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Psicologia: teoria e prática

versão impressa ISSN 1516-3687

Psicol. teor. prat. vol.24 no.1 São Paulo jan./abr. 2022

http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/ePTPHD13341.en 

DESENVOLVIMENTO HUMANO

 

Hábitos de sono e relação com indicadores de saúde mental na infância

 

 

Thaísa Gios; Tatiana P. Mecca; Juliana Akemi; Lucas E. Kataoka; Rosane Lowenthal

Departamento de Saúde Mental, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP)

Correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo investigou a relação entre hábitos de sono e indicadores de saúde mental na infância relatados por cuidadores, além de buscar evidências de validade e precisão da adaptação para o Brasil do Children's Sleep Habits Questionnaire (CSHQ). Participaram 60 crianças, entre 4 e 10 anos, de uma escola pública da região central de São Paulo, em 2019. A média geral no CSHQ-BR foi 49,08. Não houve diferenças de sexo nos escores do CSHQ e do Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ). Houve correlações positivas e significativas entre o CSHQ e o SDQ, especificamente entre dificuldades, parassonias e distúrbios respiratórios do sono com problemas emocionais e hiperatividade. Hábitos de sono explicaram 23% da variância no SDQ. O coeficiente alfa de Cronbach do CSHQ-BR foi 0,75, indicando consistência interna adequada. Esses achados apontam evidências de validade e precisão do CSHQ-BR. Hábitos de sono estão associados a indicadores de problemas emocionais e comportamentais.

Palavras-chave: sono, saúde mental, infância, problemas internalizantes, problemas externalizantes


 

 

O sono é um fenômeno complexo e fundamental para o desenvolvimento saudável. Interfere no comportamento, na consolidação da memória e de outros aspectos cognitivos, na regulação metabólica, hormonal e emocional. Quando inadequado, é fator de risco para obesidade, diabetes, doenças cardíacas, distúrbios na imunidade e transtornos de humor, interferindo no bem-estar físico e mental do indivíduo, acarretando prejuízo funcional e nas relações interpessoais (Barbisan & Bueno, 2019; Neves et al., 2017; Silva et al., 2014).

As dificuldades de sono são comuns na infância, atingindo cerca de 20%-30% das crianças com desenvolvimento típico e 80% das crianças com alterações do neurodesenvolvimento (Damiani et al., 2014; Moore et al., 2017). Quadros de ansiedade e depressão, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro autista (TEA) ocorrem com frequência em associação ou como comorbidade ao quadro de insônia (Nunes & Bruni, 2015; Vaughn et al., 2015; Liu et al., 2014). Estima-se, por exemplo, que 25% a 50% das crianças com TDAH apresentem transtornos do sono (Miano et al., 2012; Paavonen et al., 2009).

Estudos de diferentes países mostram que a associação entre transtornos do sono e problemas emocionais/comportamentais em crianças parece ser universal (Nunes & Bruni, 2015; Wu et al., 2016; Wang et al., 2020; Whalen et al., 2016). Aspectos relacionados à curta duração do sono ou à irregularidade na hora de dormir estão associados a problemas de atenção, comportamentos agressivos, hiperatividade e sintomas emocionais (Wu et al., 2016; Wang et al., 2020; Whalen et al., 2016; Schlarb et al., 2016). Ademais, crianças com transtornos do sono apresentam maiores alterações não adaptativas no processo de geração e regulação de emoções, mais dificuldades de relacionamento entre pares e pior prontidão para a aprendizagem com impacto no rendimento escolar (Tso et al., 2016).

Pesquisas indicam que transtornos do sono em crianças são preditores significativos de problemas emocionais e comportamentais posteriores, como ansiedade, depressão, queixas somáticas, problemas de atenção, funções executivas menos desenvolvidas e comportamentos agressivos (Nelson et al., 2018; Whalen et al., 2016; Nunes & Bruni, 2015; Owens & Mindell, 2011).

