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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.22 no.2 São Paulo maio/ago. 2020

http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/psicologia.v22n2p317-337 

ARTIGOS
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO

 

O perfeccionismo dos atletas está associado ao desempenho de equipes de futsal?

 

 

José Roberto A. do Nascimento JuniorI; Roseana P. R. BatistaI; Adson A. da SilvaI; Carla Thamires L. GranjaI; Lenamar FioreseII; Leonardo de S. FortesIII

IUniversidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Petrolina, PE, Brasil
IIUniversidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá, PR, Brasil
IIIUniversidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo investigou a associação entre o perfeccionismo de 140 atletas e o desempenho de equipes de futsal. Os atletas foram divididos em dois grupos: medalhistas (n = 29) e não medalhistas (n = 111). Os instrumentos foram a Escala Multidimensional de Perfeccionismo-2 e os boletins dos jogos para a coleta dos indicadores de desempenho (gols marcados/sofridos, número de vitórias/derrotas e pontos somados na competição). A análise dos dados foi conduzida por meio dos testes de Mann-Whitney, correlação de Spearman e Path Analysis. Os resultados revelaram que os atletas não medalhistas apresentaram mais dúvidas na ação (p = 0,008). Os esforços perfeccionistas apresentaram associação positiva com os gols marcados (β = 0,17) e negativa com os gols sofridos (β = -0,23) nos jogadores medalhistas, enquanto as preocupações perfeccionistas apresentaram associação negativa (β > -0,20) com os indicadores de desempenho dos jogadores não medalhistas. Concluiu-se que o perfeccionismo adaptativo pode ser considerado um fator interveniente no desempenho coletivo no futsal, principalmente em equipes bem-sucedidas.

Palavras-chave: personalidade; desempenho; esporte; Psicologia do Esporte; perfeccionismo.


 

 

1. Introdução

O perfeccionismo pode ser considerado como uma disposição multidimensional da personalidade que interfere em domínios da vida de uma pessoa ao longo de sua existência (Stoeber, 2018) e, talvez por isso, gera muita curiosidade e investigação, especialmente no âmbito esportivo (Hill & Madigan, 2017; Stoeber, 2018). No caso de ser conceituado com uma disposição da personalidade, compreende-se o perfeccionismo como um fenômeno que pode ser aprendido e modelado pelas experiências da vida. Dessa forma, ele pode ser modificado ao longo do tempo por situações dadas pelo contexto social (Stoeber, 2018), diferentemente de quando é considerado um traço de personalidade, já que essas situações são vistas como gerais, estáveis e responsáveis por padrões consistentes de comportamento (Stoeber, Corr, Smith, & Saklofske, 2018). Atualmente o perfeccionismo é tido como um evento complexo associado a componentes pessoais e interpessoais que estabelece relações com diferentes fenômenos psicológicos, como o estresse e o bem-estar psicológico (Chang, 2006).

No contexto esportivo, o perfeccionismo apresenta-se como uma característica comum em atletas nos diferentes níveis competitivos (Dunn, Gotwals, & Dunn, 2005; Stoeber, 2014) e pode estar associado tanto ao engajamento em atividades esportivas e ao bem-estar esportivo (Jowett, Hill, Hall, & Curran, 2016; Vink & Raudsepp, 2018) quanto ao estresse e à desvalorização no esporte (Hill, 2013), afetando a saúde mental e o desempenho desses indivíduos (Stoeber, 2011). Segundo a perspectiva multidimensional, o perfeccionismo pode ser compreendido a partir de duas características principais: os esforços perfeccionistas e as preocupações perfeccionistas (Stoeber, 2014). Os aspectos adaptativos do perfeccionismo estão relacionados aos esforços perfeccionistas, correspondendo à tendência que as pessoas têm de estabelecer altos padrões para si e dar-lhes grande importância. Os esforços perfeccionistas estão associados com características, processos e resultados positivos, como o afeto positivo e a satisfação com a vida (Macedo, Marques, & Pereira, 2014). Já as preocupações perfeccionistas correspondem aos aspectos mal adaptativos do perfeccionismo, compreendendo elementos como preocupação com os erros, dúvidas sobre ações, perfeccionismo socialmente prescrito, expectativas dos pais e críticas parentais. Tal característica perfeccionista tem relação com características, processos e resultados negativos, podendo desencadear ocorrências psíquicas prejudiciais, como ansiedade, depressão e burnout, e levar ao adoecimento do atleta (Nixdorf, Frank, & Beckmann, 2016).

