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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.23 no.3 São Paulo set./dez. 2021

http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/ePTPPE14091 

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO

 

Intervenções baseadas em evidências para promover comportamentos pró-sociais em escolas: revisão integrativa

 

 

Iara da S. Freitas; Gabriela E. de Oliveira; Vanessa da S. Lima; Márcia Helena da S. Melo

Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

A partir das últimas décadas, um número crescente de pesquisas em escolas tem voltado atenção a comportamentos pró-sociais, que se referem a ações voluntárias, direcionadas a beneficiar outros indivíduos. O objetivo do presente estudo consiste em descrever intervenções baseadas em evidência, disponíveis na literatura nacional e internacional, voltadas à promoção de comportamentos pró-sociais em crianças e adolescentes no contexto escolar. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura com buscas nas bases de dados ERIC, LILACS, PePSIC, PsycINFO, SciELO e Scopus, resultando na inclusão de 21 artigos. Dezenove estudos relataram efeitos positivos das intervenções na promoção de comportamentos pró-sociais e em outros desfechos avaliados, como habilidades socioemocionais, comportamentos disruptivos, relacionamentos interpessoais e desempenho acadêmico. Sugere-se que estudos futuros investiguem a sustentabilidade das intervenções nas escolas, comparem eficácia e efetividade entre suas diferentes modalidades, bem como invistam em seu desenvolvimento em países do hemisfério sul.

Palavras-chave: comportamento pró-social; escolas; prática baseada em evidências; promoção de saúde; prevenção de violência.


 

 

1. Introdução

Comportamentos pró-sociais são definidos como ações voluntárias direcionadas a beneficiar outros indivíduos e subdividem-se em categorias como ajudar, compartilhar e reconfortar (Eisenberg, Spinrad, & Knafo-Noam, 2015). De acordo com a literatura, sobretudo ao longo dos anos 1990, escolas investiram esforços importantes na redução do comportamento antissocial, possivelmente devido a prejuízos sociais acarretados por agressividade, criminalidade e delinquência. No entanto, a partir das últimas décadas, um número crescente de pesquisas tem voltado atenção ao comportamento pró-social, com enfoque não apenas sobre a diminuição da violência, mas também na promoção da integração da diversidade e na construção de uma sociedade mais empática, colaborativa e justa (Aznar-Farias & Oliveira-Monteiro, 2006; Caprara, Alessandri, & Eisenberg, 2012; Gottfredson, 2017; Roche, 2010).

Estudos destacam o comportamento pró-social como um fator de proteção para agressividade, vitimização por pares e isolamento social (Griese & Buhs, 2014; Jung & Schroder-Abé, 2019), bem como um preditor de relacionamentos interpessoais positivos e de bom desempenho acadêmico ao longo do percurso escolar (Caprara, Barbaranelli, Pastorelli, Bandura, & Zimbardo, 2000; Bergin, 2018). Autores apontam a existência de diferentes abordagens para se promoverem comportamentos pró-sociais em escolas, sendo possível fazê-lo por meio de intervenções estruturadas, compostas por atividades separadas do currículo regular, ou por meio de práticas específicas empreendidas e interações de qualidade estabelecidas entre educadores e estudantes durante a própria rotina diária (Embry & Biglan, 2008; Van Ryzin, Roseth, & Biglan, 2020). Lebel e Chafouleas (2010) ressaltam que é desejável que tais estratégias se iniciem desde a primeira infância.

Em currículos escolares, o ensino de comportamentos pró-sociais pode compor o campo da aprendizagem socioemocional, a qual se divide em cinco competências principais, isto é, autoconhecimento, autorregulação, consciência social, tomada de decisões responsáveis e habilidades de relacionamento (Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning, 2017). Essas últimas habilidades referidas se dividem, por sua vez, em interpessoais e intrapessoais, e as primeiras abrangem comportamentos pró-sociais (Domitrovich, Durlak, Staley, & Weissberg, 2017).