As apresentações clínicas dos transtornos de sono são variáveis. Durante os primeiros anos, são frequentes as queixas de dificuldades para iniciar o sono e/ou despertares noturnos. Após esse período observam-se parassonias (tais como despertar confusional, sonambulismo e terror noturno) e distúrbios respiratórios do sono (como apneia obstrutiva do sono). A partir da idade pré-escolar, ocorrem os distúrbios relacionados a questões de higiene do sono inadequada, e, na adolescência, há os transtornos relacionados a questões circadianas ou a movimentos excessivos durante o sono (Nunes & Bruni, 2015).

Um estudo recente que investigou problemas do sono e de saúde mental em crianças pré-escolares na China e no Japão mostrou associação entre problemas emocionais e comportamentais com transtornos de sono. Entretanto, houve diferença nos aspectos de saúde mental e do sono entre os países. Por exemplo, crianças chinesas com dificuldades do sono apresentam mais problemas de relacionamento com pares. Na China, os problemas do sono mais frequentes são respiratórios e sonolência diurna, enquanto no Japão são ansiedade do sono e despertar noturno (Wang et al., 2020). Isso indica que diferenças culturais podem impactar de formas distintas a relação entre características específicas de sono e indicadores de saúde mental na infância.

A detecção precoce dos transtornos do sono e fatores de risco para transtornos psiquiátricos é fundamental, pois propicia o manejo adequado e consequentemente o prognóstico favorável, evitando a cronicidade das doenças. Instrumentos para rastreio, como o Children's Sleep Habits Questionnaire (CSHQ) e o Questionário de Capacidades e Dificuldades (Strengths and Difficulties Questionnaire - SDQ), podem auxiliar na prática diária, já que são de fácil e rápida aplicação.

O CSHQ é um questionário sobre hábitos de sono desenvolvido por Owens et al. (2000), amplamente utilizado nos estudos internacionais sobre sono na infância. Os itens e a estrutura do questionário são baseados em apresentações clínicas comuns dos diagnósticos mais prevalentes segundo a International Classification of Sleep Disorders e avaliam a percepção dos pais sobre o sono dos filhos.

Existem adaptações desse questionário para diversos idiomas, como chinês (Liu, Liu, & Wang, 2003), hebraico (Tzchishinsky et al., 2008), holandês (Wauman et al., 2010), alemão (Schlarb et al., 2010), espanhol (Cruz et al., 2016) e português de Portugal (Silva et al., 2014), e, para a maior parte deles, existem estudos prévios de evidências de validade. No Brasil, a tradução, a adaptação transcultural e os primeiros estudos psicométricos foram realizados recentemente (Gios, 2020).

Em relação ao rastreio de problemas de saúde mental na infância, há o SDQ composto por um total de 25 itens divididos em cinco subescalas. A versão brasileira do SDQ apresenta estudos nacionais prévios de evidência de validade para uso em triagem de saúde mental na infância (Saur & Loureiro, 2012; Silva et al., 2015). Os escores do SDQ permitem identificar sintomas internalizantes e problemas externalizantes de comportamento (Goodman, 1997).

Por conta da associação entre distúrbios do sono e problemas comportamentais em crianças, e em razão da escassez de estudos nacionais que utilizem instrumentos de rastreio consolidados pela literatura, o objetivo deste trabalho é verificar a relação dos padrões do sono com indicadores de saúde mental na infância relatados por cuidadores. Acrescenta-se ainda que os dados oriundos do presente estudo proverão evidências de validade baseadas na relação com variáveis externas da adaptação para o português do Brasil do CSHQ. De acordo com a revisão feita da literatura, a hipótese é de que sejam observadas correlações de magnitude baixa a moderada entre problemas de sono e aumento de problemas de saúde mental em crianças conforme relato dos cuidadores.