Pesquisas recentes apontam que os esforços perfeccionistas são comumente associados a aspectos positivos do comportamento, auxiliando os atletas a alcançar seu potencial dentro do esporte (Gotwals & Spencer-Cavaliere, 2014; Gould, Dieffenbach, & Moffett, 2002; Larkin, O'Connor, & Williams, 2015; Nascimento Junior, Vissoci, Lavallee, Codonhato, & Vieira, 2017). Já em relação às preocupações perfeccionistas, há um consenso entre os pesquisadores de que essa dimensão tende a ser positivamente relacionada a respostas mal adaptativas (Gotwals, Stoeber, Dunn, & Stoll, 2012; Hill & Madigan, 2017; Jowett et al., 2016). No entanto, os resultados comportamentais das preocupações perfeccionistas podem ser saudáveis quando interagem com níveis superiores de esforços perfeccionistas (Smith, Saklofske, Yan, & Sherry, 2015). Assim, entende-se o perfeccionismo como uma característica ambivalente que pode apresentar aspectos positivos e negativos ao mesmo tempo (Stoeber, 2011).

Em um estudo de Vieira, Nascimento Junior e Vieira (2013), que analisou as relações entre o perfeccionismo adaptativo e mal adaptativo e a coesão de grupo, os atletas que exibiram maior tendência ao perfeccionismo adaptativo apresentaram mais comprometimento individual com as tarefas e metas da equipe. Em outra pesquisa, Nascimento Junior et al. (2017) constataram que, quando mediado pela satisfação das necessidades psicológicas básicas, o impacto do perfeccionismo adaptativo sobre a coesão da equipe aumenta, enquanto diminuem os efeitos do perfeccionismo mal adaptativo.

Entender como o perfeccionismo interfere nos comportamentos dos atletas é importante na medida em que pode afetar o desempenho atlético tanto individualmente quanto em equipes esportivas (Hill, Stoeber, Brown, & Appleton, 2014). Madigan, Stoeber e Passfield (2017) verificaram que as duas facetas do perfeccionismo foram relacionadas às metas de desempenho, já que os esforços perfeccionistas apresentaram relações positivas com as metas de realização, enquanto as preocupações perfeccionistas foram orientadas para a evitação, demonstrando que as duas dimensões têm relações diferentes com o aproveitamento no esporte. Madigan, Hill, Anstiss, Mallinson-Howard e Kumar (2018) relacionaram o perfeccionismo ao desempenho de treinamento e constataram que os esforços perfeccionistas explicaram de forma positiva o desempenho dos atletas, enquanto as preocupações perfeccionistas não apresentaram relação com o comportamento do atleta. Os achados ainda indicaram que os atletas com altos níveis de esforços perfeccionistas superaram os atletas com níveis mais inferiores de esforços perfeccionistas em relação ao desempenho.

Ainda em relação aos esforços perfeccionistas, Larkin et al. (2015) investigaram as diferenças entre os atletas que possuem altos e baixos níveis dessa dimensão em relação ao envolvimento em atividades destinadas à melhora do próprio desempenho atlético. A pesquisa demonstrou que os atletas pertencentes ao grupo com altos esforços perfeccionistas investiram mais tempo na prática esportiva e no envolvimento indireto na atividade esportiva quando comparados com o grupo de atletas com baixos níveis de esforços perfeccionistas, indicando que os esforços perfeccionistas têm um efeito indireto positivo no desempenho.

No futsal, modalidade esportiva que exige alta preparação física, técnica e tática associada à capacidade de tomada de decisão para a otimização do desempenho, a utilização de indicadores, como número de finalizações, passes certos e errados, gols marcados e gols sofridos, é um bom parâmetro para compreender o desempenho de uma equipe (Ribeiro, Sousa, Rocha, Fernandes, & Moreira, 2013). Assim, considerando que ainda são escassas as investigações sobre a associação entre o perfeccionismo e o desempenho no esporte (Hall, Hill, & Appleton, 2012; Stoeber, 2012), esta pesquisa pretende explorar tal lacuna e torna-se relevante na medida em que se propõe compreender como uma disposição da personalidade - no caso, o perfeccionismo - pode afetar o desempenho das equipes, avançando em relação à busca por diferenças individuais do perfeccionismo no esporte e na compreensão de como essas diferenças afetam o desempenho coletivo.

