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Psicologia: teoria e prática

Print version ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.13 no.3 São Paulo Dec. 2011

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Coesão, adaptabilidade e rede social no relacionamento conjugal homossexual

 

Cohesion, adaptability and social support network in homosexual marital relation

 

Cohesión, adaptabilidad y red de apoyo social en la relación conyugal homosexual

 

 

Eduardo Lomando; Adriana Wagner; Jaqueline Gonçalves

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre - RS - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A pluralidade de configurações e estruturas que têm caracterizado os núcleos familiares e conjugais tem gerado a necessidade de compreender determinados aspectos, já estudados em configurações clássicas, nas configurações contemporâneas, tais como os casais do mesmo sexo. Já está comprovado que a rede de apoio social está relacionada com a qualidade conjugal heterossexual e exerce funções de suporte, entretanto são escassas as informações de como isso ocorre na conjugalidade homoafetiva. Com base nesse contexto, o objetivo deste artigo foi investigar a correlação entre a coesão e adaptabilidade conjugal e percepção de apoio social da família, dos amigos e das relações de trabalho/escola de gays e lésbicas. Foram entrevistadas 111 pessoas em relações homoafetivas, com média de idade de 32,59 anos, de ambos os sexos. Encontrou-se uma correlação positiva significativa entre coesão/adaptabilidade e apoio social da família e dos amigos. Esse dado revela que, para essa amostra, as funções de apoio medidas e exercidas pela família e pelos amigos podem estar favorecendo a qualidade conjugal de tais casais.

Palavras-chave: homossexualidade; relações conjugais; redes sociais; adaptabilidade; orientação sexual.


ABSTRACT

The pluralities of configurations and structures that have been characterizing the family core diversity and the marital unions have generated the need to comprehend classic constructs in contemporarily configurations, such as same-sex couples. It is known that the heterosexual social support network is related with couple satisfaction and it provides support functions, however, the information about how it happens in homosexual couples are so little. So, the objective of this article is to investigate the correlation between couple's cohesion and adaption and social support perception of gays and lesbians from their family, friends and work/school. The sample interviewed was constituted of 111 people in same-sex relations, with an age mean of 32.59 years old from both sex. It was found a positive significant correlation between cohesion/adaption and both variables social support from family and from friends. This data shows us, in regards to this sample, that the support functions measured and provided by both family and friends may be promoting the development of marital quality.

Keywords: homosexuality; marital relations; social networks; adaptability; sexual orientation.


RESUMEN

La pluralidad de configuraciones y estructuras que caracterizan los núcleos familiares y conyugales en la actualidad, generan la necesidad de comprehender determinados aspectos, ya bien estudiados en configuraciones clásicas, en las configuraciones contemporáneas, tales como las parejas de mismo sexo. Hay comprobación de que la red de apoyo social se relaciona con la calidad conyugal hetero-afectiva y ejerce funciones de soporte, pero son escasas las informaciones de cómo eso ocurre en la conyugalidad homo-afectiva. Frente a eso, el objetivo de esta investigación ha sido el de identificar la correlación entre calidad conyugal y percepción de apoyo social de la familia, de los amigos y de las relaciones de trabajo/escuela de gays y lesbianas. Han sido entrevistadas 111 personas en relaciones homo-afectivas, con un promedio de edad de 32,59 años de ambos los sexos. Se ha encontrado una correlación significativa positiva entre cohesión/adaptabilidad conyugal y el apoyo social de la familia y de los amigos. Ese dado revela que, para esa muestra, las funciones de apoyo medidas y ejercidas por la familia y por los amigos pueden favorecer la calidad conyugal de tales parejas.

Palabras clave: homosexualidad; relaciones conyugales; redes sociales; adaptabilidad; orientación sexual.


 

 

Introdução

O casamento e o conceito de família vêm adquirindo matizes diversos ao longo das ultimas décadas. A família e a conjugalidade têm passado por um processo de transformação em seu ciclo evolutivo e, dentre a diversidade que vem apresentando em sua configuração, pode-se observar que tendem a buscar níveis mais satisfatórios de interação humana (STAUDT; WAGNER, 2008; Wagner, 2004). Diante desse quadro, observa-se que tais mudanças provêm das crises. O termo crise remete à ideia de decisão, discriminação e juízo, e em nenhuma outra época ocorreram tantas e tão importantes mudanças nas relações familiares e conjugais como em nosso tempo (Osório; Valle, 2002).

