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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.18 no.2 São Paulo ago. 2016

http://dx.doi.org/10.15348/1980-6906/psicologia.v18n2p75-88 

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

 

Afetos e personalidade: suas relações em estudantes universitários

 

Affects and personality: their relationships in college students

 

Los afectos y la personalidad: sus relaciones en los estudiantes universitarios

 

 

Ana Paula Porto NoronhaI; Karen Cristina Alves LamasII; Mariana Varandas de Camargo BarrosIII

IUniversidade São Francisco, São Paulo - SP - Brasil
IIUniversidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora - MG - Brasil
IIIUniversidade São Francisco, São Paulo - SP - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar as associações das variáveis sexo, área profissional e personalidade com os afetos positivos e negativos, em estudantes universitários da região sudeste do Brasil. Participaram 120 alunos, com média de idade de 24,76 (DP = 5,517) anos, sendo 71,7% do sexo feminino. Eles responderam à Escala de afetos e à Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Análises de correlação mostraram associações diferentes entre os fatores dos instrumentos para o sexo masculino e para os estudantes da área de Engenharia em relação à amostra geral. Modelos de regressão apresentaram o sexo, juntamente com Neuroticismo e Socialização, como variáveis preditoras dos afetos negativos, enquanto os afetos positivos foram mais bem explicados pela área ocupacional, Extroversão, Neuroticismo e Realização. A importância de considerar outros aspectos, além da cultura, ao estudar bem-estar subjetivo e personalidade foi discutida.

Palavras-chave: avaliação psicológica; psicologia positiva; bem-estar subjetivo; traços de personalidade; estudantes.


ABSTRACT

The present study aimed to investigate associations of sex, professional area and personality with the positive and negative affects in university students from southeastern Brazil. Participants were 120 students, with a mean age of 24.76 (SD = 5.517) years and 71.7% were female. They answered Affect Scale and Factorial Personality Battery (FPB). correlation analysis showed different associations between factors of the instruments for males and for students of Engineering in relation to the overall sample. Regression models showed sex together with Neuroticism and Socialization as predictors of negative affects. While positive affects were best explained by occupational area, Extroversion, Neuroticism and Realization. The importance of considering other aspects, in addition to culture, to study subjective well-being and personality was discussed.

Keywords: psychological assessment; positive psychology; subjective well-being; personality traits; students.


RESUMEN

El presente estudio tuvo como objetivo investigar las asociaciones de género, área profesional y la personalidad con afectos positivos y negativos de los estudiantes universitarios del sureste de Brasil. los participantes fueron 120 estudiantes, con una edad media de 24,76 (DE = 5,517) años y el 71,7% eran mujeres. Respondieron la Escala de Afectos y la Batería Factorial de Personalidad (BFP). El análisis de correlación mostró diferentes asociaciones entre los factores de los instrumentos para los hombres y para los estudiantes de Ingeniería en relación con la muestra total. los modelos de regresión mostraron el sexo junto con Neuroticismo y la Socialización, como predictores de efectos negativos. Mientras que los efectos positivos se explican mejor por área ocupacional, la Extroversión, Neuroticismo y la Realización. la importancia de tener en cuenta otros aspectos, además de la cultura, para estudiar el bienestar subjetivo y la personalidad se discutió.

Palabras clave: evaluación psicológica; psicología positiva; bienestar subjetivo; rasgos de personalidad; estudiantes.


 

 

Os indicadores associados ao bem-estar e à felicidade, além daqueles relacionados à economia, saúde e educação, têm sido frequentemente utilizados para avaliar o desenvolvimento das nações (Neri, 2008). Assim, ao lado da crescente valorização dos índices subjetivos em pesquisas de cunho político-econômico, tem-se uma vertente teórica defendida pela ciência psicológica, denominada Psicologia Positiva, que investiga as forças e as virtudes dos seres humanos, com foco nas qualidades positivas das pessoas e na prevenção da doença mental (Seligman, 2004).

