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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.20 no.2 São Paulo maio/ago. 2018

http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/psicologia.v20n2p240-253 

ARTIGOS
PSICOLOGIA SOCIAL

 

Motivações atribuídas por adultos ao consumo de bebidas alcoólicas no contexto social

 

 

Dilce Rejane Peres do CarmoI; Francisca Lucélia FariaII; Marlene Teda PelzerIII; Marlene Gomes TerraIV; Manoel Antônio dos SantosV; Sandra Cristina PillonVI

IUniversidade Federal do Rio Grande, Furg, RS, Brasil
IIUniversidade Federal de Fortaleza, Unifor, CE, Brasil
IIIUniversidade Federal do Rio Grande, Furg, RS, Brasil
IVUniversidade Federal de Santa Maria, UFSM, RS, Brasil
VUniversidade de São Paulo de Ribeirão Preto, USP-RP, SP, Brasil
VIUniversidade de São Paulo de Ribeirão Preto, USP-RP, São Paulo, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi verificar motivações atribuídas ao consumo de álcool por adultos em contexto social. Trata-se de estudo de abordagem qualitativa baseado no referencial fenomenológico social de Alfred Schütz. A amostra foi composta 14 jovens. Utilizou-se uma entrevista cujos resultados foram agrupados em categorias: "O pub como o espaço de interação social", "A influência do contexto para o consumo de bebidas alcoólicas" e "O padrão de consumo abusivo de alcoól, uma atitude natural?". Os participantes frequentam os pubs em busca do cenário de interação social. Ao consumirem bebidas alcoólicas, influenciam-se pelo contexto e pelas pessoas com quem compartilham o prazer pela bebida e acabam desenvolvendo um padrão de risco. Conclui-se que os consumidores de álcool, frequentadores de bares noturnos, constituem um desafio para a prevenção em saúde, pois desenvolvem uma baixa percepção de risco, aumentando sua vulnerabilidade.

Palavras-chave: bebidas alcoólicas; consumo de bebidas alcoólicas; adulto; motivação; psicologia.


 

 

Introdução

O consumo de álcool está integrado à vida em sociedade há milênios e encontra-se largamente disseminado, tendo adquirido dimensão universal pelos mais diferentes motivos, como o uso ritualístico/religioso, medicinal, recreativo e festivo (Diehl, 2011). O costume de compartilhar espaços para estabelecer encontros que podem levar ao consumo de bebidas alcoólicas tem origem nos séculos passados e vem acompanhando a vida social e cultural. Desde então, a constante presença de bebidas alcoólicas pas-sou a fazer parte de hábitos, costumes, crenças, práticas e conduta pessoal (Marcolan & Castro, 2013; Oliveira, Dell'Agnolo, Ballani, Carvalho, & Pelloso, 2012).

Estudos mostram que no mundo o consumo nocivo de álcool tem provocado cerca de 3,3 milhões de mortes a cada ano, o que equivale a 5,9% de todos os óbitos. Da carga global de doenças, quase 5,1% são atribuídas ao consumo de álcool. Considera-se que, além das consequências associadas a mais de 200 condições de saúde relacionadas ao uso abusivo de álcool, estão incluídas as relações causais existentes entre o uso nocivo do álcool e a suscetibilidade aumentada à incidência de doenças infecciosas, tais como tuberculose, hepatites, HIV-Aids e pneumonia (World Health Organization [WHO], 2014).

De acordo com a WHO (2014), o uso abusivo de álcool é considerado um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo, por ser o terceiro fator de risco mais importante para incapacitações e óbitos, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Segundo a WHO (2014), essa alta incidência merece a atenção de famílias, sociedades e indivíduos dos mais diversos segmentos sociais, que devem trabalhar em sinergia com os setores da saúde e educação.

Em relação ao consumo, o levantamento brasileiro realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas [Inpad] (2012) sobre uso de substâncias na população geral evidenciou altas taxas de abstêmios, mas, entre os bebedores, o consumo tem se mantido elevado e preocupante. Dos entrevistados, 64% dos homens e 39% das mulheres adultas relataram que consumiam álcool regularmente (pelo menos uma vez por semana). Enquanto metade da população se define como abstêmia, 32% bebem moderadamente e 16% consomem quantidades nocivas de álcool (Inpad, 2012). Uma grande preocupação refere-se ao desenvolvimento de riscos gerados pelo uso abusivo de álcool, principalmente entre os jovens, que podem estar sofrendo as consequências negativas desse hábito.

