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Psicologia: teoria e prática

versión impresa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.20 no.3 São Paulo sept./dic. 2018

http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/psicologia.v20n3p262-282 

ARTIGOS
PSICOLOGIA SOCIAL

 

Associação entre a satisfação no trabalho e uso de álcool: revisão sistemática

 

 

Isabela de Matos Alves Mendonça Luquini; Laisa Marcorela Andreoli Sartes; Maira Leon Ferreira; Jessica Silva Cypriano; Arielle Aparecida Marco

Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF MG, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O trabalho é um dos principais orientadores da vida mental, tornando-se relevante investigar a relação entre transtornos mentais, sobretudo o uso de álcool, e satisfação no trabalho.
OBJETIVO: Realizar revisão sistemática de artigos científicos sobre a satisfação no trabalho e o uso de álcool.
MÉTODO: Foram pesquisados artigos nos bancos de dados MEDLINE (PubMed), Web of Science e Scopus, nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa. A revisão embasou-se nos critérios do PRISMA, no período de 2008 a 2017.
RESULTADOS: Encontraram-se evidências de correlação positiva moderada em recortes transversais, mas que se modificam ao longo do tempo, e constatou-se que a relação entre satisfação no trabalho e uso de álcool é moderada por burnout, condições de trabalho, demanda e controle do trabalho, relacionamento com o líder, suporte social e clima de trabalho.
CONCLUSÃO: Os resultados reafirmam a necessidade de explorar o tema para traçar estratégias de intervenção no contexto do trabalho.

Palavras-chave: consumo de bebidas alcoólicas; uso de substância; satisfação no trabalho; saúde mental no trabalho, ambiente de trabalho.


 

 

Introdução

O consumo de bebidas alcoólicas é encarado de forma diferenciada quando comparado a outras drogas, pois tem ampla aceitação social. Entretanto, quando o consumo é excessivo, há um problema. As consequências funcionais dos transtornos relacionados ao uso de álcool afetam diferentes áreas de funcionamento da vida. Entre elas estão a condução de veículos e a operação de máquinas, a escola e o trabalho, os relacionamentos, a comunicação interpessoal e a saúde. Transtornos relacionados ao álcool colaboram para absenteísmo no emprego, acidentes relacionados ao trabalho e baixa produtividade. Está associado também ao aumento significativo no risco de acidentes, violência e suicídio. O uso problemático também contribui para desinibição e sentimentos de tristeza e irritabilidade, os quais colaboram para tentativas de suicídio e suicídios consumados (American Psychiatric Association, 2014).

O trabalho pode ser importante fator na promoção da saúde psíquica, mas pode também despertar intenso sofrimento e favorecer o adoecimento. Alguns dos aspectos do trabalho que podem despertar insatisfação ou sofrimento estão, em geral, relacionados à natureza das tarefas a serem realizadas, às condições ambientais e operacionais ou ainda à forma como se organiza o trabalho. Fatores que podem influenciar a insatisfação ou sofrimento no trabalho estão presentes de diferentes formas e com repercussões diversas. Destacam-se os relacionamentos interpessoais, eventualmente relacionados à competitividade, a pressão por produtividade, a frustração no tocante à expectativa de reconhecimento e/ou salários, o sentimento de ser injustiçado ou desrespeitado, o enfrentamento de dificuldades próprias da tarefa, a falta de sentido da própria atividade e o medo de ficar desempregado e/ou de não satisfazer as exigências assumidas (Faiman, 2012).

Uma das dimensões de análise sobre a relação com o trabalho é a satisfação. Entre os referenciais teóricos, o modelo de Locke é considerado uma démarche. Os marcadores dessa teoria consideram a satisfação no trabalho uma função da relação entre o que um indivíduo quer de seu trabalho e o que ele percebe que obtém. A satisfação profissional pode ser considerada um estado emocional prazeroso, resultante da avaliação do trabalho em relação aos valores do indivíduo (Locke, 1976). O teórico destaca que a satisfação no trabalho é complexa, pois, para compreender o que faz alguém ficar satisfeito com determinada dimensão de seu trabalho, é necessário considerar os padrões de comparação dessa pessoa. Isto é, o trabalhador compara facetas desejáveis de seu trabalho com aquilo que espera receber ou que imagina que deveria receber. Essa perspectiva multidimensional da satisfação permanece atualmente, e diferentes fatores do ambiente de trabalho, como salários, horas de trabalho, autonomia dada aos funcionários, estrutura organizacional e comunicação entre funcionários e gerentes, podem afetar a satisfação no trabalho (Lane, Esser, Holte, & Anne, 2010).