A Psicologia Positiva tem como conceito central o bem-estar subjetivo (BES) (Seligman, 2004). Segundo Diener (2012), o conceito refere-se à avaliação positiva que o indivíduo faz de sua vida, a fim de verificar se ele considera que vive em uma condição desejável e gratificante. Altos níveis de BES estão relacionados à saúde, longevidade, cidadania e interação social. De acordo com a revisão apresentada pelo autor, estudos evidenciam que existem taxas diferentes de BES entre as culturas, embora alguns preditores sejam universais, como percepção de suporte social, confiança e domínio, satisfação das necessidades básicas e determinadas características de personalidade.

O BES é composto por duas dimensões: a cognitiva, que diz respeito à satisfação com a vida, e a afetiva que se refere às reações emocionais das pessoas ante os eventos de sua vida, mais especificamente, os afetos (Diener, 1984; 2012). Os afetos são compreendidos como um estado de ânimo que favorece a percepção que o indivíduo tem de si e do outro (Watson, Clark, & Tellegen, 1988). Nesse sentido, os afetos positivos (AP) e negativos (AN) compõem um fator bidimensional, embora independentes (Watson & Tellegen, 1985). Os AP tendem a ser emoções agradáveis, prazerosas, como o contentamento, o orgulho, a felicidade, o encantamento, a alegria e a afeição. AN contemplam emoções desagradáveis e aversivas, aquelas que as pessoas não gostam de vivenciar, referindo-se a um estado de insatisfação temporário, incluindo tristeza, medo, raiva, pessimismo, entre outros sintomas psicológicos aflitivos (Diener, 1984; Watson, Clark, & Tellegen, 1988; Watson & Tellegen, 1985). Para Lyubomirsky, King e Diener (2005), as pessoas costumam apresentar níveis estáveis de afetos, sem variações extremas. A flutuação de humor pode ocorrer mais em algumas pessoas do que em outras, sendo que estas alterações podem estar relacionadas a traços de personalidade (Gadermann & Zumbo, 2007).

A personalidade pode ser compreendida como formas habituais de pensar, agir e sentir, caracterizando um padrão de comportamento e atitudes típicas de um indivíduo (McCrae & John, 1992; McCrae & Costa, 1996). Um dos modelos que têm amparado o estudo da personalidade é o Big Five, também conhecido como Modelo dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade. O fator "Extroversão" representa a quantidade e intensidade de interação interpessoal que um indivíduo busca como reflexo da sua necessidade e tolerância à estimulação externa; "Socialização ou Amabilidade" refere-se aos tipos de interações apresentadas por uma pessoa ao longo de um contínuo, estendendo-se da compaixão ao antagonismo; "Realização ou Conscienciosidade" expressa o grau de controle, organização e persistência; "Neuroticismo" refere-se ao nível de ajustamento e instabilidade emocional; e, por fim, o fator "Abertura à Experiência" diz respeito à tolerância e apreciação de novas experiências (McCrae & John, 1992; Nunes, Hutz, & Nunes, 2010).

Pesquisas realizadas no contexto internacional mostram que os afetos estão diretamente associados a traços de personalidade. Alguns estudos encontraram correlações positivas que variaram de fracas a moderadas entre AP e Extroversão e, entre AN e Neuroticismo (DeNeve & Cooper, 1998; Librán, 2006). Outros encontraram, além das anteriores, relações positivas de AP com Abertura à Experiência, Socialização e Realização (Gonzáles Gutiérrez, Jiménez, Hernandez, & Puente, 2005) e negativas com Neuroticismo (Grice, Mignogna, & Badzinski, 2011). Adicionalmente, Gonzáles Gutiérrez et al. (2005) constataram que AN se relaciona negativamente com Extroversão e Realização e Steel, Schmidt e Shultz (2008) verificaram, por meio de um estudo de metanálise, que o modelo dos cinco grandes fatores explica aproximadamente 24% da variância de afeto positivo e 30% da variância de afeto negativo. No que se refere ao último dado, os autores endossam que o componente afetivo do bem-estar subjetivo pode ser predito por traços de personalidade, com resultados mais fortes em relação ao AN.