Diante disso, o presente estudo teve como objetivo investigar a associação entre as dimensões do perfeccionismo de atletas de futsal e os indicadores de desempenho das equipes durante uma competição. A hipótese é que os esforços perfeccionistas dos atletas, associados a características adaptativas do perfeccionismo, estão relacionados positivamente com o desempenho das equipes, principalmente para os atletas das equipes medalhistas, enquanto as preocupações perfeccionistas, associadas a características mal adaptativas do perfeccionismo, estão relacionadas de forma negativa com os indicadores de desempenho.

 

2. Método

2.1 Participantes

Participaram deste estudo transversal 140 atletas do sexo masculino, com média de idade de 24,8 anos, com desvio padrão de 4,9 anos, oriundos de 15 equipes que jogaram na Copa TV Grande Rio de Futsal, realizada na cidade de Petrolina, em Pernambuco, no Brasil, no ano de 2017. A Copa TV Grande Rio de Futsal é a principal competição de futsal amador do interior dos estados de Pernambuco e da Bahia, cujo regulamento prevê tanto a participação de atletas amadores quanto de atletas profissionais. Os participantes foram selecionados de forma não probabilística e por conveniência. Adotaram-se os seguintes critérios de inclusão: 1. ter no mínimo 18 anos e 2. estar inscrito na Copa TV Grande Rio de Futsal 2017. Para a realização do estudo, os participantes foram divididos em dois grupos, de acordo com o nível de desempenho das equipes após a competição:

• Medalhistas (M): atletas das equipes que terminaram a competição na primeira, segunda e terceira posições (n =29), ou seja, atletas que receberam premiação na competição.

• Não medalhistas (NM): atletas das equipes que terminaram a competição da quarta posição em diante (n = 111), ou seja, atletas que não foram premiados na competição.

2.2 Instrumentos

Para identificar as dimensões do perfeccionismo, utilizou-se a Escala Multidimensional de Perfeccionismo para o Esporte-2 (Sport Multidimensional Perfectionism Scale-2 - SMPS-2), desenvolvida por Gotwals e Dunn (2009) e validada para o contexto brasileiro por Nascimento Junior, Vissoci, Lavallee e Vieira (2015), com valores de consistência interna (α > 0,70) e estrutura fatorial [x2/gl = 2,01; CFI = 0,94; GFI = 0,92; AGFI= 0,91; TLI = 0,93; RMSEA = 0,05 (IC 0,04-0,06)] satisfatórios. O instrumento é composto por 24 itens distribuídos em quatro dimensões: padrões pessoais/organização, preocupação com os erros, pressão parental percebida e dúvidas na ação. Os padrões pessoais/organização incluem expectativas pessoais e exigências que o atleta estabelece, bem como a importância que dá à ordem e organização. A preocupação com os erros diz respeito aos sentimentos negativos do atleta em relação ao fracasso, bem como à crença de que os erros cometidos estão associados à perda de respeito por parte de outros atletas. A pressão parental percebida está relacionada às percepções do atleta sobre as críticas e expectativas dos pais. As dúvidas nas ações correspondem às tendências excessivas de duvidar do próprio desempenho. Os itens são respondidos em uma escala Likert de cinco pontos em um continuum de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). O alfa de Cronbach das dimensões do instrumento para a presente pesquisa variou de α = 0,73 a α = 0,79, indicando forte confiabilidade.

Para a análise do desempenho das equipes, utilizaram-se os seguintes indicadores: gols marcados, gols sofridos, número de vitórias, número de derrotas e pontos somados na competição, os quais foram retirados dos boletins informativos das partidas.

2.3 Procedimentos

O estudo está integrado a um projeto institucional aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Vale do São Francisco - Univasf (Parecer n. 1.648.086). Inicialmente, fez-se contato com a TV Grande Rio, afiliada da Rede Globo, para solicitar autorização para realização das coletas de dados com os atletas das equipes participantes da Copa TV Grande Rio de Futsal 2017. Em seguida, foi realizado contato com a diretoria e comissão técnica de cada equipe participante da competição. A aplicação do questionário foi realizada antes do primeiro jogo da equipe na competição (Figura 2.3.1). Aplicou-se o questionário de forma coletiva, em uma sala privativa, com a ausência dos treinadores. Os marcadores de desempenho foram analisados ao final da competição por meio dos boletins oficiais dos jogos.

