SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.23 número3Tarefas de consciência fonológica: acurácia em predizer dificuldades de leitura e escritaAdaptação acadêmica em universitários: associações com estresse e qualidade do sono índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.23 no.3 São Paulo set./dez. 2021

http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/ePTPPA13475 

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

 

Construção e evidências de validade Escala de Interação entre Crianças e Cães

 

 

Fernanda F. Laurindo; Crystian M. S. Gomes; Daniela D. A. Missawa; Rosana S. Tokumaru

Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Vitória, ES, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

As intervenções assistidas por animais (IAA) têm apresentado resultados expressivos para a promoção da saúde humana. Este estudo teve como objetivos construir e apresentar evidências de validade da Escala de Interação entre Crianças e Cães (EICC) para a população brasileira. O instrumento foi desenvolvido a partir da literatura e submetido à análise de juízes. Além da EICC, 118 pais de crianças entre 2 e 12 anos de idade responderam ao Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ). A partir da análise fatorial exploratória, extraíram-se os fatores interação afetiva (23 itens, α = 0,89) e interação educativa e punitiva (oito itens, α = 0,65). As correlações significativas entre dimensões da EICC e do SDQ indicam que a interação entre crianças e cães domésticos pode ser uma variável importante para avaliação de problemas comportamentais. Conclui-se que a EICC apresenta bons índices de validade e confiabilidade e pode ser usada para a triagem de crianças.

Palavras-chave: medida psicométrica; interação entre homem e animal; comportamento infantil; intervenções assistidas por animais; cães domésticos.


 

 

1. Introdução

Em 1792, William Tuke começou a utilizar, na Inglaterra, cães e outros animais no tratamento e na promoção da saúde humana. No Brasil, essa prática foi adotada e desenvolvida de forma pioneira por Nise da Silveira na década de 1950 (Santos & Silva, 2016). Nessa época, ainda não existiam terminologias e definições padronizadas para tal recurso terapêutico. Porém, diante do aumento da utilização desse recurso, principalmente por profissionais da saúde e a fim de evitar confusões na área em razão de definições divergentes, a Delta Society, em 1996, definiu essa prática como intervenções assistidas por animais (IAA). As IAA foram divididas em duas modalidades diferentes: atividade assistida por animais (AAA) e terapia assistida por animais (TAA) (Ferreira et al., 2016). Posteriormente, a Pet Partners, uma organização não governamental referência em IAA, iniciou uma tentativa internacional para criar termos e definições padronizadas, adotando uma classificação para as diferentes abordagens assistidas por animais segundo a metodologia empregada: AAA, TAA e educação assistida por animais (EAA). A AAA é caracterizada por intervenções livres e menos dirigidas, nas quais as interações são espontâneas. A TAA compreende atividades sistematizadas com um objetivo terapêutico específico, e a EAA refere-se ao uso dessas atividades com foco no ambiente escolar e de aprendizagem.

A noção de que os animais podem afetar a vida e o comportamento das pessoas de muitas maneiras é investigada em um campo de pesquisa conhecido como interação entre homem e animal (IHA), utilizada para descrever e compreender o resultado das diferentes qualidades e quantidades de interações. Como um campo relativamente recente e interdisciplinar, a IHA é frequentemente criticada por sua falta de rigor metodológico (Herzog, 2015). As críticas comuns à pesquisa sobre IHA objetivam apontar o design frágil dos estudos, o tamanho pequeno das amostras e o uso inadequado de ferramentas de avaliação, o que limita a capacidade do campo em desenvolver uma base de evidências para as IAA.

As relações entre animais humanos e não humanos envolvem demandas adaptativas que criaram novas condições de seleção para as espécies domesticadas e, portanto, resultaram em uma ampla variedade de modificações genéticas (Frantz et al., 2016). Os cães domésticos (Canis familiaris) são animais sociais que apresentam habilidades cognitivas para interagir com outros cães e com pessoas. A variabilidade no comportamento social de cães domésticos, ou seja, a capacidade de se adequar a contextos diferentes, facilitou a sua ligação com os humanos (Udell & Brubaker, 2016). Esses animais dividem o ambiente com os humanos há milhares de anos, e essa relação torna-se cada vez mais estreita, sendo considerados em algumas sociedades humanas como parte central da vida familiar e como membros da família.

Habilidades caninas, tais como estabelecer contato visual com humanos, compreender gestos comunicativos, perceber emoções, estabelecer vínculos e captar mudanças na face e sinais vocais humanos, fizeram com que esses animais fossem um dos mais utilizados como dispositivo terapêutico. Além disso, habilidades humanas capazes de distinguir latidos e expressões caninas e estabelecer relações de apego com os cães criaram um contexto facilitador para o desenvolvimento da intervenção (Chelini & Otta, 2015).

As intervenções e os programas em saúde auxiliados por animais, utilizados nesse contexto como coterapeutas, podem ser empregados de forma heterogênea, com metodologias desenvolvidas para atender a objetivos terapêuticos variados. Por promover interação e suporte social, desenvolvimento da comunicação e desenvolvimento motor de forma lúdica e dinâmica, é bastante utilizada como dispositivo no acompanhamento de crianças. Nesse contexto, é de extrema importância que sejam seguidas as recomendações de seleção do animal, como também da criança, a fim de evitar crises alérgicas, mordidas e doenças transmitidas pelo animal, bem como algum comportamento agressivo por parte da criança ou de maus-tratos que inviabilizem esse tipo de tratamento. O planejamento de uma possível IAA poderia ser facilitado com o uso de uma escala que avaliasse a interação entre crianças e animais domésticos, de forma a selecionar aquelas que se adequassem a esse tipo de intervenção.