No contexto brasileiro, poucos estudos foram realizados para explorar as associações entre afetos e personalidade, principalmente, utilizando um instrumento que contemplasse os fatores do Big Five (Zanon, Bastianello, Pacico, & Hutz, 2013a). Zanon e Hutz (2010) encontraram correlações significativas entre os afetos e três das quatro facetas da Escala Fatorial de Neuroticismo, quais sejam, depressão, ansiedade e vulnerabilidade. Nunes, Hutz e Giacomini (2009), fazendo uso de três Escalas Fatorais de Neuroticismo, Extroversão e Socialização (EFN, EFEx, EFS, respectivamente) verificaram que as facetas do Neuroticismo apresentaram correlações positivas com os AN e negativas com os AP. O fator Extroversão apresentou correlação com Satisfação com a Vida e com AP. Ao lado disso, Socialização e AP se associaram.

Zanon et al. (2013a) investigaram, em uma amostra de universitários do sul do Brasil, a relação entre afetos e personalidade, utilizando a Escala de Afetos e a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) que afere os cinco traços do Big Five. Corroborando resultados de Zanon e Hutz (2010) e Nunes et al. (2009), os achados indicaram o Neuroticismo como principal preditor dos afetos, tendo uma relação positiva com AN e uma associação inversa com AP. Realização apresentou relação positiva com AP e AN. Extroversão associou-se com AP e teve relação quase nula com AN. Socialização mostrou uma relação negativa e fraca com AN. Abertura não apresentou relação com os fatores da Escala de Afetos. Segundo os autores, devem ser feitos outros estudos para avaliar esses construtos em amostras de outras regiões do país.

A respeito das diferenças culturais, para Diener (2012), elas podem interferir na força dos preditores do BES, de forma que uma variável é forte quando é valorizada pela cultura da região. Quanto à personalidade, por exemplo, Suh (2002) verificou que ter uma identidade pessoal consistente é mais valorizada nos Estados Unido que na Coreia do Sul e, em razão disso, é mais preditora de BES. Fulmer et al. (2010) constataram que quando a relação entre traço de personalidade e bem-estar subjetivo existe, esta é mais forte nas culturas que tendem a valorizar tal característica de personalidade. Assim, extrovertidos tendem a ser mais felizes em ambientes com altos níveis de extroversão, que em sociedades mais introvertidas.

A variável sexo tem sido, também, relacionada aos afetos. Estudos nacionais e estrangeiros (Segabinazi et al., 2012; Zanon & Hutz, 2010; Vera, Gonzales, Conner, Caskey, Mattera, & Thakral, 2008; Zanon et al., 2013b) encontraram maiores níveis de AN entre participantes do sexo feminino. Possivelmente, tal associação é mediada pelo fator de personalidade Neuroticismo, o qual também é mais presente nas mulheres (Gonzáles Gutiérrez et al., 2005; Zanon & Hutz, 2010).

Outra variável que vem sendo timidamente explorada quando se investiga as relações entre afetos e personalidade é o tipo de ocupação ou interesses profissionais. Holland, Powell e Fritzsche (1994) afirmam que certas características de personalidade se adequam melhor a uma determinada profissão do que a outras, sendo que as pessoas são mais satisfeitas e realizadas quando trabalham em ambientes profissionais congruentes com sua personalidade. Em uma amostra de adolescentes, Noronha e Mansão (2012) verificaram correlações positivas e fracas entre AP e o interesse por Atividades Burocráticas, enquanto AN apresentaram correlações positivas com esse mesmo tipo de interesse e com a preferência por Ciências Exatas. Com o público universitário, Robak, Chiffriller e Zappone (2007) encontraram maiores níveis de AN entre os estudantes de administração quando comparados aos de psicologia.