Em confirmação, Siqueira et al. (2008) defendem que a satisfação no trabalho corresponde ao grau de contentamento do indivíduo com relação a algumas dimensões específicas de seu trabalho, representadas por chefia, colegas, salário, promoções e trabalho realizado. A definição contempla as principais facetas ou dimensões de satisfação e possibilita uma análise específica acerca do impacto de cada uma delas na promoção da satisfação dos indivíduos em seu trabalho. Ou seja, a satisfação no trabalho representa a totalização do quanto o indivíduo que trabalha vivencia experiências prazerosas no contexto das organizações, e cada uma das cinco dimensões de satisfação compreende um foco, uma fonte ou origem de tais experiências prazerosas. Por esse modo, aferir os níveis de satisfação dos trabalhadores pode ser uma estratégia para monitorar o quanto as empresas conseguem promover e proteger a saúde e o bem-estar daqueles que colaboram com a força de trabalho. Essa visão está também relacionada à compreensão de que os sentimentos que emergem no contexto do trabalho podem irradiar para vida pessoal, familiar e social dos indivíduos e influenciar seus níveis de bem-estar e saúde física e mental (Siqueira et al., 2008).

A organização do trabalho é um dos principais orientadores da vida mental do trabalhador. Alberto (2000) afirma que o trabalho é visto como um dos componentes da felicidade humana, e a felicidade no trabalho é obtida como resultante da satisfação plena das necessidades psicossociais, do sentimento de prazer e do sentido de contribuição no exercício da atividade profissional. Buscar compreender a satisfação no trabalho poderá abranger a compreensão de outros aspectos da vida, pois é uma dimensão que se refere a atitudes gerais em relação à vida ou à satisfação com esta, bem como à qualidade do serviço.

Para alguns pesquisadores, transtornos mentais estão vinculados à precarização e à violência no trabalho. Bernardo, Garrido-Pinzón e Sousa (2015) destacam que é possível identificar a escalada de um conjunto de transtornos mentais que têm sido reconhecidos nos estudos e sua relação com a violência contida na precarização social do trabalho. Essa categorização tem como fundamento estudos clínicos e sociais realizados em diferentes países, inclusive no Brasil. Ao longo das últimas três décadas, tem sido objeto de revisão e sistematização recentes. Estão incluídos nesse grupo: quadros depressivos, esgotamento profissional (burnout), transtorno de estresse pós-traumático e dependência de bebidas alcoólicas e outras substâncias (drogas ilegais e psicotrópicas). Para explorar amplamente o presente tema e garantir também maior embasamento e credibilidade, foi realizada uma revisão sistemática de artigos científicos, tendo como marco orientador os descritores de satisfação no trabalho e uso de álcool.

 

Método

Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, baseada nos critérios do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses - PRISMA (Liberati et al., 2012). Uma revisão sistemática é uma revisão de uma pergunta formulada de forma clara, que utiliza métodos sistemáticos e explícitos para identificar, selecionar e avaliar criticamente pesquisas relevantes, e coletar e analisar dados desses estudos que são incluídos na revisão (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & The PRISMA Group, 2015). Os resultados deste estudo derivam de pesquisas realizadas nas bases Web of Science, MEDLINE e Scopus. A busca foi restrita há dez anos, abarcando o período de 2008 a 2017, e com publicações limitadas nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa. Os descritores sistematizados foram em Ciências de Saúde (DeCS) Alcohol Drinking AND Job Satisfaction (F02.784.692.425); e no Medical Subject Headings (Mesh), Alcohol Drinking (F01.145.317.269) AND Job Satisfaction (F02.784.602.425).

A coleta de dados foi realizada por meio das palavras-chave em artigos que pudessem contribuir para a discussão do tema proposto, de modo a torná-lo enriquecido e capaz de concretizar as informações apresentadas. Para gerenciamento das informações, foram utilizados o Microsoft Office Excel e EndNoteX7 a fim de facilitar e organizar a alocação das informações, bem como servir para protocolo de arquivamento dos dados. Mapeou-se um total de 353 artigos, indexados em Scopus (145), MEDLINE (112) e Web of Sicence (96). Como critérios de não inclusão não foram inseridos artigos de revisão, revisões sistemáticas realizadas em períodos anteriores ao recorte temporal, metanálises, capítulos de livros e dissertações.

