SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.18 número1Heidegger e o problema da dor nos "Cadernos negros"Dolor e historia del Ser: el debate entre Heidegger y Jünger sobre el dolor en la época de la técnica índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Natureza humana

versão impressa ISSN 1517-2430

Nat. hum. vol.18 no.1 São Paulo  2016

 

ARTIGOS

 

Dividida em dois? A experiência materna nos casos gemelares

 

Shared in twice? The maternal experience in twins cases

 

 

Fernanda Schmitt Ribeiro*,I, II; Natália de Toni Guimarães dos Santos**,II; Silvia Maria Abu-Jamra Zornig***, II

IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
II
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho tem por objetivo trazer uma reflexão acerca da experiência da maternidade exercida com mais de um bebê ao mesmo tempo, ou seja, nos casos gemelares. Fundamentados na teoria winnicottiana, buscaremos compreender como o estado de preocupação materna primária é vivenciado pelas mães de gêmeos, tendo em vista as peculiaridades do processo de subjetivação desses bebês. Se o fato de ser possível para a mãe responder às necessidades iniciais das crianças através da construção de um olhar singularizado para cada filho, evitando-se, assim, o risco de tomá-los em seu psiquismo de forma indiferenciada, configura-se um espaço propício à subjetivação. Trata-se de um espaço intersubjetivo que se configura a partir de um estado de abertura à afetação pelo outro, o que o conceito de experiência de Walter Benjamin aborda com maestria.

Palavras-chave: maternidade; gêmeos; preocupação materna primária; singularidade.


ABSTRACT

This work aims to bring a reflection on the experience of motherhood exercised with more than one baby at the same time, that is in twin cases. Based on Winnicott's theory, we will seek to understand how the state of primary maternal preoccupation is experienced by mothers of twins, considering the peculiarities of the subjective process of these babies. If initial needs of children, which requires full maternal dedication, it is possible for the mother to respond by building a singled look at each child, avoiding the risk of taking them into your psyche an undifferentiated way, configures itself a favorable space to subjectivity. This is an inter-subjective space that is configured from a state of openness to the other affectation, which the concept of experience described by Walter Benjamin covers masterfully.

Keywords: maternity; twins; primary maternal preoccupation; singularity.


 

 

1) Introdução

A psicanálise vem se dedicando há décadas aos estudos do desenvolvimento emocional primitivo e, consequentemente, à relação mãe-bebê. Um dos psicanalistas que mais contribuiu para o desenvolvimento desse campo teórico foi Donald Winnicott. Em sua teorização e em consonância com as ideias de Freud sobre a prematuração biológica do ser humano ao nascer, Winnicott afirma que a dependência do outro marca os primórdios da vida psíquica com a necessidade de ser acolhido e cuidado. Incapaz de encontrar, por meios próprios, a satisfação de suas demandas físicas e emocionais, o bebê não existe sozinho, mas apenas na presença de alguém que cuide dele (Winnicott, 1958n/1993).

A dependência absoluta do recém-nascido exige que a mãe funcione para ele como uma espécie de prótese fundamental ou ego auxiliar, de forma a identificar-se profundamente com ele e assim poder compreender seus estados anímicos e prestar, então, as ações de cuidado necessárias para que sua continuidade de ser não seja interrompida. A função materna, nesse sentido, configura o contexto ambiental no qual a subjetividade nascente do bebê poderá se desenvolver, de acordo com a qualidade dessa relação primordial.

Para alcançar esse nível de identificação, é necessário que a mulher se entregue a um estado muito peculiar de empatia, que foi percebido e nomeado por Winnicott (1958n/1993) como preocupação materna primária. O autor definiu esse conceito como um estado de sensibilidade aumentada que se desenvolve na mãe já no final da gestação e tende a seguir presente durante os primeiros meses de vida de seu filho. Após esse período, é esperado que a mãe saudável se recupere desse estado, talvez nem se recordando mais dele. Essa condição proporciona ao bebê um ambiente suficientemente bom, fornecendo as condições para o desenvolvimento de suas tendências inatas. Esse conceito é definido pelo autor da seguinte forma:

Esta condição gradualmente se desenvolve e se torna um estado de sensibilidade aumentada durante, e especialmente, no final da gravidez. Continua por algumas semanas depois do nascimento da criança. Não é facilmente recordada, uma vez tendo a mãe se recuperado dela. Eu iria mais além e diria que a recordação que a mãe tem deste estado tende a ser reprimida. (Winnicott, 1958n/1993, p. 493)

Dessa forma, durante a preocupação materna primária, a mulher vive em um estado muito peculiar que, conforme Winnicott, se não fosse no contexto da maternidade, seria algo próximo a uma psicose. A loucura materna consiste numa espécie de fuga ou dissociação, isto é, num deslocamento subjetivo em que os interesses pessoais e, até certo ponto, a própria subjetividade materna é silenciada, em prol da total devoção e dedicação ao pequeno bebê. A partir de um estado de profunda identificação às necessidades físicas e afetivas da criança – sentindo-as, em alguns momentos, como se fossem necessidades próprias –, a mãe torna-se uma cuidadora muito especializada naquele ser humano em particular.

A importância do ambiente facilitador que, sensível ao bebê, prepara as condições para que este viva a experiência de onipotência reside na constituição primária do ser que acontece a partir da realidade dos objetos subjetivamente concebidos. Tal questão supõe que a mãe se relacione de modo especializado e seja devotada e totalmente identificada àquele sujeito, à decifração de seus movimentos singulares e de seus ritmos, alcançando, assim, um grau de previsibilidade tal dos estados de ser do bebê que é possível ela realizar para ele a fascinante tarefa de estar no lugar esperado no momento esperado. A criança vive uma experiência mágica, mas a mãe, da mesma forma, precisa vivê-lo, de modo a ser capaz de mergulhar inteiramente no bebê com todo o seu ser e, assim, conhecê-lo.

Esse movimento de profundo mergulho da mãe na relação com o bebê aproxima-se muito do que o filósofo Walter Benjamin (1987) aborda com o conceito de experiência. Para ele, experiência é, em primeiro lugar, algo extremamente pessoal e subjetivo. Próximo à vivência, pode-se dizer que a experiência precisa ser vivida, sentida e processada internamente. É o mergulho em seu próprio ser que possibilita sentir e, de fato, experimentar sua experiência, entregando-se a um campo de afetação para de lá extrair a si mesmo, tal como num primeiro encontro verdadeiro, um encontro com sua própria verdade, pois, para estar disponível para a comunicação sensitiva com o outro, é necessário, antes, estar em contato consigo mesmo.

Benjamin (1987) propõe uma epistemologia que se sustenta sobre a compreensão de que, a partir da experiência, torna-se possível alcançar um saber pessoal, extrassensível e intuitivo, tal como ocorre na preocupação materna primária. Experimentar, portanto, é um modo de produção de saber sobre a condição humana desvinculado do saber mental (Safra, 2006). Como nos primeiros tempos a criança ainda não tem um estatuto puramente objetivo para a mãe, ainda sendo, em grande medida, um objeto narcísico e subjetivo para ela, o mergulho materno é, ao mesmo tempo, em seu ser e no ser incipiente da criança. Assim, lançar-se nesse movimento em direção ao outro é, paradoxalmente e ao mesmo tempo, apoiar-se numa profunda ancoragem em si mesma, nesse mergulho interior que faz a mãe entrar em contato com o seu lado infantil, com a criança que ainda vive nela.

Para se entregar, então, à busca por um conhecimento que emerge de sua experiência na relação com o bebê – uma experiência mimética (Benjamin, 1987) –, a mãe precisa, em sua experiência de si, deixar-se levar por um movimento centrífugo em direção a seu bebê, o que implica um apagamento de si enquanto sujeito à medida que, de certo modo, ela se descentra de sua própria subjetividade. Esse silêncio da dimensão subjetiva da mãe é requerido para que ela possa sintonizar-se finamente com o bebê, sentindo com e a partir de um campo intersubjetivo e transicional no qual os dois se misturam, tal como o menino Benjamin ao caçar borboletas durante sua infância em Berlim. No artigo "A arte de caçar borboletas", Castro (2009) procura traduzir poeticamente a experiência sensorial de uma criança que ansiava dissolver-se em luz e ar, como parece-lhe fazer a borboleta, para assim aproximar-se dela sem ser percebido. Viver a essência da borboleta era o objetivo almejado a partir de comportamentos miméticos nos quais o sujeito abre-se ao seu objeto de forma que nele possa penetrar o espírito da borboleta. Trata-se de um