A emergência social de novas configurações conjugais e familiares na contemporaneidade, assim como de outras possibilidades jurídicas para o reconhecimento legal delas, é um exemplo real dessas mudanças (AMORIN, 2005). Perante esse panorama, o reconhecimento de casais do mesmo sexo suscita na sociedade em geral e na comunidade científica, especificamente, a necessidade de buscar respostas que deem conta das demandas que circundam tais relacionamentos.

No início dos anos 1990, passou-se a entender como fundamental o movimento de homens e mulheres homossexuais assumirem para si e publicamente a linguagem do afeto em suas parcerias (Costa , 1992). Estudos na população brasileira constataram que tal fato, entre outros, possibilita o estabelecimento de relações conjugais mais estáveis, a partir de escolhas amorosas que valorizam atributos como companheirismo, integridade e carinho (Féres-Carneiro, 1997). A quebra do triângulo pecado-crime-doença que a princípio caracterizava as relações homossexuais (Spencer, 1996) abriu espaço a outros aspectos que passaram de um triângulo a um "hexágono conceitual", que acrescenta os vértices direitos, afeto e cultura (Lomando, 2008). Além disso, o início da desconstrução de uma imagem perversa e subumana (Mello, 2005), que foi por mais de um século a única possibilidade de considerar a homossexualidade, possibilitou que gays e lésbicas ampliassem as representações sociais de suas vivências. Assim, demandam hoje não só a proteção do estado em relação à cidadania individual, como também o direto de reconhecimento, não somente da conjugalidade, como também da parentalidade (Mello, 2005).

Entretanto, apesar desse movimento em prol dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais e trangêneros (LGBT), diversos estudos têm sido feitos a fim de evidenciar fatos históricos relevantes e desvelar movimentos homofóbicos que ainda impedem a aceitação social e política das relações homoafetivas no Brasil. A exemplo disso, Mott e Cerqueira (2001) fazem um extensivo relato das diversas violações dos direitos humanos, denunciando de forma minuciosa os assassinatos de LGBT no Brasil. Alguns dados sobre homicídio homofóbico, reconhecido como crime de ódio, também se tornam relevantes quando demonstram que, entre 2000 e 2004, 671 pessoas foram relatadas como vítimas desse crime, contabilizando a morte de um (a) homossexual a cada dois dias na realidade brasileira (MOTT, 2006).

Nota-se, contudo, uma maior visibilidade a esse tipo de relação afetiva e seus distintos contextos e desafios nos meios científicos e de comunicação. A exemplo disso, com o objetivo de ampliar essa discussão no meio acadêmico e social, Uziel, Mello e Grossi (2006) elaboraram um primeiro dossiê, no qual reuniram os principais pesquisadores e artigos que dissertaram sobre o tema da conjugalidade e da parentalidade homoafetiva. Os autores explicam que essa temática está sendo discutida mundialmente em dois grandes campos: a partir dos estudos de gênero e da teoria queer, e, de outro ângulo, pelo pensamento social contemporâneo. Por fim, definem que o consenso entre as discussões propostas nos artigos é a valorização dos direitos às vivências conjugais e parentais, que não podem ser entendidos como monopólio heterossexual, uma vez que "não há fundamento ético que justifique a definição da família como instituição restrita ao universo da diferença sexual" (UZIEL; MELLO; GROSSI, 2006, p. 484).

Além disso, foi amplamente divulgada a primeira decisão judicial, da Vara da Infância e da Juventude da cidade de Bagé (RS), que permitiu a um casal de mulheres lésbicas o registro de adoção de duas crianças (Amorin, 2005; Minist ério Público do Estado do Rio Grande do Sul, 2006). Assim, com base no pressuposto de que existe uma conjugalidade gay e lésbica que, no entanto, se constitui em um contexto específico de homofobia e luta por direitos, como entender a coesão e a adaptabilidade de tais casais? Qual é a contribuição do contexto dos sujeitos, representada na sua rede de apoio, na qualidade conjugal que vivenciam em suas relações? Que importância esses aspectos têm para a revelação da orientação afetivo-sexual? Vejamos separadamente cada um desses aspectos a fim de entendê-los na sua intersecção.