Vale destacar que, no Brasil, foram identificados alguns fatores facilitadores para o consumo e uso abusivo de bebidas alcoólicas entre jovens e adultos em seu cotidiano, como o baixo custo econômico do produto, a oferta generalizada e a franca facilidade de acesso, os quais têm sido comumente observados nos mais diversos espaços de interação social (Dielh, Pillon, Santos, & Laranjeira, 2017; Hauck Filho & Teixeira, 2012; Inpad, 2012; Junqueira et al., 2017; Pratta & Santos, 2007). Assim, embora haja uma estabilidade na prevalência de consumidores no Brasil, observa-se que, entre os indivíduos que bebem, aumentou consideravelmente a frequência de consumo, o que pode contribuir para o agravo de problemas relacionados ao uso contínuo e em padrão abusivo (WHO, 2014).

Destaca-se que o grau de risco para os danos relacionados ao uso de álcool varia de acordo com a idade do bebedor, gênero, fatores familiares, condições socioeconômicas, questões orgânicas como peso e nível de vascularização, bem como o comportamento do bebedor e a exposição ao álcool (padrão de uso, em termos de quantidade e frequência) e a qualidade do produto que se consome (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2016; Centers for Disease Control and Prevention [CDC], 2016; United Nations Office on Drugs and Crime [UNODC], 2015).

Outro elemento importante refere-se à simbologia e aos significados sociais atribuídos ao consumo de álcool, que sempre estiveram vinculados às relações sociais universais no decorrer da história, permeadas tanto por aspectos religiosos ou místicos como pela busca do prazer e da gratificação sensorial (Diehl, 2011). Na atualidade, essa substância é amplamente disseminada e encontra-se disponível em diversos cenários sociais, inclusive familiares, por ser uma droga lícita e aceita socialmente, além de agregar significados ao mundo e à vida das pessoas (IBGE, 2016; Munné, 2014).

As evidências que revelam que o uso excessivo de álcool por adultos tende a se elevar, em especial entre os mais jovens e em ambos os sexos, justificam o aumento do interesse em conhecer melhor as características do consumo associadas às particularidades do contexto individual e coletivo no qual ele se dá (Moura & Malta, 2011). Assim, conhecer a perspectiva do indivíduo que frequenta alguns dos contextos de sociabilidade, especialmente aqueles que se organizam em torno da venda e do consumo de álcool, parece ser uma perspectiva promissora para a produção de conhecimento na área.

A escolha de frequentar e a decisão de consumir ou não bebidas alcoólicas em determinados contextos são atos que dependem, em última instância, do livre-arbítrio do sujeito, mas que podem ser compreendidos a partir da sua intencionalidade (para que), pois toda a ação intenta para um propósito, um a fim de, com base em sua biografia, ou seja, em sua história de vida (Schütz, 1979).

O pub é um tipo de bar inspirado no modelo e estilo britânico, que promove o encontro de pessoas adultas permeado pelo contato presencial, com valorização da intersubjetividade. Esse tipo de ambiente oferece alguns tipos de comida que combinam com a estimulação etílica, como aperitivos, jogos e música (Hauck Filho & Teixeira, 2012).

Na contemporaneidade, a socialização nas cidades tem sido uma forma de despender tempo usufruindo um espaço em comum, podendo os sujeitos ali reunidos se influenciar mutuamente para a realização de uma determinada ação, como o consumo de bebidas alcoólicas. Ou seja, o livre-arbítrio pode derivar de uma causa, mesmo que seja a própria vontade (Schütz, 1979), mas é influenciado pela intersubjetividade.

Há escassez de investigações sobre o fenômeno do uso do álcool e a sua interface com o contexto social, que levem em consideração a mediação dos significados que os diversos grupos sociais outorgam ao lugar que essa substância ocupa no mundo da vida dos sujeitos. Assim, merecem atenção as situações sociais em que o uso moderado e de forma responsável do álcool não é uma regra, mas, ao contrário disso, revela ser uma forma de consumo de risco, considerando-se que não há um limite seguro ou isento de risco para a ocorrência de problemas (CDC, 2016; Inpad, 2012; UNODC, 2015).

