao privilegiar uns em detrimento de outros a partir de critérios obscuros, provoca conflitos nas relações entre os pares, como no caso da disputa de carga horária. Situação assim expressa em uma entrevista:

[...] a direção de centro, coordenação de curso da universidade particular que determina para quem vai a carga horária. Então, é isso que gera [...] um clima de insegurança, de competitividade, de fofoca, sabe? [...]. Acaba deteriorando [ênfase] as relações de trabalho, eu acho (entrevistada 7).

A competição entre pares acirra o individualismo, dificultando formas de mobilização coletiva e levando ao sofrimento, na medida em que a empregabilidade, segundo Lüdke e Boing (2004), consiste em ser competitivo e ter as competências exigidas pelo mercado. Nesse sentido, um sujeito afirma: "eu vou pegar essa disciplina, mesmo eu estando cheio de coisas para fazer, porque eu não quero deixar pro colega porque senão eu vou perder meu espaço" (Entrevista 1).

Os modos de gestão empresarial geram a diminuição da autonomia e a perda dos espaços públicos de fala, tão importantes para a saúde do trabalhador (MENDES, 2007), situação expressa na seguinte fala:

Daí tem uma reestruturação da universidade, em que a gente perdeu o poder de voz, então não é mais uma coisa democrática, o democrático está ficando só no papel, porque, se tu der uma opinião contrária, eu posso ser demitida por isso (Entrevista 1).

Tal constatação corrobora o observado por Leda (2006) sobre a realidade de muitos docentes universitários, marcada pela insegurança dos contratos e por represálias sofridas, que incluem, até mesmo, a redução de disciplinas para punição de condutas consideradas não condizentes com o esperado pela gestão.

Os resultados desta pesquisa sugerem o quanto as transformações em curso têm trazido consequências negativas para os professores universitários, gerando insegurança, instabilidade, esgotamento físico e/ou mental. Entretanto, alguns docentes relatam também oportunidades de crescimento, de transformar e de superar as condições geradoras de sofrimento. Para Dejours (2004), o sofrimento pode impulsionar o indivíduo a buscar meios de agir sobre o mundo e, assim, ser transformado, levando o trabalhador ao prazer ou lhe possibilitando resistir ao real gerador de sofrimento.

Limites e possibilidades de enfrentamento

As possibilidades de enfrentamento das situações adversas que se fazem presentes no trabalho docente são permeadas pelas vivências de prazer que perpassam essa profissão, dentro e fora do contexto universitário, como pode ser observado nos estudos, como o de Almeida, Neves e Santos (2010), Gradella Jr. (2010), Vilela (2010), Mendes et al. (2007) e Neves e Seligmann Silva (2006). Esses autores destacam as relações entre as vivências de prazer na docência e determinados aspectos peculiares a essa atividade, como: o reconhecimento do trabalho, as relações interpessoais no contexto educacional e os aspectos que mobilizam a inteligência prática e possibilitam o sofrimento criativo. A questão do reconhecimento do trabalho aparece muitas vezes como uma fonte de prazer nas pesquisas com docentes. Assim, o estudo de Mariano e Muniz (2006, p. 86), realizado em uma escola da rede pública, evidencia que o sentido que as professoras atribuem ao trabalho se relaciona fortemente ao reconhecimento dele pelos alunos, o que "auxilia a amenizar as vivências de sofrimento e os constrangimentos presentes na situação de trabalho".

Nesta pesquisa, vivências prazerosas, semelhantes às apontadas pelos autores citados, também se fazem presentes. Vários entrevistados mencionam as relações com colegas e alunos como vivências positivas no trabalho, em função das trocas e relações de amizade que possibilitam. Nesse sentido, a pesquisa realizada por Czekster (2007, p. 112) em escolas públicas do Rio Grande do Sul identificou "três aspectos do prazer no trabalho vivenciado pelos sujeitos da pesquisa: bom convívio entre colegas, recompensas na interação com a clientela e possibilidades de auto-realização".

Assim, o trabalho constitui-se para os professores como importante espaço de inserção social e de estabelecimento de relações interpessoais. A identificação com a atividade docente em função da possibilidade de criação inerente ao processo de ensino-aprendizagem é outro aspecto que emerge como prazeroso, como é expresso a seguir: "eu gosto, eu falo assim que gostar de ser professor pra mim às vezes parece que é até um vício, é uma paixão pelo ensino" (entrevistada 1).