 

A qualidade conjugal

A qualidade conjugal tem sido conceituada na literatura especializada como o "resultado de um processo dinâmico e interativo do casal que resulta na avaliação que cada cônjuge tem do nível de qualidade que experimenta em sua união" (Mosmann; Wagner; FÉres-Carneiro, 2006, p. 322). Existem diversas teorias que iluminam tal conceito. Olson (2000) construiu um modelo circumplexo do sistema conjugal, em que o nível de qualidade de relacionamento conjugal e familiar varia em função de três dimensões: coesão, flexibilidade e comunicação. A coesão é definida como os laços emocionais que os membros do casal têm um com o outro. Esses laços podem variar em quatro níveis: desprendido, separado, conectado e emaranhado. A flexibilidade é definida pelo potencial de mudança na liderança, nos papéis e nas regras. A comunicação é entendida como fundamental e facilitadora, estando já inserida em ambas as definições. Neste trabalho, a decisão pelo modelo circumplexo apoia-se no fato de ser um modelo já validado para a realidade brasileira (Falceto; Busnello; Bozzetti, 2000) e também usado em pesquisas brasileiras e americanas para medir aspectos da qualidade conjugal de casais gays, de lésbicas e heterossexuais (Green; Bettinger; Zacks, 1996; Mosmann, 2007).

 

Rede de apoio social

Há mais de três décadas tem sido comprovada na literatura a importância do contexto como referência de apoio social, representado pela família, pelos amigos e por instituições (Minuchin, 1982; Sluzki, 1996). Pesquisas com a população brasileira comprovaram que a relação com a família de origem é um fator que se expressa de forma significativa na relação entre o casal heterossexual (Falcke et al., 2001; Mosmann; Wagner; FÉres-Carneiro, 2006; Wagner, 2005). Mas e os casais de gays e lésbicas? Será que estes sofrem as mesmas influências dentro de uma cultura heterossexista?

Interessados em entender melhor a percepção que gays e lésbicas têm sobre o apoio da família de origem, Rostosky et al. (2004) conduziram um estudo qualitativo com casais de gays e lésbicas com a finalidade de compreender quais eram as suas percepções em relação ao apoio familiar. Nessa pesquisa, foram mapeados quatro domínios importantes: percepção da qualidade do apoio, reação emocional do casal, impacto na relação do casal e respostas e estratégias do casal. Dessa forma, os dados revelam que os casais e as famílias enfrentam o desafio de construir relações num contexto cultural nem sempre favorecedor, por causa da estigmatização dessa identidade. Nesse caso, é necessário expandir essas relações de apoio, além da família de origem, para outros segmentos das relações sociais, a fim de constituir as chamadas "famílias de escolha" (Oswa ld, 2002).

Achados norte-americanos revelam que a percepção do apoio e da aceitação da orientação sexual pela família e pela rede social de gays e lésbicas é fator significativo para o desenvolvimento da qualidade conjugal desses casais (Laird; Green, 1996; LaSala, 2000; Elizur; Mintzer, 2003; Rostosky et al., 2004; Solomon; Rothblum; Balsam, 2004). Não encontramos nenhum estudo com a população brasileira que tenha investigado tal relação.

Com base em um estudo norte-americano transversal com 50 casais de gays, e longitudinal com 52 casais de lésbicas, Green, Bettinger e Zacks (1996) não encontraram relação entre a revelação para a família de origem e a satisfação conjugal. Os achados dessa pesquisa demonstraram que a satisfação conjugal dos casais de lésbicas não está relacionada ao fato de elas terem assumido sua orientação para mães, pais e irmãos. Além disso, casais de lésbicas apresentavam maior coesão, e os de gays, maior flexibilidade conjugal, comparativamente aos casais heterossexuais. Com relação à satisfação conjugal, as lésbicas relataram um nível significativamente maior do que os outros casais. Os gays relataram menor satisfação do que os heterossexuais, ainda que essa diferença não tenha sido significativa. Para a obtenção desses resultados, foi usado o modelo circumplexo de Olson (2000). Entretanto, nesse estudo, altos níveis de coesão e flexibilidade foram interpretados como positivos em termos da satisfação conjugal vivenciada pelos sujeitos entrevistados.