Com base nesses pressupostos, delineamos um estudo que visa investigar a perspectiva do sujeito sobre suas motivações para frequentar o pub, espaço de livre e fácil acesso às bebidas alcoólicas. Essa investigação valoriza os significados elaborados pelos sujeitos em seus depoimentos.

Desse modo, este estudo teve por objetivos compreender as motivações atribuídas ao consumo de álcool por adultos no contexto social e descrever as características relacionadas ao padrão de uso.

 

Método

Tipo de investigação

Trata-se de um estudo qualitativo, fundamentado na abordagem da fenomenologia social de Alfred Schütz (2012). Essa perspectiva foi escolhida porque propicia o aprofundamento do conhecimento da realidade social como um mundo social, vivenciado por atores sociais e seus semelhantes, dotados de uma consciência capaz de atribuir significados às suas vivências e ações. A proposta da fenomenologia social de Schütz consiste em investigar a intersubjetividade como fonte das relações sociais, fundamentando-se no pensamento de Weber e Husserl.

Participantes

Para a seleção dos participantes, foram adotados os seguintes critérios de inclusão: ter idade igual ou superior a 18 anos e frequentar pubs pelo menos uma vez por semana, o que foi aferido por meio da imersão da pesquisadora principal no campo de investigação. É importante ressaltar que houve recusa ao convite para participar do presente estudo.

Lócus da investigação

O campo de investigação abrangeu cinco bares do estilo pub, modelo britânico cujo significado traduz public house, ou seja, casa pública. Os pubs tinham capacidade variando de 80 a 100 pessoas e, em comemorações agendadas, podiam receber até 300 pessoas. Em relação às características desse tipo de estabelecimento, há que considerar a função comunitária que esse modelo de bar representa na contemporaneidade. Trata-se de um tipo de estabelecimento de caráter popular e democrático, que tem se adaptado ao contexto social dos sujeitos, tendo como característica comum a facilidade de acesso à bebida alcoólica. A oferta livre e a acessibilidade facilitada a essa substância motivaram a escolha do cenário da pesquisa como locais representativos do contexto social.

Instrumento

Utilizou-se a entrevista fenomenológica. Trata-se de uma modalidade de entrevista aberta, disparada por uma questão norteadora, que tem por propósito estimular a fala e explorar as vivências do participante. A questão norteadora foi: "Conte-me sobre suas expectativas ao frequentar o pub".

Previamente, foi proposto o agendamento de um encontro para a realização das entrevistas em local reservado, de acordo com a conveniência do participante. Para garantia do sigilo em relação à identidade dos participantes, atribuiu-se a cada um, conforme a ocorrência das entrevistas, a letra P de participante, acompanhada por sequência numérica (P1, P2, P3... P14).

Procedimentos e discussões

A pesquisadora principal realizou quatro visitas prévias em finais de semanas consecutivos para observar os espaços (pubs) e o fluxo de pessoas que os frequentavam. Os frequentadores foram abordados aleatoriamente no ambiente do bar e convidados a participar do estudo, após tomarem conhecimento da natureza da pesquisa e de seu objetivo. Dos 14 participantes, nove preferiram que o encontro fosse realizado em suas residências e cinco em seus locais de trabalho. As sugestões foram aceitas pela pesquisadora, que se sentiu acolhida e confortável em todos os locais. Após o fornecimento de esclarecimentos mais detalhados sobre o objetivo do estudo, os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Durante o encontro, a pesquisadora procurou manter-se atenta aos modos de se mostrar do sujeito entrevistado, observando as formas não verbais de comunicação, isto é, o silenciado, os gestos, as reticências e as pausas, respeitando o espaço e tempo de cada um. Essa posição de abertura da entrevistadora ao outro possibilitou aprimorar progressivamente a condução da entrevista (Paula, Padoin, Terra, Souza, & Cabral, 2014).

É importante sinalizar que a pesquisadora principal realizou cinco entrevistas com voluntários antes de fazê-las com os participantes. Essas entrevistas não foram incluídas na pesquisa. Essa etapa auxiliou a identificar as adequações necessárias à questão norteadora, bem como possibilitou melhorar a aproximação com os participantes para a condução do encontro.