A literatura aponta que diferentes definições, categorizações e métodos de avaliação têm sido empregados na área (Auné, Blum, Facundo, Lozzia, & Horacio, 2014; Martí-Vilar, Corell-García, & Merino-Soto, 2019). De acordo com Eisenberg e Spinrad (2014), a pesquisa na temática do comportamento pró-social data da década de 1960, no entanto, sobretudo a partir dos anos 2000, observou-se o início de uma nova geração de pesquisa no campo, no que se refere à utilização de métodos estatísticos mais sofisticados e delineamentos de pesquisa mais robustos, incluindo estudos longitudinais e experimentais envolvendo crianças e adolescentes.

Mesurado, Guerra, Richaud e Rodriguez (2019), em um estudo de metanálise, investigaram a efetividade de programas para promoção de comportamentos pró-sociais, bem como seu sucesso na diminuição de comportamentos agressivos. Os critérios de inclusão envolviam artigos, teses e dissertações produzidos no período de 2000 a 2017, com estudos realizados com grupos experimental e controle, e crianças e adolescentes na faixa etária de 8 a 18 anos. Selecionaram-se dez pesquisas, as quais foram realizadas em países da América do Norte ou da Europa, com crianças e adolescentes em idade entre 10 e 13 anos, publicados a partir de 2008, e com delineamento quase experimental. As intervenções apresentaram efetividade de moderada a alta na promoção de comportamentos pró-sociais, e todas foram eficazes na prevenção de comportamentos agressivos. Os autores ressaltam que os resultados devem ser interpretados com cautela, dada a diversidade de estratégias utilizadas pelos programas e métodos empregados para a análise dos efeitos, e, além disso, chamam a atenção para o baixo número de estudos encontrados, bem como recomendam o desenvolvimento de intervenções e a produção de novas evidências de pesquisa.

Segundo Spivak, Lipsey, Farran e Polanin (2015), estudos de revisão da literatura podem sumarizar evidências disponíveis acerca de intervenções que apresentam impactos significativos na promoção de comportamento pró-social entre crianças e adolescentes, o que poderia contribuir para subsidiar tomadas de decisão de profissionais da prática, pesquisadores e gestores de políticas públicas. Os autores referidos acrescentam ainda que promover comportamentos pró-sociais em escolas constitui um tópico altamente relevante para iniciativas em reformas educacionais na atualidade. Apesar disso, pesquisas que revisam estratégias interventivas nessa direção constituem lacuna na literatura (Mesurado et al., 2019). Nesse sentido, estudos de revisão sobre intervenções desenvolvidas especificamente em escolas, envolvendo toda a faixa etária da infância e adolescência e abrangendo diferentes níveis de evidência científica, mostram-se relevantes. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo consiste em descrever intervenções baseadas em evidência, disponíveis na literatura nacional e internacional, voltadas à promoção de comportamentos pró-sociais em crianças e adolescentes no contexto escolar.

 

2. Método

Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura. Desse modo, foi definida a seguinte pergunta de pesquisa:

• Quais são as características metodológicas dos estudos e quais são as características das intervenções baseadas em evidências disponíveis na literatura nacional e internacional voltadas à promoção de comportamentos pró-sociais em crianças e adolescentes no contexto escolar?

O levantamento bibliográfico foi realizado no mês de janeiro de 2021, nas bases de dados ERIC, LILACS, PePSIC, PsycINFO, SciELO e Scopus. Para a estratégia de busca, utilizou-se a seguinte combinação de termos e operadores booleanos em todas as bases: ("prosocial behavior" OR "helping behavior" OR "sharing behavior" OR "comforting behavior") AND "schools" AND ("intervention" OR "program" OR "trial)". Em seguida, a pesquisa foi realizada com os correlatos em português. Adicionaram-se filtros relacionados à data de publicação (2000-2020), ao tipo de documento (artigo), ao tipo de fonte (periódicos revisados por pares) e ao idioma (português, inglês e espanhol), conforme as bases o permitiam.