Pesquisas têm se destacado na tentativa de criar escalas válidas e confiáveis para avaliar a interação entre criança e animal, e mensurar a propensão a comportamentos abusivos de crianças em relação aos animais. Thompson e Gullone (2003) avaliaram o comportamento de crianças com os animais por meio da escala Children's Treatment of Animals Questionnaire (CTAQ). Participaram da pesquisa crianças com idade entre 8 e 10 anos. A escala apresentou consistência interna e confiabilidade teste-reteste para identificar variados tipos de comportamento de crianças em relação aos animais domésticos, como brincar, conversar, passear e alimentar. No entanto, os autores apontam ser necessário avaliar a capacidade preditiva do instrumento em identificar crianças com comportamentos de crueldade com animais. Guymer, Mellor, Luk e Pearse (2001) desenvolveram uma escala para mensurar os níveis de crueldade de crianças com animais diversos: Children's Attitudes and Behaviors Toward Animals (CABTA). Essa escala foi respondida por pais de crianças de 4 a 13 anos do ensino fundamental e crianças com algum distúrbio de comportamento ou transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Os resultados mostraram que a escala CABTA é uma medida válida e confiável para medir a crueldade de crianças com animais em dois fatores: crueldade típica e crueldade maliciosa. Os autores defendem o uso dessa medida como instrumento de triagem para avaliar e detectar precocemente comportamentos agressivos de crianças em relação aos animais, em amostras clínicas e na comunidade. A escala CABTA foi ainda validada na Malásia e China (Wong, Mellor, Xu, & Richardson, 2013).

Os pesquisadores que desenvolveram esses instrumentos partem da perspectiva de que comportamentos não empáticos e de agressividade com animais podem ser preditivos desses comportamentos na interação com humanos. Assim, instrumentos de avaliação da interação entre crianças e animais podem auxiliar o planejamento de intervenções visando ao desenvolvimento de comportamentos empáticos e pró-sociais na infância. Além disso, esses comportamentos podem ser preditores de transtornos, como o transtorno de oposição desafiante (TOD) e TDAH (Vaughn et al., 2009). Dessa forma, instrumentos de avaliação da interação entre crianças e animais também podem ser utilizados no auxílio de possíveis diagnósticos.

Outros instrumentos que avaliam a interação entre crianças e animais foram citados na literatura. Diferentes aspectos da interação foram enfocados, como o apego e a amizade com os animais de estimação - Pet Bonding Scale, Pet Attachment Scale - Revised/Parent Report e Pet Friendship Scale - PFS (Anderson, 2007). No entanto, não se encontraram estudos de validação desses instrumentos, o que dificulta a análise da validade e da estrutura deles, e, portanto, de sua aplicabilidade.

Os instrumentos citados anteriormente possibilitaram uma triagem mais especializada das crianças participantes de programas de intervenção com animais. Dessa forma, profissionais da área se tornaram capazes de avaliar a adequabilidade das crianças a essa modalidade de intervenção e desenvolver maior previsibilidade de possíveis intercorrências durante o processo (Guymer et al., 2001; Thompson & Gullone, 2003). Além disso, esses trabalhos demonstraram uma relação entre comportamentos abusivos em crianças em relação aos animais e o aparecimento desses comportamentos na interação com humanos. Também foi possível demonstrar a relação entre os comportamentos abusivos em crianças em relação aos animais e diagnósticos como o TDAH e o TOD na infância. No entanto, acreditamos que o enfoque dado por esses instrumentos a comportamentos de agressividade e crueldade possa ter provocado um possível viés nas respostas das crianças e de seus pais, visto que itens dos instrumentos com esse conteúdo podem despertar sentimentos desagradáveis e conflitantes por parte dos respondentes. Assim, acreditamos que questões como essas devem ser evitadas ou reformuladas na elaboração de instrumentos que avaliem a interação entre crianças e animais.

Apesar do potencial uso de instrumentos de avaliação da interação entre crianças e animais, não encontramos na literatura nacional nenhum instrumento disponível. Sendo assim, este artigo teve como objetivos construir uma escala de avaliação da interação entre crianças e cães no contexto brasileiro e levantar evidências de validade desse instrumento, com potencial para ser utilizado no planejamento de IAA e orientar a seleção de crianças para essa modalidade terapêutica.

 

2. Método

2.1 Participantes

Para a inclusão dos participantes no estudo, adotaram-se os seguintes critérios: ter pelo menos um filho/uma filha com idade entre 2 e 12 anos e o preenchimento completo das informações solicitadas durante a pesquisa. Preencheram esses critérios 118 pais de crianças entre 2 e 12 anos que possuíam um cão como animal de estimação. A maioria dos participantes identificou-se como mãe das crianças, residindo em várias regiões do Brasil, principalmente nos estados do Espírito Santo e de São Paulo, com poder de compra avaliado pelo Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB) correspondente à classe econômica B (Figura 2.1.1). A idade média das crianças foi de 7 anos, e pouco mais da metade era do sexo feminino. A maioria não apresentou necessidade especial e nunca foi machucada por um animal. A Figura 2.1.1 resume a descrição das características dos respondentes e de seus filhos.

