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Cadernos de Psicologia Social do Trabalho

versão impressa ISSN 1516-3717

Cad. psicol. soc. trab. v.3-4  São Paulo dez. 2001

 

EDITORIAL

 

No ano de 2000 as Universidades Públicas do Estado de São Paulo estiveram em greve durante várias semanas, período em que se realizaria o evento para lembrar o Dia do Trabalho. Desse modo, o presente número dos Cadernos traz apenas artigos e entrevista, diferentemente do número anterior, que trazia também a transcrição de mesas redondas ocorridas em eventos semelhantes de outros anos.

O primeiro artigo deste número é um desdobramento da dissertação de mestrado de Iolanda M. A. Évora, que discute a complexidade da introdução do cooperativismo em Cabo Verde. Ela mostra-nos como a política de estado dialoga com a história, a cultura e as concepções locais sobre práticas cooperativas e solidárias.

Regina L. Souza e Helerina A. Novo trazem, também a partir de um trabalho de dissertação de mestrado, uma detalhada descrição do cotidiano de trabalhadoras com Lesões por Esforços Repetitivos que permite compreender essa síndrome do ponto de vista, não apenas do âmbito da produção, mas, principalmente, do âmbito da reprodução da força de trabalho, tratando especificamente das relações conjugais.

“Homens de pedra?”, pesquisa desenvolvida como atividade de curso de graduação em psicologia, focaliza as condições de trabalho e sua relação com a subjetividade dos trabalhadores da indústria de extração mineral. Saltam aos olhos a periculosidade, a penosidade e a insalubridade desse tipo de atividade, o que claramente se reflete no relato da vivência dos pesquisadores durante sua passagem pelo campo.

A filosofia neopragmática da linguagem é-nos apresentada por Pedro F. Bendassolli para lançar luz sobre a configuração do vocabulário da habilidade e da competência e sobre sua presença nos modos de viver contemporâneos. A nosso ver, sua contribuição revela um dos sustentáculos da atual radicalização do self-made-man.

Finalmente, apresentamos a entrevista realizada com o Prof. Peter Spink, que narra sua experiência como psicólogo social na área de psicologia dos fenômenos organizativos e expõe sua concepção acerca da contribuição social da psicologia no mundo contemporâneo. Em seu trabalho, amplia o conceito de “processos organizativos” para além das organizações empresariais ou públicas – que se caracterizam sobretudo pelo trabalho remunerado – e considera, também, outras formas de organização, como os movimentos sociais e a sociedade civil.

 

São Paulo, dezembro de 2001.

Leny Sato
Fábio de Oliveira

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