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Natureza humana

versão impressa ISSN 1517-2430

Nat. hum. v.5 n.2 São Paulo dez. 2003

 

ARTIGOS

 

As origens do conceito de inconsciente psíquico na teoria freudiana1

 

The origins of the concept of the psychic unconscious in Freudian theory

 

 

Fátima Caropreso

Doutoranda no PPG em Filosofia da Universidade Federal de São Carlos

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A partir da constatação de que os sintomas neuróticos são determinados por representações inconscientes, Freud concluiu que apenas uma parte da atividade psíquica é acessível à consciência e que, portanto, a identidade estabelecida, na psicologia e na filosofia, entre o psíquico e o consciente e, conseqüentemente, entre a consciência e o campo da representação precisava ser repensada. O objetivo deste artigo é discutir algumas das concepções formuladas por Freud no período de 1891 a 1895 - dando atenção especial aos textos La afasia (1891) e "Projeto de uma psicologia" (1895) - que lhe permitiram dissociar o conceito de "representação" do conceito de "consciência" e incorporar a noção de representação inconsciente em sua teoria, afastando-se, assim, das concepções psicológicas tradicionais.

Palavras-chave: Psicanálise, Freud, Metapsicologia, Representação, Inconsciente.


ABSTRACT

From the observation of the fact that neurotic symptoms are brought about by unconscious representations, Freud concludes that only a part of psychic activity is accessible to consciousness, so that the equivalence between the psychic and the conscious, established both in psychology and philosophy, should be reviewed, and, in the same way, the equivalence established between consciousness and the field of representation. The aim of this paper is to discuss some of the concepts proposed by Freud between 1891 and 1895, that allowed him to separate the concepts of "representation" and "consciousness" and to incorporate the notion of "unconscious representation" in his theory, distancing himself, in this way, from traditional psychological conceptions.

Keywords: Psychoanalysis, Freud, Metapsychology, Representation, Unconsciousness.


 

 

No momento em que os fenômenos neuróticos sugeriram a Freud a existência de representações inconscientes determinantes dos sintomas, ele ainda não dispunha de uma teoria psicológica a partir da qual fosse possível considerar a possibilidade de um psiquismo inconsciente. Com o psíquico sendo identificado ao consciente, a idéia de uma representação inconsciente não poderia passar de uma contradição em termos. Freud, então, é levado a formular uma teoria na qual a consciência não mais abarcasse a totalidade do psiquismo, afastando-se das teorias psicológicas tradicionais. O objetivo deste artigo é circunscrever os passos iniciais de Freud rumo à formulação do conceito de representação inconsciente e o modo como, a partir daí, a idéia de um inconsciente psíquico ganha sentido em sua teoria.2

 

O conceito de representação em La afasia

Em La afasia, Freud faz uma revisão das principais hipóteses vigentes sobre os distúrbios afásicos e, a partir da recusa dos fundamentos subjacentes a tais hipóteses, ele propõe uma concepção alternativa sobre o funcionamento normal e a patologia da linguagem, apoiando-se, principalmente, em algumas hipóteses do neurologista Hughlings Jackson. A crítica de Freud dirige-se, basicamente, à teoria de Wernicke e à de Lichtheim sobre as afasias e à teoria sobre o funcionamento do sistema nervoso de Meynert, que fundamentava as duas anteriores. Uma vez que as teorias criticadas apoiavam-se em uma concepção específica de representação, a recusa, por parte de Freud, de algumas das teses dessa teoria acaba por implicar a reformulação do conceito de representação. As hipóteses neurológicas propostas por Freud em substituição às de Meynert, Wernicke e Lichtheim vão resultar, assim, em uma concepção consideravelmente distinta de representação. No entanto, nessa monografia, a restrição do psíquico ao consciente ainda é mantida por Freud.

Para Meynert, o córtex seria constituído por duas áreas funcionalmente distintas: uma área motora, que estaria localizada na região frontal e que conteria imagens de movimento, e uma área sensorial, que estaria localizada na região temporal e que conteria imagens sensoriais. Essas duas regiões se conectariam entre si por meio de "fibras associativas" e estariam conectadas à periferia do sistema nervoso por meio de "fibras projetivas". Os estímulos que alcançassem a periferia do sistema nervoso seriam, sem sofrer nenhuma alteração ao longo desse percurso, projetados no córtex, onde provocariam alterações morfológicas nas células, as quais se converteriam, então, nos correlatos fisiológicos das representações simples. As representações complexas resultariam da associação mecânica dessas representações simples. Cada uma das impressões sensoriais estaria armazenada em uma célula singular de um dos centros corticais, e sua constituição se daria a partir de um processo de ocupação de células desocupadas. Freud recusa a idéia de projeção ponto por ponto dos estímulos externos no córtex, defendida por Meynert, e recusa também a idéia de que haveria centros corticais cujas células armazenariam as diversas impressões sensoriais.

