EDITORIAL

Alessandra Gotuzo Seabra

Editor

Prezados leitores,

Temos a satisfação de apresentar o primeiro número do vigésimo volume da revista Psicologia: Teoria e Prática.

Em continuidade à nossa política editorial de internacionalização, o presente número conta com artigos de autores brasileiros e estrangeiros, bem como disponibiliza as suas respectivas versões traduzidas. A opção pela publicação bilíngue tem sido muito bem-sucedida, pois tanto possibilita a leitura por colegas de outras nacionalidades como democratiza o acesso à produção científica original e relevante em nossa língua. Ressaltamos que a publicação na revista Psicologia: Teoria e Prática não conta com taxa de publicação aos autores e é de livre acesso aos leitores, pois essa é uma tentativa de ampliar ao máximo o acesso ao conhecimento científico.

A revista tem classificação no extrato A2 na área da Psicologia, na avaliação Qualis realizada pela Capes, referente ao quadriênio 2013-2016, e encontra-se atualmente indexada em diversas bases de dados, como: American Psychological Association (PsycInfo); Base de dados Fuente Acadêmica (EBSCO Publishing Inc.); Redalyc (La Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal); Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Sociological Abstracts- CSA (Cambridge Scientific Abstracts); INDEX-PSI Periódicos (BVS-Psi); Ulrich's International Periodicals Directory; PSICODOC (Colégio Oficial de Psicólogos/Madrid-Espanha); International Bibliography of the Social Sciences American Psychological Association (IBSS) e Latindex (Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal), Rede Brasileira de Bibliotecas da área de psicologia (ReBAP), Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), Electronic Journals Library.

A revista apresenta 11 artigos no fascículo 20(1), distribuídos ao longo de suas cinco seções. Três artigos compõem a seção de "Psicologia Clínica". O artigo "Sintomas psicopatológicos e vulnerabilidade ao estresse em uma amostra portuguesa de indivíduos com diabetes", de Paula S. Carvalho e Cláudia Isabel António, da Universidade da Beira Interior (Portugal), buscou caracterizar uma amostra de indivíduos com diagnóstico de diabetes mellitus e identificar as variáveis preditoras de sintomatologia psicopatológica e de vulnerabilidade ao estresse. A sintomatologia psicopatológica foi predita por pertencer ao gênero feminino, por não ter atividade laboral e por ser mais velho, enquanto a vulnerabilidade ao estresse foi predita por não ter uma atividade laboral, por não ser casado e por ter menor escolaridade. O artigo traz informações relevantes visto que, ao identificar fatores preditores, é possível promover intervenções para pro-mover a resistência ao estresse e à psicopatologia.

Maíra F. C. Bergo e Helena B. Prebianchi, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP), em seu artigo "Aspectos emocionais presentes na vida de pacientes submetidos à amputação: uma revisão de literatura", ressaltam a relevância da sistematização do conhecimento sobre essa temática, que pode auxiliar tanto na capacitação de psicólogos que atuam na área quanto na preparação dos pacientes envolvidos. Uma revisão da literatura produzida entre 2009 e 2014 revelou a existência de dez artigos. As autoras discutem a escassez de publicações sobre o tema, especialmente em periódicos específicos da Psicologia, sendo necessários novos estudos nessa área.

No artigo "Da coisa impossível ao desejo da mãe interditada", Evandro Q. Cherer e Daniela S. Chatelard, da Universidade de Brasília (DF), exploram a aproximação conceitual da mãe enquanto objeto interditado/desejado à noção de das Ding. Os autores discorrem sobre a interdição da mãe como referente à impossibilidade de acesso à Coisa e sua relação com a importância da interdição do incesto.

A seção "Psicologia Social" apresenta o artigo "O medo como dispositivo biopolítico", de Sonia R. V. Mansano e Marcos Nalli, da Universidade Estadual de Londrina (PR). Os autores discutem o medo enquanto componente de subjetivação. O artigo apresenta a pesquisa conduzida em três momentos: abordagem do medo em uma perspectiva psicanalítica, análise das maneiras como o medo cumpre funções sociais específicas e a articulação entre medo e biopoder. Os autores finalizam o artigo refletindo sobre o medo enquanto estratégia de sobrevivência que pode culminar na experimentação de outras possibilidades de existência.