De acordo com a revisão de literatura apresentada, nota-se que o bem-estar subjetivo é uma variável com relevância científica e social. Dentre seus preditores, estão as dimensões de personalidade, porém, essa relação sofre influência da cultura local, do sexo e da atividade ocupacional. Uma vez que a maior parte das investigações nacionais sobre os preditores utilizou amostras compostas por apenas uma região do país, o presente estudo teve como objetivo investigar as relações entre a dimensão afetiva do BES, afetos positivos e negativos, e os cinco fatores de personalidade do modelo Big Five, em uma amostra de universitários da região Sudeste, além de analisar a contribuição das variáveis sexo e área ocupacional como fatores preditivos dos afetos junto com a personalidade.

 

Método

Participantes

Participaram deste estudo 120 alunos de duas universidades: uma do interior de São Paulo e outra de Minas Gerais, sendo 71,7% (n = 86) do sexo feminino e 28,3% (n = 34) do masculino. A idade variou de 18 a 46 anos, com média de 24,76 (DP = 5,517). Ao dividir os estudantes por área ocupacional, tem-se que 10,8% (n = 13) são das Engenharias, 36,6% (n = 44) da Saúde e 52,6% (n = 63) de Humanas. A Tabela 1 mostra a distribuição por área ocupacional, curso e sexo.

Instrumentos

Foram utilizados dois instrumentos de autorrelato a fim de aferir os afetos e a personalidade. A Escala de Afetos (Zanon, Bastianello, Pacico, & Hutz, 2013b) é composta por 20 afirmações que descrevem sentimentos e emoções passadas e presentes, sendo dez referentes a AP e dez a AN. O respondente assinala em uma escala Likert de cinco pontos, com o intuito de expressar o quanto o item o descreve. Quanto mais próximo de cinco, maior a semelhança com o indivíduo.

Altos escores de AP são caracterizados por estados de alta energia, concentração, confiança, forte sentimento de prazer, entusiasmo, enquanto baixos escores de AP são assinalados pela tristeza, mágoa e indiferença. Baixos escores de AN englobam sentimentos de calma, serenidade e sossego, e pessoas com altos escores de AN experimentam intensos episódios de desprazer, tristeza, desânimo e preocupação (Gadermann & Zumbo, 2007).

A consistência interna da escala, avaliada pelo alfa de Cronbach, foi de 0,83 para afeto positivo e 0,77 para afeto negativo. Evidências de validade convergente foram verificadas por meio de correlações da ordem de 0,70 com a Positive and Negative Affect Schedule (Panas), que avalia afetos (Zanon et al., 2013b). No presente estudo, a consistência interna do fator AN foi de 0,74 e para AP foi 0,80.

Para avaliar a personalidade foi empregada a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) (Nunes, Hutz, & Nunes, 2010). O instrumento é composto por 126 itens e sua construção foi baseada no modelo dos Cinco Grandes Fatores. São eles: Neuroticismo, Extroversão, Socialização, Realização e Abertura para novas experiências. Os autores recorreram às escalas já existentes no Brasil para compor a bateria utilizando Teoria de Resposta ao Item e Análise Semântica.