Contra a primeira dessas hipóteses, Freud argumenta que, de acordo com uma constatação de Henle, o número de fibras que liga a periferia do sistema nervoso à medula é maior que o número de fibras que liga esta última ao córtex; portanto, de acordo com as características anatômicas desse sistema, apenas entre a periferia e a medula seria possível ocorrer uma projeção ponto por ponto dos estímulos. Devido à redução do número de fibras na passagem pela medula, uma unidade sensorial que alcançasse o córtex deveria corresponder a várias das unidades sensoriais que alcançassem a periferia. Além disso, argumenta ele, nos núcleos de matéria cinzenta - pelos quais passam as fibras que conduzem a informação aferente da medula ao córtex -, várias fibras provenientes de diferentes regiões do sistema nervoso se encontram e a cada fibra aferente correspondem várias fibras eferentes, em um mesmo núcleo. Dessa forma, não é possível que a informação que emerge do núcleo seja exatamente igual à que nele ingressa. Freud, então, sustenta que a informação sensorial é reorganizada em cada passagem da fibra aferente por um núcleo, de acordo com princípios funcionais do sistema nervoso e que, por isso, a excitação que chega ao córtex possui uma relação indireta com a que parte da periferia:

(...) os feixes de fibras, que chegam ao córtex depois de haver passado por outras massas cinzentas, mantêm alguma relação com a periferia do corpo, porém já não refletem uma imagem topograficamente exata dela. Contêm a periferia do corpo da mesma maneira que - para tomar um exemplo do tema que nos interessa aqui - um poema contém o alfabeto, isto é, em uma disposição completamente diferente que está a serviço de outros propósitos, com múltiplas associações dos elementos individuais nas quais alguns podem estar representados várias vezes e outros estar totalmente ausentes. (Freud 1891, p. 68)

Como dissemos, Freud recusa também a hipótese da existência de centros corticais cujas células armazenariam os engramas, os quais consistiriam nos correlatos das representações simples. Ele argumenta que essa hipótese baseia-se na idéia de que os fenômenos psíquicos e os fisiológicos possuem as mesma características, ou seja, na hipótese de que a um simples psíquico - uma representação simples - corresponderia um simples neurológico - um engrama contido em uma célula. Freud nega a legitimidade dessa correspondência e sustenta que é preciso estabelecer as características desses fenômenos independentemente. Ele propõe, então, que o correlato fisiológico de uma representação seja sempre um processo:

Qual é o correlato da idéia simples que emerge ou volta a emergir? Obviamente, nada estático, mas algo que tem o caráter de um processo. Este processo não é incompatível com a localização. Começa em um ponto específico do córtex e a partir daí se difunde por todo o córtex e ao longo de certas vias. Quando este fato ocorre, deixa atrás de si uma modificação, com a possibilidade de uma recordação na parte do córtex afetada. (Ibid., p. 71)

Portanto, em vez de ser o correlato de um engrama, a representação simples seria o correlato de um processo. Só com a ocorrência de um processo associativo surgiria uma representação. Disso segue-se que não é possível diferenciar os correlatos fisiológicos da representação e os da associação, como fazia Meynert, ou seja, não é possível diferenciar, no córtex, entre áreas de armazenamento de impressões e áreas de associação. Assim, além da excitação sensorial ser reorganizada ao longo da sua condução da medula ao córtex, neste último ela daria origem a um processo associativo - sendo, assim, mais uma vez reorganizada -, o qual consistiria no correlato fisiológico das representações. Dessa forma, a representação seria o correlato psíquico de um processo associativo cortical, que consistiria no último estágio da série de reorganizações sucessivas do material perceptivo. Desse modo, as representações seriam construções mentais, pois o sistema nervoso rearranjaria as informações provenientes do mundo externo, e não cópias dos estímulos que alcançassem a periferia do sistema nervoso. Este último não seria, então, mero receptor das informações sensoriais, como considerava Meynert, mas teria um papel ativo na constituição dos correlatos das representações.

Em La afasia, Freud sustenta que os eventos psíquicos são "concomitantes dependentes" dos eventos nervosos, idéia esta que ele empresta do neurologista Hughlings Jackson. De acordo com a doutrina da concomitância de Jackson, os estados mentais ou conscientes e os estados nervosos ocorreriam paralelamente, mas não haveria interferência de um sobre o outro. Para cada estado mental haveria um estado nervoso correlativo. Citando um exemplo dado por Jackson (1884, p. 72): em uma percepção visual, há um circuito físico da periferia sensorial para os centros superiores e, destes, retornando à periferia muscular. A imagem visual, que é um estado puramente mental, surge "durante" as (e não das) atividades dos dois elos superiores dessa corrente puramente física. A natureza dessa relação, contudo, não chega a ser definida.