A seção "Avaliação Psicológica" é composta por dois artigos originais. No artigo "Entendendo as dimensões da Escala de Avaliação da Impulsividade pelo modelo CGF", os autores Nelson H. Filho, Fabián J. M. Rueda e Kelly B. Pisoni, da Universidade São Francisco (SP), verificaram a contribuição dos Cinco Grandes Fatores (CGF) de personalidade para a explicação dos domínios da Escala de Avaliação da Impulsividade (EsAvI). Os resultados são discutidos pelos autores, que destacam a contribuição do artigo para a melhor compreensão dos processos subjacentes aos domínios da EsAvI, a relação entre os fatores do instrumento e os do CGF e a contribuição para um modelo geral de impulsividade.

Malu E. Silveira, do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, e Francis R. R. Justi, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), apresentam o artigo "Engajamento escolar: adaptação e evidências de validade da escala EAE-4DE". Conforme os resultados, os autores encontraram quatro fatores coerentes teoricamente com as quatro dimensões do engajamento escolar previstas na escala original e observaram índices Alfa de Cronbach de aceitáveis a bons. O artigo contribui, portanto, para a disponibilização de um instrumento importante para rastreio e monitoramento do engajamento na escola, apesar de ainda serem necessários mais estudos e cuidado com as interpretações de resultados referentes ao fator "engajamento cognitivo".

Três artigos são apresentados na seção "Desenvolvimento Humano". Em "Fatores de risco e proteção para os vínculos familiares na região sul do Brasil", os autores Vera R. R. Ramires e Denise Falcke, da Unisinos (RS), analisaram famílias em situação de vulnerabilidade social. As autoras observaram que a maior parte da amostra preservou os vínculos familiares, apesar das condições de pobreza e de vulnerabilidade. Estresse parental e problemas de ansiedade e depressão foram associados ao rompimento dos vínculos, mas o mesmo não ocorreu com escolaridade, condições de trabalho, renda ou moradia. Destaca-se a relevância de fatores relacionados à saúde mental para a compreensão do rompimento de vínculos.

Em "Memória de trabalho, senso numérico e desempenho em aritmética", a autora Luciana V. Corso, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RS), observou que o desempenho em tarefas que demandam o executivo central, mas não o componente fonológico, está correlacionado à melhor performance em senso numérico e em aritmética. A autora discute as implicações educacionais dos resultados e a necessidade de cuidados no uso de instrumentos que avaliam tais domínios.

Em "Rastreamento ocular: possibilidades e desafios do uso da tecnologia em amostras infantis", as autoras Gisane N. Balam e Ana Alexandra C. Osório, da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo (SP), buscaram sistematizar informações sobre o uso do rastreamento ocular em bebês, dada a possibilidade de fornecer dados importantes sobre o surgimento e o desenvolvimento de processos cognitivos, sociais e emocionais na infância. Resultados revelaram escassez de publicações brasileiras, apesar da quantidade e da variedade significativa em âmbito internacional. As autoras descrevem uma análise da utilidade do rastreamento ocular em amostras infantis, o que pode ser útil para ajudar pesquisadores na tomada de decisões metodológicas.

Em "Dificuldades de escrita em alunos do Ensino Fundamental", Débora Cecílio Fernandes e Selma de Cássia Martinelli, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (PR), analisaram as principais dificuldades de escrita apresentadas por alunos do segundo ao quinto ano do Ensino Fundamental, por meio do Teste de Avaliação da Escrita, nos subtestes sílabas, palavras e pseudopalavras. Os resultados revelaram quais tipos de itens apresentam maior grau de dificuldade aos alunos. A partir dos padrões encontrados, professores podem antecipar as prováveis dificuldades dos alunos e planejar estratégias pedagógicas.

Os autores Lara B. Martins, da Faculdade Meridional IMED (RS), Thaís Zerbini, da Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto (SP), e Francisco José Medina Díaz, da Universidad de Sevilla (Espanha), apresentam o artigo "Escala de Reação ao Curso em Educação a Distância: Adaptação e Estrutura Fatorial". Os autores analisaram a estrutura fatorial e as propriedades psicométricas da Escala de Reação aos Procedimentos Instrucionais em Educação a Distância (ERPI-EAD), bem como sua relação com a efetividade do treinamento no trabalho. Resultados revelaram uma estrutura unifatorial da escala. A satisfação dos participantes com o curso relacionou-se à efetividade do treinamento. Sugere-se que a coleta de informações por meio do instrumento possa ser útil na melhoria dos aspectos instrucionais e do desempenho no trabalho.

Desejamos a todos uma ótima leitura e manifestamos nossos agradecimentos aos autores, pareceristas, editores de seção e demais envolvidos no processo editorial.