[...] movimento de evasão, de entrega total às minúcias da realidade concreta, onde a intenção subjetiva se apaga no objeto e no pensamento, agarrado à coisa, transforma-se em um tatear, em um cheirar e saborear, numa espécie de "empirismo delicado", como sonhou um dia Goethe. (Castro, 2009, p. 208)

Nesse movimento de mimese não é possível operar uma reprodução exata da realidade dada, da borboleta em si mesma, mas uma verdadeira atividade de intercâmbio entre os dois seres, de forma não a encontrar, mas a produzir semelhanças extrassensíveis – conceito trabalhado por Benjamin (1987) no ensaio "A doutrina das semelhanças", de 1932 –, de natureza imaterial ou espiritual. A faculdade mimética, assim, absolutamente pautada na sensorialidade, é produtora de um conhecimento extrassensível que é, por isso mesmo, profundamente pessoal e essencialmente verdadeiro, na medida em que se ancora no campo da experiência. O filósofo traz aqui a ideia de uma interioridade paradoxal: é o apagamento do sujeito, sua retração, regressão ou involução que permite a mistura entre o de dentro e o de fora, em seu "devir-borboleta". O conceito deleuziano de devir, nesse sentido, é bastante útil como representação de um "espaço liso" que permite as passagens de um a outro, tal como as ondas do mar que vêm e vão.

O espaço onde se dá a experiência é intenso e não extenso. É um espaço de intensidades e de afetação, comportando a dimensão temporal do instante e do agora, em que a semelhança pode ser experimentada. Esse processo traz como exigência um sujeito elástico o suficiente para elevar-se ao cume do tempo, ao tempo suspenso, livre da linearidade, da causalidade e da cronologia: o tempo da criação (Castro, 2009). A ideia de infância em Benjamin, opondo-se à de sujeito formado ou de interioridade subjetiva constituída, retrata essa característica de abertura e elasticidade que possibilita a troca viva entre o interior e o exterior, entre envolvido e envolvente. Essa disposição subjetiva da criança que, "com seu olhar inconsciente e curioso" (Castro, 2009, pp. 214-215), assume a essência da borboleta e, ao mesmo tempo, nela se reconhece, é o protótipo de uma subjetividade aberta à experiência, ao campo intersubjetivo em que as fronteiras são tênues. Despojar-se de cristalizações que impeçam a expressão do potencial criativo, tonando-se, para Benjamin, uma criança, é o pré-requisito para embarcar nessa experiência transcendental do espaço, do tempo e da linguagem. É esse o percurso da mãe ao entrar em preocupação materna primária, impulsionada pelo contato com seu bebê.

A mimese, nesse sentido, é precisamente uma maneira de se comunicar com o objeto no registro do sentir, da afetação, do sensível, do não verbal. Deixar-se tomar pelo arrebatamento, pela convocação de conhecer o outro, é condição para a experiência mimética, que advém da capacidade inata do homem de conhecer o mundo buscando produzir (mais do que encontrar) semelhanças a partir da aventura de lançar-se ao encontro do outro, despojando-se de toda bagagem prévia, para assim permitir uma experiência de mistura, de fusão criativa. Trata-se, desse modo, de uma busca extrassensível em que, conectado com a experiência do próprio espírito, abre-se à afetação pelo espírito do outro que se apresenta nesse encontro, de onde brota ou irrompe algo absolutamente novo e autêntico, que não é nem de um, nem do outro, mas sim proveniente do campo intersubjetivo que se criou nessa experiência compartilhada.