 

 

2.4 Metodologia de análise dos dados

Para a verificação da normalidade dos dados, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov. Considerando que os dados não apresentaram distribuição normal, adotou-se a apresentação descritiva em mediana (Md) e intervalo interquartílico (Q1; Q3), utilizando a seguir testes não paramétricos. Para a comparação das dimensões do perfeccionismo entre M e NM, foi conduzido o teste "U" de Mann-Whitney. O coeficiente de correlação de Spearman foi adotado para correlacionar as dimensões do perfeccionismo com os indicadores de desempenho. Para todas as análises, adotou-se nível de significância de p < 0,05, com utilização do pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) - IBM 22.0.

Para verificar a magnitude da associação entre as dimensões do perfeccionismo dos atletas e os indicadores de desempenho das equipes, foram conduzidos diferentes modelos de Path Analysis por meio da análise de equações estruturais com as variáveis que obtiveram correlação significativa (p < 0,05). A existência de outliers foi avaliada pela distância quadrada de Mahalanobis (DM2), e a normalidade univariada das variáveis foi avaliada pelos coeficientes de assimetria (ISkI < 3) e curtose (IKuI < 10) uni e multivariada. Como os dados não apresentaram distribuição normal, utilizou-se a técnica de bootstrap de Bollen-Stine para corrigir o valor dos coeficientes estimados pelo método da máxima verossimilhança (Maroco, 2010), implementado no software AMOS, versão 22.0. Para verificar a adequação da amostra para a análise proposta, aplicamos a técnica de bootstrapping. Não se observaram valores de DM2 indicadores da existência de outliers, nem correlações suficientemente fortes entre as variáveis que indicaram multicolinearidade (variance inflation factors < 5,0). Partindo das recomendações de Kline (2012), a interpretação dos coeficientes de regressão teve como referência: pouco efeito para coeficientes < 0,20, médio efeito para coeficientes até 0,49 e forte efeito para coeficientes > 0,50 (p < 0,05).

 

3. Resultados

Verificou-se diferença significativa na comparação das dimensões do perfeccionismo entre os atletas das equipes M e NM (Tabela 3.1) apenas na dimensão de dúvidas na ação (p = 0,008), indicando que os jogadores das equipes NM apresentaram mais dúvidas sobre sua própria performance e nas tomadas de decisão do que os jogadores das equipes M. Não houve diferença significativa nas dimensões padrões pessoais/organização (p = 0,447), preocupações com erros (p = 0,877) e pressão parental percebida (p = 0,083) entre as equipes.

 

 

Os indicadores de desempenho com diferença significativa (p < 0,05) entre as equipes M e NM (Tabela 3.1) foram os gols marcados (p = 0,001) e sofridos (p = 0,003), número de vitórias (p = 0,001) e de pontos (p = 0,001), apontando que as equipes M tiveram mais gols marcados e sofridos, além de maior número de vitórias e pontos na competição. Não houve diferença significativa entre as equipes para o marcador derrotas (p = 0,998).

Na correlação entre os marcadores de desempenho e as dimensões do perfeccionismo (Tabela 3.2), foram encontradas as seguintes correlações significativas (p < 0,05) para os atletas das equipes M: padrões pessoais/organização com gols marcados (r = 0,32) e gols sofridos (r = -0,32); dúvidas na ação com gols marcados (r = -0,34) e gols sofridos (r = 0,34). Para os jogadores das equipes NM, foi encontrada correlação significativa apenas das dúvidas na ação com o número de vitórias (r = -0,25) e pontos obtidos na competição (r = -0,23).

 

 

Para verificar a magnitude da associação entre as dimensões do perfeccionismo dos atletas e os indicadores de desempenho, após a análise da correlação, foram conduzidos modelos de Path Analysis entre as variáveis que apresentaram correlação significativa (p < 0,05). No modelo para os atletas das equipes M (Figura 3.1), verificou-se que a dimensão de padrões pessoais/organização apresentou associação significativa (p < 0,05) com os gols marcados e gols sofridos, explicando 3% e 5% da variância das variáveis, respectivamente. Já as dúvidas na ação se associaram significativamente (p < 0,05) apenas com os gols sofridos e explicaram 16% da variância desse indicador de desempenho.

