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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.20 no.2 São Paulo maio/ago. 2018

http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/psicologia.v20n2p16-19 

EDITORIAL

 

Alessandra Gotuzo Seabra

Editor

 

 

Prezados leitores, a revista Psicologia: Teoria e Prática apresenta o segundo número de seu vigésimo volume. A revista encontra-se classificada no extrato A2 na área da Psicologia, na avaliação Qualis realizada pela Capes, referente ao quadriênio 2013-2016. Dos 12 artigos disponibilizados, 11 foram publicados em duas línguas, português e inglês, o que tem contribuído para a divulgação da produção científica brasileira em nível internacional.

No presente número, as cinco seções de nossa revista contam com artigos publicados. Na seção "Avaliação Psicológica", o artigo "Interferência Trabalho-Família e facilitação Trabalho-Família: estudo da invariância da medida entre sexos" foi apresentado pelos autores Carla Santos Carvalho, Lisete S. Mendes Mónico, Vânia Almeida Pinto, Carlos Américo Pinto (in memoriam), Maria Inés Alegre, Denize Oliveira e Pedro Miguel Parreira, filiados à Universidade de Coimbra, Portugal, e à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Brasil. No estudo, os autores trataram da interação trabalho-família e analisaram a invariância da medida entre os sexos masculino e feminino em docentes do ensino superior, a partir da aplicação da Escala Trabalho-Família. Os fatores Impacto da Tensão Trabalho-Família no Trabalho e na Família mostraram-se independentes em relação ao sexo, enquanto as medidas para os restantes fatores variaram entre os sexos. A pesquisa trouxe contribuições tanto em relação ao uso da Escala Trabalho-Família na avaliação comparativa dos referidos construtos em função do sexo quanto possibilitou uma reflexão sobre concepções relacionadas às relações trabalho-família para homens e mulheres.

O segundo artigo, intitulado "Relação entre uso de substâncias e qualidade de vida em uma amostra comunitária de adultos", é de autoria de Luiz Felipe Ayres Bernardes, Nelson Hauck Filho e Ana Paula Porto Noronha, da Universidade São Francisco (USF), Brasil. Os autores investigaram a relação entre o uso de substâncias e a qualidade de vida. Houve prejuízos na qualidade vida para o uso de cocaína e de ansiolíticos, bem como tendência de relacionamento positivo, não esperada, entre o uso de estimulantes e a qualidade de vida. Destaca-se que os resultados revelaram altas prevalências de uso moderado de tabaco, álcool e maconha.

As autoras Érika Correia Silva e Adriana Marcassa Tucci, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Brasil, apresentam o artigo "Correlação entre ansiedade e consumo de álcool em estudantes universitários". Nele, as autoras investigaram a correlação entre ansiedade, padrão de consumo de álcool e suas consequências entre estudantes universitários, em dois momentos: antes e depois de uma intervenção breve. Os resultados sugeriram relação entre ansiedade e consumo de álcool e suas consequências no primeiro momento. Após a intervenção, os estudantes passaram para um padrão de consumo de álcool de baixo risco e diminuíram as consequências associadas ao uso, mas os níveis de ansiedade se mantiveram semelhantes. O estudo discute a importância de intervenções preventivas específicas para a ansiedade nos serviços de apoio aos estudantes universitários.

O artigo "Evidências de validade concorrente para uso do Pfister com crianças do Ceará" foi redigido por Lucila Moraes Cardoso, Érica Ive Xavier Lopes, Tábatha Maranhão Marques e Rebeca de Moura Targino, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Brasil. O estudo buscou evidências de validade concorrente para o Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister aplicado a crianças entre 6 e 11 anos de idade. Os resultados revelaram diferenças entre faixas etárias, com maior presença de variáveis relacionadas a menor desenvolvimento emocional ou cognitivo e dificuldade para elaborar a estimulação recebida (Tapete puro, Tapete com início de ordem e Síndrome de excitação afetiva) em crianças mais novas e, em crianças mais velhas, maior presença de indicador associado ao amadurecimento no trato das emoções e manejos defensivos (Formação em camadas). Portanto, o artigo contribuiu para fornecer evidências de validade do Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister.

Na seção "Desenvolvimento Humano", o artigo intitulado "Apoio e satisfação social de cuidadores primários de crianças com paralisia cerebral" foi redigido por Tatiana Afonso, Fernando Augusto Ramos Pontes e Simone Souza da Costa Silva, da Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil. O texto objetivou analisar a satisfação com os apoios sociais disponíveis a 101 cuidadores primários de crianças com paralisia cerebral, com idades de 0 a 12 anos. O nível de satisfação geral mostrou-se alto, especialmente a satisfação com a família. A satisfação familiar apresentou o mais alto nível, seguido da satisfação com os amigos, satisfação íntima e atividades sociais. Dessa forma, o artigo auxiliou na compreensão das características e necessidades dos familiares de crianças com paralisia cerebral.