No decorrer da entrevista, formularam-se questões de esclarecimento, com o cuidado de evitar a indução de respostas, buscando com elas o aprofundamento dos temas abordados pelos participantes para melhor compreensão dos significados. Por exemplo: quando mencionado pelo participante "Vou no pub e bebo todas", a pesquisadora pontuava: "Bebe todas?". Esse modo de conduzir possibilitou que os participantes se expressassem com maior desenvoltura sobre as expectativas em relação à quantidade/qualidade e a maneira de beber. No encerramento da entrevista, abriu-se a possibilidade de o participante acrescentar algo ao seu depoimento, caso desejasse, e que ele considerasse relevante para contemplar os propósitos da pesquisa.

As entrevistas foram realizadas no período de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 e gravadas em formato de áudio. O tempo não foi predeterminado, pois os participantes falaram conforme a sua necessidade e disponibilidade. Depois de concluídas as entrevistas, o material áudio gravado foi transcrito literalmente e na íntegra, constituindo o corpus de análise.

Para compreender os motivos ("para" e "o porquê") que levam os sujeitos a consumir bebidas alcoólicas no contexto social, optou-se por seguir os passos preconizados pela fenomenologia social de Alfred Schütz (2012), que consistem em: transcrição literal das falas áudio gravadas para posterior leitura, releitura atentiva e exaustiva das falas para selecionar e agrupar as unidades de sentido, marcação cromática dos trechos que continham aspectos significativos da ação dos sujeitos, identificação das estruturas essenciais e transformação em unidades de significação da situação vivenciada, contemplando os motivos ("para" e "o porquê") de os sujeitos consumirem bebidas alcoólicas no contexto social. A partir dessa organização do corpus, foram elaboradas as categorias concretas que englobam o ato dos sujeitos (Schütz, 2012).

Na organização das características encontradas, foi estabelecido o significado da ação dos participantes, buscando descrever o típico da ação dos sujeitos que frequentavam os pubs e consumiam bebidas alcoólicas. Entende-se que esse significado representa a essência, ou seja, o que é comum a esse grupo social. Para análise compreensiva, utilizou-se o referencial teórico da fenomenologia social, do pensador austríaco Alfred Schütz(2012), que utilizou a fenomenologia como método para as ciências sociais.

No presente estudo, a preocupação central foi captar o sentido com que o sujeito da ação significa suas atitudes em relação ao consumo da bebida alcoólica, não como algo que acontece de forma isolada, mas como ato que se dá na relação direta com sua situação biográfica e no contexto social (Schütz, 2012). Assim, para compreender as ações do sujeito, é necessário apreender os significados atribuídos à sua ação, que de certo modo indicam o seu modo de ser.

Para Schütz (1979), um significado vai adquirir importância para um indivíduo a depender da experiência passada que ele teve em relação a um determinado fato. Isso determina que o significado das ações seja dado em consonância com suas experiências anteriores. A experiência de um fenômeno só é passível de análise depois que ela se deu e não no momento em que ocorre. Dessa maneira, a compreensão sempre parte do comportamento passado, e somente uma experiência já ocorrida e terminada pode ser considerada significativa: "O 'significado' das experiências, então, não é mais do que aquele código de interpretação que as vê como comportamento. [...] Só a experiência percebida reflexivamente na forma e atividade espontânea tem significado" (Schütz, 1979, p. 67).

Foram respeitados os aspectos éticos em cumprimento à Resolução n. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). A coleta de dados foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição a qual a pesquisadora principal está vinculada, sob protocolo n. 51557115.7.0000.5324.

 

Resultados e discussões

Em relação às características da situação biográfica dos participantes, nove eram homens e cinco mulheres, com idade entre 20 e 72 anos; dez eram solteiros, dois casados e dois tinham parceiros. Quanto à escolaridade, nove tinham completado o ensino médio (sendo quatro com curso técnico), outros três cursavam a graduação e dois tinham completado pós-graduação (mestrado e doutorado). Oito trabalhavam, três estudavam e trabalhavam, e três apenas estudavam. Sete informaram que moravam com os pais, quatro com os parceiros e três sozinhos. Todos frequentavam o pub ao menos uma vez ao mês, sendo a maior parte deles uma ou mais vezes por semana.