Inicialmente, os títulos dos trabalhos foram usados para triagem por um dos pesquisadores. Após a triagem inicial, os resumos também foram lidos pelo pesquisador principal. Em primeira análise dos arquivos encontrados, 150 artigos foram excluídos por estarem duplicados. Após a exclusão de duplicidades, analisou-se o perfil da amostra utilizada nos estudos a partir dos resumos, e 96 foram excluídos da próxima etapa por tratarem do consumo de álcool em amostras de não trabalhadores (estudantes, trainees, residentes). Após a leitura dos resumos, selecionaram-se aqueles que abordavam a hipótese de trabalho e que abrangiam os efeitos, o panorama e a contextualização em diferentes amostras e países. Ao final dessa etapa, foram selecionados 27 artigos, que satisfizeram todos os critérios de inclusão. Esse processo está detalhado na Figura 1.

 

 

Os artigos que atenderam aos critérios de inclusão foram incluídos para a análise qualitativa dos dados, e os resultados foram, primeiramente, discutidos entre três pesquisadores para refinamento de definições e das informações a serem coletadas. Após essa etapa, um dos pesquisadores realizou a conferência dos dados coletados de forma independente. Por conseguinte, a fim de realizar uma avaliação metodológica de qualidade, visando à excelência no nível dos artigos que iriam compor a revisão em si, os artigos foram analisados quanto introdução, método (com referência à descrição detalhada da amostragem, à obtenção dos dados e à análise dos mesmos), resultados e discussão. Para os artigos selecionados, realizou-se a leitura irrestrita deles, e houve o fichamento dos dados principais: título, autor, objetivo, desenho do estudo, população, método, resultados, implicações e limitações. Para a análise qualitativa, adotou-se a análise de conteúdo que, segundo Vergara (2005), é utilizada no tratamento de dados para identificar o que vem sendo dito acerca de determinado tema. A análise de conteúdo foi realizada por meio da discussão por quatro pesquisadores, em que se elencaram as categorias que apareceram com maior frequência, considerando ainda aspectos particulares que surgiram mediante a análise de dados. Logo após, duas pesquisadoras utilizaram a estratégia de categorização que, segundo Bardin (2008), é um processo de divisão dos componentes dos textos analisados em categorias, uma operação de cunho estruturalista que comporta duas etapas: o inventário (isolar elementos) e a classificação (repartir os elementos, fornecendo organização às escritas).

 

Resultados

É de vital importância compreender as causas do consumo de álcool pelos funcionários. Coadunando com essa perspectiva, foram realizados diversos estudos nos últimos dez anos, tanto prospectivos exploratórios transversais quanto de correlação e longitudinais. Nas bases de pesquisa utilizadas para a busca, é possível identificar que o tema continua a ser explorado ao longo dos anos. A publicação anual nessas bases mantém a média de 13,91 artigos por ano: 2008 (17 artigos), 2009 (27), 2010 (12),2011 (24), 2012 (12),2013 (10), 2014 (11), 2015 (19), 2016 (15), 2017 (3).

Sobre a metodologia adotada, no que se refere ao desenho do estudo, encontram-se os seguintes tipos: amostragem aleatória estratificada, randomizada, desenho correlacional descritivo e amostragem aleatória simples. Quanto aos instrumentos para mensuração do uso de álcool, foram encontrados diferentes instrumentos de pesquisa, como Audit (Considine et al., 2017), Avaliação Rápida do Consumo de Álcool (FACE) e autorrelato (Nielsen, Finne, Christensen, & Knardahl, 2015). Já a satisfação é avaliada com outros construtos teóricos, como escalas de Distresse Kesseler 10 (Considine et al., 2017), General Nordic Questionnaire for Psychological and Social Factors at Work - QPSNordic - (Nielsen et al., 2015), Psychosocial Leave-Behind Questionnaire, autorrelato ou escalas criadas por Nelson et al. (2015).

Para melhor definição dos dados, os 27 artigos foram alocados em três categorias de análise: 1. satisfação/insatisfação com o trabalho, 2. uso de substâncias no ambiente de trabalho e 3. trabalho e questões de saúde, conforme Quadro 1.