 

 

2.2 Instrumentos

• Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), proposto pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - Abep (2016): é composto por perguntas sobre posse de bens de consumo, grau de escolaridade e acesso a serviços públicos para classificação econômica. A soma da pontuação é usada para classificar os respondentes em classes econômicas que vão de A (45-100 pontos) a D-E (0-16 pontos).

• Questionário sociodemográfico: os participantes responderam a perguntas sobre si próprios (cidade e estado de moradia e qual era o parentesco com a criança) e sobre as crianças, como idade, sexo, quantidade de irmãos, se a criança tem necessidade especial e se já havia sido machucada por um animal de estimação.

• Questionário de Capacidades e Dificuldades (Strengths and Difficulties Questionnaire - SDQ) (Goodman, 1997), versão para pais: esse instrumento foi selecionado por adequar-se à faixa etária foco do estudo e apresentar validação com população brasileira. O instrumento investiga a saúde mental e o comportamento de crianças e adolescentes. Utilizamos a versão para crianças de 2 a 4 anos e a versão para crianças/adolescentes de 5 a 17 anos. Os pais responderam à versão adequada à idade da sua criança. O instrumento é composto por 25 itens divididos em cinco subescalas: comportamento pró-social, hiperatividade, problemas de conduta, sintomas emocionais e problemas de relacionamento com colegas. Ao responderem, os pais marcaram para cada afirmação: falso, mais ou menos verdadeiro ou verdadeiro. Foram utilizadas as versões traduzidas e validadas para o Brasil (Woerner et al., 2004). Os alfas de Cronbach das subescalas variaram de 0,48 (problemas emocionais) a 0,80 (hiperatividade, ambos na escala para crianças de 2-4 anos);

Além desses instrumentos, foi utilizada a Escala de Interação entre Crianças e Cães (EICC), cujo procedimento de construção e análise é descrito nas seções referentes ao Estudo 1 (2.3) e Estudo 2 (2.4).

2.3 Estudo 1: construção da Escala de Interação entre Crianças e Cães

A EICC é uma escala que avalia a interação de crianças com cães e foi construída ao longo das seguintes etapas:

1) Desenvolvimento de 42 itens relacionados à interação entre crianças e cães: Para a criação dos itens, os autores utilizaram escalas encontradas na literatura internacional que avaliam direta ou indiretamente interações entre seres humanos e animais de estimação (Anderson, 2007; Cromer & Barlow, 2013; Winefield, Black, & Chur-Hansen, 2008; Zilcha-Mano, Mikulincer, & Shaver, 2011). Ainda que algumas dessas escalas apresentem estrutura multifatorial, os itens selecionados para a construção da EICC não se restringiram a nenhuma dimensão específica. Nosso objetivo foi construir uma escala que abrangesse as possíveis formas de interação entre crianças e cães. Dessa forma, a partir da reunião de itens que refletiam diferentes dimensões da interação entre crianças e cães (considerando as escalas encontradas na literatura), inicialmente, prevíamos que a EICC apresentaria uma estrutura multidimensional, porém não previmos nenhuma estrutura fatorial específica.

2) Validade de face: Nessa etapa, os itens construídos na etapa 1 foram submetidos à análise de três juízes que avaliaram a adequação deles à descrição de interação entre crianças e cães definida como "Qualquer atitude por parte da criança que envolva contato direto entre ela e o cão, sentimentos positivos e negativos durante e/ou após o contato com o cão e manutenção de uma relação física e emocional com o cão". Os juízes também avaliaram os itens quanto à concretude, simplicidade e clareza. Participaram da análise três juízes, duas doutoras e uma mestra, com experiência em avaliação psicológica e trabalhos com crianças e/ou animais.

2.4 Estudo 2: validade de construto e confiabilidade

Nesse estudo, a EICC resultante do estudo 1 foi apresentada aos pais participantes da pesquisa com os demais instrumentos. As respostas às questões na EICC variam de 1 = nunca a 5 = sempre. A instrução apresentada aos participantes foi a seguinte: "Pense na relação de sua criança com os cães. Indique na escala de resposta abaixo com que frequência os comportamentos e as situações listados ocorrem".

Os participantes foram recrutados por meio das redes sociais virtuais dos pesquisadores. Os convites para participação na pesquisa foram enviados com um link para o questionário e um pedido de divulgação da pesquisa para outros pais da rede social do participante. Ao acessarem o link, os participantes encontravam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ao final do qual optavam por participar da pesquisa ou fechar o link. Ao aceitarem participar, as pessoas obtinham acesso ao formulário on-line, no qual constavam todos os instrumentos descritos anteriormente aqui, disponibilizado por meio da plataforma Google. Casos omissos (missing data) foram evitados, deixando ativa a opção de resposta obrigatória para acessar a página seguinte do formulário. O direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento foi preservado, já que o participante poderia fechar o formulário em qualquer ponto sem enviar suas respostas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da instituição responsável (nº 64232416.3.0000.5542) em acordo com as diretrizes da Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016, do Conselho Nacional de Saúde.