Essa posição de Jackson confere autonomia ao seu objeto de estudo - os processos neurais - e lhe permite se distanciar da confusão entre o que é físico e o que é psíquico, que ele considerava presente na maior parte das teorias neurológicas. Freud reconhece a problematicidade dessa confusão e a necessidade de dissociar esses dois domínios e, diante disso, adota a concepção de Jackson, segundo a qual esses dois processos, embora concomitantes, não interferem um sobre o outro. Forrester (1983, p. 41) comenta que um dos primeiros ataques aos "diagram makers"3 veio de uma união de argumentos psicológicos e filosóficos no trabalho de Jackson. Este estava interessado em romper com a flutuação entre termos psicológicos e fisiológicos que afetava as teorias sobre as afasias, assim como a neurologia em geral. De acordo com Forrester, a doutrina da concomitância - um argumento firme para a separação estrita entre os processos psíquicos e os físicos - protegeu a neurologia contra um psicologismo rasteiro.

Assim como Jackson, Freud mantém, no texto de 1891, a restrição do psíquico ao consciente. As representações seriam os correlatos psíquicos de um processo cortical associativo, o qual deixaria atrás de si modificações que possibilitariam a sua rememoração. Mas, só quando o mesmo processo voltasse a ocorrer, a representação emergiria novamente. Na ausência do processo, a representação deixaria de existir enquanto tal, embora continuasse existindo como possibilidade. Ao falar sobre os processos associativos correlativos às representações, Freud afirma:

É muito duvidoso que esse fenômeno fisiológico [a modificação deixada por um processo cortical] esteja de algum modo associado a algo psíquico. Nossa consciência não contém nada que possa justificar, do ponto de vista psicológico, o termo "imagem latente de recordação". No entanto, cada vez que o mesmo processo cortical volta a ser suscitado, o fenômeno psíquico anterior emerge novamente como recordação. (Freud 1891, p.71)

Portanto, nesse texto, o psíquico é identificado à consciência e só é possível falar de "inconsciente" para designar uma ausência de consciência que implicaria também a ausência de fenômenos psíquicos. Então, de acordo com as hipóteses aqui apresentadas, a expressão "representação inconsciente" seria contraditória se tomada com todo rigor, pois a representação estaria inteiramente incluída no domínio dos processos conscientes.

Que desenvolvimentos teóricos, então, vão permitir a Freud falar de "representação inconscientes", ou seja, vão permitir que se dissocie "representação" de "consciência"? Nos textos sobre as neuroses publicados no período entre a publicação da monografia sobre as afasias e a redação do "Projeto de uma psicologia", o termo "subconsciente", assim como "inconsciente", é empregado em algumas ocasiões para explicar o mecanismo psíquico das neuroses, mas Freud não chega a atribuir uma natureza psíquica às representações e associações inconscientes de que fala, o que, ao que parece, dá-se somente no Projeto de uma psicologia. Antes de passarmos ao comentário deste último texto, vejamos como Freud emprega esses termos em alguns de seus textos que precedem a redação do "Projeto...".

 

2. O conceito de representação nos textos freudianos do período de 1891 a 1895

No texto de 1893, "Algumas considerações com vistas a um estudo comparativo entre as paralisias motoras orgânicas e histéricas", embora Freud mantenha a idéia de que os processos psíquicos sejam paralelos aos neurológicos, ele não mais identifica tão claramente o psíquico ao consciente, pois introduz a idéia de processos psíquicos "subconscientes"4 para explicar as paralisias histéricas. Nesse texto, Freud sustenta que as características distintivas das paralisias histéricas com relação às orgânicas se devem ao fato de que, enquanto estas últimas são determinadas pela anatomia do sistema nervoso, isto é, pela extensão e localização de uma lesão orgânica, as primeiras são totalmente independentes dos fatores anatômicos, pois não decorrem de lesões orgânicas, mas de lesões puramente funcionais, isto é, da alteração de propriedades funcionais do sistema nervoso, independentes de danos materiais e, portanto, independentes da estrutura desse sistema. Do lado psíquico, essa alteração funcional seria acompanhada pela exclusão de uma representação das associações conscientes, o que leva Freud a dizer que a paralisia histérica resulta da "lesão de uma representação".5 Uma representação lesada não seria uma representação destruída ou cujo substrato material estivesse destruído, mas sim uma representação cujo vínculo com o restante do psiquismo tivesse sido rompido, tornando-a, por isso, inacessível à consciência. Ele afirma que, nas paralisias histéricas, a representação do órgão ou função paralisada está inacessível às associações conscientes, pois todo o seu "afeto" está envolvido em uma "associação subconsciente" exclusiva com uma recordação traumática. O termo subconsciente aparece uma vez como substantivo: "A impossibilidade de eliminação é notória quando a impressão permanece no subconsciente" (Freud 1893, p.209).Além disso, aparece várias vezes como adjetivo:

(...) a concepção de braço existe no substrato material, porém não é acessível para as associações e impulsos conscientes, porque toda a sua afinidade associativa, por assim dizer, está saturada em uma associação subconsciente com a recordação do acontecimento, do trauma produtor dessa paralisia. (Freud 1891, p. 209)

De acordo com a teoria de La afasia, o termo "subconsciente" seria sinônimo de ausência de processos psíquicos e, portanto, "representação subconsciente" seria sinônimo de ausência de representação. Então, nesse texto de 1893, ou Freud apóia suas hipóteses em uma concepção sobre os processos psíquicos diferente da do texto sobre as afasias - em uma concepção em que o psíquico não seja mais identificado ao consciente - ou, quando ele fala de representações subconscientes, refere-se a representações inexistentes. Nesse último caso, as expressões em que aparece o termo "subconsciente" seriam, no máximo, expressões figuradas.