 

Método

Desenho e aspectos gerais do estudo

Trata-se de um estudo transversal, observacional, descritivo e correlacional. A coleta de dados foi realizada em 2019, durante uma reunião de pais em uma escola pública da região central de São Paulo. Durante o encontro, os cuidadores foram convidados a assistir a palestras sobre sono e preencher os questionários, com auxílio de uma equipe composta por estudantes de Medicina e Fonoaudiologia, previamente capacitada para aplicação dos instrumentos.

Participantes

A amostra foi selecionada por conveniência. Participaram deste estudo 60 crianças (53,3% meninos), com idades entre 4 e 10 anos e 11 meses (M = 7,66 anos e DP = 1,36), todas estudantes de uma escola pública da cidade de São Paulo. Conforme o critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - Abep (2019), a média da população estudada encontra-se no estrato socioeconômico C1 (M = 25,78), com renda média domiciliar estimada em 3.085, 48 reais. Do total, 70% dos questionários foram preenchidos pelas mães, 13,3% pelos pais e 10% pelos avós, e 6,7 % não responderam a esse quesito.

Critérios de inclusão e exclusão

O critério de inclusão dos cuidadores (pais e/ou responsáveis) foi permanecer com criança, no mínimo, seis noites por semana. Excluíram-se do estudo crianças cujos cuidadores referiram síndromes genéticas, transtornos psiquiátricos ou uso contínuo de psicofármacos.

Instrumentos

CSHQ: neste estudo, utilizou-se a versão já traduzida e em processo de evidências de validade para o português do Brasil do CSHQ - versão abreviada (Gios, 2020). Esse questionário inclui itens relacionados a domínios-chave que abrangem as principais queixas clínicas de sono na faixa etária pediátrica. Os 33 itens são agrupados conceitualmente em oito subescalas, refletindo os seguintes domínios do sono: resistência em ir para a cama, início do sono, duração do sono, ansiedade do sono, despertares noturnos, parassonias, distúrbios respiratórios do sono e sonolência diurna. É utilizado para a triagem dos distúrbios do sono em crianças entre 4 e 10 anos de idade. Esse limite de idade foi definido com o objetivo de minimizar os possíveis efeitos das mudanças puberais no comportamento do sono. A frequência dos comportamentos do sono é classificada em uma escala de três pontos, como "habitualmente" (ocorre de cinco a sete vezes por semana), "às vezes" (ocorre de duas a quatro vezes por semana) ou "raramente" (de zero a uma vez por semana) (Owens et al., 2000). O CSHQ-BR encontra-se descrito no Apêndice 1.

Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ): instrumento utilizado para rastreio de problemas de saúde mental na infância. É constituído por 25 itens divididos em cinco subescalas: problemas no comportamento pró-social, hiperatividade, problemas emocionais, problemas de conduta e de relacionamento, com cinco itens em cada subescala. As respostas podem ser: falso (zero ponto), mais ou menos verdadeiro (um ponto) ou verdadeiro (dois pontos), e cada item recebe uma pontuação específica. A exceção ocorre na subescala de comportamento pró-social, na qual quanto maior a pontuação, menor é a quantidade de queixas. Para cada uma das cinco subescalas do SDQ, a pontuação pode variar de 0 a 10, sendo a pontuação do escore total de dificuldades gerada pela soma dos resultados de todas as subescalas, exceto a de sociabilidade, variando de 0 a 40 pontos (Goodman, 1997).

Critério de Classificação Econômica Brasil da Abep (2019): apresenta uma classificação de nível socioeconômico, considerando todos os bens que estão dentro do domicílio (independentemente da forma de aquisição), o grau de instrução e a condições de moradia. Possui uma estratificação da população em sete níveis socioeconômicos (NSE).