Os dados foram submetidos à avaliação em relação à sua dimensionalidade por meio do software FACTOR (Lorenzo-Seva & Ferrando, 2006). Para investigar quantos fatores seriam possíveis para o conjunto de dados, optou-se inicialmente por realizar uma análise paralela com permutação aleatória dos dados observados e rotação Robust Promin. Posteriormente, testou-se a estrutura fatorial sugerida pela análise paralela para a avaliação de evidências iniciais de validade da EICC, com base na estrutura interna do instrumento, realizando-se uma análise fatorial exploratória (exploratory factor analysis - EFA). A EFA foi implementada a partir da geração de matriz policórica e método de extração Robust Unweighted Least Squares (RULS). Avaliou-se a estabilidade dos fatores por meio do índice H (Ferrando & Lorenzo-Seva, 2018). O índice H avalia quão bem um conjunto de itens representa um fator comum (Ferrando & Lorenzo-Seva, 2018). Os valores de H variam de 0 a 1. Valores altos de H (> 0,80) sugerem uma variável latente bem definida, que é mais provável que seja estável em diferentes estudos. Valores baixos de H sugerem uma variável latente mal definida e provavelmente instável entre diferentes estudos (Ferrando & Lorenzo-Seva, 2018). A confiabilidade total da escala ainda foi avaliada utilizando os coeficientes alfa (Cronbach) e ômega (McDonald's) calculados com o programa FACTOR, todavia, dada a impossibilidade de estimação dos fatores nesse software, confiabilidade foi realizada com auxílio do software jamovi.

Para evidências de validade convergente, desenvolveu-se a análise da correlação do tipo r de Pearson entre a EICC e o SDQ, realizada com auxílio do software IBM SPSS (versão 21).

 

3. Resultados

Os resultados relacionados aos procedimentos de construção e análise encontram-se descritos nas seções 3.1 e 3.2.

3.1 Estudo 1: construção da Escala de Interação entre Crianças e Cães

Dos 42 itens submetidos à avaliação dos juízes, dois itens foram descartados por atingirem concordância entre, no mínimo, dois juízes quanto ao não atendimento dos critérios de concretude, simplicidade e clareza ("A criança gosta de escovar o cão", "A criança presta atenção no cão"). Outros seis itens não atenderam aos critérios de concretude, simplicidade e clareza para apenas um dos juízes e foram modificados segundo sugestões destes. Assim, o item "Sua criança conversa com o cão como se fossem amigos" se tornou "Sua criança conversa com o cão"; "Quando o cão se comporta mal, sua criança bate nele" se tornou "Sua criança bate no cão quando ele faz algo que ela não gosta"; "Sua criança evita o cão" se tornou "Sua criança evita contato com cães"; "Sua criança ama o cão" se tornou "Sua criança diz que ama o cão"; "Sua criança compartilha a comida dela com o cão" se tornou "Sua criança demonstra preocupação em alimentar o cão"; "Sua criança abraça ou demonstra afeto pelo cão" foi desmembrado em dois itens e se tornou "Sua criança abraça o cão" e "Sua criança demonstra afeto pelo cão". Ao final desse estudo, a EICC apresentou 41 itens.

3.2 Estudo 2: validade de construto e confiabilidade

A análise paralela da EICC, com 41 itens, resultou em uma matriz de correlação não positiva definida, impedindo a extração de fatores pelo método policórico. Os resultados da análise apontaram o par de itens com a maior correlação e sugeriram a eliminação do item de menor variância (Lorenzo-Seva & Ferrando, 2006). Eliminou-se o item e repetiu-se o procedimento até que a matriz de correlação positiva definida fosse obtida. Os itens eliminados ao longo das análises foram: "Sua criança demonstra afeto pelo cão"; "Sua criança mostra carinho pelo cão"; "Sua criança gosta de acariciar o cão"; "Sua criança fica animada quando interage com o cão"; "Sua criança se incomoda quando é cheirada pelo cão"; "Sua criança não gosta do cão"; "Sua criança aparenta estar feliz quando está com o cão"; "Sua criança se diverte com o cão". Com a retirada dos itens altamente correlacionados, a EICC foi reduzida a 33 itens, permitindo a extração de fatores pelo método policórico. Ainda, os testes de esfericidade de Bartlett (1226,1, gl = 496, p < 0,001) e de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) (0,90) sugeriram interpretabilidade da matriz de correlação dos itens. A análise paralela sugeriu a extração de dois fatores. O percentual de variância explicada dos dados pelo fator 1 foi de 41,46% e de 9,01% pelo fator 2.

Foi adotado o nível de carga fatorial 0,30 como critério de exclusão dos itens, gerando a exclusão de apenas um item "Sua criança se incomoda ao ouvir latidos do cão". Na Figura 3.2.1, apresentam-se as cargas fatoriais dos 31 itens restantes e os índices de fidedignidade composta e estimativas de replicabilidade dos escores fatoriais - índice H (Ferrando & Lorenzo-Seva, 2018).

