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Psicologia: teoria e prática

Print version ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.22 no.1 São Paulo Jan./Apr. 2020

http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/psicologia.n21n3p22-27 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

Marina Monzani da Rocha

Editora interina da revista Psicologia: Teoria e Prática

 

 

Prezados leitores,

É um imenso prazer apresentar o primeiro número do 22° volume da revista Psicologia: Teoria e Prática. Mantendo nossa política editorial de internacionalização, todos os artigos publicados no presente número estão disponibilizados em português e inglês. Dessa forma, buscamos ampliar o alcance do trabalho realizado pelos autores e também mantemos acessível a produção científica aos leitores brasileiros. Classificada no estrato A2 na área de Psicologia pelo sistema Qualis-Periódicos (referente ao quadriênio 2013-2016) e indexada em diversas bases de dados, a revista isenta os autores de taxas de publicação e oferece livre acesso a eles, com o propósito de ampliar as possibilidades de divulgação e acesso ao material científico de qualidade.

No presente número, são apresentados 12 artigos originais distribuídos nas cinco seções temáticas da revista: quatro em Avaliação Psicológica, dois em Desenvolvimento Humano, quatro em Psicologia Social, um em Psicologia e Educação e um em Psicologia Clínica. É importante destacar que as publicações envolvem trabalhos realizados por pesquisadores localizados nas cinco regiões do país, além de uma pesquisadora vinculada a uma universidade canadense, evidenciando a abrangência do periódico.

O primeiro artigo da seção Avaliação Psicológica, "Análise de estrutura interna do Inventário de Depressão Maior (MDI)", de Makilim N. Baptista, Gabriela S. Cremasco e Felipe Augusto Cunha (Universidade São Francisco) e Samira R. Marcon e Hugo G. B. dos Santos (Universidade Federal de Mato Grosso), apresenta as qualidades psicométricas do Inventário de Depressão Maior (MDI) com base na Teoria Clássica dos Testes (TCT) e na Teoria de Resposta ao Item (TRI). Ainda que todos os parâmetros psicométricos tenham sido respeitados seguindo a TCT, isso não foi observado com relação à TRI, o que faz com que os autores sugiram novos estudos para ampliar a compreensão da estrutura desse instrumento mundialmente utilizado para rastreio de depressão.

Marco A. P. Teixeira e Sergio Armando López Castillo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresentam, no artigo "Adaptação ao português brasileiro do O*NET Interests Profiler - Short Form", análises de evidências de validade para o instrumento O*NET Interests Profiler - Short Form, que avalia interesses vocacionais. Os resultados dão suporte para a validade do instrumento no Brasil, ainda que os autores sugiram cautela para o uso clínico em contextos de orientação vocacional.

No artigo "Instrumentos de avaliação do estigma percebido e estigma experienciado na doença mental: uma revisão sistemática", Nicolas de Oliveira Cardoso, Breno Sanvicente Vieira, Isabela de Mattos Vieira Ferracini e Irani Iracema de Lima Argimon, das instituições Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, apresentam um trabalho de investigação sobre os instrumentos mais utilizados na mensuração do estigma da doença mental (EDM) percebido e experienciado por adultos. A revisão sistemática evidenciou cinco instrumentos comumente utilizados para medir o EDM. Os autores discutem a importância de usar instrumentos bem estabelecidos na literatura e realizar estudos nacionais, já que não há, para nenhum dos instrumentos investigados, estudos de validação para a população brasileira.

Finalizando a seção Avaliação Psicológica, o artigo "Propriedades psicométricas da Escala de Engajamento no Trabalho de Professores (EEP)", de Domingos I. da Silva Júnior, Maria Cristina Ferreira e Felipe Valentini, da Universidade Salgado de Oliveira, reúne evidências de validade da Escala de Engajamento de Professores (EEP) no contexto brasileiro, como confirmação da estrutura fatorial do instrumento e da invariância para sexo, tipo de aplicação (presencial ou on-line), faixa etária e tempo de docência. Os autores concluem que as boas qualidades psicométricas da escala permitem seu uso em estudos que investiguem o engajamento em professores.

A seção "Desenvolvimento Humano" traz dois estudos empíricos originais. O primeiro deles, intitulado "Associações entre responsividade materna em função da prole e desenvolvimento motor", foi realizado pelas pesquisadoras Paula Cristina S. Mesquita, Daniela D. Siqueira, Marilice F. Garotti e Ivete F. R. Caldas, da Universidade Federal do Pará. A partir da observação de díades de mães e bebês prematuros, as autoras verificaram que a qualidade da responsividade materna está associada com o desenvolvimento motor fino adaptativo e com o desenvolvimento motor grosseiro no primeiro ano de vida. Além disso, constataram que a responsividade é maior em mães primíparas e primíparas com filhos gemelares do que em mães multíparas. As autoras discutem a importância do ambiente social no desenvolvimento infantil.

O artigo "Problemas de comportamento, ansiedade e habilidades sociais de crianças pré-escolares", de Aline Francine C. Vaz, Alessandra B.Motta (Universidade Federal do Espírito Santo) e Larissa Z. P. Figueredo (Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação), aborda indicadores comportamentais, de ansiedade e de habilidades sociais em pré-escolares na perspectiva de múltiplos informantes: responsáveis e professoras. As autoras indicam índices dentro do esperado para problemas comportamentais e ansiedade, ainda que haja divergência entre os informantes. Na discussão, é enfatizada a relação entre ansiedade, problemas comportamentais e habilidades sociais, bem como a implicação dos resultados na elaboração de intervenções e de propostas preventivas no ambiente escolar.