A mãe devotada, na relação com seu bebê, perde-se nele, como Benjamin menino perdeu-se na borboleta, entregando-se a um balé sensorial em que se torna possível conformar-se ao movimento do outro, ou seja, produzir em si mesmo a mesma forma, sempre, no entanto, originando o novo. Assim, apropriando-nos das contribuições da filosofia ao estudo do estado de preocupação materna primária, podemos dizer que, pela via da mimese, a mãe entra em contato com a experiência sensível de seu bebê, tomando conhecimento, a partir do que sente em si mesma, das intensidades que atuam no bebê e, então, nesse espelhamento, produz semelhanças que aproximam os dois seres num nível muito profundo de comunicação, de afeto e de identificação.

Embora, obviamente, de acordo com Ogden (2010), essa tarefa não seja executada senão com algum (ou com grande) custo psíquico para a mãe em preocupação materna primária, há muito prazer em dedicar-se integralmente à sua criança, uma vez que ela ainda não possui propriamente um estatuto de objeto externo, completamente separado. Mais do que uma alteridade, a criança é reconhecida nos primeiros tempos de vida como parte da mãe, carregando, até certo ponto, o estatuto de objeto interno (Missonier, 2004), nutrindo a mãe narcisicamente.

Desse modo, é somente o conhecimento profundo que brota do espírito da mãe a partir de sua experiência com a criança que tem o potencial de ser exato e preciso para aquela dupla em particular, pois leva em conta as disposições mais profundas da mãe, toda sua história, todo seu ser e sua bagagem espiritual, nos termos de Benjamin, que se atualizam no tempo do agora. É necessariamente a partir dessa profunda experiência de si no encontro com seu bebê que uma mãe poderá se relacionar genuinamente com ele. Desse modo, identificamos no processo de se tornar mãe uma oportunidade ou, mais precisamente, uma convocação para a experiência, para essa busca de si mesmo, fundamental para que se desperte o saber materno intuitivo de Winnicott ou o conhecimento extrassensível de seu bebê, conforme Benjamin.

Tendo em vista essas considerações, que demonstram a relevância da entrega materna para o desenvolvimento psíquico do bebê, este trabalho pretende discorrer acerca da seguinte indagação: como a experiência da maternidade ocorre em casos de gêmeos, nos quais a entrega materna deverá acontecer em relação a dois ou mais bebês simultaneamente? Apresentaremos, desse modo, algumas reflexões respaldadas na teoria winnicottiana, a fim de compreender as peculiaridades relativas a esses casos.

 

2) Maternidade e as necessidades básicas do lactente: a necessidade básica de singularização

O processo de tornar-se mãe implica uma exigência de trabalho psíquico intenso por parte da mulher, no qual fatores remotos e contemporâneos de sua história interagem ininterruptamente, operando diversas transformações que possibilitam, no psiquismo, a construção do lugar e da função de mãe. A gestação, o parto e o puerpério comportam experiências corporais e emocionais intensas que demandam elaboração e assim configuram o processo de tornar-se mãe. Com a experiência biopsíquica da gestação, aos poucos a mulher saudável tende a se voltar para o interior e para o filho que vai nascer, dando início ao processo de vinculação entre os dois.

A mãe capaz de entrar em estado de preocupação materna primária comporta uma "sensibilidade especial para olhar e valorizar aquilo que, desde o nascimento, cada ser humano tem de próprio, singular, inalienavelmente seu" (Naffah Neto, 2005, p. 439). Essa marca singular de cada bebê "indica o eixo principal que definirá a singularidade daquele ser humano durante toda a sua vida e, no melhor dos casos, o núcleo de onde ele se desenvolverá rumo à maturidade" (Naffah Neto, 2005, p. 437). A dinâmica da experiência que se dá nesse campo intersubjetivo acompanha as mudanças nas capacidades e necessidades da criança ao longo do tempo, relacionando-se à oscilação paradoxal, gradual e sensível – para ser suficientemente boa – entre experiências de fusão e separação, onipotência e angústia. É nessa alternância entre os estados de fusão e de separação que o sujeito vai se constituindo, pois, aos poucos, vai se fortalecendo o sentimento de ser e a objetividade do mundo vai sendo experimentada e assimilada pelo self em constituição, de forma a não violá-lo.