A partir da análise das falas obtidas nas entrevistas, emergiram três categorias relacionadas às expectativas dos participantes ao frequentarem o pub: "O pub como espaço de interação social", "A influência do contexto para o consumo de bebidas alcoólicas" e "O padrão de consumo abusivo de álcool como atitude natural".

O pub como espaço de interação social

Essa categoria incorpora as falas que significam o espaço do pub como um contexto de interação social, o que implica a intencionalidade dos sujeitos para a busca da intersubjetividade. O pub foi descrito pelos participantes como um ambiente de sociabilidade, que propicia encontros e fomenta a convivência (estar com amigos, colegas da turma e familiares), o que potencializa sentimentos agradáveis relacionados ao bem-estar e à felicidade individual. O consumo de álcool é o ingrediente fundamental que integra as ações e que dá um sentido especial aos demais elementos das vivências suscitadas pelo convívio social.

As motivações descritas para frequentar o pub foram: divertir-se, dançar, namorar, ficar, pertencer a um grupo, relaxar e beber. Esses verbos designam atividades prazerosas, que contemplam necessidades básicas do ser humano, como estabelecer trocas afetivas, suprir o imperativo de afiliação, além de ter uma oportunidade de lazer e alívio do estresse. Essas atividades demandam interação social, e o ambiente permissivo do pub cria oportunidades para que isso ocorra.

[...] diversão! [...] encontrar o pessoal, os amigos, a turma, dançar, [...] o que me importa é isso, sabe?, se for para ir sozinho eu nem vou, vou pra estar com eles... amigos, colegas, o pessoal. Às vezes, a gente se reúne ainda aqui em casa, vêm os meus amigos, amigos do meu irmão, minha irmã... eu gosto de sair com eles [...] beber [...] (P1).

[...] curte, vai com amigos, encontra outros por lá, sei lá, [...] beber, ficar, dançar [...]. As gurias ligam, já reservam lugar, aí vamos embora! Muito bom, tu encontra até o pessoal de casa, a minha irmã e o meu cunhado também gostam [...] (P2).

[...] dançar, beber, espero encontrar pessoas, algumas conhecidas, outras que possa conhecer, sou solteira hoje, sabe? É bom, mas vou sempre com as amigas [...]. Muito bom mesmo, a gente vai lá para descansar do dia de trabalho, do estresse, agitação do dia a dia [...] (P12).

Os motivos elencados para frequentar o pub e buscar essa sociabilidade ("o porquê") podem ser compreendidos como a busca de um espaço permissivo e confiável para que as interações sociais ocorram. A partir do convívio com os familiares, amigos e colegas, o participante também percebe no pub um lugar seguro e tranquilo, no qual pode relaxar, divertir-se e se mostrar aberto para os relacionamentos, sem o risco de se envolver em confusão.

[...] lugar que não vai ter confusões e um público legal, que seja divertido e se enturme com todo mundo, [...] faz bem. [...] momento em que eu fico feliz, e ali, todo mundo começa a ficar mais aberto pras relações, para dançar. Vou com a minha turma, colegas do curso [...] (P10).

As interações sociais acontecem por meio de ações concretas do sujeito que é parte do mundo social e resultam em condutas realizadas com um determinado fim (Schütz, 2012). Nesse caso, com o propósito de se divertir e relaxar, mas sem abrir mão de desfrutar da companhia de outras pessoas, o sujeito vai ao pub e, a partir do encontro com familiares, amigos e colegas que esse contexto de interação social favorece, satisfaz um conjunto de necessidades psicológicas e sociais. O comportamento do beber emerge de forma natural em meio às diversas atividades e necessidades de prazer associadas ao lazer, dando contorno singular às relações que se estabelecem nesse contexto. O álcool é reconhecido classicamente como uma droga que leva à descontração e desinibição social, o que favorece a socialização.

O fenômeno do uso abusivo do álcool é um problema multideterminado, que não pode ser dimensionado simplesmente pela relação que a droga suscita no sujeito, mas também pelas interações que essa relação desencadeia em determinado contexto social e cultural, dependendo dos valores e das crenças do indivíduo (Pratta & Santos, 2009; Santos, 2007).