Rafael Cardoso de Brito e Berenice Carpigiani, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no artigo "A psicodinâmica do preconceito: Revisão bibliográfica", discorrem sobre o preconceito em uma perspectiva psicanalítica, apresentando-o como mecanismo de identificação voltado à manutenção das boas relações objetais e à coesão narcísica do self ante a ameaça de sua destruição pela sensação da ambivalência. Os autores compreendem que o preconceito apresenta a função de proteger as identificações que compõem o self do indivíduo por meio de mecanismos de defesa que colocam tanto a origem e o produto das angústias no diferente.

O artigo "A compreensão da política por militantes do movimento trans alagoano", de Carolina C. Lins e Marcos R. Mesquita, da Universidade Federal de Alagoas, apresenta os resultados de entrevistas semiestruturadas realizadas com integrantes da Associação das Travestis e Transexuais de Alagoas (Asttal), com o objetivo de verificar a visão dessas sujeitas sobre a política. A análise do conteúdo evidenciou três dimensões: política institucional, partidária; política específica do movimento LGBT; e política associada à cidadania e às políticas públicas. O trabalho merece destaque por dar voz a um movimento social composto por minorias sexuais no Nordeste brasileiro.

No artigo "Extimidade virtual e conjugalidade: possíveis repercussões", as pesquisadoras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Carolina Mendes-Campos, Terezinha Féres-Carneiro e Andrea S. Magalhães apresentam o resultado de um trabalho de investigação sobre as possíveis repercussões da intimidade observada no espaço da internet, a "extimidade virtual", na vivência da conjugalidade de hoje. A partir da análise do conteúdo de entrevistas com pessoas casadas e usuárias do Facebook, as autoras identificaram a imbricação entre os fragmentos "êxtimos" e os dramas da intimidade do casal. A discussão do artigo traz à tona a perspectiva de que a sociedade atual não vivencia uma dicotomia entre o mundo virtual e o real, mas sim uma nova forma de viver que une os dois campos de experiência.

Finalizando a seção Psicologia Social, uma discussão sobre a possibilidade do uso da poesia como oportunidade de criação, partilha e reconhecimento social, bem como de retomada de memórias e reflexões acerca dos estigmas, foi apresentada por Camila Maria Chiquetto (Hospital Maternidade Escola Doutor Mário de Moares Altenfelder Silva) e Claudia Stella (University of British Columbia) no artigo "Poetizando após os sessenta: Uma experiência sobre o envelhecer". No trabalho, há relatos descritivos dos encontros realizados com dez mulheres com mais de 60 anos, os quais são analisados nas categorias: a oficina como espaço de apropriação, convívio e reflexão das participantes; sociedade e possibilidade de uma postura ativa no envelhecimento; a apropriação do corpo no envelhecer: vivências e críticas ao modelo estético; memória: recordações e significados

A seção Psicologia e Educação apresenta o artigo "Centro de aprendizagem e desenvolvimento: estudo de caso interdisciplinar em ABA", de Priscila Benitez, Isis Albuquerque, Nathalia V. Manoni, Ricardo M. Bondioli (Universidade Federal de São Carlos) e Ana Flávia Ribeiro (Universidade de Franca). No trabalho, cujo objetivo foi descrever um estudo de caso de transtorno do espectro autista (TEA) atendido por uma equipe interdisciplinar na perspectiva analítico-comportamental, os autores evidenciam a possibilidade de construção conjunta do currículo de ensino da criança que inclua a psicologia, pedagogia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, destacando a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) como ciência transversal que perpassa os campos de atuação dos diferentes profissionais. São discutidas as implicações da aplicação de um currículo de ensino estruturado, individualizado e diversificado para o ensino efetivo à criança com TEA e a importância do envolvimento dos pais e da criança nesse tipo de intervenção.

A seção Psicologia Clínica apresenta o artigo "Programas de orientação de pais em grupo: Uma revisão sistemática", no qual as autoras Thaís B. Benedetti, Isabela P. Rebessi e Carmen Beatriz Neufeld, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, comparam os resultados obtidos em 20 estudos publicados nos anos de 2013 a 2018 sobre intervenções realizadas em programas em grupo para pais, cuidadores ou familiares, grupos de treinamento/orientação, de promoção/prevenção de saúde, que apresentavam no mínimo de quatro sessões. As autoras destacam as semelhantes e diferenças dos trabalhos realizados e a efetividade das intervenções na melhoria da comunicação entre pais e filhos, no aumento do uso de práticas parentais positivas, na redução de práticas negativas e na ampliação da capacidade de autorregulação emocional. Com isso, discutem a importância desse tipo de intervenção no tratamento e na prevenção e promoção de saúde na infância.

Meus sinceros agradecimentos a todos os envolvidos na publicação deste número: autores, pareceristas, equipe editorial, gestores e funcionários. Nosso trabalho não teria a mesma qualidade sem o empenho e a dedicação de cada um de vocês.

Boa leitura!

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