As evidências de validade para a BFP foram pesquisadas por meio da relação com outras variáveis, a saber: inteligência (Bateria de Provas de Raciocínio - BPR-5), interesses profissionais (Escala de Aconselhamento Profissional - EAP e SDS), dificuldades de escolha profissional (Inventário de Dificuldades Profissionais - IDDP), autoeficácia para atividades ocupacionais (Escala de Autoeficácia para Atividades Ocupacionais - EAAOc), bem-estar subjetivo (Escala de Bem-Estar Subjetivo), ansiedade (Inventário de Ansiedade de Beck - BAI), depressão (Inventário de Depressão de Beck - BDI), autoestima (Escala de Autoestima de Rosenberg). Evidência de validade convergente foram obtidas utilizando o NEO-PI-R, cujos resultados foram também satisfatórios. A precisão das dimensões da BFP e suas facetas foram calculadas a partir do alfa de Cronbach. No estudo com a amostra completa, todas as dimensões e a maioria de suas facetas apresentaram consistência interna superior a 0,60. Para a amostra desta pesquisa, os valores de alfa das dimensões Neuroticismo e Extroversão foram de 0,74 e 0,75, respectivamente, no entanto, para Socialização e Abertura os valores foram de 0,49, e para Realização foi de 0,55.

Procedimento

Inicialmente foi realizado contato com as universidades, a fim de verificar a disponibilidade para colaboração com a pesquisa. Posteriormente ao aceite delas, o projeto foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade São Francisco (número do Parecer: 42394, CAAE: 04409012.6.0000.5514). O agendamento das aplicações aconteceu diretamente com os professores das disciplinas liberadas para aplicação.

As aplicações foram coletivas, em sala de aula, com duração de aproximadamente 40 minutos. Os alunos foram informados quanto ao sigilo e à confidencialidade das informações e avisados sobre a participação voluntária na pesquisa, assim como a ausência da devolutiva dos resultados. Em seguida à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), todos os participantes responderam à Escala de Afetos e a BFP, nesta ordem. As instruções foram dadas verbalmente no início de cada aplicação, solicitando que dúvidas fossem esclarecidas quando ocorressem.

Análise de dados

A fim de atender aos objetivos do estudo, os resultados foram analisados por meio de provas descritivas e inferenciais. Quanto às estatísticas descritivas, são apresentados os valores máximos e mínimos, média e desvio padrão dos instrumentos. Para explorar as associações entre afetos e personalidade empregaram-se análises de correlação de Pearson, as quais foram realizadas para a amostra geral e suas subdivisões. A análise de regressão pelo método Stepwise foi aplicada para verificar o quanto a personalidade, junto com o sexo e a área ocupacional, contribui para a explicação dos afetos. Para tanto, as variáveis nominais foram inseridas na planilha em formato zero e um, como variáveis dummies. Assim, para as respostas positivas ou para a presença em relação às variáveis sexo masculino e área ocupacional (Saúde e Humanas), foi utilizado o número 1, enquanto para a negação ou ausência adotou-se zero (Tabachnick & Fidell, 2007).

 

Resultados

As estatísticas descritivas dos instrumentos estão dispostas na Tabela 2. A pontuação máxima na Escala de Afetos é de 50 pontos em cada fator (AP e AN). Para a BFP, os escores foram calculados pela média em razão do número desigual de itens.

A análise descritiva do instrumento mostrou que os AP estiveram mais presentes nos alunos (M = 40,58; DP = 5,642) que os AN (M = 27,45; DP = 7,422). Assim, os alunos vivenciam mais o orgulho, a felicidade, o entusiasmo, o encantamento, a alegria e a afeição, do que os AN, como a tristeza, o medo, a raiva, a desilusão, a tensão e o pessimismo.

Na BFP, as maiores médias referiram-se aos fatores Socialização e Realização. Socialização (M = 5,26; DP = 0,605) diz respeito aos tipos de interações que uma pessoa apresenta ao longo de um contínuo que se estende da compaixão ao antagonismo, enquanto Realização (M = 5,06; DP = 0,686) expressa o grau de controle, organização e persistência da pessoa. O fator Neuroticismo foi o que apresentou o menor escore (M = 3,22; DP = 0,817), referindo-se ao nível de ajustamento e instabilidade emocional do indivíduo. Esse resultado indica que os participantes da amostra tendem a demonstrar maior interação social e comprometimento e menos reações emocionais negativas aos eventos estressores em geral.