Procedimentos e considerações éticas

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. A avaliação dos problemas de sono e o rastreio de saúde mental foram aprovados em dois projetos individuais: Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 99698918.1.0000.5479 e CAAE nº 20689919.3.0000.5479. O responsável pela instituição onde ocorreu a coleta de dados e os responsáveis pelas crianças assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme preconiza a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas com seres humanos. Os participantes foram informados sobre os procedimentos e a confidencialidade dos dados coletados, e também sobre a divulgação anônima dos resultados.

Análise de dados

Os dados foram analisados por meio do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) - versão 21.0. Realizaram-se estatísticas descritivas (média e desvio padrão) com a finalidade de caracterizar a amostra quanto aos escores nos questionários. Para verificar a adequação da distribuição dos dados e definir o tipo de análise inferencial a ser conduzida, realizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov e descreveram-se os valores de assimetria e curtose dos escores do SDQ e CSHQ. Os valores de assimetria para o SDQ variaram de -1 a 1, com exceção do comportamento pró-social, enquanto os valores de curtose se distanciaram do esperado. Já no CSHQ, parte dos valores das subescalas está assimétrica e encontra-se distante do esperado. Por fim, o teste Kolmogorov-Smirnov apresentou significância estatística (p ≤0 ,05), e, por isso, optou-se pelo uso de análises não paramétricas.

Foram comparados os escores de meninos e meninas no SDQ e no CSHQ pelo teste de Mann-Whitney. Realizaram-se a análise de correlação de Spearman entre os escores no SDQ e CSHQ, e, por fim, a análise de regressão linear, considerando distúrbios do sono como variável independente e problemas de comportamento como desfecho. A precisão do instrumento para essa amostra foi obtida por meio da análise de consistência interna, especificamente pelo coeficiente alfa de Cronbach.

 

Resultados

Inicialmente foram realizadas análises descritivas por sexo, bem como para amostra total dos escores do SDQ e CSHQ. Os resultados encontram-se descritos na Tabela 1.

 

 

Em seguida, o teste de Mann-Whitney foi conduzido com a finalidade de comparar os escores de meninos e meninas. Os resultados indicaram não haver diferença estatisticamente significativa entre ambos os grupos para sintomas emocionais [(U) = 357,5; p = 0,35], problemas de conduta [(U) = 328; p = 0,14], hiperatividade [(U) = 367; p = 0,22], dificuldades de relacionamento [(U) = 416; p = 0,63] e comportamento pró-social [(U) = 428,5; p = 0,92]. Do mesmo modo, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre meninos e meninas para os índices de sono, entre eles: resistência em ir para a cama [(U) = 385; p = 0,92], início do sono [(U) = 395; p = 0,46], duração do sono [(U) = 397,5; p = 0,70], ansiedade do sono [(U) = 328,5; p = 0,20], despertar noturno [(U) = 314,5; p = 0,36], parassonias [(U) = 388,5; p = 0,77], distúrbios respiratórios do sono [(U) = 391; p = 0,80] e sonolência diurna [(U) = 294; p = 0,10]. Não houve, portanto, diferenças de escores no CSHQ e no SDQ que justificassem o controle dessa variável em outras análises.

Em seguida, foram conduzidas correlações de Spearman entre os escores do CSHQ com os escores do SDQ respondido pelos pais, com a idade das crianças (em meses) e com a pontuação total na Abep como indicador de NSE. Os resultados das análises de correlação encontram-se descritos na Tabela 2.

 

 

Com relação ao nível socioeconômico, houve correlação negativa, significativa e de baixa magnitude entre resistência em ir para a cama e pontuação total do questionário Abep, indicando que quanto menor o nível socioeconômico, maior a resistência em ir para a cama. Já em relação à idade, encontrou-se correlação negativa, significativa e de magnitude moderada entre horas de sono e idade em meses, indicando que quanto menor a idade da criança, mais horas de sono, enquanto o aumento da idade se relaciona com diminuição da quantidade de horas de sono. Observou-se também correlação positiva, significativa e de magnitude baixa entre início de sono e idade, ou seja, quanto maior a idade, o início do sono é mais tardio. Ainda em relação à idade, foi observada uma tendência para correlação positiva com sonolência diurna.