Satisfação/insatisfação com o trabalho

Na categoria "satisfação/insatisfação com o trabalho", foram alocados sete artigos que sinalizavam o trabalho como desfecho principal. As pesquisas sobre a temática também foram realizadas em diferentes países. Estudos realizados na França com uma amostra de 4.825 trabalhadores - por meio de entrevista telefônica na qual eram questionados aspectos relacionados às condições de trabalho, à satisfação no trabalho, às demandas psicológicas e à carga de trabalho mental, às demandas físicas, à decisão e ao horário de trabalho - relataram forte insatisfação em relação a condições de trabalho não saudáveis e também mais frequência de dependência do tabaco, dependência potencial do álcool e estresse percebido (Peretti-Watel, Constance, Seror, & Beck, 2009).

Dentre os artigos analisados, alguns estudos específicos encontraram resultados negativos quanto à associação entre as dimensões do trabalho e o uso de álcool, mesmo que não investigada objetivamente a satisfação no trabalho. Em estudo longitudinal e de saúde nos Estados Unidos com 2.902 trabalhadores, por exemplo, investigou-se a associação entre a tensão e o uso indevido de álcool entre idosos atualmente empregados, a qual foi indicada pelo desequilíbrio do estresse e da satisfação. Alto estresse no trabalho combinado com alta satisfação no trabalho e baixo estresse no trabalho combinado com baixa satisfação no trabalho também foram associados a sintomas depressivos em menor grau. Entretanto, a tensão de trabalho não estava relacionada com o consumo moderado ou pesado (Mezuk, Bohnert, Ratliff, & Zivin, 2011).

Já para trabalhadores de universidades, foram encontrados dois estudos que exploraram a correlação entre as variáveis. Berger, Sedivy, Cisler, & Dilley (2008) testaram um modelo de mediação de estressores do ambiente de trabalho, satisfação no trabalho e status de consumo de funcionários sindicais de apoio administrativo e funcionários de manutenção de uma grande universidade pública urbana. Especificamente, a diminuição da satisfação no trabalho foi examinada como um mediador pelo qual os estressores podem estar ligados a problemas de alcoolismo. As vulnerabilidades sociais individuais também foram examinadas como preditores de consumo de problemas dos funcionários. Embora os resultados não tenham apoiado o papel da satisfação no trabalho ao associarem os estressores do ambiente de trabalho ao problema de consumo de álcool, as demais variáveis de interesse do estudo foram associadas de forma significativa e direta ao status de consumo problemático (Berger et al., 2008).

Ainda com relação a trabalhadores de universidade, Lindfelt, Ip e Barnett (2015) analisaram, em uma faculdade de farmácia dos Estados Unidos, a satisfação profissional, o estilo de vida e os níveis de estresse por meio de questões sobre a instituição acadêmica dos entrevistados e o status de nomeação, traços de estilo de vida, satisfação profissional, equilíbrio da vida profissional, diagnósticos neurológicos e psiquiátricos, uso de drogas ilícitas, álcool e tabaco. Foram encontrados níveis mais baixos de satisfação quando existia a percepção de pouco equilíbrio entre vida e trabalho, além de níveis de estresse comparáveis a população em geral (Lindfelt et al., 2015).

Estudos metodologicamente sólidos são necessários para nos ajudar a entender os aspectos positivos da relação profissão, ambiente de trabalho e hábitos de saúde. Além de correlações da satisfação no trabalho e do uso de álcool, alguns autores exploraram outras variáveis que tinham relação direta ou indireta com as últimas citadas. Com relação ao estresse, encontraram-se estudos que analisaram a satisfação no trabalho e o uso de álcool (Moore, Sikora, Grunberg, & Greenberg, 2007; Peltzer, Shisana, Zuma, Van Wyk, & Zungu-Dirwayi, 2009; Yun & Lee, 2015), cujos resultados variaram conforme a amostra. Os estudos realizados na Lituânia afirmaram que controle do trabalho, baixo apoio social, eventos fatais, baixa atividade física, excesso de peso, obesidade, sofrimento mental, insatisfação no trabalho e fraco senso de coerência foram associados à avaliação negativa de saúde entre enfermeiras (Malinauskiene, Leisyte, Romualdas, & Kirtiklyte, 2011).

Nelson et al. (2015) encontraram relação entre gravidade de transtornos psiquiátricos e maior insatisfação no trabalho. A maior carga de sintomas psiquiátricos foi associada a respostas mais baixas no desempenho e na satisfação no trabalho, o que é consistente com outras pesquisas que mostram o funcionamento reduzido do trabalho entre indivíduos com sintomas psiquiátricos mais graves.