 

 

Em relação às trajetórias individuais do modelo dos atletas das equipes M (Figura 3.1), verificou-se que as dimensões padrões pessoais/organização apresentaram efeito moderado e inverso sobre os gols sofridos (β = -0,23), indicando que quanto mais o atleta tem essa característica de perfeccionismo, menos gols as equipes sofrem. Observou-se também que essas características apresentaram efeito positivo e fraco sobre os gols marcados (β = 0,17), revelando que existe uma associação diretamente proporcional entre as variáveis. Já a dimensão de dúvidas na ação apresentou efeito moderado sobre os gols sofridos pela equipe (β = 0,40), isto é, quanto mais os atletas têm dúvidas para tomar decisões, mais gols as equipes sofrem durante os jogos.

Em relação aos atletas das equipes NM (Figura 3.2), nota-se que a dimensão de dúvidas na ação apresentou associação significativa (p < 0,05) e negativa com os indicadores de número de vitórias e de pontos das equipes, explicando 5% e 4% da variância das variáveis, respectivamente. Em relação às trajetórias individuais do modelo, verificou-se que o aumento das dúvidas para tomar as decisões apresentou efeito moderado e inverso sobre o número de vitórias (β = -0,22) e de pontos das equipes (β = -0,20), indicando que quanto mais os atletas têm dúvidas nas ações, menos pontos e vitórias as equipes conseguem obter.

 

 

4. Discussão

O objetivo do presente estudo foi investigar como as dimensões do perfeccionismo estão associados aos marcadores de desempenho das equipes M e NM em uma competição. Os achados demonstraram que, em relação às dimensões do perfeccionismo, os atletas pertencentes às equipes NM apresentaram mais dúvidas nas ações do que os atletas pertencentes às equipes M. Em relação aos marcadores de desempenho, as equipes em que os atletas possuíam altos padrões de organização marcaram mais gols e sofreram menos gols durante a competição, obtendo maior número de vitórias e pontuações do que as equipes NM. Os padrões pessoais/organização se associaram positivamente com os gols marcados e negativamente com os gols sofridos das equipes M. As dúvidas na ação se associaram positivamente apenas com os gols sofridos. Para as equipes NM, apenas as dúvidas nas ações apresentaram associação inversa com as vitórias e os pontos obtidos na competição.

Os resultados encontrados nas comparações das dimensões do perfeccionismo entre as equipes mostraram que os atletas pertencentes às equipes NM apresentaram maiores índices de dúvidas nas ações do que os atletas pertencentes às equipes M, obtendo um desempenho inferior durante a competição em relação aos atletas das equipes M. As dúvidas nas ações se referem a uma característica presente na dimensão preocupações perfeccionistas, relacionadas ao chamado perfeccionismo mal adaptativo, e dizem respeito a uma tendência do atleta de duvidar do próprio desempenho (Stoeber, 2018), preocupando-se com a conclusão satisfatória de suas tarefas e antecipando os erros no sentido de tentar evitá-los (Gucciardi, 2012; Stoeber, 2014).

No presente estudo, as dúvidas apresentadas pelos atletas das equipes NM podem ter influenciado no menor número de gols marcados pela equipe, conduzindo a um menor número de vitórias e, consequentemente, de pontos obtidos durante a competição. Em contrapartida, os atletas pertencentes às equipes M apresentaram menores escores de dúvidas nas ações, e suas equipes marcaram mais gols e tiveram maior número de vitórias e de pontuação do que as equipes NM. Esses dados demonstram que os atletas que apresentaram mais comportamentos relacionados aos esforços perfeccionistas obtiveram mais sucesso esportivo do que os atletas que apresentaram maiores características das preocupações perfeccionistas. As preocupações perfeccionistas possuem relações com respostas negativas dos atletas e com indicadores de desajustamento psicológico, enquanto os esforços perfeccionistas contribuem para um melhor desempenho atlético (Madigan et al., 2018; Stoeber, 2011).

De acordo com Oliveira et al. (2015), as preocupações perfeccionistas se relacionam com demasiadas preocupações com erros, dúvidas sobre ações a serem tomadas e discrepância entre o desempenho real do atleta e os padrões estabelecidos, o que foi constatado no grupo NM de atletas investigados. Os autores apontam ainda que o perfeccionismo adaptativo ao sucesso no contexto esportivo, que se caracteriza por padrões pessoais e de organização, segundo os quais os atletas estabelecem para si exigências excessivas na execução da tarefa e dão muita importância à ordem e organização, é presente em maior nível em atletas considerados vencedores/bem-sucedidos.