Os critérios estabelecidos para a inclusão dos trabalhos foram: 1. estudos publicados em periódicos científicos entre 2000 e 2020, sob o formato de artigo; 2. ter crianças na faixa etária de 0 a nove anos e/ou adolescentes com idade entre 10 e 19 anos, ou membros da equipe escolar, com idade a partir de 18 anos, como público-alvo; 3. desenvolvidos exclusivamente em escolas; 4. com a promoção de comportamentos pró-sociais como objetivo da intervenção; 5. contemplar intervenções de nível universal (oferecidas a todos os indivíduos de determinada população escolar); 6. apresentar intervenções baseadas em evidência (estudos experimentais, quase experimentais, pré e pós-teste com um grupo, série de casos e relatos de caso); e 7. publicados em português, inglês ou espanhol. Os critérios de exclusão foram: 1. artigos de revisão bibliográfica e/ou metanálise; 2. estudos que avaliam efeitos de dada intervenção sobre o comportamento pró-social, mas cujos objetivos não residam em sua promoção; e 3. estudos exclusivamente de follow-up (artigos que apresentam apenas dados de seguimento, mas não contemplam a descrição da intervenção, procedimentos realizados durante a implementação e resultados logo após seu término).

A pesquisa bibliográfica foi realizada por duas pesquisadoras de pós-graduação, de maneira independente, mas realizando-se os mesmos procedimentos, com vistas a comparar os resultados obtidos por cada uma e verificar o índice de concordância na seleção dos estudos. Após as buscas, os títulos e resumos de todos os artigos foram lidos pelas pesquisadoras e selecionados aqueles que atendiam aos critérios de inclusão, e aqueles cujos resumos não possuíam informações suficientes foram lidos integralmente.

As categorias propostas para a análise dos artigos foram: autores, ano de publicação, país em que o estudo foi realizado, definição de comportamento pró-social adotada, objetivos, foco em prevenção, delineamento do estudo, número de participantes, público-alvo e idade da amostra ou ano escolar, instrumentos de avaliação, resultados, follow-up, profissional facilitador da intervenção, perspectiva teórica, categoria de comportamento pró-social alvo, dosagem ou duração, componentes, conteúdo e existência de currículo separado ou não. Organizaram-se os conteúdos dos estudos em uma planilha, de acordo com as categorias previamente estabelecidas.

 

3. Resultados

O levantamento bibliográfico localizou 16.851 resultados, dos quais 2.302 eram repetidos. Mediante aplicação dos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos, 14.504 resumos e 24 artigos lidos na íntegra foram excluídos. Incluíram-se os 21 estudos restantes. O índice de concordância, por consenso, entre as duas pesquisadoras foi de 100%. O processo de construção do corpus revisado seguiu o protocolo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) e se encontra sumarizado na Figura 3.1.

 

 

3.1 Características metodológicas dos estudos

No que se refere à data de publicação dos estudos, os dados apontam um aumento crescente sobretudo a partir de 2011, década que contempla 18 (86%) dos 21 selecionados. Em relação ao país de origem, as pesquisas foram desenvolvidas nos Estados Unidos (n = 4; 19%), na Itália (n = 4; 19%), na Espanha (n = 2; 9,5%), na Argentina, na Austrália, no Brasil, no Canadá, no Chile, na China, na França, no Japão e na Tanzânia, sendo uma (4,7%) em cada um dos nove últimos países mencionados. Duas pesquisas (n = 2; 9,5%) envolveram de forma conjunta amostras de dois países: Colômbia e Chile, e Argentina e Uruguai.