Uma vez que Freud não esclarece em que sentido o termo subconsciente está sendo usado, permanece, aí, a questão de em quais concepções metapsicológicas ele fundamenta suas hipóteses sobre o mecanismo psíquico que origina uma paralisia histérica. Não fica claro se Freud continua identificando o psíquico ao consciente - e, então, subconsciente significaria ausência de processos psíquicos, de modo que a associação subconsciente seria um processo físico sem concomitante psíquico - ou se ele considera que o psíquico não se limita ao consciente. Se ele considera que os processos psíquicos são em parte conscientes e em parte subconscientes, então suas expressões não são metafóricas, mas referem-se a algo de real. Em suma, permanece aberta a questão de se há ou não um subconsciente psíquico para Freud nesse momento.

No texto de 1894, "As neuropsicoses de defesa", Freud enuncia a questão mencionada acima, sobre a possibilidade de ocorrerem processos psíquicos na ausência da consciência, mas não chega a tomar uma posição definitiva. Nesse trabalho, ele formula uma hipótese sobre o mecanismo psíquico das psiconeuroses - histeria de defesa, fobias, obsessões e psicoses alucinatórias -, de acordo com a qual a gênese dessas afecções repousaria em um esforço do eu para defender-se de uma representação intolerável. Essa defesa consistiria na retirada do afeto atrelado à representação traumática, fazendo com que essa representação ficasse isolada dentro da consciência e constituísse, assim, o núcleo de um grupo psíquico secundário. Freud, porém, não usa o termo "subconsciente" nem "inconsciente" nesse texto. A representação patogênica, segundo ele, estaria excluída dos processos associativos, mas permaneceria dentro da consciência: "A representação agora debilitada fica segregada de toda a associação na consciência (...)" (ibid., p. 53). Ele afirma que o divórcio entre a representação e o seu afeto ocorre "sem consciência", mas hesita em aceitar que esses processos que ocorrem na ausência de consciência sejam psíquicos:

O divórcio entre a representação sexual e seu afeto, e o enlace deste último com outra representação, adequada porém não inconciliável: eis aí processos que acontecem sem consciência, que somente é possível supor, e nenhuma análise clínico-patológica é capaz de demonstrar. Talvez seria mais correto dizer: estes, de modo algum são processos de natureza psíquica, mas processos físicos cuja conseqüência se figura como se real e efetivamente tivesse acontecido o expresso mediante o circunlóquio "divórcio entre a representação e seu afeto", e "enlace falso" deste último. (Ibid., p. 54)

Ao que parece, nesse texto sobre as neuropsicoses de defesa, Freud tende a identificar os processos que se dão na ausência de consciência a processos físicos, mantendo, assim, o psíquico restrito ao consciente, mas não chega a afirmar cabalmente essa identidade.

Nos "Estudos sobre a histeria" (1895), tanto Freud como Breuer remetem os sintomas histéricos a representações inconscientes, embora tenham opiniões distintas sobre o mecanismo psíquico da histeria. Segundo Breuer, a cisão da atividade psíquica poderia ocorrer em dois casos: quando ela se constituísse durante um estado psíquico anormal - um "estado hipnóide" - ou quando ela fosse alvo de uma defesa voluntária por parte do eu. Apenas esta última hipótese, proposta já em "As neuropsicoses de defesa", é aceita cabalmente por Freud nesse texto. Embora, na "Comunicação Preliminar", Freud compartilhe com Breuer a hipótese da histeria hipnóide, no capítulo sobre a psicoterapia da histeria, o qual foi escrito dois anos mais tarde, ele afirma que todo caso de histeria hipnóide pode ser remetido, em última instância, a uma defesa por parte do eu. Ele propõe que toda histeria apresente em sua gênese a separação entre uma representação intolerável e seu afeto, isto é, um esforço defensivo do qual resulta a divisão psíquica característica da histeria. Apesar de ambos os autores usarem o termo inconsciente em diversas ocasiões, aparentemente nenhum deles possui ainda uma concepção clara sobre a natureza dos processos inconscientes revelados pelas observações clínicas.