Observou-se correlação positiva, significativa e magnitude moderada entre o escore total no CSHQ e o escore total no SDQ. Quando se analisaram os domínios específicos do CSHQ, notou-se que a duração sono e a presença de parassonias e distúrbios respiratórios se correlacionaram de forma positiva, significativa e com magnitude moderada com os escores totais no SDQ.

No que tange aos domínios específicos do SDQ, não foram observadas correlações significativas entre os diferentes aspectos do sono com problemas de conduta, relacionamento com colegas e comportamento pró-social. No caso de problemas de relacionamento com colegas, houve uma tendência de baixa correlação com parassonias. Contudo, correlação positiva, significativa e de baixa magnitude foi observada entre sintomas de desatenção/hiperatividade com o início do sono, parassonias e distúrbios respiratórios do sono. Nota-se que o maior tempo para início do sono e presença de parassonias ou distúrbios respiratórios relacionam-se com maior frequência de sintomas de desatenção/hiperatividade. Esses escores também apresentaram tendência de baixa correlação com os escores totais no CSHQ.

Encontrou-se correlação positiva, significativa e de magnitude moderada entre sintomas emocionais com parassonias e distúrbios respiratórios do sono. Dessa forma, observa-se que quanto mais sintomas de parassonias e alterações respiratórias do sono a criança apresentar, mais dificuldades emocionais são relatadas pelos cuidadores.

A análise de regressão possibilitou a identificação de um modelo que apresentou um coeficiente de determinação de 0,232. Dessa forma, verificou-se que as características do sono medidas pelo CSHQ explicam 23% da variância dos escores observados em problemas comportamentais que são indicadores de saúde em crianças entre 4 e 10 anos de idade. A Tabela 3 apresenta o modelo resultante da regressão.

 

 

Por fim, o presente estudo é o primeiro conduzido com a versão brasileira do CSHQ-BR, que foi previamente traduzida e adaptada por Gios (2020). Estudos prévios com a versão portuguesa, o CSHQ-PT (Silva et al., 2014), também foram conduzidos no Brasil (Loekmanwidjaja et al., 2018; Urrutia-Pereira et al., 2017). Todavia, neste estudo optou-se por utilizar a versão com adaptação transcultural para o Brasil, tendo em vista a necessidade do uso de instrumentos devidamente adaptados para o contexto no qual são utilizados (Borsa et al., 2012). Realizou-se análise de consistência interna do instrumento para a presente amostra, a qual indicou um coeficiente alfa de Cronbach de 0,75. Esse valor é considerado adequado, indicando boa correlação item-total dos itens que compõem o instrumento.

 

Discussão

Tendo em vista estudos prévios em diferentes populações no mundo que relatam a associação entre sono e saúde mental na infância (Wu et al., 2016; Liu et al., 2014; Wang et al., 2020) e a escassez de questionários disponíveis em contexto nacional para avaliação de características de sono, o presente estudo objetivou investigar a relação entre características que são indicadoras de problemas de sono com uma medida de rastreio de sintomas internalizantes e externalizantes utilizada como triagem para saúde mental em crianças. Acrescenta-se ainda o fato de serem utilizadas ferramentas de rastreio amplamente empregadas em diversos estudos nacionais e internacionais, tendo como contribuição os primeiros achados de evidências de validade e precisão da versão brasileira do CSHQ.