Entretanto, encontram-se, na literatura, resultados diferentes. Quanto ao fato de essas pessoas terem um relacionamento aberto para a família de origem, mesmo enfrentando preconceitos e desaprovação, estudos demonstraram que existe uma relação entre a visibilidade e estabilidade desses casais com o apoio de suas famílias de origem e a rede social que os circunda (LaSala, 2000; Solomon; Rothblum; Balsam, 2004).

Com o objetivo de compreender a relação entre a qualidade conjugal, o papel do apego, a identidade gay, o apoio social e a renda de gays que estavam numa relação amorosa, Elizur e Mintzer (2003) conduziram uma pesquisa com 121 gays israelenses. Percebeu-se que o apoio e a aceitação dos amigos, em vez da família, estavam diretamente relacionados com a segurança do apego, a autoaceitação e a qualidade conjugal.

No final dos anos 1990, Stearns e Sabini (1997) apontaram que a comunidade de gays e lésbicas tem um papel único nos processos relacionais desses sujeitos pelo fato de pertencerem a um grupo de minoria definido pela orientação sexual. Dessa forma, essa rede social cumpre um papel importante da construção da identidade desses sujeitos. Assim, observamos esses mapas das redes sociais que funcionam como facilitadores dessas interações.

Com base na análise de tais achados, observamos que, em nenhum desses estudos, a rede social inclui, além dos amigos e da família, outras redes que tecem as vivências desses casais, tais como as relações com o trabalho ou a escola. Diante desse panorama, percebemos a importância de entender as relações entre a coesão e a adaptabilidade, aspectos da qualidade conjugal, e rede de apoio social. Sendo assim, destacamos quatro hipóteses descritas na literatura:

• Hipótese 1: A percepção de apoio da família não estará correlacionada com a coesão/ adaptabilidade do relacionamento conjugal (Elizur; Mintzer, 2003).
• Hipótese 2: A percepção de apoio dos amigos estará positivamente correlacionada com a coesão/adaptabilidade do relacionamento conjugal (Elizur; Mintzer, 2003).
• Hipótese 3: Não há relação entre a coesão/adaptabilidade conjugal e revelação para a família de origem (Green; Bettinger; Zacks, 1996).
• Hipótese 4: A percepção da aceitação da orientação afetivo-sexual dos amigos será positivamente relacionada com a coesão/adaptabilidade do relacionamento conjugal (Elizur; Mintzer, 2003).

 

Método

Participantes

A pesquisa foi realizada com 111 participantes, residentes na capital e na grande Porto Alegre (RS): 77 homens e 34 mulheres. Todos estavam numa relação com alguém do mesmo sexo havia pelo menos seis meses. As idades variaram de 19 a 61 anos (X=32,59; S = 8,76).

A amostra foi constituída por conveniência, a partir do contato feito com instituições que trabalham com a causa da diversidade1 na cidade de Porto Alegre, as quais indicaram participantes para o estudo. Estes, por sua vez, também indicaram outros conhecidos para participar da pesquisa. Foi feito contato com os sujeitos e marcado um encontro para aplicação do instrumento. Os questionários estavam em um envelope para cada cônjuge participante, que continha também uma carta com instruções sobre a pesquisa e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os sujeitos eram orientados a responder separadamente aos questionários e, após terminarem, devolviam ao aplicador com Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado. O aplicador colocava o instrumento em um envelope e o lacrava para garantir o sigilo dos participantes. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul2 e seguiu todos os procedimentos éticos de confidencialidade e respeito aos sujeitos.

Operacionalização das variáveis

Relação conjugal: foi considerada relação conjugal a vinculação amorosa entre dois sujeitos, com duração mínima de seis meses.
Coesão e adaptabilidade: vinculação afetiva e capacidade de flexibilização, respectivamente, que os sujeitos experimentam em sua relação conjugal, medidas pela escala Faces III.
Percepção de apoio: percepção que os sujeitos têm do apoio social recebido nas relações com a sua rede social, medida pela escala PAS-IF.