Para Breuer, haveria dois tipos de representações inconscientes: aquelas que fazem parte da atividade psíquica normal e aquelas cuja existência é patológica. Segundo ele, no funcionamento psíquico normal, as representações cuja intensidade supera um certo limiar seriam conscientes e as que permanecessem abaixo desse limiar seriam inconscientes. Mas estas últimas seriam "suscetíveis de consciência", ou seja, elas se tornariam conscientes se sua intensidade aumentasse. As representações inconscientes determinantes da histeria, ao contrário, seriam "insuscetíveis de consciência", isto é, mesmo possuindo uma intensidade elevada, elas permaneceriam inconscientes. Portanto, o campo da atividade psíquica representacional, nesse caso, seria maior que o campo da consciência potencial:

O campo da atividade psíquica representacional não coincide, pois, neles com o da consciência potencial; este é mais limitado que aquele. A atividade psíquica representacional se decompõe em consciente e inconsciente, e as representações, em suscetíveis e insuscetíveis de consciência. Não podemos, então, falar de uma cisão da consciência, mas sim de uma cisão da psique. (Freud e Breuer 1895, p. 235)

Mas, apesar de falar que parte da atividade psíquica repre-sentacional é insuscetível de consciência, em outra passagem, Breuer nega a possibilidade de haver processos inconscientes de natureza psíquica:

É certo que "representação" provém da terminologia do pensar consciente e, por isso, "representação inconsciente" forma uma expressão contraditória. Mas o processo físico que está na base da representação é o mesmo em seu conteúdo e em sua forma (se bem que não quantitativamente), quer a representação passe o limiar da consciência ou permaneça abaixo deste. Bastaria construir uma frase como "substrato da representação" para evitar a contradição e escapar àquela reprovação. (Ibid., p.233)

Parece haver uma contradição nos argumentos de Breuer, pois ele afirma que a "representação inconsciente" consiste num processo puramente físico e, logo em seguida, afirma que a atividade psíquica representacional não se limita à atividade consciente. Na maior parte do texto, ele parece aceitar a existência de um psíquico inconsciente, mas na afirmação acima ele expressamente recusa tal possibilidade.

Freud, em seu capítulo sobre a psicoterapia da histeria, mantém a hipótese sobre o mecanismo psíquico dessa neurose que havia sido proposta em "As neuropsicoses de defesa" e a estende aos dois outros tipos de histeria (hipnóide e de retenção). O material patógeno determinante da histeria, segundo ele, seria constituído por um núcleo que conteria as representações traumáticas e por um amplo material mnêmico constituído por representações que, por se associarem às traumáticas, se teriam tornado também patógenas. Essas representações possuiriam um triplo ordenamento: elas estariam organizadas, no sentido do núcleo à periferia, de forma linear cronológica, de forma concêntrica, em torno do núcleo, seguindo linhas de resistência decrescente e de forma irregular seguindo nexos causais. Na análise, as representações seriam evocadas à medida que a resistência fosse sendo superada, na ordem contrária à da sua constituição, isto é, das periféricas - as quais coincidiriam parcialmente com o eu - às nucleares, que esclareceriam o significado do sintoma. Haveria, portanto, uma seqüência ininterrupta entre as representações originárias da histeria e os sintomas, isto é, entre as representações inconscientes e as conscientes. Freud distingue dois tipos de representações patógenas que permaneceriam inacessíveis à consciência do paciente até emergirem na terapia: as que são rememoradas - ou seja, as que o sujeito reconhece como tendo sido, de fato, experienciadas - e as que não são rememoradas. Estas últimas, embora sejam aceitas pelo paciente, devido a sua necessidade lógica e ao afeto que acompanha o seu surgimento e provoca o alívio do sintoma, não são reconhecidas como tendo sido um dia vivenciadas:

(...) com a ajuda deste procedimento (a pressão sobre a fronte), que ora mostra, desde o ponto em que cessaram as reconduções do enfermo na vigília, o caminho posterior; ora chama a atenção sobre nexos que caíram no esquecimento, depois convoca e ordena recordações que desde muitos anos atrás estavam subtraídas à associação, apesar do que ainda se pode discerni-las como recordações e, como operação suprema da reprodução, faz aflorar pensamentos que o enfermo nunca quer reconhecer como seus, que ele não recorda, embora admita que o contexto os exige imprescindivelmente e, nesse transcurso, se convence de que essas representações, e não outras, produzem o fechamento da análise e o cessar dos sintomas. (Ibid., p. 279)

Freud atribui, então, a incapacidade de rememoração de tais representações ao fato de elas consistirem em "pensamentos inconscientes":