Em relação à definição de comportamento pró-social adotada, os dados apontam que 13 artigos (61,8%) compartilharam aquela que se refere a ações voluntárias, direcionadas a beneficiar outras pessoas, ou se alinharam a ela. Por sua vez, dois estudos (9,5%) apresentaram exemplos de categorias de comportamentos pró-sociais como sendo a própria definição; um (4,7%) abordou uma conceituação destoante das adotadas nas demais pesquisas, como seguimento de instruções e participação voluntária durante a aula; e cinco (24%) não fizeram referência a uma definição.

Os objetivos dos estudos se referiram, principalmente, a avaliações de efeitos (n = 8; 38%), eficácia (n = 6; 29%) e efetividade (n = 4; 19%) das intervenções direcionadas a promover comportamentos pró-sociais, e três deles (14%) não especificaram os tipos de avaliação realizada. Das 21 intervenções abordadas, sete (33%) possuíam a promoção de comportamentos pró-sociais como objetivo único e 14 (67%) possuíam foco combinado, que incluía também desenvolvimento de habilidades cognitivas, socioemocionais, aumento de resiliência, qualidade de vida e metacognição, melhora em relacionamentos interpessoais, bem como diminuição de desfechos negativos, como comportamentos disruptivos e estresse. Dentre as intervenções analisadas, apenas três (14%) referiram possuir foco preventivo, isto é, além da promoção de saúde por meio dos objetivos supracitados, eram voltadas também a prevenir ou diminuir comportamentos agressivos e envolvimento em bullying/vitimização.

Predominantemente, foram utilizados os delineamentos de pesquisa quase experimental, com grupo controle (n = 9; 42,9%) e experimental (n = 9; 42,9%), seguidos pelo de pré e pós-teste com um único grupo (n = 2; 9,5%) e de caso único (n = 1; 4,7%). O tamanho das amostras variou de 21 a 596 participantes, as quais tiveram como público-alvo crianças e adolescentes, matriculados em séries escolares equivalentes, no contexto brasileiro, às abrangidas desde a educação infantil até o ensino médio, com predomínio de estudos com participantes vinculados ao ensino fundamental. Os instrumentos utilizados incluíram medidas de observação, técnicas de nomeação por pares, tarefas cognitivas e instrumentos padronizados, como escalas e inventários.

Em relação aos resultados das intervenções, obteve-se que 19 (90%) apresentaram diferenças estatisticamente significativas para a promoção de comportamentos pró-sociais entre grupos experimental e controle. Entre estas, 13 relataram ainda efeitos como desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais, aumento de emoções agradáveis de sentir, avanço na qualidade das relações interpessoais no contexto escolar e melhora no desempenho acadêmico dos estudantes, bem como diminuição de comportamentos agressivos, estresse, ansiedade, hiperatividade e queixas somáticas; e 12 (57%) estudos informaram dados de tamanho de efeito, que variou de pequeno a grande.

Quatro pesquisas (19%) apresentaram análises estatísticas acerca de variáveis mediadoras e moderadoras dos efeitos das intervenções. Os estudos apontaram que o aumento de comportamentos pró-sociais mediou a diminuição de agressão física e verbal ou a elevação da qualidade nos relacionamentos professor-aluno e entre estudantes. Por sua vez, três destes destacaram que um repertório inicial menos elaborado de comportamentos pró-sociais e medidas iniciais altas de agressão física moderaram efeitos, afetando positivamente os resultados das intervenções, enquanto altos escores iniciais de comportamentos pró-sociais e alto nível socioeconômico dos participantes o fizeram negativamente.

Ainda, dentre as 21 pesquisas selecionadas, seis (13,3%) apresentaram dados de seguimento, cujo intervalo de tempo variou de um a 18 meses. Destas, cinco tiveram todos os efeitos mantidos no respectivo período, enquanto uma os teve parcialmente. Na Figura 3.1.1, são apresentadas informações referentes às variáveis dos estudos incluídos.