De acordo com classificação previamente estabelecida para os escores do SDQ (Goodman, 1997), em média as crianças apresentaram-se como limítrofes para sintomas emocionais, ou seja, com mais sintomas relatados pelos cuidadores do que o esperado para nesta faixa etária. Por sua vez, os escores estavam dentro da faixa de normalidade para problemas de condutas, hiperatividade, dificuldades com colegas e comportamento pró-social. No caso do CSHQ, ainda não há um ponto de corte estabelecido para a população brasileira. Mas, quando se compararam os dados obtidos nesta amostra com o critério de 41 pontos utilizado pelos estudos internacionais (Owens et al., 2000), observou-se uma média de 8 pontos acima do esperado, embora com um desvio padrão de 11 pontos, cujo limite inferior seria compatível com a pontuação de corte utilizada. Nesse sentido, estudos futuros com amostras representativas da população brasileira podem estabelecer um ponto de corte que seja mais compatível com as características de sono observadas no país.

Inicialmente, compararam-se os resultados entre meninos e meninas, com a finalidade de investigar possíveis diferenças nos escores que poderiam impactar a relação entre indicadores de saúde mental com problemas de sono. Os resultados obtidos mostraram ausência de diferenças estatisticamente significativas entre a pontuação de meninos e meninas tanto no escore total quanto nas subescalas do CSHQ e do SDQ, corroborando estudo prévio de Lianqi et al. (2004) realizado com crianças chinesas. As análises de correlação com CSHQ-BR foram então realizadas considerando a amostra como um todo.

Sabe-se que problemas de sono podem apresentar diferentes características (Nelson et al., 2018; Nunes & Bruni, 2015), assim como há diferentes indicadores de problemas de saúde mental (Goodman, 1997). Por isso, optou-se por correlacionar as subescalas dos questionários para além dos seus escores totais.

No presente estudo, observou-se relação positiva entre pontuação total do CSHQ (indicativa de maiores dificuldades de sono) e problemas emocionais na infância, além de associação específica entre parassonias e distúrbios respiratórios do sono com as dificuldades emocionais. De acordo com os resultados, o aumento em características que indicam problemas de sono está associado ao aumento de indicadores de prejuízos na saúde mental relatados pelos familiares. Sabe-se que sintomas emocionais são cardinais em diversos transtornos de humor. Por sua vez, pesquisa recente discute dificuldades específicas do sono e relativamente comuns, como dificuldade para dormir sozinho e maior latência para início do sono, como preditores de depressão e gravidade de sintomas de ansiedade ao longo do tempo (Whalen et al., 2016). Alguns estudos relatam que, em crianças, sintomas emocionais e transtornos de sono podem estar relacionados com o tipo de maternagem, ou seja, quanto mais presente a mãe está na criação do seu filho, menos transtornos de sono e consequentemente menos problemas emocionais. As crianças pré-escolares que experimentam insegurança e ambivalência em seus relacionamentos de apego podem apresentar prejuízos na qualidade do sono (Schlarb et al., 2016). Nesse sentido, estudos futuros poderiam investigar se a relação entre problemas de sono e sintomas emocionais é mediada ou moderada por características de apego da criança em relação ao cuidador.

Observou-se que quanto mais tarde se inicia o sono, maior a pontuação na subescala de hiperatividade do SDQ, e que parassonias e distúrbios respiratórios do sono também se associam positivamente à hiperatividade. Isso indica que essas variáveis específicas dos aspectos do sono estão relacionadas a um aumento nos indicadores gerais de problemas de saúde mental. Esses resultados replicaram estudos anteriores, indicando uma associação universal entre distúrbios do sono e problemas comportamentais em crianças de diferentes países (Li et al., 2008; Nelson et al., 2018), especificamente com problemas externalizantes, como a hiperatividade (Wang et al., 2020). Esses autores encontraram correlações mais baixas entre parassonias, distúrbios respiratórios e início do sono com sintomas de hiperatividade quando comparadas às correlações observadas no presente estudo. Essas variações na magnitude das correlações podem ser decorrentes de número amostral, idade e aspectos culturais que influenciam tanto no sono quanto na saúde mental das crianças. Ressalta-se ainda o fato de que crianças na faixa etária de 7-8 anos com TDAH, ou seja, com prejuízos funcionais consistentes decorrentes dos sintomas de hiperatividade, dormem menos horas quando comparadas com as que não têm o distúrbio (Paavonen et al., 2009).