Ainda quando tudo já passou, quando o enfermo, dominado pela compulsão lógica e convencido pelo efeito curativo que acompanha justamente o afloramento desta representação; quando o enfermo, digo, aceita ele mesmo que teve que ter pensado isto ou aquilo, costuma acrescentar: "Porém, não posso recordar que o tenha pensado". Em tal caso é fácil entender-se com ele: eram pensamentos inconscientes. Agora bem, como esse estado de coisas foi registrado em suas intuições psicológicas? Há que se passar por alto esse discernimento recusado do enfermo, que não possui motivo algum posto que o trabalho já acabou? Deve-se supor que se trata realmente de pensamentos nunca produzidos e para os quais havia uma mera possibilidade de existência, de modo que a terapia consistiria, então, na consumação de um ato psíquico interceptado? É evidentemente impossível enunciar algo sobre isto, ou seja, sobre o estado do material patógeno antes da análise, até que se tenha esclarecido a fundo suas visões psicológicas básicas, antes de tudo sobre a essência da consciência. (Ibid., p. 305)

Uma vez que Freud afirma que essas representações não são rememoradas porque consistem em pensamentos inconscientes, é necessário reconhecer que esses dois tipos de representações patógenas evocadas na terapia não são inconscientes no mesmo sentido. Freud admite que não possui uma explicação para essa diferenciação. Em nenhum dos textos comentados ele explicita a noção de representação inconsciente admitida como necessária para se esclarecer o mecanismo psíquico das neuroses, embora, em "A psicoterapia da histeria", apresente uma inclinação a conceber os processos inconscientes como processos puramente físicos. Aparentemente, Freud não possuía ainda, nesse período, uma concepção definida sobre esse ponto, mas fica claro que a identidade entre o psíquico e o consciente afirmada no texto sobre as afasias já está sendo questionada. Essa questão, ao que parece, fica melhor definida no Projeto de uma psicologia, onde Freud formula uma teoria em que a consciência é concebida como algo que se acrescenta a apenas uma parte das nossas representações, recusando, assim, a identidade total entre o psíquico e o consciente. A reflexão sobre a consciência apontada por Freud como necessária nos "Estudos sobre ahisteria" parece mesmo ter sido um dos motivos que o levaram a redigir o Projeto de uma psicologia. Passemos, pois, a esse último texto.

 

A expansão do conceito de psíquico inconsciente no "Projeto de uma psicologia"

No Projeto de uma psicologia, redigido em 1895, mas publicado postumamente, em 1950, Freud tenta explicar os processos psíquicos normais e os patológicos a partir das noções de "neurônio" e de "quantidade". Ele desenvolve a idéia de um "aparelho neuronial" onde ocorreriam tais processos, cujo funcionamento e cuja estrutura seriam determinados pelo "princípio de inércia", isto é, por uma tendência a descarregar toda a quantidade que incide sobre o aparelho. O aparelho neuronial descreve processos que ocorreriam no sistema nervoso e que poderiam ser relacionados a regiões anatômicas do cérebro. Trata-se, portanto, como apontou Monzani (1989, p. 118), de "um modelo teórico-abstrato do funcionamento do cérebro".

Os neurônios seriam as unidades materiais que comporiam o "aparelho neuronial". Este seria constituído por três sistemas de neurônios: o sistema de percepção f, cuja função seria receber as quantidades de origem externa; o sistema de memória y, onde se constituiriam as representações; e o sistema w, que seria responsável pela produção de qualidades sensoriais, ou seja, pela consciência. As diferenças entre esses sistemas não se deveriam à natureza dos neurônios que os integrariam, pois todos, por hipótese, seriam estruturalmente idênticos, mas ao modo distinto de ação da quantidade em cada um deles. Entre os neurônios, haveria "barreiras de contato" que ofereceriam uma certa resistência à passagem da quantidade de um neurônio para outro. Quando a quantidade superasse a resistência das barreiras de contato, a resistência a ela seria diminuída, ou seja, ela seria "facilitada" e, então, numa próxima ocupação da mesma barreira, a resistência encontrada seria menor. As barreiras de contato não teriam nenhuma função no sistema f, pois a intensidade das quantidades com que esse sistema lidaria seria superior à capacidade de resistência de tais barreiras e, portanto, essas não ofereceriam nenhuma resistência à passagem da excitação. Já em y - que receberia quantidade via f -, as ocupações seriam menos intensas, devido ao fato de que a estrutura ramificada de f faria com que a corrente excitatória se distribuísse pelos diversos caminhos, ocupando, assim, y em vários pontos. Dessa forma, ao invés de ser ocupado muito intensamente em um ponto, o sistema y seria ocupado menos intensamente em vários pontos. A quantidade que alcançasse y possuiria intensidade inferior à da resistência das barreiras de contato desse sistema; por isso, para conseguir passagem, uma mesma barreira teria que ser ocupada a partir de mais de um neurônio simultaneamente, o que faria com que se constituíssem aí caminhos diferenciados, que possibilitariam a memória, ou seja, que possibilitariam a repetição de um mesmo processo no aparelho. Uma vez estabelecidas as facilitações diferenciadas em y, quando os mesmos neurônios fossem ocupados novamente, a corrente excitatória percorreria o caminho anteriormente estabelecido, fazendo com que a representação antes constituída voltasse a emergir. A memória resultaria, assim, da constituição de facilitações diferenciadas em y. Esse sistema é dividido em "y do manto", que estaria em contato com f e, portanto, receberia quantidade exógena, e "y do núcleo", que estaria em contato com o interior do organismo e receberia quantidade endógena. O terceiro sistema que integraria o aparelho neuronial, o sistema w, consistiria na base material da consciência. Freud tenta estabelecer as condições quantitativas que estariam relacionadas à produção de qualidades sensoriais, mas acaba reconhecendo que não é possível, no momento, chegar a uma hipótese satisfatória sobre isso. No entanto, ele sugere que a produção de qualidades sensoriais estaria, de algum modo, relacionada às propriedades temporais da quantidade, isto é, ao "período", e que a consciência de uma representação dependeria da recepção em y de "signos de qualidade", que seriam fornecidos por w, no caso de ocupações provenientes de f e de inervações motoras. Além disso, para que uma representação fosse percebida, seria preciso, além do surgimento de signos de qualidade, que eles fossem ocupados também a partir de y. Assim, apenas uma pequena parte das representações que se constituíssem se tornariam conscientes. Mas, afinal, como a relação entre o psíquico e a consciência é pensada no Projeto de uma psicologia?