 

 

3.2 Características das intervenções

Dez intervenções (48%) tiveram como profissional facilitador exclusivamente o professor, sendo as demais conduzidas por psicólogos ou estagiários do curso de Psicologia, professores em conjunto com pesquisador, instrutores com qualificação para o programa, inspetora de alunos e pesquisador somente. As perspectivas teóricas que embasaram as intervenções foram abordagens cognitivas e comportamentais, teoria social cognitiva, aprendizagem socioemocional, construto de mindfulness, abordagem humanista, entre outros referenciais nos campos da Psicologia e Educação. Destaca-se que oito (38%) pesquisas selecionadas adotaram, inclusive, mais de uma teoria, e apenas uma (4,7%) não explicitou a fundamentação que sustentava a intervenção.

Em relação às categorias de comportamentos pró-sociais alvos, estas foram especificadas em 13 estudos (62%), sendo ajuda, partilha e consolo as mais frequentes. A duração das intervenções variou de seis semanas a um ano, e 13 (62%) possuíam dosagem semanal, uma (4,7%) era bissemanal, uma (4,7%) trissemanal, uma quinzenal (4,7%) e cinco estudos (23,8%) não referiram a frequência de aplicação. Sobre os componentes, obteve-se que todas as intervenções (100%) envolveram práticas ou atividades com os estudantes, 13 (62%) disponibilizaram formação aos facilitadores anteriormente à implementação, e três destas abrangeram ainda suporte ao longo do processo. Apenas uma (4,7%) intervenção foi entregue em formato on-line.

Por sua vez, conteúdos que compuseram as intervenções foram aqueles relacionados a valores, modelos e comportamentos pró-sociais, habilidades de tomada de perspectiva, componentes socioemocionais, resolução de problemas, práticas de mindfulness, estratégias cooperativas, emoções positivas (por exemplo: gratidão, alegria, serenidade) e comportamento moral. Foi possível identificar ainda que 18 intervenções (86%) possuíam um currículo à parte, a ser inserido no planejamento escolar, enquanto três (14%) não estabeleceram um número específico de sessões, lições ou atividades, mas eram compostas por práticas, como utilização de técnicas cognitivas, comportamentais ou instruções a serem empregadas pelos educadores em diferentes momentos da rotina diária. Na Figura 3.2.1, são apresentadas informações referentes às variáveis das intervenções.

 

 

4. Discussão

Verificou-se um crescimento no número publicações sobre intervenções voltadas à promoção de comportamentos pró-sociais em escolas a partir do ano de 2004, o que corrobora os achados de Mesurado et al. (2019) e marca a formação da nova geração de pesquisa no campo, conforme os apontamentos de Eisenberg e Spinrad (2014). Em relação à filiação dos estudos selecionados, a despeito da confirmação de uma concentração em países do hemisfério norte, constatou-se um avanço em termos de distribuição geográfica dos programas quando comparado aos resultados encontrados por Mesurado et al. (2019), de modo que, na presente revisão, foram identificados estudos em todos os continentes do mundo, o que pode indicar a relevância do desenvolvimento de comportamentos pró-sociais em escolas, apesar de diferenças culturais. Inclusive, identificaram-se estudos sobre programas desenvolvidos originalmente na Europa e então adaptados em países da América Latina.

É importante ponderar ainda que a estratégia adotada pelo presente estudo de incluir estudos com diferentes níveis de evidência científica, e não apenas pesquisas experimentais ou quase experimentais com grupo controle, pode ter contribuído para a seleção de um maior número de pesquisas. Dentre os estudos desenvolvidos em países do hemisfério sul, apenas um foi realizado no Brasil. De acordo com Aznar-Farias e Oliveira-Monteiro (2006), intervenções no campo do comportamento pró-social no contexto brasileiro são escassas, constatação que se atualiza na presente revisão. As autoras citadas abordam ainda que construtos abarcados em programas que mais se aproximam da temática no país compreendem, por exemplo, os de habilidades sociais e competência social.