Instrumentos

O instrumento utilizado foi um questionário autoaplicável divido em três partes:

• Parte I: escala de avaliação da rede de apoio social pelo instrumento percepção do apoio social - inventário de funções PAS-IF, que mediu a percepção de apoio da rede social. São sete as dimensões desse instrumento: companhia social, apoio emocional, guia cognitivo e conselheiro, regulação ou controle social, ajuda material e de serviços, acesso a novos contatos e aceitação da orientação afetivo-sexual (OAS). Para cada uma dessas dimensões, foram avaliados três grupos: família, amigos e trabalho/escola (LOMANDO, 2008).

• Parte II: escala de avaliação da coesão e adaptabilidade conjugal - Faces III, uma escala para avaliar a coesão e adaptabilidade familiar e conjugal que contém 20 perguntas com opções de respostas distribuídas em uma escala Lickert de 5 pontos (OLSON, 2000). Essa escala foi traduzida e adaptada para o português por Falceto, Busnello e Bozzetti (2000). Optamos por compreender as variáveis por meio do modelo linear, em que altos níveis de coesão e adaptabilidade demonstram bons níveis de funcionamento conjugal (GREEN; BETINGER; ZACKS, 1996).

• Parte III: dados sociobiodemográficos, construídos para descrever a amostra quanto a idade, sexo, autodefinição referente à denominação da relação (como namorado, parceiro etc.), nível socioeconômico, coabitação, visibilidade social, desejo à parentalidade, entre outros.

 

Apresentação e discussão dos resultados

A amostra está assim distribuída: 64,4% de homens e 30,6% de mulheres. Desta, 78,3% tinham escolaridade de nível superior e 92,8% estavam trabalhando. A renda se distribuiu entre os seguintes intervalos: de 1 a 3 salários mínimos (SM) (27,9%), de 4 a 6 SM (25,2%), de 7 a 9 SM (17,1%) e mais de 10 SM (27%). Observa-se que o nível socioeconômico e cultural da amostra é médio-alto, tendo a maioria (78,3%) dos sujeitos nível superior e 44% com ingressos maiores que sete salários mínimos.

O tempo de relacionamento dos sujeitos entrevistados variou de 6 meses a 25 anos (X = 5,8; S = 5,6, Md = 4). Quase metade da amostra (47,7%) coabita com o parceiro(a), 28,8% moram com a família e 20,7% moram sozinhos. Dos que vivem com o parceiro/a, o tempo de coabitação variou de 6 meses a 25 anos (X = 7,9; S = 6,4, Md = 6). Observa-se que o tipo e a forma de relacionamento dos sujeitos entrevistados não têm uma característica homogênea, já que coexistem diversas experiências quanto ao tempo de relacionamento e coabitação.

A fim de investigarmos como os sujeitos definiam a sua relação afetiva, fornecemos três alternativas de respostas fechadas e um espaço em aberto, no caso de as alternativas não contemplarem a forma como o sujeito se definia conjugalmente. A grande maioria (97,2%) utilizou as alternativas apresentadas para definir o seu relacionamento: 37,8% responderam namoro; 31,5%, casamento; e 27,9%, união estável. Nesse caso, constata-se que a maioria desses participantes utiliza a nomenclatura que define a conjugalidade heterossexual para definir a sua própria relação conjugal. Entretanto, ainda não existe uma proteção do Estado que possa legitimar essas uniões (MELLO, 2005).

Na amostra, verificamos também os níveis de coesão e adaptabilidade (CA) e a percepção de apoio social da rede nos três mapas - família (ASF), amigos (ASA) e trabalho/escola (AST) -, assim como os níveis de revelação da OAS nesses mesmos mapas, descritos como: revelação para a família (RvF), para os amigos (RvA) e no trabalho (RvT), conforme os dados apresentados na Tabela 1.