O aparelho neuronial, como comentamos anteriormente, descreve processos que ocorrem no sistema nervoso e que podem ser relacionados de forma geral a regiões anatômicas do cérebro. Freud tenta apoiar a hipótese da diferenciação entre o sistema y e o sistema f também em dados anatômicos, embora a definição desses sistemas se dê em termos de fatores funcionais. Ele argumenta que é possível correlacionar o sistema f à substância cinzenta da medula espinhal e o sistema y, à substância cinzenta do cérebro:

De fato, conhecemos, a partir da anatomia, um sistema de neurônios (a substância cinzenta da medula espinhal), o único em conexão com o mundo externo, e um superposto (a substância cinzenta do cérebro) que não tem relações periféricas diretas, mas é responsável pelo desenvolvimento do sistema nervoso e das funções psíquicas. O cérebro primário não se ajusta mal a nossa caracterização do sistema y, se nos é lícito supor que o cérebro tenha vias diretas, independentes de f, para o interior do corpo. (Freud 1950, p.17)

O fato de Freud tentar estabelecer uma correspondência anatômica para o aparelho neuronial indica que este pretende ser uma descrição de uma parte dos processos que ocorrem no sistema nervoso e que, sendo assim, os processos psíquicos que não envolvem a consciência são identificados aos processos neurológicos. A independência dos processos que ocorrem em y, ou seja, da memória, em relação à consciência é claramente afirmada:

Temos tratado os processos psíquicos como algo que poderia prescindir deste conhecimento fornecido pela consciência, que existe independente de uma tal consciência (...) Se não nos deixarmos desconcertar por tal fato, segue-se desse pressuposto que a consciência não proporciona nem conhecimento completo, nem seguro dos processos neuroniais; cabe considerá-los em primeiro lugar e em toda a extensão como inconscientes e cabe inferi-los como as outras coisas naturais. (Ibid., p. 22)

Os processos psíquicos inconscientes deveriam ser abordados de uma perspectiva científico-naturalista, pois possuiriam a mesma natureza dos demais objetos das disciplinas científicas, isto é, consistiriam em processos físicos envolvendo neurônios e quantidades. E os fenômenos conscientes? Qual seria a sua relação com o restante do psíquico? A consciência seria o lado subjetivo de uma parte dos processos nervosos que constituiriam o psíquico inconsciente. Ao comentar a relação da sua teoria da consciência com as demais, Freud afirma:

Segundo uma teoria mecanicista avançada, a consciência é só um aditivo aos processos fisiológico-psíquicos, cuja supressão não alteraria em nada o curso psíquico. De acordo com outra doutrina, a consciência é o lado subjetivo de toda ocorrência psíquica, portanto, inseparável do processo fisiológico anímico. Entre ambas situa-se a teoria aqui desenvolvida. Consciência é, aqui, o lado subjetivo de uma parte dos processos físicos no sistema nervoso, isto é, dos processos w [...]. (Ibid., p. 25)

O paralelismo que, no texto sobre as afasias, definia a relação entre o neurológico e o psíquico passa a definir a relação entre o psíquico inconsciente e o consciente. Freud estende a noção de psíquico com relação ao texto sobre as afasias, atribuindo uma natureza psicológica aos processos neurológicos, que antes eram concebidos como concomitantes aos fenômenos psíquicos. Esses concomitantes seriam, no Projeto de uma psicologia, os próprios processos psíquicos inconscientes e os fenômenos conscientes seriam correlatos a uma parte desses processos. As características atribuídas aos processos neurológicos em 1891 são agora atribuídas aos processos y: o que lá era considerado como o correlato da representação é agora pensado como consistindo na própria representação, enquanto processo psíquico inconsciente. O conceito de representação é, com isso, desvinculado do de consciência e a expressão "representação inconsciente" perde, tendo em vista a teoria freudiana, a significação enigmática ou contraditória que poderia possuir.