No que se refere à definição de comportamento pró-social adotada, foi possível identificar que aquela alinhada à proposta por Eisenberg, Fabes e Spinrad (2006) foi a mais utilizada, mas se encontraram variações ou mesmo sua não especificação. Conforme Bergin (2018), a expressão comportamento pró-social, por vezes, é concebida em uma perspectiva mais abrangente, como um comportamento social positivo, o que pode decorrer de um uso amplo e de uma apropriação até imprecisa do conceito. Formula-se a hipótese de que essa acepção da expressão pode ter sido acolhida pelos estudos analisados que não reportaram as definições de comportamento pró-social utilizadas.

Sobre os objetivos e resultados das intervenções, além da promoção de comportamentos pró-sociais, três se propunham também a diminuir ou evitar agressão e envolvimento em bullying/vitimização, classificando-se como preventivas. Destaca-se que, apesar de os demais estudos não terem identificado as intervenções dessa forma, parte deles avaliou desfechos relacionados a comportamentos disruptivos, obtendo resultados positivos, o que confirma as evidências encontradas por Mesurado et al. (2019). De acordo com os referidos autores, o fortalecimento de recursos, como os comportamentos pró-sociais, se mostra efetivo na prevenção de problemas de comportamento no ambiente escolar.

Salienta-se que as pesquisas revisadas no presente estudo descreveram ainda outros efeitos, para além dos mencionados anteriormente, como desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais, melhora da qualidade nas relações interpessoais e no desempenho acadêmico dos estudantes, aumento de emoções agradáveis de sentir e diminuição de dificuldades em saúde mental. Tais resultados podem ser indicadores de bom custo-benefício e, portanto, possuem relevância a ser considerada na tomada de decisão quanto à adoção de intervenções por gestores públicos (Bartholomew-Eldredge et al., 2016; Spivak et al., 2015). Além disso, é válido ressaltar que a relação entre a promoção de comportamentos pró-sociais e os demais desfechos mencionados se mostra consonante com a perspectiva da literatura no que se refere ao potencial do comportamento pró-social na construção de ambientes escolares que ofereçam suporte a um desenvolvimento integral dos indivíduos (Caprara et al., 2012; Gottfredson, 2017; Roche, 2010).

Destacam-se variações importantes entre as pesquisas, que perpassam o delineamento dos estudos, tamanho das amostras e instrumentos utilizados para avaliação, o que configura uma heterogeneidade metodológica, dados que confirmam um desafio apontado pela literatura para a pesquisa no campo do comportamento pró-social, no que se refere à comparação de resultados entre estudos. Tal dificuldade se coloca, principalmente, dada a diversidade conceitual que existe dentro do próprio construto - explicada, em parte, pela complexidade dele -, e de instrumentos desenvolvidos a partir de diferentes definições e categorizações (Auné et al., 2014; Martí-Vilar et al., 2019), o que possui implicação para o planejamento das pesquisas.

Constatou-se que a maior parte das pesquisas foi desenvolvida com estudantes na faixa etária a partir dos 6 anos. Nessa direção, Lebel e Chafouleas (2010), em um estudo de revisão da literatura, apontam que, apesar de sua importância, intervenções para promoção de comportamentos pró-sociais na população da educação infantil (etapa escolar em que são matriculadas crianças com idade entre 0 e 5 anos) ainda existem em bem menor número, conjuntura que pode estar relacionada a um prejuízo na disseminação de conhecimento existente sobre o tema a educadores dessa etapa de ensino, quando comparado a outras. Segundo as referidas autoras, para um avanço na direção do desenvolvimento de intervenções promotoras de comportamentos pró-sociais na educação infantil, são necessários esforços sistemáticos de profissionais de Psicologia, em conjunto com pesquisadores, educadores e famílias.