O bebê que recebe cuidados maternos suficientemente bons começa a formar a base de sua personalidade e individualidade imediatamente após o nascimento, bem como a descobrir sua importância própria. Conforme descreve Winnicott (1965j/1983) a partir da experiência de ilusão, para que o bebê possa iniciar o desenvolvimento do self, ele precisa ser acolhido em seus gestos espontâneos e, assim, vivenciar o sentimento de continuidade de ser. Nesse empreendimento, o outro tem papel essencial, apresentando-se à criança no momento mesmo em que ela o solicita, permitindo a ela a experiência de onipotência, na qual a criança tem a ilusão de criar o objeto encontrado conforme sua vontade. Essa experiência tem o valor de ser e é a base para a confiança no ambiente.

Em seu trabalho A capacidade de estar só (Winnicott, 1958g/1983), Winnicott trata de como o encontro do bebê com sua mãe propicia que ele possa, na realidade, ficar só consigo mesmo, pois será através dessa atmosfera de segurança que o bebê conseguirá relaxar e entrar em contato com seu self verdadeiro. Essa conquista do desenvolvimento demonstra, mais uma vez, a importância fundamental dessa relação primordial para a constituição psíquica do bebê: será na presença da mãe que o bebê conseguirá atingir a capacidade de estar só. Na passagem seguinte, Winnicott descreve a importância desses momentos para a criança:

A criança tem a capacidade de se tornar não-integrada, de devanear, de estar num estado em que não há orientação, de ser capaz de existir por um momento sem ser nem alguém que reage às contingências externas, nem uma pessoa ativa com uma direção de interesse ou movimento [...]. Nesse estado a sensação ou o impulso será sentido como real e será verdadeiramente uma experiência pessoal. (Winnicott, 1958g/1983, pp. 35-36)

A respeito dessa dedicação que a criança pequena exige de sua mãe, Winnicott (1957s/1945) afirma que se trata de um egoísmo primário absolutamente essencial para a consolidação do sentimento de ser. Essa experiência de ter uma mãe completamente devotada a atender a suas necessidades, que são urgentes e implacáveis sem a ajuda de um cuidador sensível e disponível, é condição para que, no futuro, o bebê possa naturalmente prescindir dessa dedicação exclusiva, compreendendo e permitindo que a mãe tenha outros interesses e investimentos.

De qualquer modo, esse egoísmo primário nada mais é senão a experiência de uma boa assistência materna da criança, uma boa mãe disposta, no princípio, a adaptar-se tanto quanto possível aos desejos do seu bebê, a deixar que os impulsos dele dominem a situação e contente-se em esperar que no bebê se configure a capacidade de anuir ao ponto de vista da outra pessoa com o decorrer do tempo. No princípio, a mãe deve estar apta a propiciar ao seu bebê o sentido de posse e a sensação de que exerce controle sobre ela, de que a mãe foi criada para a ocasião. Sua própria vida privada não é inicialmente imposta ao bebê. Com a experiência do egoísmo primário impregnada até os ossos, o bebê está capacitado a ser mais tarde desinteressado e desprendido sem demasiado ressentimento. (Winnicott, 1957s/1945, pp. 155-156)

Para o autor, a capacidade de desprendimento e de tolerância ao ponto de vista alheio tem necessariamente em sua base uma firme experiência de egoísmo primário. Quanto mais intensa essa experiência inicial de dedicação exclusiva do outro, mais fácil é abster-se dela posteriormente, dando lugar ao desejo do outro sem grandes ressentimentos. No texto Da dependência à independência no desenvolvimento do indivíduo (Winnicott, 1965r/1983), Winnicott atualiza o termo "egoísmo primário" ao descrever o estágio de dependência absoluta do bebê. Nele, explica como as necessidades básicas do bebê estão relacionadas à continuidade do ser, e demonstra a importância de a mãe estar conectada ao bebê nesse momento:

Há um conjunto inteiro de desenvolvimentos do ego do lactente que tem suas próprias necessidades [...]. É surpreendente como as mães podem satisfazer bem as necessidades do ego de seus próprios nenês, mesmo mães que não são boas em dar de mamar, mas que rapidamente substituem a mamadeira e a fórmula [...]. Descreverei agora as necessidades do ego, uma vez que são múltiplas. O melhor exemplo seria a questão de segurar ao colo. Ninguém pode segurar um bebê a menos que seja capaz de se identificar com ele [...]. Ainda estou falando da dependência absoluta. É toda uma questão de incômodos, irritações ou a falta desses, na vida da criança. Todos os processos de uma criatura viva constituem um vir-a-ser, uma espécie de plano da existência. A mãe que é capaz de se devotar, por um período, a essa tarefa natural, é capaz de proteger o vir-a-ser do seu nenê. Qualquer irritação, ou falha de adaptação, causa uma reação no lactente, e essa reação quebra esse vir-a-ser. (Winnicott 1965r/1983, p. 82)

É preciso, então, permitir ao bebê levar o tempo que precisar para reconhecer o direito da mãe a outros interesses. Ora, no caso de irmãos gêmeos, esse estado de coisas não é possível, pois desde sempre há um outro que também chora e solicita a mãe ao mesmo tempo. Tendo em vista essa constatação, abordaremos a seguir como seria, para a mãe de gêmeos, a experiência de fazer dois mergulhos intersubjetivos dessa natureza simultaneamente, entrando em preocupação materna primária em relação a dois ou mais bebês ao mesmo tempo. Seria isso possível?

 

3) Maternidades exercidas simultaneamente

Embora o nascimento de gêmeos seja um fenômeno perfeitamente natural, ele carrega em si peculiaridades que merecem ser observadas a fim de melhor lidar com as dificuldades que essa condição naturalmente impõe, posto que é impossível satisfazer as necessidades imediatas de dois bebês ao mesmo tempo, assim como ser absolutamente imparcial. Seria, então, possível para uma mãe viver o estado de preocupação materna primária simultaneamente com dois bebês? Para Winnicott (1957s/1945), a mãe de gêmeos tem uma tarefa extra, acima de todas as outras, que é dar-se a dois bebês ao mesmo tempo. Para Winnicott, a rigor, seria impossível para uma mãe satisfazer e atender dois bebês ao mesmo tempo sendo ela uma só. Assim, até certo ponto, ela deve fracassar e contentar-se em fazer o melhor possível.

É preciso considerar que, na grande maioria dos casos, as mulheres não estão esperando lidar com a maternidade gemelar. Winnicott (1957s/1945) havia dito que quase todas as mães de gêmeos afirmam que não teriam escolhido a maternidade gemelar se pudessem ter tomado essa decisão. Da mesma forma, os gêmeos usualmente confessam que prefeririam ter nascido cada um de sua vez, embora deva ser agradável para a criança ter companhia – o que possivelmente desenvolve um sentimento ambivalente nos irmãos também.

Considerando-se essas reflexões winnicottianas acerca da maternidade gemelar, pode-se pensar que a realidade de uma mãe que concebe três ou ainda mais bebês em uma gravidez múltipla pode ser ainda mais desafiadora. Garel, Salobir e Blondel (1997) realizaram um estudo com onze mães que haviam tido trigêmeos quando as crianças estavam com quatro anos de idade. Nos seus resultados, as autoras indicaram que muitas mães demonstraram arrependimentos quanto a terem tido três filhos. Outro achado intrigante se refere ao fato de as autoras terem percebido que essas mães isolavam um dos bebês de forma a considerá-lo diferente dos outros dois. Klock (2004), ao se deparar com esse achado, atribuiu a ele o significado de que as mães formavam um par de crianças e deixavam a terceira sobrando, como se fosse uma extra.

Refletindo acerca dessas considerações, Ribeiro (2014) levantou a hipótese de que poderia haver um limite subjetivo em relação ao número de bebês que as mães conseguem dar conta simultaneamente, hipótese essa embasada pela constatação do estudo de Garel, Salobir e Blondel (1997) de que o terceiro bebê era percebido como excluído pelas mães. No referido trabalho, a eminente dificuldade de elaboração de uma gestação gemelar foi percebida como um estado de com fusão, no qual apareceu uma dificuldade eminente das mulheres grávidas de gêmeos de abrirem espaço psíquico para receber seus dois bebês. Essa percepção surgiu a partir da observação da pesquisadora de fatos tais como uma mãe comprar dois armários e dois bercinhos para seus filhos, mas ocupar apenas um; de outra mãe colocar seus bebês para dormirem juntos no mesmo berço; assim como a presença de atos falhos, como "nós dois, nós três, né", quando uma mãe se referia a ela e a seus dois bebês. Esses dados foram compreendidos como uma dificuldade de assimilação inconsciente da chegada de seus dois bebês, de forma que essas mães os uniam em apenas um, como apareceu nessas atitudes e falas.