Nas sociedades contemporâneas, os locais de convivência comunitária que oferecem oportunidades de lazer e recreação foram, ao longo do tempo, se tornando escassos e, paulatinamente, se reduziram a espaços protegidos e privados (clubes, academias, centros comunitários e esportivos, bares noturnos e pubs).

 

Resultados e discussões

A influência do contexto para o consumo de bebidas alcoólicas

Nas falas dos participantes, a cerveja desponta como a bebida favorita. O padrão de consumo mostrou ser pesado e intenso (a noite toda), levando à perda do controle. Esse padrão de consumo é ritualizado e naturalizado de tal maneira que não produz estranhamento e passa despercebido dos frequentadores do pub. Também se percebeu que alguns participantes realizavam tentativas fracassadas de autocontrole para conter o consumo contínuo.

[...] prefiro cerveja, bem gelada [...] paro de manhã, quando a festa acaba, eu acho [...] ah, tu tomas todas!... faz uma rodada, depois outra e outra, aí! vai à noite [...] (P1).

[...] geralmente cerveja, é cerveja [...] a turma também prefere [...] olha, tu até pensas, hoje não vou beber, aí quando vê já era [...] vai passando o copo aí [...] (P4).

A perda de controle provavelmente é influenciada pelo grupo das relações sociais ("vai passando o copo aí"; "faz uma rodada"; "aí quando vê já era"; "tu tomas todas"). Mesmo quando há indício de rebaixamento de consciência e comprometimento físico, o participante tem dificuldades de diminuir ou cessar o hábito de beber. O fato de continuar frequentando o pub e, portanto, manter-se na roda das relações sociais com os amigos de bar parece potencializar a expectativa para o consumo: "olha, até oito anos atrás eu bebia muita cerveja, eu preferia, mas tive um problema renal [...] operei um rim e aí diminuí um pouco [...]" (P12).

A fala a seguir mostra o consumo concomitante de cerveja e destilados e a mistura de energético com bebidas alcoólicas.

[...] Normal! Muita bebida, bastante variedade normalmente, além de cerveja, whisky, vodca, esse tipo de coisa, tu mistura! [...] (P5).

[...] Eu não queria beber, sabe? [...] eu prefiro cerveja e vodca com energético, tipo com alguma coisa pra misturar [...] bora beber! [...] (P9).

[...] Quase não bebo, mas tu vês os outros tomando cerveja [...] hoje, bebo umas duas doses de whisky [...] (P12).

Alguns participantes revelaram que, em determinada noite, tinham ido ao pub com uma expectativa de não consumir ("Eu não queria beber, sabe?"), porém acabaram motivados a ingerir álcool por causa do contexto favorecedor do consumo etílico.

A circulação da bebida (ampla disponibilidade e fácil acesso), aliada aos elementos do ambiente (amigos bebendo e se divertindo), levou-os a agir de modo contraditório ao que haviam planejado. O álcool, por ser uma substância favorecedora de socialização, parece facilitar e aproximar os relacionamentos interpessoais, criando uma atmosfera de fraternidade, acolhimento e congraçamento entre os participantes. A par disso, nota-se uma falta de conhecimento e consciência crítica a respeito dos efeitos perniciosos que "o consumo social do álcool" pode ocasionar, sobretudo para o indivíduo que apresenta comprometimento físico ("mas tive um problema renal").

Entre os fatores de vulnerabilidade psicossocial que potencializam os riscos relacionados ao consumo de álcool, destaca-se o contexto social (Inpad, 2012; WHO, 2014). Nesse caso, o pub, com seus elementos característicos (música em alto volume, bebidas diversas e pessoas se socializando), dispõe de motivações potencializadoras para que os frequentadores consumam bebidas alcoólicas com uma sensação, ainda que ilusória, de segurança e bem-estar.

A disponibilidade e facilidade de acesso às bebidas alcoólicas têm sido foco de grande interesse da literatura, principalmente das políticas públicas (Dualibi, Vieira, & Laranjeira, 2011). No Brasil, estudos mostram as lacunas existentes na legislação e as deficiências de fiscalização no cumprimento da lei que regula a propaganda, venda e comercialização de produtos alcoólicos (IBGE, 2015; Dualibi et al., 2011). O consumo no contexto social é fortemente naturalizado, no entanto tem sido um desafio reconhecer que esse hábito pode se tornar um comportamento potencial de risco para diversos problemas, que vão além das questões individuais (Soccol et al., 2014).