Apesar de a satisfação não ser tomada como variável principal, há vários estudos que exploram itens que a compõem, e ela aparece associada a demanda de trabalho, estresse, distresse e bournout. Frone (2008, 2009), por exemplo, realizou dois estudos com amostras expressivas nos Estados Unidos para identificar o impacto das características do trabalho sobre o uso de álcool. O primeiro estudo, com amostra de 2.790 trabalhadores, contou com uma ampla pesquisa transversal sobre saúde e segurança no local de trabalho, na qual foram exploradas as relações de estressores (sobrecarga e insegurança no trabalho) para o uso de álcool e drogas ilícitas. O principal objetivo era investigar a importância do contexto temporal (antes, durante o dia e após o trabalho) na avaliação do uso de substância em comparação com as avaliações livres de contexto. Os resultados apoiaram apenas a relação dos estressores do trabalho com o consumo de álcool e drogas ilícitas antes do trabalho, durante a jornada de trabalho e após o trabalho apenas em recorte temporal.

Uso de substâncias e trabalho

Nessa categoria, foram alocados 13 artigos que relataram o uso de álcool e de outras drogas no ambiente de trabalho. Os estudos variaram quanto à temática abordada, pois o uso de substâncias foi investigado em relação a clima de trabalho, normas permissivas, doenças psiquiátricas, entre outros. Quanto ao uso de substâncias, percebe-se que o álcool corresponde à grande parte dos artigos encontrados: dez (77%) artigos apontaram o uso de álcool no local de trabalho, e somente três (23%) citaram outras substâncias psicoativas.

Também na França, em outro recorte temporal e com amostra de 13.241 trabalhadores entrevistados por telefone, avaliaram-se as associações de emprego em curto prazo, demandas ocupacionais físicas e psicológicas, insatisfação no emprego em relação ao abuso de álcool (usando o teste Audit-C) e tabagismo diário entre homens e mulheres franceses em diferentes faixas etárias. Por meio dos resultados das análises de regressão, os autores concluíram que o abuso de álcool afetou 20,4% dos homens e 7,5% das mulheres. Seus padrões de associação com os fatores ocupacionais variaram de gênero e idade. A insatisfação no trabalho foi o principal fator entre os homens jovens (odds ratio ajustado para abuso de álcool e tabagismo: 1,71 e 2,02), enquanto o emprego em curto prazo foi o principal fator entre mulheres jovens (1,69 e 1,58), sendo esse padrão revertido em gerações mais velhas. Isso equivale a dizer que os trabalhadores com emprego em curto prazo e com altas demandas ocupacionais estão sujeitos a um maior risco de abuso de álcool e tabagismo com altas disparidades de gênero e idade (Legleye, Baumann, Peretti-Watel, Beck, & Chau, 2011).

Entretanto, quando se analisaram as variáveis em estudo longitudinal, os resultados de um conjunto abrangente de análises transversais e prospectivas, tanto na amostra principal quanto em subgrupos específicos, proporcionaram pouco suporte para o modelo teórico proposto. Assim, enquanto as demandas de emprego e o controle do trabalho estavam relacionados ao consumo de álcool, eles parecem ter pouco impacto direto, indireto e condicional no uso de álcool ao longo de um período de dois anos (Frone, 2008).

Já em seu segundo estudo nos Estados Unidos com 2.051 empregados que não se envolvem em álcool nem utilizam drogas, Frone (2009) explorou as relações de múltiplas dimensões do clima permissivo para o uso de substâncias (disponibilidade de substâncias, normas descritivas no local de trabalho e normas legais no local de trabalho) para perceber a segurança no local de trabalho, a tensão e a moral dos funcionários entre aqueles que não usam álcool ou drogas no trabalho. Os resultados mostraram que as três dimensões do clima de uso da substância no local de trabalho estavam negativamente relacionadas à segurança no local de trabalho, positivamente relacionadas à tensão de trabalho e negativamente relacionadas à moral dos funcionários. Esses resultados sugerem que um clima permissivo para o uso de substâncias no trabalho pode ter maior relevância para a maioria dos funcionários que não usam álcool e drogas no trabalho (Frone, 2009).