As relações com os pares, alunos e comunidade possibilita o reconhecimento do trabalho entre os sujeitos pesquisados. Este, segundo Dejours (1998), aparece como uma possibilidade importante de enfrentar o sofrimento e transformá-lo em prazer, pois, quando ocorre, os esforços, as angústias, as decepções e as dúvidas também adquirem sentido para o sujeito. Assim, o reconhecimento do trabalho "pode depois ser reconduzido pelo sujeito ao plano da construção de sua identidade" (DEJOURS, 1998, p. 34) e ser, então, traduzido afetivamente por sentimentos de prazer e/ou alívio.

As relações interpessoais, de apoio e de reconhecimento, estabelecidas entre os docentes, instituem possibilidades de enfrentamento das dificuldades encontradas no cotidiano de trabalho. Assim, a busca pelo apoio dos colegas pode constituir-se como uma estratégia de enfrentamento do sofrimento potencialmente patogênico, como relata uma professora: "você tem que pedir um retorno pro teu colega, porque você começa a achar que a culpa é tua, que você é paranoide, e, se você está sobrecarregado, é porque não sabe se organizar no tempo" (entrevistada 1).

Apesar de reconhecerem a importância do apoio dos colegas de trabalho, os entrevistados, de uma forma geral, comentam que a solidariedade e colaboração entre os docentes pode ser dificultada pelos gestores:

[...] pra algumas chefias, é muito mais interessante as pessoas estarem se sentindo sozinhas, daí elas não conversam, não se articulam, não pensam de forma coletiva pra enfrentar muita coisa, então é melhor falar mal de todo mundo e jogar um contra o outro (entrevistada 1).

Para Gradella Jr. (2010, p. 143), o "sofrimento psíquico tem maior possibilidade de se manifestar em função da submissão a uma relação de trabalho assalariado"3. Submeter-se implica a aceitação das condições e obrigações impostas pela gestão, pois os professores não veem alternativas para lidar com os problemas enfrentados. Isso pode ser exemplificado com a fala a seguir:

A gente acaba aceitando muito, acaba se prostituindo muito por causa disso [referindo-se à instabilidade do contrato]. Você não cumprir com essas exigências todas só vai te acarretar em demissão. Não tem outra alternativa (entrevistada 7).

Segundo Merlo e Lapis (2007), quando os sujeitos se veem diante da precariedade do trabalho e da ameaça de desemprego, podem apresentar comportamentos de obediência e submissão, uma vez que as relações de reciprocidade e solidariedade entre os colegas de trabalho são prejudicadas. Nesse sentido, Mendes (2007, p. 39) menciona as defesas de submissão e de exploração que têm "nas suas bases a negação do sofrimento e a submissão ao desejo de produção". Nesses casos, os trabalhadores tendem a dirigir seu modo de pensar, sentir e agir de acordo com as demandas por excelência e, desse modo, correspondem às exigências de produção impostas pela organização do trabalho. Há, portanto, uma submissão do desejo do trabalhador às imposições da produção (MENDES, 2007).

A falta de autonomia também se mostra como um fator importante para o não enfrentamento das problemáticas apresentadas, com interferência em questões éticas referentes ao trabalho, já mencionadas anteriormente. A autonomia, conforme descreve Cattani (2006, p. 43), "significa a condição de o sujeito determinar-se por si mesmo segundo suas próprias leis ou segundo as leis que ele repute legítimas, não pela naturalização e pelos costumes, mas pela consciência esclarecida". Já a ética do trabalho, segundo Nardi (2006), remete ao valor moral atribuído a ele. Sennett (2002) analisa as consequências do capitalismo sobre a ética do trabalho e aponta para diversas implicações dele, como a competição extremada, o aumento do individualismo e o afrouxamento dos laços sociais. Como aponta uma entrevistada:

Hoje a ética está em desuso. [...] nem sempre aquele que é ético consegue se manter no trabalho. [...] a forma como a organização lida com a sua política, isso interfere para que eu possa ser ética (entrevistada 5).

Essa fala remete às discussões acerca da servidão voluntária e da violência e que, segundo Mendes (2007), caracterizam-se como patologias sociais. Segundo a autora, a servidão voluntária está relacionada à necessidade de emprego e conforto na vida. Nesse tipo de patologia, pode ocorrer o consentimento com práticas de trabalho que causam sofrimento e a utilização constante de defesas. Desse modo, o trabalhador acaba submisso aos gestores, aceitando a organização do trabalho e se revelando adaptado, integrado e eficaz. A constituição de relações de solidariedade faz-se, assim, primordial para lidar com as situações de violência social. Outra estratégia para lidar com as adversidades do ambiente de trabalho, apontadas pelos entrevistados, foi a busca de projetos profissionais alternativos, na busca de evitar os ditames da organização, bem como a importância de realizar atividades prazerosas fora do ambiente de trabalho.