A seção de "Psicologia Social" conta com três artigos. "Toda mulher sonha em ser princesa? Problematizações sobre Escolas de Princesas" é o artigo de autoria de Sabrina Daiana Cunico, Alice Lopes Caldas Fagundes, Nathalia Amaral Pereira de Souza e Marlene Neves Strey, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Brasil. O artigo, a partir de uma revisão de literatura, problematiza a existência de Escolas de Princesas, discute o conflito entre os ensinamentos de tais escolas e a necessidade do posicionamento feminino diante do preconceito e da violência ainda existentes em nosso país.

Ana Maria Justo, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Brigido Vizeu Camargo e Andréa Barbará da Silva Bousfield, ambos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil, redigiram o artigo "Sobrepeso e controle de peso: pensamento leigo e suas dimensões normativas". Os autores descreveram as representações sociais ligadas ao excesso de peso e às práticas de controle do peso corporal. A partir de 40 entrevistas com pessoas com e sem excesso de peso, delimitaram cinco classes lexicais, discutidas no artigo. Conforme descrito pelos autores, ainda há a responsabilização individual pela condição do excesso de peso, o que fortalece os estereótipos e dificulta o controle do peso.

O artigo "Motivações atribuídas por adultos ao consumo de bebidas alcoólicas no contexto social" foi redigido por Dilce Rejane Peres do Carmo, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Francisca Lucélia Faria, da Universidade Federal de Fortaleza (Unifor), Marlene Teda Pelzer, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Marlene Gomes Terra, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Manoel Antônio dos Santos e Sandra Cristina Pillon, ambos Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP-RP), Brasil. O estudo investigou as motivações atribuídas ao consumo de álcool por adultos no contexto social, por meio de uma abordagem qualitativa. As categorias que emergiram a partir do relato dos participantes foram discutidas, e os autores observaram que os participantes buscavam nos pubs uma fonte de socialização, apresentando baixa percepção de risco, o que poderia aumentar sua vulnerabilidade ao álcool.

Na seção de "Psicologia e Educação", os autores Rodolfo Augusto Matteo Ambiel e Leonardo de Oliveira Barros, da Universidade São Francisco (USF), Brasil, apresentam o artigo intitulado "Relações entre evasão, satisfação com escolha profissional, renda e adaptação de universitários". Nele, foram analisadas correlações entre adaptação acadêmica e motivos para evasão do ensino superior. Resultados revelaram que alguns fatores da Escala de Motivos para Evasão no Ensino Superior (M-ES) se relacionaram a fatores do Questionário de Adaptação ao Ensino Superior (QAES). Análises com controle das variáveis satisfação com a escolha da profissão e renda mensal também foram conduzidas. Dessa forma, o artigo discute importantes questões sobre a permanência de alunos nas instituições de ensino superior, abordando diversas variáveis relacionadas à evasão e à adaptação acadêmica.

A seção de "Psicologia Clínica" conta também com três artigos originais. O primeiro é "Efetividade de uma cartilha psicoeducativa sobre o TDAH em estudantes universitários", escrito por Clarissa Tochetto de Oliveira, Marco Antônio Pereira Teixeira e Ana Cristina Garcia Dias, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Brasil. No estudo, foi avaliada a efetividade do uso, enquanto psicoeducação, de uma cartilha on-line sobre o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) voltada a estudantes universitários. Conforme os resultados, a intervenção foi efetiva para aumentar o conhecimento sobre TDAH nos participantes e foram mapeadas áreas de maior e menor conhecimento. Sugere-se, portanto, que esse tipo de intervenção seja eficaz para informar sobre o transtorno a universitários.

No artigo intitulado "Crenças sobre o câncer infantil: percepção de sobreviventes e mães", Elisa Kern de Castro, Franciele Cristiane Peloso, Luisa Vital e Maria Júlia Armiliato, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Brasil, examinaram as crenças sobre o câncer infantil em 27 sobreviventes e 49 mães. Resultados revelaram que as mães perceberam o câncer infantil como uma doença crônica, com consequências e representação emocional mais negativas que os próprios sobreviventes. Os auto-res concluem que o fato de os sobreviventes perceberem o câncer infantil de maneira mais positiva pode indicar uma ressignificação da experiência de maneira adaptativa.

O artigo "Ocorrência de fratura de fêmur e rastreamento de sinais de depressão em idosos" é apresentado pelas autoras Rosana Fortunato Modesto, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF), Garça, Brasil, Edinalva Neves Nascimento e Sandra Regina Gimeniz-Paschoal, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Marília, Brasil. No artigo, são apresentados os dados de internações de idosos por fratura de fêmur, principalmente por quedas em suas residências, o que pode resultar em perda da autonomia, dor e tristeza. Foram realizadas entrevistas com 30 idosos em suas residências, e 93% deles apresentaram sinais de depressão. O estudo discute a importância de ações que modifiquem essa realidade.

Nós gostaríamos de expressar nossos agradecimentos pela contínua parceria de autores, pareceristas, editores de seção e demais envolvidos no processo editorial. Desejamos a todos uma ótima leitura!