O padrão de consumo abusivo de álcool, uma atitude natural?

Os participantes revelaram um consumo excessivo, compatível com a intoxicação alcoólica ou embriaguez, que os leva a passar mal devido ao efeito cumulativo do álcool no organismo. No entanto, essa circunstância é considerada normal (nos termos de um participante, "faz parte"), como se o indivíduo estivesse no controle da situação: "Às vezes, fica até mal... vomitar... até passar mal... bah! Mas é isso, tu já sabes, então... curtir, né?, beber faz parte... Normal! [...]" (P2).

O consumo excessivo é uma ação que se repete com frequência de pelo menos uma vez por semana. Os participantes não têm crítica em relação a esse consumo e não o percebem como um problema. Schütz (2012) define ação como uma conduta humana projetada pelo sujeito de maneira intencional, dotada de propósito, ou seja, um "a fim de".

[...] às vezes, tu fica ruim, fica mal [...] mais bebida mesmo [...] bom, muito bom [...] pelo menos uma vez na semana [...] (P5).

[...] Dançamos, bebemos, às vezes um fica mal, tu cuida, leva pra casa ou deixa passar mal ali mesmo, depende [...] às vezes, até duas vezes no final de semana [...] mas é isso... aí, volta e bebe todas [...] (P6).

Observa-se um consumo compatível com o beber nocivo, pois, apesar de ter consequências negativas ("às vezes tu fica ruim, fica mal"), o padrão de uso se mantém e tende a se perpetuar ("aí, volta e bebe todas"). Nota-se que a ambiguidade permeia esse comportamento, no qual prazer e desprazer, bom e mau, estão igualmente presentes e na mesma medida ("tu fica ruim, fica mal... bom, muito bom").

Um dos participantes relatou a diversidade de efeitos que o álcool inicialmente provoca no organismo, como sensação de euforia, bem-estar, "ficar alto". Esses efeitos prazerosos mascaram as consequências negativas da intoxicação induzida pela substância ("tá ruim, mas tá bom"):

[...] eu bebo cerveja [...] todo final de semana [...] até fica tonto, pode ficar mal [...] ou fica alegre, soltinho [...] tá ruim, mas tá bom [...] os amigos ajudam [...] (P7).

Assim, reconhece-se, nas características preocupantes reveladas (consumo excessivo, compatível com a intoxicação alcoólica, que frequentemente leva os participantes a passar mal), um alerta que merece a atenção dos profissionais de saúde mental e dos formuladores de políticas públicas para a importância das estratégias de prevenção e redução de danos. Há que se destacar que esse padrão de uso do álcool está diretamente associado a problemas de diversas ordens, independentemente da idade e do gênero do bebedor. As evidências mostram que tais problemas estão mais relacionados aos padrões de consumo, ou seja, à quantidade de álcool ingerida em uma única ocasião, do que necessariamente ao tempo de uso (IBGE, 2016; UNODC, 2015).

Os relatos sugerem que o hábito de frequentar o pub parece estar associado ao consumo abusivo de álcool de maneira complexa. Por essa razão, essa relação entre ir regularmente ao pub e beber abusivamente não pode ser reduzida a uma única motivação, mas deve ser compreendida à luz da intersubjetividade e da relação singular que o sujeito estabelece com o ambiente e com a bebida. Para Schütz (1979), o sujeito é capaz de ser influenciado pelo contexto, mas também é motivado a influenciar, o que leva à compreensão de que as pessoas vivem em seu mundo da vida conscientes do espaço onde transitam e sensíveis ao contexto no qual estão inseridas. Embora o álcool em determinados contextos represente, atualmente, a droga de maior aceitação pela sociedade, uma vez que seu uso é amplamente estimulado, os efeitos provocados pelo consumo excessivo em curto, médio e longo prazos são consideráveis, incluindo os prejuízos sociais e os inúmeros agravos à saúde que o consumo de risco provoca direta ou indiretamente na sociedade (WHO, 2014).