 

 

Os itens apresentaram cargas fatoriais adequadas em seus respectivos fatores. A fidedignidade composta dos fatores foi adequada (acima de 0,70) para os dois fatores. A medida de replicabilidade da estrutura fatorial - Índice H (Ferrando & Lorenzo-Seva, 2018) apontou que os dois fatores poderão ser replicáveis em estudos posteriores (H > 0,80). Os indicadores de confiabilidade de alfa de Cronbach e ômega de McDonald apresentaram valores totais da escala de α = 0,94 e ω = 0,94, do fator 1 α = 0,65 e ω = 0,66 e do fator 2 α = 0,89 e ω = 0,91. A estrutura fatorial apresentou índices de ajuste adequados (χ2 = 368,795, gl = 433; p < 0,001; RMSEA = 0,000; CFI = 0,970; TLI = 1,008).1

O fator 1 denominado de interação educativa e punitiva foi composto por oito itens que avaliam a exibição de comportamento educativo e punitivo na interação da criança com o cão. O fator 2 denominado de interação afetiva foi composto por 23 itens que avaliam a exibição de afeto, preocupação e cuidado na interação da criança com o cão. Os dois fatores da escala se correlacionaram positiva e significativamente entre si (r = 0,55 p = 0,0001), e ambos se correlacionaram com o escore total (interação educativa e punitiva: r = 0,76, p = 0,0001, e interação afetiva: r = 0,96, p = 0,0001).

O escore médio das crianças no fator interação educativa e punitiva foi 2,88 e 3.52 no fator interação afetiva. O escore médio total na EICC foi 3,36. Não houve diferença entre crianças do sexo masculino e feminino nos escores em nenhuma das dimensões (Mann-Whitney: fator 1 U = 1527,0, p = 0,34 η2 = 0,007; fator 2 U = 1517,0 p = 0,32 η2 = 0,008; total U = 1488,0 p = 0,25 η2 = 0,01). Houve correlação positiva entre o escore em interação afetiva e a idade das crianças (r = 0,22, p = 0,02).

Das 118 crianças participantes da amostra, 37 tinham idade entre 2 e 4 anos, e 81, entre 5 e 12 anos. Cada faixa etária respondeu à versão do SDQ apropriada. As figuras 3.2.2 e 3.2.3 apresentam os escores médios nas dimensões do SDQ para cada faixa etária. Avaliou-se a correlação entre os escores obtidos na EICC e no SDQ. Para as crianças de 2 a 4 anos, houve correlação negativa significativa entre os escores totais obtidos na EICC e a subescala hiperatividade e o escore total do SDQ. O fator interação afetiva da EICC também se correlacionou negativamente com as subescalas de hiperatividade e conduta e com os escores totais do SDQ (Figura 3.2.2). Para as crianças de 5 a 12 anos, apenas os escores totais da EICC mostraram correlação significativa positiva com a subescala de comportamento pró-social do SDQ (Figura 3.2.3).

 

 

 

 

4. Discussão

Esta pesquisa teve como objetivos a construção e validação de uma escala de avaliação da interação entre crianças de 2 a 12 anos e cães de estimação. Consideramos, a partir dos resultados apresentados, que os objetivos foram alcançados. A EFA indicou a presença de dois fatores na escala: interação educativa e punitiva, e interação afetiva. O primeiro fator apresentou com consistência interna aceitável, e o segundo, consistência interna ótima (George & Mallery, 2003). A diferença de consistência interna entre os dois fatores pode ter ocorrido devido ao baixo número de itens no primeiro fator. Outra variável que pode ter influenciado nas respostas aos itens do primeiro fator é termos selecionado participantes com base na posse de cão doméstico. Assim, dar respostas baseadas na interação de seus filhos com os seus próprios cães pode ter influenciado no relato de comportamentos de treino e punição em relação ao cão em comparação aos relatos de comportamentos afetivos com o cão. Além disso, a literatura utilizada como base para a construção da escala pode ter favorecido o aparecimento de determinada dimensão (Anderson, 2007; Cromer & Barlow, 2013; Winefield et al., 2008; Zilcha-Mano et al., 2011). A maioria das escalas encontradas avalia comportamentos de interação com animais de um modo geral e é voltada para aspectos afetivos dessa interação, com menor ênfase em comportamentos de treino e punição.

Como poucos estudos que desenvolveram instrumentos para avaliar a interação entre crianças e animais foram encontrados na literatura, construiu-se essa escala também com base em instrumentos que avaliam a interação entre humanos e animais não humanos de um modo geral, adaptando os seus itens para o público infantil (Anderson, 2007). Dessa forma, como encontrado nesta pesquisa, as escalas que medem o vínculo, a interação e as atitudes entre homem e animal doméstico presentes na literatura também apresentam dimensões afetivas e, algumas delas, dimensões de disciplina como os principais aspectos que envolvem essa interação.

Os fatores da EICC correlacionaram-se significativa e positivamente, indicando que a demonstração de afeto, preocupação e cuidado e comportamentos pedagógicos e punitivos podem ser dois aspectos relevantes e correlacionados da interação entre crianças e cães domésticos. No entanto, outros fatores presentes nas escalas encontradas na literatura não apareceram na EICC, como fatores relacionados a custo financeiro e responsabilidades/cuidados com o animal. Essa ausência pode ser explicada pelo público-alvo dessa escala, crianças de até 12 anos que, em sua maioria, contam com o auxílio dos pais para esses aspectos da interação com animais domésticos.

Não houve diferença no relato dos responsáveis sobre a interação de meninos e meninas com cães. Encontramos na literatura referências a diferenças entre homens e mulheres na interação com o cão. Mulheres tenderam a falar mais com os cães, a usar mais a fala maternal ou manhês e a falar de forma mais amigável e sugestiva de conversação que os homens (Mitchell, 2004). Mulheres tenderam a valorizar seu papel como cuidadoras na interação com seus cães, enquanto homens tenderam a valorizar seu papel como treinadores e companheiros de brincadeiras e exercícios com seus cães (Ramirez, 2006). No entanto, não encontramos referências a diferenças entre meninos e meninas na interação com cães. A ausência de diferenças pode estar relacionada com o fato de termos entrevistados os pais e não as próprias crianças ou com a idade delas, o que pode ter impedido o aparecimento de diferenças que possivelmente surgem apenas após a maturidade sexual. Ainda, pode dever-se a diferenças metodológicas entre este estudo e os presentes na literatura. Dessa forma, apontamos a necessidade de ampliação de dados visando confirmar os resultados aqui obtidos.