Depois das análises descritivas, foi realizada a correlação de Pearson entre os instrumentos que avaliam afetos e personalidade. A Tabela 3 apresenta as análises para a amostra geral, para as três áreas ocupacionais e para os sexos.

Para a amostra geral, o fator Neuroticismo (r = 0,53; p <0,001) correlacionou-se positivamente com AN e negativamente com AP (r = -0,47; p <0,001), sugerindo que pessoas que vivenciam emoções desagradáveis e aversivas, que são características dos AN, tendem a ter alto padrão de ansiedade e depressão, diferentemente de quem vivencia contentamento, orgulho e entusiasmo, referentes aos AP.

O fator Socialização (r = -0,27; p = 0,003) correlacionou-se negativamente com AN. Pode-se, então, compreender que os indivíduos que vivenciam desprazer, tristeza e desânimo, emoções e sentimentos relacionados aos afetos negativos tendem a ser hostis com as demais pessoas, incluindo uma postura manipuladora, buscando seu próprio benefício, atributos da baixa Socialização.

Os fatores Extroversão (r = 0,48; p <0,001), Realização (r = 0,37; p <0,001) e Abertura à Experiência (r = 0,22; p = 0,017) correlacionaram-se positivamente com AP, sugerindo que pessoas que expressam estados de alta energia, concentração, confiança, sentimento de prazer e entusiasmo, especificidades dos AP, tendem a ser sociáveis, otimistas e afetuosas; mais organizadas e persistentes; e mais abertas a novas experiências, características dos três fatores da BFP.

Quanto aos grupos, aqueles que apresentaram resultados mais distantes da amostra geral foram o sexo masculino e os estudantes de Engenharia. Destaca-se que para os participantes do sexo masculino o fator Abertura correlacionou-se positivamente com AN. E, para os estudantes de Engenharia, o fator Extroversão apresentou correlação significativa e negativa com AN. Além disso, foi o único fator de personalidade a se relacionar significativamente e com magnitude muito alta com AP, enquanto nos demais grupos ocupacionais AP apresentaram associações moderadas e com mais de uma dimensão de personalidade.

Para verificar a capacidade preditiva das dimensões de personalidade, do sexo e da área ocupacional sobre os afetos, realizou-se uma análise de regressão pelo método Stepwise. Assim, foram realizados dois ajustes de modelos, um para cada tipo de afeto (variável dependente) em que os cinco fatores da BFP, o sexo e a área ocupacional foram inseridos como variáveis independentes/explicativas (Tabela 4).

No que diz respeito aos AN, permaneceram no modelo (F (3, 115) = 23,803; p <0,001) os fatores Neuroticismo com maior peso, Socialização com sentido negativo e o sexo, o qual também apresentou sinal negativo. Isso indica que as pessoas do sexo feminino (variável codificada com zero) tendem a apresentar maiores níveis de AN. O coeficiente de determinação R2 ajustado foi de 0,37, ou seja, essas variáveis contribuem para a explicação de 37% da variação nesse tipo de afeto.

Em relação aos AP, fizeram parte do modelo (F (4, 112) = 25,813; p <0,001) o fator Extroversão, o Neuroticismo e a área ocupacional Humanas (interesses), ambos com sinal negativo, e com o menor poder de explicação, o fator de personalidade Realização. O sentido negativo para a área de Humanas mostra que os estudantes dessa área ocupacional (codificada com o número 1) tendem a apresentar menores níveis de AP que os estudantes das outras áreas. O modelo apresentou R2 ajustado de 0,46, isto é, entre os universitários, as características de personalidade e a área ocupacional contribuem para explicar 46% da variação em AP.