 

 

 

Coesão, adaptabilidade e parentalidade

Como compreendemos coesão e adaptabilidade como aspectos da qualidade conjugal, agrupamos os seus resultados e usamos uma única média dessas duas variáveis. Os resultados revelaram altos níveis de coesão e adaptabilidade (CA) na amostra estudada, e os valores mais expressivos concentraram-se entre o intervalo alto (46,8%) e muito alto (52,3%). Observaram-se também altos níveis de apoio percebido nas relações tanto da família como dos amigos das pessoas entrevistadas. Esses achados corroboram os registros encontrados na literatura de que gays e lésbicas na atualidade têm reportado vivenciar relações que valorizam o afeto e a flexibilidade conjugal, experienciando bons níveis de vinculação amorosa na convivência conjugal (Elizur; Mintzer, 2003; Féres-Carneiro, 1997; Laird; Green, 1996; LaSala, 2000; Rostosky et al., 2004; Solomon; Rothblum; Balsam, 2004). Outros indicadores de estabilidade conjugal encontrados na amostra estudada foram tempo de convivência (X = 5,8 anos; S = 5,6 anos) e coabitação (47,7% dos entrevistados vivem com a/o companheira/o), que também podem ser fatores que estejam contribuindo na coesão e adaptabilidade conjugal dessas pessoas, o que pode estar reverberando em melhores níveis de qualidade conjugal.

Além disso, quando perguntados em relação à vontade de ter filhos, metade da amostra (48,1%) refere o desejo de tê-los. Entretanto, apesar do tempo de relacionamento e coabitação, a quase totalidade da amostra (95,5%) não tem filhos com a(o) parceira(o) e nem de relacionamentos anteriores. Nessa perspectiva, os estudos de Johnson e O'Connor (2002) revelam a preocupação de pais gays e mães lésbicas norte-americanos de que seus filhos sejam alvo de provocação por causa de sua configuração familiar. No entanto, de acordo esses mesmos sujeitos, há uma vantagem nesse cenário: os filhos que crescerem nesse ambiente poderão ser mais tolerantes em lidar com as diferenças. Nesse caso, tais dados revelam as possíveis dificuldades que tais arranjos conjugais enfrentam na realização de projetos, tais como a parentalidade. Sabe-se que, em nosso país, ainda não existe legislação explícita que ampare o vínculo legal entre filhos e pais/mães gays e lésbicas. Além disso, os processos de adoção e inseminação artificial em casais com essa configuração ainda são bastante polêmicos e de difícil encaminhamento legal. Dessa forma, a realidade homofóbica e suas consequências fazem parte do contexto de todos os participantes (MOTT, 2006; MOTT; CERQUEIRA, 2001) e podem estar gerando uma fantasia de assédio e violência à futura prole, expressa na coexistência do medo ao preconceito e na perspectiva de estarem criando filhos com uma mentalidade mais aberta às diversidades das relações afetivas.

O ASF e ASA também se concentraram nos intervalos alto (69,4% e 59,5%, respectivamente) e muito alto (21,6% e 35,1%, respectivamente), somando elevados níveis de apoio percebido da família (91%) e dos amigos (94,6%). Nesse caso, nossos dados vão ao encontro de pesquisas norte-americanas que constataram que o fato de existir um relacionamento aberto para a família de origem favorece a estabilidade desses casais (LaSala, 2000; Solomon; Rothblum; Balsam, 2004), já que a média de tempo de relacionamento entre os casais investigados foi de 5,8 anos, e 47,7% coabitam com seu/sua parceiro/a, em média, há 7,9 anos.

Entretanto, encontraram-se menores níveis de apoio entre as relações de trabalho/ escola, havendo uma concentração das respostas entre os intervalos médio (41,4%) e alto (41,4%), somando 82,8% das respostas nesses itens. Nesse caso, observa-se que, na amostra, a família e os amigos têm sido mais eficazes na função de apoio social a gays e lésbicas do que os colegas de trabalho/escola. É comum que o ambiente laboral/escolar não favoreça relações tão próximas e afetivas como a família e os amigos, já que aspectos relativos à competitividade e ao profissionalismo estão presentes. No entanto, a regulamentação da homofobia em ambientes sociais (GOMES, 2008), assim como da violência moral, explícita ou velada, no trabalho (SIQUEIRA et al., 2009), é fato que pode estar restringindo, entre outros fatores, algumas das funções de apoio, tais como apoio emocional, companhia social e aceitação da orientação afetivo-sexual. Novamente, podemos estar diante de mais uma dinâmica homofóbica que pode estar relacionada com baixos níveis de apoio social.