A análise de convergência entre a EICC e o SDQ mostraram, de forma geral, resultados esperados de acordo com indicações na literatura (Boat et al., 2011). Quanto maiores os problemas de conduta, hiperatividade e dificuldades (SDQ total) das crianças de 2 a 4 anos, menores foram as ocorrências de interação afetiva com o cão. Além disso, quanto mais problemas de hiperatividade e dificuldades (SDQ total), menor a interação total com os cães. Estudos encontrados na literatura indicam que comportamentos agressivos e déficit de empatia em relação aos animais estão relacionados a psicodiagnósticos como TDAH, transtorno de conduta (TC) e comportamento antissocial (Vaughn et al., 2009). O TDAH e condições psiquiátricas associadas como TOD e TC são os três transtornos mais comuns na infância e adolescência (Althoff, Rettew, & Hudziak, 2003) e compreendem quadros clínicos que abrangem comportamentos como impulsividade, inquietação, intimidação, necessidade de controle, baixa tolerância à frustração, até comportamentos hostis mais graves como agressividade e crueldade (Serra-Pinheiro, Schmitz, Mattos, & Souza, 2004). As relações entre as dimensões da EICC e do SDQ encontradas reforçam a hipótese de que aspectos presentes na interação entre humanos também podem ser generalizados para relações entre humanos e animais não humanos.

Nas crianças de 4 a 12 anos, quanto maiores os níveis de comportamento pró-social, maior foi a interação total com os cães. A literatura aponta que a interação com animais pode ser um recurso facilitador da integração da criança com o seu ambiente, o que pode promover o desenvolvimento de comportamentos sociais e de interação por parte dela (Mendonça, Silva, Feitosa, & Peixoto, 2014).

Em geral, os estudos de intervenções em IAA realizados no Brasil não relatam com precisão como é feita a seleção dos participantes (Pereira, Nobre, Capella, & Vieira, 2017). Quando relatam, a seleção é voltada para a avaliação da condição clínica para a qual a intervenção é planejada e não em função da interação entre criança e animal. Também é dada maior ênfase à seleção do cão terapeuta, avaliando-se seu comportamento e treino, em vez da seleção da criança (Muñoz, 2014). Alguns estudos utilizaram a qualidade da interação entre criança e cão como critério de inclusão ou exclusão para a intervenção. No entanto, não especificaram como essa avaliação foi feita ou a fizeram de maneira menos sistematizada com entrevista preliminar realizada com os pais (Zago, Finger, & Kintschner, 2011; Ichitani & Cunha, 2016). Assim, consideramos que a validação da EICC para o contexto brasileiro pode ser útil para a triagem de crianças para essa modalidade terapêutica. Crianças que apresentem uma interação positiva com o cão, ou seja, que apresentem comportamentos afetivos e de aproximação em relação ao animal, podem se beneficiar de intervenções em IAA com cães. Ao contrário, crianças que apresentem comportamentos de evitação e medo em relação ao animal podem se sentir desconfortáveis quando submetidas a esse tipo de intervenção. No entanto, uma vez que se avalie a presença de medo e evitação na interação entre criança e cão, a EICC pode ser ainda utilizada no auxílio do planejamento da intervenção e, consequentemente, em possíveis adequações necessárias. É possível, por exemplo, priorizar a realização de determinadas atividades na presença do cão, mas sem o contato físico entre criança e cão, caso a ela apresente medo. Também é possível selecionar cães terapeutas adequados ao estilo de interação apresentado pela criança. Dessa forma, podem-se diminuir os riscos inerentes ao procedimento e aumentar a segurança e eficácia da intervenção. No entanto, para assegurar que a escala possa ser utilizada como instrumento de triagem, são necessários estudos futuros que possibilitem a análise fatorial confirmatória dos dados e estudos experimentais que utilizem o instrumento para seleção de participantes.

Apesar dos resultados obtidos que indicam validade e confiabilidade da EICC, a presente pesquisa apresenta algumas limitações. A coleta de dados da pesquisa ocorreu em plataforma on-line, o que exclui a participação de respondentes que não tenham fácil acesso a esse meio. Os participantes da amostra pertencem, principalmente, à classe econômica B (classe média alta) e, em sua maioria, residem no Sudeste. Estudos futuros seriam necessários para ampliar o escopo da amostra e superar as limitações em relação à coleta de dados apontadas aqui.

O número de itens que retrataram possíveis comportamentos inadequados por parte das crianças ("Sua criança treina o cão", "Sua criança bate no cão quando ele faz algo que ela não gosta", "Sua criança tem ciúme do cão") pode ter feito alguns pais modificarem suas respostas, segundo o conceito de desejabilidade social. O uso de itens que se contradigam (como "Sua criança nunca bateu no cão", "Sua criança deixa o cão agir livremente de acordo com a sua própria vontade" ou "Sua criança sempre quer estar perto do cão") e, se possível, a confirmação externa das informações por meio de visitas domiciliares e observação poderiam ser acrescentados em estudos futuros, visando diminuir o viés nas respostas dos participantes.