Em relação à idade, os achados do presente estudo também indicaram que quanto menor a idade da criança, mais horas de sono são relatadas pelos cuidadores. Notou-se que quanto maior a idade da criança, maior o tempo para início do sono, diminuindo, portanto, a quantidade de horas de sono da criança. Entre os fatores que podem justificar o início de sono tardio, nota-se o uso de dispositivos eletrônicos, como assistir à televisão antes de dormir, o que acarreta maior exposição à luz da tela, tornando assim a higiene do sono prejudicada. Uma hipótese seria a seguinte: com o aumento da idade, os cuidadores possuem menor controle sobre o uso noturno desses dispositivos. Sabe-se que o estilo de vida atual acarreta mudanças sociais que apresentam impacto negativo no padrão de sono, como despertares durante a noite, menor quantidade de horas de sono e, em alguns casos, insônia (Hoge et al., 2017). Houve também uma tendência para correlação entre idade e sonolência diurna, achado também observado por outros autores (Liu et al., 2019). Essa relação também pode ser explicada em função da quantidade menor de horas de sono conforme o aumento da idade.

Em relação ao NSE, houve maior correlação com resistência em ir para a cama, indicando que quanto menor o NSE, maior a resistência. Discute-se a relação entre menor NSE e problemas relacionados ao sono, à medida que quartos compartilhados, estresse familiar, maior dificuldade no estabelecimento de limites e rotinas de sono poderiam implicar tais prejuízos (Crabtree et al., 2005; Li et al., 2008).

Por fim, no presente estudo, 23% das variâncias em indicadores internalizantes e externalizantes de saúde mental (escore total no SDQ) foram explicadas de forma significativa por características de sono, corroborando uma vasta literatura na área que relata alterações no padrão de sono como fator de risco e também critério diagnóstico em saúde mental (Nelson et al., 2018; Wang et al., 2020).

Este trabalho apresenta algumas limitações. A caracterização do sono foi medida a partir da versão abreviada do CSHQ-BR, sendo esta uma medida de relato dos cuidadores. A utilização combinada de medidas objetivas de sono, como a actigrafia e polissonografia, detalharia melhor as características do sono nessa população. É importante que estudos adicionais avaliem o sono e o comportamento das crianças por meio de outros informantes, possibilitando melhor compreensão do funcionamento delas em diferentes contextos. A amostra deste estudo restringiu-se a 60 crianças de uma mesma escola pública de São Paulo. Espera-se que este trabalho possa estimular a produção de pesquisas nacionais sobre o tema, com amostras maiores e que contemplem a heterogeneidade populacional.

Todavia, uma importante contribuição deste estudo se deve ao fato de que os achados proveem as primeiras evidências de validade e precisão do CSHQ adaptado para o português do Brasil. O uso de ferramentas simples de rastreio em contexto escolar pode auxiliar na identificação de crianças de risco que devem ser encaminhadas para serviços de saúde mental, evitando a cronificação de sintomas que começaram na infância. Entender o padrão de sono como um possível fator de risco associado a transtornos psiquiátricos sinaliza a necessidade da investigação clínica pormenorizada sobre esse aspecto, de modo a facilitar o diagnóstico e a intervenção precoces, e modificar o prognóstico e curso de doença.

 

Referências

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Correspondência:
Rosane Lowenthal
Departamento de Saúde Mental, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Rua Dona Veridiana, 55, 3º andar
São Paulo, SP, Brasil. CEP 01238-010. Brasil
E-mail: rosane.lowenthal@gmail.com

Submissão: 28 abr. 2020
Aceite: 9 ago. 2021
Financiamento: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (Pibic) e de mestrado FCMSCSP

 

 

 

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