Os modelos de Frone foram utilizados em outra pesquisa realizada mais recentemente. Nielsen et al. (2015), em estudo prospectivo para investigar as demandas de emprego como preditores de sofrimento psicológico e consumo de álcool, embasa-ram-se na estrutura conceitual de Frone para um modelo moderado de mediação sobre o uso de álcool e as demandas de trabalho. Os resultados reportaram que as demandas de emprego tiveram uma associação transversal indireta com o uso de álcool por meio do sofrimento psicológico, e essa associação foi moderada pelo controle do trabalho. As análises de dados prospectivos na amostra global não forneceram evidências de relações diretas, indiretas ou moderadas entre demandas de emprego e o uso de álcool dois anos depois (Nielsen et al., 2015).

A influência também foi encontrada em uma amostra aleatória de 569 trabalhadores operacionais de nove instalações diferentes de uma das maiores empresas de fabricação de Israel. Os resultados de análises de regressões parcialmente confirmaram descobertas anteriores relatadas na América do Norte, com uma taxa aumentada de uso de substância entre aqueles que percebem normas de beber mais permissivas, capacidade menor do supervisor para lidar com problemas de uso de substância, maior exposição a riscos de trabalho e níveis mais baixos de interações de colegas (Biron, Bamberger, & Noyman, 2011).

O consumo de substâncias em relação ao desempenho (Gay, Houdoyer, & Rouzaud, 2008), o clima de trabalho e estados de saúde psicológicos, como estresse, depressão e ideação suicida, também foram analisados. Na Finlândia investigou-se se o clima da equipe no trabalho estava associado a distúrbios depressivos, de ansiedade, uso de álcool e medicação antidepressiva subsequente em uma amostra aleatória de funcionários. Os resultados mostraram que o clima de equipe pobre no trabalho foi significativamente associado a transtornos depressivos, mas não a distúrbios do uso de álcool.

Outras variáveis que também são tomadas como passíveis de associação são as dimensões específicas do trabalho, com destaque para clima de trabalho, tensão laboral, relacionamento da equipe e uso de substâncias para melhoria do desempenho. Malinauskiene et al. (2011) e Moore et al. (2007), ao analisarem o uso de álcool e os modelos de comportamentos, constataram que o tratamento desrespeitoso demonstrou a relação mais forte com todas as medidas de álcool e consistente com pesquisas anteriores. Entretanto, os autores não conseguiram encontrar fortes associações entre o estresse no trabalho e o uso de álcool.

Especificidades em grupos profissionais de atividades de mineração também foram pesquisadas acerca dos níveis de angústia psicológica, e obtiveram-se resultados positivos para a associação entre satisfação, características do trabalho e uso de álcool (Considine et al. 2017). Os níveis de angústia psicológica dentro dessa amostra foram significativamente maiores em comparação com uma amostra de australianos empregados. Os seguintes fatores contribuíram para níveis de angústia psicológica: redes sociais mais baixas; história passada de depressão, ansiedade ou problemas de drogas/álcool; alto uso recente de álcool; papel dos gerentes; e um conjunto de características de trabalho - nível de satisfação, fatores financeiros e insegurança no trabalho, percepção de menor suporte no local de trabalho para pessoas com problemas de saúde mental (Considine et al., 2017).

Resultado similar, em que as características do trabalho não estão associadas ao uso de álcool, também foi encontrado na Espanha, em estudo transversal entre 8.736 funcionários com mais de 18 anos sobre o horário de trabalho (manhã, tarde, noite, horário parcial, horas reduzida e trabalho por turnos) e hábitos de fumar e beber, considerando também a satisfação no trabalho. Apesar de o consumo moderado de álcool ter sido encontrado em 54,8% dos trabalhadores e consumo excessivo em 1,5%, a maioria dos bebedores moderados e pesados trabalhava em tempo parcial, mas nenhuma dimensão do trabalho foi significativamente associada ao consumo de álcool (Garcia-Diaz, Fernandez-Feito, Aria, & Lana, 2015).

Também se realizaram pesquisas sobre a relação entre uso de álcool e satisfação com o trabalho em estudos com aposentados e profissionais considerados veteranos, que demonstraram que o trabalho está associado a sintomas depressivos elevados em contraste com os resultados das investigações de trabalhadores mais jovens. Deve-se destacar, entretanto, que a tensão do trabalho não estava relacionada com o uso indevido de álcool (Mezuk et al., 2011). Outra parcela dessas pesquisas tem como enfoque grupo de profissionais da área de segurança, como bombeiros, policiais e guardas. Os resultados das investigações avaliaram uso perigoso de álcool entre esses grupos de profissionais (Nelson et al., 2015; Mehrazmay, Karambakhsh, Salesi, Heydari, & Ahmadi, 2015; Yun & Lee, 2015).