 

Discussão

O presente estudo investigou a associação da personalidade, sexo e área ocupacional com os afetos em alunos universitários da região Sudeste, por meio da Escala de Afetos e da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Tal como pressuposto teoricamente, houve associações entre as dimensões de ambos os instrumentos (DeNeve & Cooper, 1998; Grice, Mignogna, & Badzinski, 2011; Gonzáles Gutiérrez, Jiménez, Hernandez, & Puente, 2005; Librán, 2006; Steel, Schmidt, & Shultz, 2008), com alguma variação entre os resultados em razão de características das amostras (Lyubomirsky et al., 2005).

Corroborando estudos anteriores (Librán, 2006; Nunes et al., 2009; Steel et al. 2008; Zanon e Hutz, 2010; Zanon et al., 2013a), a análise de correlação mostrou que AN associaram-se positivamente ao Neuroticismo e AP, ao fator Extroversão. Outras relações que variaram mais entre os estudos foram encontradas aqui; por exemplo, a associação negativa entre AN e Socialização (Steel et al., 2008; Zanon et al., 2013a); a correlação positiva de AP com Realização e com Abertura a Experiências (Gonzáles Gutiérrez et al., 2005), e com Neuroticismo, uma relação inversa (Grice et al., 2011; Nunes et al., 2009).

Entretanto, verificaram-se algumas variações em função do sexo e da área ocupacional. Para as pessoas do sexo masculino, altos escores em Abertura estão associados à presença de AN, ou seja, aqueles que tendem a contestar regras sociais e arriscar-se tendem, também, a vivenciar desprazer, raiva e tristeza. O fator Abertura não tem sido relacionado aos afetos (Zanon et al., 2013a), mas Gonzáles Gutiérrez et al. (2005), ao realizarem uma análise de regressão da personalidade em função do BES controlando a variável sexo, encontraram Abertura como preditor significativo e com sentido positivo para os AN.

Quanto à área ocupacional, notam-se que os estudantes de Engenharia se diferenciam dos demais pelas correlações de AP e AN com Extroversão. Vivências de entusiasmo, orgulho e afeição estão associadas à facilidade para estabelecer interações sociais e para se expressar, no caso desses estudantes, enquanto AN estão associados a altos níveis de Neuroticismo e baixos de Extroversão. Não gostar de falar de si mesmo e de expor suas opiniões (indicadores de Extroversão) são características de personalidade associadas a pessoas que possuem interesses por atividades investigativas e realistas (Holland et al., 1994), como os estudantes de Engenharia. Contudo, para esse grupo, parece que tal dificuldade está relacionada com a presença de insatisfação e tristeza (indicadores de AN).

Congruente com a variedade de associações encontradas nas análises de correlação está o resultado da regressão. Salienta-se que AP e AN são fatores independentes (Watson & Tellegen, 1985; Zanon et al., 2013b), o que foi corroborado neste estudo pelas diferentes variáveis encontradas como preditoras de cada um deles.

Para AN, além da personalidade, o sexo foi um preditor importante, possivelmente, em virtude de sua interação com o fator Neuroticismo quando se trata das mulheres (Gonzáles Gutiérrez et al., 2005; Zanon & Hutz, 2010). A este respeito, Gonzáles Gutiérrez et al. (2005) encontraram, também, o sexo como preditor de AN, mas não de AP. É possível inferir que as mulheres tendem a fazer interpretações negativas sobre eventos da vida, são mais vulneráveis às opiniões de terceiros e possuem mais variação de humor - características do Neuroticismo, experimentando com a maior frequência um estado de insatisfação permeado por emoções de medo, raiva ou tristeza - características dos AN. Por isso, a variável sexo é importante para a explicação dos AN quando analisados junto à personalidade (Segabinazi et al., 2012; Zanon & Hutz, 2010; Vera et al., 2008; Zanon et al., 2013b).