Nosso estudo apresenta ainda uma limitação conceitual. A investigação da dimensionalidade da EICC não partiu de um pressuposto teórico estabelecido a priori, como explicitado na seção de "Método". Tal procedimento poderia levar a um problema de validade, segundo Borsboom, Mellenbergh e Van Heerden (2004). Os autores criticam a ausência de pressuposto teórico na investigação da validade de um construto argumentando que o foco das análises recai sobre as correlações empíricas obtidas em detrimento de relações causais teoricamente previstas entre os atributos. Justificamos a adoção do presente procedimento em virtude da ausência de instrumentos construídos no Brasil voltados para a avaliação da interação entre crianças e cães, o que dificultou a previsão teórica sobre a dimensionalidade da escala. Contudo, consideramos que o presente estudo contribui para a investigação inicial do construto e para um arcabouço teórico que poderá embasar a construção de outras medidas ou a modificação da EICC.

Apesar das limitações presentes nesta pesquisa, o processo de construção e posteriormente validação da escala de interações entre crianças e cães domésticos se mostrou satisfatório. O instrumento apresenta bons índices de confiabilidade e de validade de face, construto e convergente para aplicação na população brasileira. Profissionais que atuem na área das terapias e atividades assistidas por animais poderão utilizar esse instrumento para a triagem de crianças em intervenções terapêuticas assistidas por cães, à medida que ele pode dar indícios da qualidade de interações futuras entre a criança e o cão. O instrumento também pode ser utilizado no auxílio do planejamento dessas intervenções, de forma a adequá-las às necessidades da criança e diminuir o risco de possíveis intercorrências.

 

Referências

Althoff, R. R., Rettew, D. C., & Hudziak, J. J. (2003). Attention-deficit/hyperactivity disorder, oppositional defiant disorder, and conduct disorder. Psychiatric Annals, 33(4),245-252. doi: 10.3928/0048-5713-20030401-05        [ Links ]

Anderson, D. C. (2007). Assessing the Human-Animal Bond: A compendium of actual measures. West Lafayette, IN: Purdue University Press.         [ Links ]

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (2016). Critério de classificação econômica Brasil. São Paulo: ABEP. Retrieved from http://www.abep.org/criterio-brasil        [ Links ]

Boat, B. W., Pearl, E., Barnes, J. E., Richey, L., Crouch, D., Barzman, D., & Putnam, F. W. (2011). Childhood cruelty to animals: Psychiatric and demographic correlates. Journal of Aggression, Maltreatment and Trauma, 20(7),812-819. doi: 10.1080/10926771.2011.610773        [ Links ]

Borsboom, D., Mellenbergh, G. J., & van Heerden, J. (2004). The Concept of Validity. Psychological Review, 111(4),1061-1071. doi: 10.1037/0033-295X.111.4.106        [ Links ]

Chelini, M. O. M., & Otta, E. (2015). Terapia Assistida por Animais. São Paulo: Manole.         [ Links ]

Cromer, L. D., & Barlow, M. R. (2013). Factors and Convergent Validity of the Pet Attachment and Life Impact Scale (PALS). Human-Animal Interaction Bulletin, 1(2),34-56.         [ Links ]

Ferrando, P. J., & Lorenzo-Seva, U. (2018). Assessing the quality and appropriateness of factor solutions and factor score estimates in exploratory item factor analysis. Educational and Psychological Measurement, 78(5),762-780. doi: 10.1177/0013164417719308        [ Links ]

Ferreira, A. O., Rodrigues, E. A. F., Santos, A. C., Guerra, R. R., Miglino, M. A., Maria, D. A., & Ambrósio, C. E. (2016). Animal-assisted therapy in early childhood schools in São Paulo, Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira, 36(1),46-50. doi: 10.1590/S0100-736X2016001300007        [ Links ]

Frantz, L. A. F., Mullin, V. E., Pionnier-Capitan, M., Lebrasseur, O., Ollivier, M., Perri, A., ... Larson, G. (2016). Genomic and archaeological evidence suggest a dual origin of domestic dogs. Science, 352(6290),1228-1231. doi: 10.1126/science.aaf3161        [ Links ]

George, D., & Mallery, P. (2003). SPSS for Windows step by step: A simple guide and reference. Boston: Allyn & Bacon.         [ Links ]

Goodman, R. (1997). The Strengths and Difficulties Questionnaire: A research note. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 38(5),581-586. doi: 10.1111/j.1469-7610.1997.tb01545.x        [ Links ]

Guymer, E. C., Mellor, D., Luk, E. S. L., & Pearse, V. (2001). The Development of a Screening Questionnaire for Childhood Cruelty to Animals. The Journal of Child Psychology and Psichiatry, 42(8),1057-1063. doi: 10.1111/1469-7610.00805        [ Links ]

Herzog, H. (2015). The research challenge: Threats to the validity of animal-assisted therapy studies and suggestions for improvement. In A. Fine (Ed.), Handbook on animal-assisted therapy: Foundations and guidelines for animal-assisted intervention (pp. 402-407). San Diego, CA: Academic Press.         [ Links ]

Ichitani, T., & Cunha, M. C. (2016). Animal-assisted activity and pain sensation in hospitalized children and adolescents. Revista Dor, 17(4),270-273. doi: 10.5935/1806-0013.20160087        [ Links ]