Trabalho e questões de saúde

Nessa categoria, foram alocados seis estudos que discutiram a relação entre ambiente de trabalho e saúde. Em relação aos estudos analisados, percebe-se que o tema saúde está predominantemente relacionado à saúde mental no trabalho. Sobre as variáveis de desfecho, três estudos (28,57%) citaram diretamente o tema burnout relacionado a outras questões de saúde mental, e os demais estudos variaram quanto à temática de depressão, ansiedade, suicídio, estresse, entre outros. O burnout parece ser um problema comum em profissionais da saúde e está associado a indicadores pessoais e de carga de trabalho, e especialmente à satisfação no trabalho, à intenção de mudar de emprego, ao uso de álcool e tabaco e à medicação (Rath, Huffman, Phillips, Carpenter, & Fowler, 2015; Rosta & Aasland, 2013; Soler et al., 2008). A pesquisa com esses grupos se destaca, pois as intervenções voltadas para melhorar a qualidade de vida, o tratamento da depressão ou o abuso de álcool poderão ter impacto no burnout (Rath et al., 2015). Entretanto, estudo similar realizado na Jamaica, em que se avaliaram o estado atual e as práticas de manutenção da saúde entre médicos e enfermeiros com relação ao uso de álcool, não foi considerado uma estratégia de enfrentamento para o burnout (Lindo, LaGrenade, McCaw-Binns, & Eldemire-Shearer, 2009).

A saúde mental é avaliada também sobre a manifestação de ideação suicida, e o baixo controle do trabalho nos homens pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de ideias suicidas entre os trabalhadores de vendas e serviços na Coreia (Yoon & Jeung, 2016). Malinauskiene et al. (2011) também confimam que o esgotamento emocional e os domínios de despersonalização do burnout foram fortemente associados ao abuso ou à dependência do álcool.

 

Discussão

Embora os estudos tenham encontrado evidências de que certas condições do local de trabalho nas empresas possam servir como fatores de risco para o consumo de álcool e drogas ilícitas, pouco se sabe quanto à generalização desses achados para empresas de outros países. Os resultados dos artigos são diversificados, pois dependem do perfil de trabalho da amostra e há outras variáveis confundidoras com a satisfação no trabalho. Para o modelo mediador proposto por Frone, essa diferença pode ser explicada por duas limitações inerentes e importantes no modelo de causa-efeito simples, o que dificulta a compreensão de como fatores de trabalho influenciam o uso de álcool. Existe ainda a probabilidade de que os funcionários que não possuem certos recursos ou têm certas vulnerabilidades usarão álcool para lidar com estressores do trabalho. Por exemplo, enquanto alguns estudos relataram relações diretas entre altos níveis de demanda de trabalho e aumento do consumo de álcool, é possível que essa associação dependa de fatores moderadores, como personalidade, estilos de enfrentamento, pontos de vista religiosos, controle de trabalho, apoio social ou ambiguidade de função (Nielsen et al., 2015).

Grande parcela dos estudos direciona-se para atividades consideradas de alta demanda emocional. Com base na teoria motivacional de Herzberg, uma das formas de influenciar fatores motivadores intrínsecos ao próprio trabalho, ou seja, satisfação com o conteúdo do cargo, é a possibilidade de novas aprendizagens, feedback a respeito do desempenho, capacidade de programação do próprio trabalho, controle de recursos, responsabilidade pessoal e singularidade, isto é, o trabalho deve ter qualidades e características únicas (Robbins, 2009). É reduzido o número de pesquisas que investigam a satisfação com fatores em trabalhos burocráticos ou de serviços públicos e o consumo de álcool.

Revisar as pesquisas recentes traz à tona novas implicações teóricas que despertam atenção para pesquisas futuras. O trabalho é inquirido sob a perspectiva de que hipoteticamente está vinculado ao adoecimento e a hábitos não saudáveis, e o reflexo dessa perspectiva é que neste recorte não foram encontrados estudos em que a satisfação no trabalho pode ser identificada como fator protetor ou de enfrentamento para o consumo de risco e da dependência, ou que a insatisfação possa ser um fator de risco. Corrobora essa diferença de resultados o fato de haver poucos estudos longitudinais, não permitindo relações de causa e efeito positivas e importantes, e várias verificações de robustez e análises de sensibilidade demonstraram que os achados não podem ser totalmente explicados por variáveis omitidas, causalidade reversa ou desgaste da amostra.