No que se refere aos AP, destaca-se que a área ocupacional foi importante para o modelo, sendo que os estudantes de Humanas tendem a ter menos AP que os demais. Inicialmente, esse resultado causa certo estranhamento, pois tal área ocupacional estaria relacionada com atividades do tipo Social, que segundo Holland et al. (1994), envolve práticas de cuidado e ajuda ao próximo. Entretanto, as ocupações investigadas referem-se mais a atividades burocráticas, e, segundo Noronha e Mansão (2012), os interesses profissionais dessa dimensão apresentaram correlações positivas tanto com os AP quanto com os AN.

De modo geral, os modelos apresentaram maior poder explicativo para AP do que para AN. Resultado contrário foi encontrado no estudo de metanálise de Stell et al. (2008). Entretanto, esses autores constataram, também, que o Neuroticismo tem maior poder explicativo para AN e Extroversão para AP, convergindo com o resultado aqui apresentado.

Ao relacionar com o estudo brasileiro realizado por Zanon et al. (2013a), há uma divergência, pois eles verificaram que Neuroticismo foi o preditor mais importante para ambos os tipos de afetos. Porém, os dados são concordantes no que se referem aos demais fatores de personalidade que contribuem para a explicação dos afetos, isto é, que o fator Realização possui capacidade preditiva para AP e que Socialização é um preditor significativo para AN, com sentido negativo.

Em síntese, os resultados desse estudo indicam que, ao analisar a relação entre personalidade e afetos, não se deve ignorar a variável sexo, principalmente para AN. Quanto à associação entre AP e personalidade, a área ocupacional mostrou-se importante. Contudo, o número de cursos analisados e a quantidade de participantes por área ocupacional e, também, por curso foram muito reduzidos, o que limita a generalização desse resultado. Considera-se, assim, que mais estudos são necessários para compreender a relação entre afetos e área ocupacional.

Essa pesquisa foi efetuada em uma região distinta de onde foram realizados outros estudos que buscaram verificar afetos e personalidade no Brasil (Nunes, Hutz, & Giacomini, 2009; Zanon & Hutz, 2010; Zanon et al., 2013a). Para compreender as diferenças entre os resultados, é importante retomar as considerações citadas por Diener (2012), sobre a moderação do contexto sociocultural. Contudo, verificou-se que é imprescindível considerar, também, as diferenças entre sexos, pois o destaque do Neuroticismo na previsão de AP pode não ser uma particularidade dos estudantes brasileiros, mas algo relacionado às características da amostra quanto à distribuição entre homens e mulheres.

Embora os resultados encontrados concordem com a literatura, essa reflexão conduz à observação de limitações do estudo. Os participantes foram recrutados em apenas duas instituições de Ensino Superior: uma do estado de São Paulo e outra de Minas Gerais. Além disso, a amostra foi muito pequena para utilizar análises estatísticas mais robustas, que permitiriam verificar com maior precisão o fator moderador do sexo e da área profissional. Essa limitação pode, também, ter influenciado os valores de alfa da BFP, principalmente dos fatores com menor número de itens (Maroco & Garcia-Marques, 2006).

Portanto, sugere-se que sejam realizados outros estudos com amostras maiores e com variedade de cursos, de modo que permitam utilizar análises mais refinadas a fim de verificar os diversos moderadores da relação entre afetos e personalidade, como cultura, sexo e área ocupacional. Também é importante analisar outras variáveis, como idade e estado civil. Compreender a relação entre afetos, personalidade e variáveis moderadoras é relevante para práticas clínicas e preventivas que visem ao bem-estar de crianças, adolescentes e adultos. Ao lado disso, no que respeita às implicações práticas, pesquisas dessa natureza podem colaborar com processos de orientação profissional e de desenvolvimento de carreira, bem como favorecer a compreensão das vivências acadêmicas de estudantes universitários.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Karen Cristina Alves Lamas
Universidade Salgado de Oliveira (Universo)
Avenida dos Andradas, 731, Morro da Glória
Juiz de Fora - MG - Brasil. CEP: 36036-000
E-mail: karen_lammas@yahoo.com.br

Submissão: 28.7.2014
Aceitação: 17.3.2016

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