 

Conclusão

Considerando os aspectos motivacionais ("para" e "o porquê") da ação que levam à compreensão do fenômeno social, a partir da análise das falas foi possível apreender a intencionalidade e alcançar o típico da ação. Desse modo, desvelou-se que os sujeitos frequentam os pubs em busca do espaço de interação social que esse modelo de bar oferece, deixando-se influenciar pelos apelos hedonistas do contexto e pelo contato com as pessoas ali presentes, que normalmente estão bebendo e interagindo em um clima de descontração. As características compatíveis com um consumo excessivo podem contribuir para que os frequentadores do pub desenvolvam em pouco tempo um padrão de risco, que pode levar a diversos agravos de saúde, além de problemas familiares e sociais, aumentando a vulnerabilidade do indivíduo à dependência.

Assim, as categorias concretas do vivido, desveladas pelo sentido da ação dos sujeitos que frequentam o pub, possibilitaram construir o típico da ação desses indivíduos, o que significa que não são experiências únicas de um sujeito singular, mas de um grupo que compartilha o mesmo contexto social, percebe-o como altamente prazeroso e, assim, sente-se feliz em poder frequentar. Para a fenomenologia social, a tipificação consiste em representação da ação, tanto da pessoa como do grupo, que a torna homogênea em detrimento das características singulares de cada um (Schütz, 2012).

Nas relações desenvolvidas no pub, permeadas pela intersubjetividade, nas relações de trabalho (pensemos nos profissionais do pub) e nas trocas ali realizadas, surgem possibilidades de prevenir os riscos relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas no contexto social. É preciso que essas oportunidades sejam reconhecidas e valorizadas para que possam ser ativadas por profissionais da saúde, pessoas, famílias e sociedade como meio de implementar a promoção de saúde.

Este estudo apresenta algumas limitações que merecem ser consideradas. Uma delas diz respeito a se restringir a um único município para a coleta de dados. Seria desejável que novos estudos fossem conduzidos com participantes de pubs de centros urbanos de diferentes dimensões. Também seria interessante incluir na pesquisa os profissionais que trabalham nesse contexto, com o intuito de investigar suas percepções sobre os frequentadores, bem como sobre os fatores de risco e proteção ao consumo abusivo de álcool que podem estar presentes nesse cenário.

Todavia, é preciso ter em mente que se trata de um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, e, como se espera desse tipo de delineamento, os resultados obtidos devem ser contextualizados unicamente em termos do cenário no qual ele foi desenvolvido. O propósito não é generalizar os resultados, mas explorar e aprofundar os conhecimentos sobre o tema investigado, de modo a direcionar futuros estudos.

Novas pesquisas são necessárias para clarificar o fenômeno do consumo de álcool em contextos sociais permissivos, como os pubs, abrangendo inclusive outras regiões do país, para que se possam explorar as nuances de cada realidade local. As relações desenvolvidas entre os frequentadores dos pubs devem ser mais bem conhecidas e valorizadas, a fim de que possam ser instrumentalizadas pelos profissionais na proposição de programas de prevenção e promoção de saúde, com ênfase na minimização de riscos em relação ao consumo de bebidas alcoólicas no contexto social.

Por fim, vale destacar o papel da psicologia, em interface com outras profissões de saúde, no âmbito da prevenção, de modo a assegurar a minimização de potenciais agravos resultantes do consumo abusivo de álcool por frequentadores de bares noturnos. O psicólogo, integrando a equipe interdisciplinar com outros profissionais, pode contribuir para a implementação de políticas públicas para o enfrentamento do uso abusivo de álcool nos diversos cenários sociais. Pessoas com hábito de consumir bebidas alcoólicas em diversos padrões de uso, que se tornam frequentadoras de estabelecimentos diferenciados socialmente, muitas vezes constituem um desafio para as campanhas de prevenção, justamente por buscarem uma fonte de socialização e lazer após um dia de trabalho.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Dilce Rejane Peres do Carmo
Av. Nossa Senhora da Medianeira, 803, ap. 202, bairro Medianeira, Santa Maria
RS, Brasil. CEP: 97060-001
E-mail: dilcerpc@gmail.com

Submissão: 30.6.2017
Aceite: 15.2.2018