 

Revelação da orientação afetivo-sexual

Com respeito à revelação da orientação afetivo-sexual para a família e para os amigos, novamente a maioria das respostas concentrou-se nas alternativas "muitos sabem" (24,3% família; 32,4% amigos) ou "todos sabem" (42,3% família; 59,5% amigos). Entretanto, as respostas se distribuem de forma homogênea entre os intervalos "ninguém sabe" a "todos sabem" quando perguntado aos sujeitos sobre revelação no ambiente de trabalho/escola. Isto é, na amostra, existem desde participantes referindo que ninguém sabe de sua orientação sexual (18%) até aqueles que responderam que todos sabem (22,5%), em proporções muito semelhantes no contexto laboral/escolar. Tal diversidade nas respostas aponta mais uma vez para as idiossincrasias desse contexto, o qual, diferentemente da família e dos amigos, não favorece necessariamente o desenvolvimento de vínculos afetivos e de confiança, já que questões de competição, competência, entre outras, perpassam as relações que se estabelecem nesse contexto de forma mais enfática e explicita (GOMES, 2008; SiQUEiRA et al., 2009). Provavelmente aqueles sujeitos, gays ou lésbicas, que têm o apoio dos amigos e da família podem ser os mesmos que também revelam no ambiente de trabalho a sua orientação afetivo-sexual. Pergunta-se então:

• Por que alguns revelam e outros não?
• Que fatores favorecem ou dificultam a revelação da orientação afetivo-sexual no ambiente laboral/escolar?
• Quais são as consequências vividas da revelação ou não da orientação?

Com base nisso, observa-se que a rede de apoio que se estabelece no ambiente de trabalho/acadêmico merece ser estudada de maneira qualitativa, a fim de compreender a dinâmica que se estabelece entre tais variáveis no estudo desse fenômeno.

 

Coesão e adaptabilidade (CA) e apoio social

A fim de compreender como esses aspectos da qualidade conjugal se relacionam ao apoio social percebido pelos sujeitos da amostra, correlacionamos as variáveis coesão e adaptabilidade (CA) com as variáveis de apoio social, medidas nos três mapas estudados: família (ASF), amigos (ASA) e trabalho/escola (AST). Em seguida, correlacionamos as variáveis de apoio social entre si e chegamos a um modelo explicativo de correlação. Encontrou-se uma correlação positiva significativa entre CA e ASF (rs = 0,347; p = 0,000), assim como entre CA e ASA (rs = 0,33; p = 0,000). Na amostra, também encontramos uma correlação positiva significativa entre ASF e ASA (rs = 0,54; p = 0,000), conforme mostra a Figura 1. Entretanto, a correlação entre CA e AST não foi estatisticamente significativa.

 

 

Rejeita-se assim a hipótese de que não existe uma correlação entre CA e ASF. Em nosso estudo, a correlação positiva entre CA e ASF leva a especular a ideia de que bons níveis de apoio familiar podem favorecer a construção de uma conjugalidade homoafetiva menos conflituosa, com altos níveis de coesão e adaptabilidade na relação. Esse dado também pode ser visto como um resultado indireto e positivo do trabalho acadêmico, político e social que está sendo feito na realidade brasileira, por meio da visibilidade de artigos, notícias na mídia e decisões judiciais, por exemplo, (LOMANDO, 2008; MELL O, 2005; Minist ério Público do Estado do Rio Grande do Sul, 2006; MOTT, 2006; UZIEL; MELLO; GROSSI, 2006). Ou seja, a exposição de fatos, demandas e fenômenos que envolvem esse tipo de relacionamento afetivo vem desmistificando e desconstruindo preconceitos que historicamente permeiam tal configuração conjugal, possibilitando às famílias uma reação menos defensiva e mais respeitosa das relações homoafetivas. Com base nas pesquisas já realizadas sobre o tema em casais heterossexuais (Mosmann; Wagner; FÉres-Carneiro, 2006), constata-se que o apoio familiar vem a ser preditor da qualidade vivenciada nas relações amorosas. Isso nos leva a crer que a importância da família de origem dos sujeitos, como uma variável importante na definição da qualidade conjugal que vivenciam, transcende a orientação afetivo-sexual das pessoas envolvidas na relação, pois se refere a toda forma de relacionamento íntimo e amoroso, a qual deve ser considerada importante tanto em casais homossexuais como heterossexuais.