A associação entre as dimensões do perfeccionismo e os marcadores de desempenho para os atletas das equipes M evidenciou que as características do perfeccionismo associadas a padrões pessoais/organização estiveram diretamente relacionadas aos gols marcados durante a competição e inversamente relacionadas aos gols sofridos, ou seja, as equipes em que os atletas possuíam mais tendência a colocar altos padrões em si mesmos e tinham o desejo de busca pela ordem marcaram mais gols e sofreram menos gols. As dúvidas nas ações apresentadas pelos atletas M explicaram os gols sofridos pela equipe, indicando que quanto mais os atletas apresentavam preocupações sobre a realização de suas tarefas, mais gols a equipe sofria. Esses resultados evidenciam a característica ambígua do perfeccionismo. Ao mesmo tempo que os atletas pertencentes à equipe M apresentaram características de esforços perfeccionistas, apresentaram também características de preocupações perfeccionistas. Segundo o modelo tripartite de perfeccionismo (Stoeber, 2012), os indivíduos possuem características das duas dimensões, já que os esforços perfeccionistas são adaptativos quando na presença de baixas preocupações perfeccionistas, o que pode ter acontecido com a amostra de atletas M.

No modelo dos atletas das equipes NM, as dúvidas nas ações apresentaram associações significativas e inversas ao número de vitórias e pontuações adquiridas pelas equipes, demonstrando que as equipes que possuem atletas com dúvidas nas ações podem apresentar um rendimento inferior ao longo de uma competição, ou seja, quanto mais os atletas apresentavam preocupações quanto à tomada de decisões, menos vitórias e, consequentemente, pontuação na competição as equipes obtiveram. As dúvidas nas ações também estiveram associadas aos gols sofridos das equipes M, indicando que, quando os atletas apresentaram dúvidas sobre suas ações, as equipes sofreram mais gols. Em relação aos atletas pertencentes à amostra NM, apesar de eles apresentarem características de esforços perfeccionistas, isso não foi suficiente para que pudessem superar as características de preocupações perfeccionistas, demonstrando que essa combinação foi suficiente para causar um resultado indesejado para os atletas.

Corroborando os achados encontrados, Madigan et al. (2017) investigaram o perfeccionismo e o desempenho de jovens atletas, e constataram que os esforços perfeccionistas se associaram positivamente com todas as metas de abordagem e as preocupações perfeccionistas apresentaram relação positiva com as metas de evitação. Isso pode explicar por que a equipe de atletas NM apresentaram, na presente pesquisa, relações negativas com gols marcados e índices inferiores de vitórias e pontos marcados na competição em relação às equipes M. Por meio das metas de abordagem, o atleta representa o sucesso pela demonstração de competência do desempenho, ou seja, esforçando-se para ser melhor do que os outros, acreditando que é possível obter um determinado resultado. Já nas metas de evitação de desempenho, os atletas se esforçam para evitar resultados piores do que os outros (Stoeber, 2018). De acordo com Sellars, Evans, & Thomas (2016), as metas de abordagem estão associadas à prevalência de perfeccionismo adaptativo, já as metas de evitação estão associadas aos comportamentos mal adaptativos dos atletas, que correspondem às respostas indesejadas na prática esportiva, como ansiedade e medo de falhar. Sabe-se que os aspectos negativos do perfeccionismo, caracterizados por preocupações em falhar e pela necessidade de cumprir com perfeição padrões estabelecidos, causam nos atletas o sentimento de desamparo e incapacidade, afetando negativamente a ansiedade, a autoconfiança e a saúde mental (Hamidi & Besharat, 2010).

Como estavam focados na tarefa que pretendiam desempenhar, todos os marcadores de desempenho foram superiores para as equipes M, exceto para o marcador "derrota", indicando que os atletas M possuíram mais números de vitórias e pontuação ao longo do campeonato, mais números de gols marcados e sofridos em relação ao grupo NM. Embora o engajamento dos atletas ao longo da competição possa influenciar no desenvolvimento do perfeccionismo, também é possível que certos aspectos do perfeccionismo possam melhorar a capacidade do atleta de incrementar seu desempenho (Stoeber, Chesterman, & Tarn, 2010).