 

Considerações finais

Com as mudanças ocorridas nas últimas décadas no contexto produtivo, a organização do trabalho docente tem sido alterada, sendo este gradativamente inserido na lógica de produção capitalista. Isso traz consequências para os professores universitários, como a intensificação e ampliação das exigências de seu trabalho. Esse processo traz implicações para a saúde física e mental dos docentes de instituições de ensino superior, bem como para os sentidos por eles atribuídos ao trabalho.

Os resultados desta pesquisa revelam o modo como o cotidiano de trabalho dos docentes pode ser afetado pelos modelos de gestão empresarial implementados nas universidades comunitárias. Os participantes do estudo significam seu trabalho ora como fonte de sofrimento, ora de prazer, expressando assim as contradições e ambiguidades de suas vivências atuais no meio acadêmico. Entretanto, observamos nas vivências dos sujeitos entrevistados a predominância de fatores de sofrimento, principalmente em função dos processos de mudança em curso na organização do trabalho nas instituições comunitárias, vividos como perdas significativas para os professores desses estabelecimentos.

É importante destacar que vários docentes participantes da pesquisa não reconheciam o caráter comunitário da instituição em que trabalhavam, nomeando-as como privadas, no entanto as universidades comunitárias têm caráter misto, ou seja, seu patrimônio é público, elas não têm a figura de um dono ou proprietário, mas dependem basicamente do ingresso das mensalidades dos acadêmicos para se manter. Assim, esse modelo de universidade é desafiado a continuar existindo em um contexto de franca expansão das universidades privadas, o que favorece a adoção do modelo de gestão empresarial com o argumento de que elas precisam ser viabilizadas economicamente.

Ao descreverem o sofrimento associado ao trabalho, em geral, os docentes entrevistados trazem como queixa mais recorrente a carga excessiva de trabalho. Isso faz com que o professor não diferencie o tempo de trabalho dos outros tempos da vida, situação geradora de cansaço físico e mental. Tal fato se relaciona também com o contrato de trabalho, o qual geralmente não engloba o trabalho realizado fora da sala de aula. Além disso, esse contrato aparece como grande gerador de insegurança, por estar sujeito a mudanças a cada semestre letivo, de acordo com os interesses da gestão. Essa condição também incita a competitividade entre os pares, já que os docentes acabam disputando carga horária, e, assim, mina as relações de solidariedade.

Ademais, a insegurança quanto à manutenção do trabalho acaba, por diversas vezes, incitando também comportamentos de obediência e submissão. Nesse sentido, a ética fica ofuscada, pois os professores são "obrigados" a prezar pelo lucro da instituição para se manterem no emprego.

Para os participantes da pesquisa, o sofrimento nem sempre foi relatado apenas como algo negativo. Por vezes, é associado a crescimento e superação, de modo que ele aparece como sendo propulsor de mudanças no âmbito do trabalho docente. Assim, o sofrimento também impulsiona o indivíduo a buscar meios de agir sobre o mundo, tendo em vista sua transformação e a busca de uma maneira de resistir ao real que lhe faz sofrer (DEJOURS, 2004).

As vivências prazerosas no trabalho remetem-se especialmente ao relacionamento que os docentes estabelecem com seus pares e alunos e ao reconhecimento do trabalho. Nesse sentido, também é destacado o exercício da atividade docente como prática criativa, que propicia reconhecimento e identidade aos entrevistados. Assim, se, por um lado, as condições e formas de organização das atividades profissionais são geradoras de sofrimento, por outro, não conseguem apagar o registro da identidade associado ao ser professor.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Contato
Maria Chalfin Coutinho
e-mail: chalfin@mbox1.ufsc.br

Tramitação
Recebido em outubro de 2010
Aceito em março de 2011

 

 

Notas

1 Projeto coordenado pelo Prof. Dr. Josep M. Blanch Ribas da Universidade Autónoma de Barcelona, que tem como objetivo analisar os efeitos psicológicos das novas condições de trabalho no contexto do capitalismo flexível em universidades e hospitais.
2 Minayo (2008, p. 316, grifos da autora) aponta diferentes modalidades para a análise qualitativa de conteúdo, entre as quais a temática, que "consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação, cuja presença ou freqüência signifiquem alguma coisa para o objeto analítico visado".
3 Na pesquisa de Gradella Jr. (2010), foram investigados docentes de universidades públicas, com garantias de estabilidade, o que não é o caso dos entrevistados nesta pesquisa.

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