Os dados do estudo confirmam a segunda hipótese, pois houve correlação positiva entre CA e ASA. Nesse caso, revela-se, na amostra estudada, a importância dos amigos como favorecedores de espaços de aceitação e acolhida, o que reverbera em melhores níveis de bem-estar e satisfação dos sujeitos envolvidos na relação íntima. Além disso, partindo da premissa de que a qualidade conjugal implica também o exercício e a preservação da individualidade de cada um dos membros do casal, os amigos são, provavelmente, aqueles que delimitam esse espaço (Elizur; Mintzer, 2003).

A correlação entre ASF e ASA nos leva a pensar que bons níveis de apoio familiar podem fazer que os sujeitos da amostra escolham amigos que repitam e corroborem tais padrões de apoio recebido na família. Logo, bons níveis de ASF podem levar à escolha de amigos que desempenham tais funções de maneira mais saudável, retroalimentando essa relação. Dessa forma, o triângulo correlacional encontrado nos dados da amostra entre CA, ASF e ASA demonstra a importância da interação dessas instâncias para possibilitar a construção de relações mais satisfatórias e eficazes no exercício de suas funções.

 

Coesão, adaptabilidade, aceitação e revelação

Não houve correlação significativa entre a CA e revelação, nem entre CA e aceitação da orientação sexual (AOS) vivenciada pelos sujeitos da pesquisa em nenhum dos mapas estudados, o que confirma a terceira hipótese e rejeita a quarta. A inexistência dessas correlações indica que, na amostra, esses aspectos da qualidade conjugal independem da aceitação e revelação da OAS. Nesse caso, esse dado demonstra uma mudança na atitude das pessoas ante o preconceito social quanto às relações homoafetivas. Além disso, reitera a literatura dos anos 1990, segunda a qual pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo estão assumindo para si a sua forma de amar e se fortalecem para combater a homofobia, independentemente da aceitação ou revelação social para vivenciarem bons níveis de qualidade conjugal (Costa , 1992; UZIEL; MELLO; GROSSI, 2006).

 

Conclusões

Este estudo demonstrou que as variáveis investigadas, coesão e adaptabilidade, consideradas aqui como indicadoras de qualidade conjugal, e a percepção de apoio social (família, amigos, trabalho/escola), assim como a revelação e aceitação da orientação afetivo-sexual, estão implicadas na explicação do tipo de vivência da conjugalidade gay e lésbica.

Nesse sentido, comprovou-se a relevância da família e dos amigos como rede de apoio nas relações amorosas homoafetivas para as mulheres e os homens entrevistados, ainda que tal relevância no contexto familiar não seja exclusiva de tais relações, mas também de relacionamentos heterossexuais, conforme registros na literatura sobre o tema.

Também foi revelador, em nossos resultados, o quanto a família atual tem demonstrado maior abertura em acolher a diversidade afetiva de seus filhos, sendo permeável a tal informação e apoiando a orientação homoafetiva de forma menos defensiva. Nesse caso, pensamos que os meios de comunicação têm cumprido um papel importante em revelar o que até então se ocultava atrás de ideias preconcebidas que ignoravam a realidade de tais sujeitos e seus relacionamentos.

Sendo assim, já não é mais possível negar a emergência social de tais configurações conjugais que cada dia se fazem mais explícitas e cotidianas nos mais diversos ambientes. Por isso, pensamos que estudos qualitativos que revelem as idiossincrasias desse fenômeno são muito bem-vindos para revelar e promover as diversas possibilidades de saúde e bem-estar dos relacionamentos, independentemente de sua configuração.

 

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Endereço para correspondência
Contato
Eduardo Lomando
e-mail: eduardolomando@yahoo.com

Tramitação
Recebido em novembro de 2009
Aceito em maio de 2010

 

 

Notas

1 "Somos": Projeto social da Associação Brasileiras de Gay, Lésbicas e Trangêneros (ABGLT), Porto Alegre/ RS. "Nuances": Grupo pela Livre Expressão Sexual, Porto Alegre/RS.
2 Protocolo CEP no 08/03989; ofício no 281/08 CEP.
3 Dividimos os níveis dessas quatro primeiras variáveis em cinco categorias: muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.
4 Dividimos os níveis das três últimas variáveis em cinco categorias: "ninguém sabe", "poucos sabem", "alguns sabem", "muitos sabem" e "todos sabem".