Em um estudo exploratório realizado por Larkin et al. (2015) com jogadores de futebol de elite júnior, constatou-se que os atletas com maiores esforços perfeccionistas investem mais tempo indiretamente envolvido no futebol do que o grupo com menores esforços perfeccionistas, o que poderia explicar o bom desempenho, apesar de não ter sido um fator diretamente mensurado no referido estudo. Porém, a partir desse ponto de vista, supõe-se que indivíduos com maior nível de esforços perfeccionistas querem investir mais tempo em determinada atividade a fim de aprimorar as suas habilidades, tendo maiores chances de obter mais resultados positivos.

Apesar de os achados desta pesquisa apontarem importantes informações a respeito das diferenças individuais que afetam o desempenho das equipes, a partir da perspectiva multidimensional do perfeccionismo (Stoeber, 2011), o presente estudo apresenta algumas limitações. Em primeiro lugar, a amostra foi composta apenas de atletas do sexo masculino e investigou-se somente uma modalidade esportiva, o que impossibilita a generalização dos resultados para o contexto esportivo de modo geral, embora traga implicações para outros esportes coletivos. Futuros estudos devem investigar jogadores de futsal do sexo feminino e atletas pertencentes a outras modalidades. Em segundo lugar, apesar de o estudo incluir todos os atletas, titulares e reservas, não foram realizadas comparações entre essas amostras. É importante que pesquisas futuras investiguem se há diferenças entre esses atletas. Uma terceira limitação diz respeito ao número desigual de atletas M e NM, discrepância que pode ter comprometido as análises estatísticas. Por causa do regulamento da competição, apenas as três primeiras equipes foram premiadas, restringindo o número de atletas M. Estudos posteriores devem considerar a inserção de mais competições para que a amostra de atletas NM possa ser equivalente à de M. Outra limitação importante se refere ao caráter transversal desta pesquisa, o que não permite fazer inferências de causalidade. Talvez um estudo longitudinal seja capaz de apontar a natureza causal da associação entre o perfeccionismo do atleta e o desempenho da equipe. Além disso, sugere-se a utilização de análises multinível, de modo que se possam entender as complexas relações entre essas variáveis em diferentes grupos. Apesar de focar o desempenho, o estudo não descarta a possibilidade de o perfeccionismo afetar as relações que o atleta estabelece com o esporte e comprometer sua saúde mental na prática esportiva, que pode afetar diretamente o desempenho tanto individual quanto das equipes. Assim, essas relações também merecem maior investigação em pesquisas futuras.

Pode-se concluir que o perfeccionismo adaptativo do atleta pode ser considerado um fator interveniente no desempenho coletivo no futsal, principalmente em equipes bem-sucedidas. Em contrapartida, o perfeccionismo mal adaptativo, especificamente as dúvidas nas ações, parece ser um fator prejudicial para o desempenho tanto de equipes bem-sucedidas quanto de equipes malsucedidas. Apesar de os dois grupos de atletas (M e NM) possuírem facetas dos dois tipos de perfeccionismo, esforços perfeccionistas e preocupações perfeccionistas, os atletas que apresentaram menos preocupações perfeccionistas (equipes M), como dúvidas nas ações, foram mais eficientes na competição em relação aos demais (equipes NM). Do ponto de vista prático, os presentes achados têm implicações na compreensão do perfeccionismo, pois fornecem a identificação de suas diferentes facetas dentro do contexto esportivo. É importante que psicólogos do esporte e treinadores identifiquem e reconheçam os comportamentos perfeccionistas prevalentes nos atletas, prejudiciais e benéficos, para que possam planejar suas intervenções levando em consideração as características individuais e fazendo com que os atletas adquiram maior autoconhecimento para que possam adotar comportamentos esportivos voltados a respostas adaptativas para a otimização do desempenho esportivo das equipes e para um maior bem-estar e saúde mental em sua prática esportiva individual.

 

Referências

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Correspondência:
José Roberto de Andrade do Nascimento Junior
Avenida José de Sá Maniçoba, s/n, Centro
Petrolina, PE, Brasil. CEP 56304-205
E-mail: jroberto.jrs01@gmail.com

Submissão: 07/01/2019
Aceite: 15/04/2020

 

 

Nota dos autores
José Roberto A. do Nascimento Junior, Programa de Pós-Graduação em Educação Física e Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf); Roseana P. R. Batista, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf); Adson A. da Silva, Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf); Carla Thamires L. Granja, Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf); Lenamar Fiorese, Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Estadual de Maringá (UEM); Leonardo de S. Fortes, Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física e Programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento, Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

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