Em levantamento com trabalhadores que procuravam o serviço de saúde, verificou-se que o consumo de substâncias para o trabalho no último mês, as características socioprofissionais, os níveis de estresse, a satisfação no trabalho e o uso de substâncias lícitas e ilícitas para o comportamento de melhoria do desempenho no trabalho são frequentes e causam o consumo variado e repetido. Esses riscos podem representar uma passagem para o comportamento aditivo. Entretanto, muitos dos trabalhadores que bebem excessivamente podem estar ausentes da força de trabalho (Mezuk et al., 2011). Com relação a estudos com profissionais de universidades, encontraram-se apenas dois artigos. Esses resultados evidenciam que ainda há oportunidades para análises de correlação com novas amostras, em razão das especificidades de cada tipo de trabalho e cada país. Há poucos estudos com o perfil de trabalhadores de instituições de ensino, particularidades do serviço público e da carreira.

Diversos campos da ciência lançaram lentes de investigação sobre a variável satisfação no trabalho sob diversas perspectivas: sociológica, empresarial, de comportamento organizacional, de saúde e psicológica. O enfoque nessa dimensão do trabalho se deve a várias razões. Em primeiro lugar, a variável satisfação no trabalho está relacionada ao fato de que o assunto é relevante para os estudiosos interessados na avaliação subjetiva das condições de trabalho (por exemplo, características do emprego). Em segundo, porque essa variável é relevante para os gestores e pesquisadores interessados em resultados organizacionais, tais como comprometimento organizacional, absenteísmo, sabotagem, volume de negócios ou intenções de parar o trabalho. E em terceiro, por supor que essa variável traz implicações importantes, uma vez que é uma construção multidisciplinar e eterna que abrange todas as profissões, trabalhos e contextos (Spagnoli, 2012).

Embora seja de reconhecimento a impossibilidade de um modelo teórico que abarque a gama de variáveis intervenientes no uso de álcool, diante da relevância do tema e do fato de que não foram localizadas nesta revisão sistemática publicações nacionais que relacionassem as variáveis, há oportunidades de buscar modelos mais abrangentes, pois, apesar de ser de conhecimento que salários, horas de trabalho, autonomia dada aos funcionários, estrutura organizacional e comunicação entre funcionários e gerentes podem afetar a satisfação no trabalho (Anne, 2014), há poucos estudos que permitam fazer generalizações sobre o tema. Para resolver essas lacunas, há a necessidade de estudos em que a satisfação seja definida como um construto conceitual específico, dissociado de burnout, estresse, depressão. Esta, a despeito de ser avaliada, pouco foi elucidada conceitualmente nos artigos analisados. Converge para esta conclusão a oportunidade de uso de instrumentos específicos, e, como propõe Mezuk et al. (2011), uma alternativa de análise em futuras pesquisas seria explorar a influência cognitiva.

 

Considerações finais

A contribuição deste artigo está em possibilitar a reflexão sobre até que ponto o trabalho, mais precisamente a satisfação no trabalho, é mediador de uso de risco do álcool e hábitos de vida. Os resultados encontrados reafirmam a necessidade de explorar o tema para traçar ações e estratégias de intervenção individuais e também no contexto do trabalho, pois a saúde mental é imprescindível para o completo bem-estar. Assim como todos os artigos revisados, este também passa por limitações, pois a revisão de literatura pressupõe recortes temporais sobre os construtos a serem investigados, correndo o risco de não abranger estudos relevantes realizados anteriormente, e há a restrição do idioma em português, inglês e espanhol, excluindo outros artigos que pudessem abarcar essas discussões, bem como a limitação da busca de três bases.

Quando se fazem as análises sobre correlações entre a variável satisfação no trabalho e uso de álcool, percebe-se que entre os artigos há uma gama de outras variáveis que intermedeiam essa relação, mas há ainda a necessidade de definir o conceito de satisfação no trabalho, o que compõe essa variável, para então dimensioná-la de modo padronizado, permitindo avaliações mais complexas. Compreender evidências sobre a extensão dos problemas de saúde mental e as características associadas dentro de uma população de funcionários é necessário para informar programas adequados e personalizados de saúde mental.

 

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Endereço de correspondência:
Isabela de Matos Alves Mendonça Luquini
Rua Nossa Senhora de Lourdes, 135, Bairro Lourdes
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Submissão: 12.12.2017
Aceite: 27.7.2018

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