Ressalta-se que mais da metade dos estudos descreveu como componentes das intervenções as atividades com estudantes e a formação de professores anteriormente à implementação. A literatura destaca que a aplicação de intervenções baseadas em evidências na escola pode constituir um desafio, por conta das questões relacionadas à aceitação da pesquisa, à comunicação entre os diferentes atores envolvidos, à flexibilidade e à disponibilidade de professores e outros profissionais, aos ajustes ao calendário escolar, aos recursos limitados, entre outras. Nesse sentido, são imprescindíveis o conhecimento do contexto em que a intervenção será realizada, o desenvolvimento de empatia e o estabelecimento de relações marcadas por parceria, transparência e confiança entre pesquisadores e membros da comunidade escolar (Marturano, Bolsoni-Silva, & Santos, 2015; Biglan, 2004).

Foi possível verificar ainda que as intervenções variaram em relação às perspectivas teóricas que as embasavam, aos conteúdos, bem como no que se refere à duração e ao formato. Identificaram-se intervenções que possuíam atividades separadas em relação ao currículo escolar existente, enquanto outras ocorriam durante interações cotidianas. Essa segunda possibilidade pode incorrer, segundo Van Ryzin et al. (2020), em menos custos associados à adaptação de currículos e tempo. De acordo com Embry e Biglan (2008), práticas que pareçam simples de se desenvolver, em vez de intervenções manualizadas que denotem complexidade, podem ter sua adoção e implementação facilitadas por profissionais da prática, o que pode beneficiar a disseminação do conhecimento e os desfechos das ações planejadas. Apesar disso, e diante do fato de que 19 das 21 intervenções analisadas apresentaram resultados positivos, formula-se a hipótese de que intervenções com diferentes modelos podem promover comportamentos pró-sociais em escolas.

Como limitações do presente estudo, podem-se citar a restrição dos idiomas estabelecidos para a seleção de artigos, o período de publicação e a exclusão dos estudos não acessíveis, o que pode ter levado à recuperação de um menor número de pesquisas. Nesse sentido, sugere-se que novos estudos de revisão incluam não apenas artigos, mas também teses e dissertações, bem como se debrucem sobre intervenções voltadas à promoção de habilidades socioemocionais e investiguem se a promoção de comportamentos pró-sociais constitui parte dos objetivos destas, o que pode ampliar o número de estudos selecionados.

Deve-se levar em conta ainda que o aumento crescente de estudos interventivos com crianças, baseados em evidências, no campo do comportamento pró-social, a partir das últimas décadas, pode sinalizar um processo de construção e aprimoramento da nova geração de pesquisa e representa um avanço na área. Em continuidade, é relevante que estudos futuros investiguem a sustentabilidade das intervenções no contexto escolar ao longo do tempo, comparem eficácia e efetividade entre suas diferentes modalidades, bem como invistam em adaptação cultural, desenvolvimento e avaliação de mais intervenções em países do mundo onde estas ainda se mostram incipientes, como é o caso do Brasil.

Para finalizar, considera-se que a identificação de modelos de intervenções relacionadas à promoção de comportamentos pró-sociais na escola, apresentadas nesta revisão, pode contribuir para subsidiar a tomada de decisão de gestores acerca do planejamento e desenvolvimento de estratégias, a depender do contexto de inserção, envolvendo setores de saúde e educação. Além disso, pondera-se que o presente estudo possui o potencial de orientar novos caminhos de pesquisa e de apoio à prática de educadores e psicólogos que atuam no contexto escolar.

 

Referências

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Correspondência:
Iara da Silva Freitas
Instituto de Psicologia (bloco F, sala 19)
Avenida Professor Mello Moraes, 1721, Cidade Universitária
São Paulo, SP, Brasil. CEP 05508-030
E-mail: iarafreitas.psi@gmail.com

Submissão: 30/09/2020
Aceite: 16/03/2021

 

 

Notas das autoras: Iara da Silva Freitas, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo (USP); Gabriela Eustáquio de Oliveira, Instituto de Psicologia, USP; Vanessa da Silva Lima, Instituto de Psicologia, USP; Márcia Helena da Silva Melo, Instituto de Psicologia, USP.

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