Lorenzo-Seva, U., & Ferrando, P. J. (2006). FACTOR: A computer program to fit the exploratory factor analysis model. Behavioral Research Methods, Instruments and Computers, 38(1),88-91. doi: 10.3758/BF03192753        [ Links ]

Mendonça, M. E. F., Silva, R. R. da, Feitosa, M. J. de S., & Peixoto, S. P. L. (2014). A terapia assistida por cães no desenvolvimento socioafetivo de crianças com deficiência intelectual. Caderno de Graduação: Ciências Biológicas e da Saúde, 2(2),11-30.         [ Links ]

Mitchell, R. W. (2004). Controlling the dog, pretending to have a conversation, or just being friendly? Interaction Studies, 5(1),99-129. doi: 10.1075/is.5.1.06mit        [ Links ]

Muñoz, P. O. L. (2014). Terapia assistida por animais: Interação entre cães e crianças autistas (Unpublished Master's Dissertation). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. doi: 10.11606/D.47.2014.tde-11122014-101527        [ Links ]

Pereira, V. R., Nobre, M. D. O., Capella, S., & Vieira, A. C. G. (2017). Interação lúdica na atividade assistida por cães em pediatria. Enfermagem em Foco, 8(1),7-11. doi: 10.21675/2357-707x.2017.v8.n1.831        [ Links ]

Ramirez, M. (2006). "My dog's just like me": Dog ownership as a gender display. Symbolic Interaction, 29(3),373-391. doi: 10.1525/si.2006.29.3.373        [ Links ]

Santos, A. R. O., & Silva, C. J. (2016). The animal assisted therapy projects in the state of São Paulo. Revista da SBPH, 19(1),133-146.         [ Links ]

Serra-Pinheiro, M. A., Schmitz, M., Mattos, P., & Souza, I. (2004). Transtorno desafiador de oposição: Uma revisão de correlatos neurobiológicos e ambientais, comorbidades, tratamento e prognóstico. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26(4),273-276. doi: 10.1590/s1516-44462004000400013        [ Links ]

Thompson, K. L., & Gullone, E. (2003). The Children's Treatment of Animals Questionnaire (CTAQ): A psychometric investigation. Society and Animals, 11(1),1-15. doi: 10.1163/156853003321618800        [ Links ]

Udell, M. A. R., & Brubaker, L. (2016). Are dogs social generalists? Canine social cognition, attachment, and the dog-human bond. Current Directions in Psychological Science, 25(5),327-333. doi: 10.1177/0963721416662647        [ Links ]

Vaughn, M. G., Fu, Q., Delisi, M., Beaver, K. M., Perron, B. E., Terrell, K., & Howard, M. O. (2009). Correlates of cruelty to animals in the United States: Results from the National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions. Journal of Psychiatric Research, 43(15),1213-1218. doi: 10.1016/j.jpsychires.2009.04.011        [ Links ]

Winefield, H. R., Black, A., & Chur-Hansen, A. (2008). Health Effects of Ownership of and Attachment to Companion Animals in an Older Population. International Journal of Behavioral Medicine, 15,303-310. doi: 10.1080/10705500802365532        [ Links ]

Woerner, W., Fleitlich-Bilyk, B., Martinussen, R., Fletcher, J., Cucchiaro, G., Dalgalarrondo, P., ... Tannock, R. (2004). The Strengths and Difficulties Questionnaire overseas: Evaluations and applications of the SDQ beyond Europe. European Child & Adolescent Psychiatry, 13(S2),47-54. doi: 10.1007/s00787-004-2008-0        [ Links ]

Wong, J., Mellor, D., Xu, X., & Richardson, B. (2013). Confirmatory factor analyses of the children's attitudes and behaviors towards animals scale in two eastern cultural contexts. Quality and Quantity, 47(5),2569-2575. doi: 10.1007/s11135-012-9672-9        [ Links ]

Zago, L. G., Finger, A. V., & Kintschner, F. M. (2011). A influência da terapia assistida por animais na funcionalidade de uma criança com diplegia espástica: Um estudo de caso. ConScientiae Saúde, 10(3),563-571. doi: 10.5585/ConsSaude.v10i3.2720        [ Links ]

Zilcha-Mano, S., Mikulincer, M., & Shaver, P. R. (2011). An attachment perspective on human-pet relationships: Conceptualization and assessment of pet attachment orientations. Journal of Research in Personality, 45(4),345-357. doi: 10.1016/j.jrp.2011.04.001        [ Links ]

 

 

Correspondência:
Rosana S. Tokumaru
Avenida Fernando Ferrari, 514, Cemuni VI, sala 42, Goiabeiras
Vitória, ES, Brasil. CEP 29075-910
E-mail: andressasouzap4@gmail.com

Submissão: 02/06/2020
Aceite: 15/05/2021
Esta pesquisa contou com auxílio financeiro fornecido com recursos da própria instituição em forma de bolsa de iniciação científica.

 

 

Notas dos autores: Fernanda F. Laurindo, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); Crystian M. S. Gomes, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Ufes; Daniela D. A. Missawa, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Ufes; Rosana S. Tokumaru, Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento, Ufes.

 

 

1 RMSEA: root mean square error of approximation. CFI: comparative fit index. TLI: Tucker-Lewis index.

Creative Commons License