Além de incorporar a noção de representação inconsciente em sua teoria, no Projeto de uma psicologia, as características do processo que constituiria a representação também são especificadas com as noções de neurônio, quantidade, barreira de contato e facilitação. A representação consistiria num grupo de neurônios - cujas barreiras de contato estariam facilitadas entre si - ocupados por quantidade. Na ausência da ocupação, as facilitações permaneceriam, possibilitando que o mesmo processo voltasse a ocorrer, ou seja, que a mesma representação emergisse novamente. Esse processo seria totalmente independente da consciência e, assim, a inconsciência passa a ser concebida como o estado originário e predominante das representações.

 

Conclusão

A reformulação da teoria sobre a neurologia e a psicologia da linguagem empreendida por Freud na monografia La afasia acaba por levar à formulação de um conceito de representação que se distancia em alguns aspectos do que estava subentendido nas teorias criticadas. No entanto, a identificação entre o psíquico e a consciência e, portanto, entre representação e consciência é ainda mantida nesse texto. Freud sustenta aí que os processos psíquicos são concomitantes dependentes de certos processos nervosos e recusa, claramente, a existência de um psíquico inconsciente. Portanto, de acordo com o que ele propõe em 1891, se entendida literalmente, a expressão "representação inconsciente" não passaria de uma contradição nos termos.

As observações clínicas das diversas psicopatologias, no entanto, colocaram em questão essa identificação do psíquico ao consciente. Nos textos sobre as neuroses imediatamente posteriores à monografia anteriormente comentada, Freud afirma que há representações inconscientes envolvidas na gênese das neuroses, mas ele não chega a esclarecer em que consistiriam tais representações. Nos "Estudos sobre a histeria", ele deixa claro que não tem uma hipótese definida sobre a natureza dessas representações inconscientes e aponta para a necessidade de uma reflexão sobre a consciência para esclarecê-la. Essa reflexão, ao que parece, é um dos desenvolvimentos esboçados no Projeto de uma psicologia. Nesse trabalho, Freud recusa a identificação entre o psíquico e o consciente e abre espaço em sua teoria para a noção de um psiquismo inconsciente. Ele propõe que os fenômenos conscientes sejam paralelos a uma parte dos processos nervosos, aqueles que constituiriam o psíquico inconsciente e, conseqüentemente, que toda representação consiste num processo cortical totalmente independente da consciência. Essa última passa a ser concebida, então, como algo posterior e restrito em relação à atividade representacional. Portanto, atribuindo uma natureza psicológica àqueles processos corticais que, no texto sobre as afasias, eram considerados concomitantes aos fenômenos psíquicos, e deslocando o paralelismo, que antes definia a relação entre os processos nervosos e os psíquicos, para a relação entre os processos psíquicos inconscientes e os conscientes, Freud pôde incorporar a noção de um psíquico inconsciente em sua teoria. Além disso, no Projeto de uma psicologia, as características dos processos associativos que constituiriam as representações são especificadas, assim como os mecanismos que governam a atividade representacional.

É possível, a partir desses textos iniciais, portanto, apreender as singularidades do conceito freudiano de representação e apreender o modo como Freud desvincula os conceitos de consciência e de representação, abrindo caminho para a formulação do conceito de um inconsciente psíquico e representacional, peça-chave em todos os desenvolvimentos posteriores da teoria psicanalítica.

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: fatimacaropreso@uol.com.br

Recebido em 25 de setembro de 2002
Aprovado em 8 de maio de 2003

 

 

1 Este artigo está relacionado à dissertação de mestrado Representação e consciência na obra inicial de Freud, desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de São Carlos, com o apoio da Fapesp, à qual desejo agradecer. Agradeço também ao meu orientador de mestrado, Prof. Dr. Richard Theisen Simanke, pelos comentários e correções deste texto.
2 Ainda que significativa para a compreensão do surgimento do conceito de inconsciente em Freud, não estou considerando a discussão estabelecida, em Freud, entre as diferenças da escola francesa de psiquiatria e a escola alemã/austríaca, restringindo-me à análise das propostas feitas por Freud nos textos La afasia e "Projeto...".
3 Esse termo foi usado por Henry Head (1926) para se referir aos neurologistas que procuravam explicar os distúrbios afásicos e o funcionamento da linguagem a partir de diagramas, como Wernicke, Lichtheim e outros.
4 Laplanche e Pontalis comentam que nesse período em que foi publicado o artigo sobre as paralisias histéricas não parece haver diferença, no uso freudiano, entre "subconsciente" e o que estava prestes a destacar-se sob o nome de "inconsciente" (1998, p. 494).
5 Nesse texto, que foi escrito em francês, Freud usa o termo conception para traduzir, ao que tudo indica, o termo alemão Vorstellung.