Contudo, o fato é que as mães de gêmeos conseguem dar conta dessa situação, afinal, não há registros de que filhos gêmeos apresentem maiores problemas psíquicos ou interpessoais. De alguma forma, parece que as mães conseguem se entregar a esse processo de preocupação materna primária simultaneamente com dois bebês. Pode-se levantar a hipótese de que um dos grandes segredos para que essa entrega se torne possível seja a construção de relações distintas com cada um dos sujeitos, percebidos como singulares e reconhecidos em suas individualidades, despertando, assim, na mãe, expectativas e projeções diferenciadas.

A construção da relação da mãe com seu filho, como sujeito singular, é um processo gradual em que a mãe inicialmente percebe seu filho como parte dela mesma, como explica a psicanalista Monique Bydlowski, referindo-se ao objeto interior da mãe, que diz respeito ao bebê que ela foi outrora e que lhe dá bases para fantasiar o seu bebê (Bydlowski, 2002). Após o nascimento de seu filho, Bydlowski acredita que a mãe se relacionará com esse bebê que está então do lado de fora através de traços mnemônicos ativados pelo bebê que a mãe fora no passado, ainda relacionado à sua própria vivência. Só mais tarde a mãe poderá investir seu bebê como um verdadeiro objeto externo, e não apenas como um representante de um objeto interno.

A psicanalista Regina Aragão (2007), partindo dessa teorização de Bydlowski, propõe que a gestação seria o tempo em que se dá esse trabalho de preparação da relação objetal por parte da mãe. A autora explica que o que está em questão é a capacidade materna de erotizar uma parte ainda interna de si mesma. O bebê inicialmente é um outro dentro do corpo da mãe e pode ser percebido por ela como um invasor. Dessa forma, para que a mãe seja capaz, em um segundo momento, de perceber seu bebê objetivamente, é necessário que haja no período gestacional um deslizamento da percepção de seu feto como uma parte integrante de seu próprio corpo. Posteriormente, então, chegaria o momento em que o bebê vem a se constituir como um outro para a mãe e, assim, se configurar como um objeto alvo de suas projeções e de seu decorrente investimento. Assim, ao longo da gestação, espera-se que o bebê possa se tornar cada vez mais familiar através das projeções e idealizações maternas que estarão ancoradas na sua própria história infantil, ao mesmo tempo em que o bebê passa a ser reconhecido em sua dimensão de alteridade.

Tendo em vista essa concepção de que a percepção objetiva do bebê por parte da mãe é uma construção, pode-se inferir que esse processo será mais custoso psiquicamente para a mãe de gêmeos, que passará por tudo isso com dois bebês. Contudo, conforme vai se construindo a percepção objetiva de cada bebê, a mãe poderá mergulhar na relação total com cada um deles, tornando-se também, dessa forma, uma mãe distinta para cada um deles.

Alguns achados do estudo de Tavares (2007) podem nos auxiliar a compreender as reflexões aqui propostas. A autora buscou compreender as relações triangulares em gêmeos. Para tanto, ela acompanhou cinco pares de gêmeos durante o primeiro ano de suas vidas. Entre seus relatos e discussões, Tavares trouxe uma constatação curiosa: os gêmeos permaneciam quietos enquanto a mãe fazia a higiene do irmão ou o alimentava. No entanto, se, após finalizar a tarefa, a mãe seguisse sua interação com o irmão, o outro gêmeo começava a reclamar. Perante essas observações, a autora levantou a hipótese de que os gêmeos parecem ser capazes de compreender as necessidades de cuidados dos seus irmãos e, por isso, conseguiam aguardar alguns minutos para receber a atenção materna.

Tavares (2007) também chamou a atenção para os revezamentos entre os irmãos de ciclos sono-vigia, visto que muitas vezes eles eram tão sincronizados que chegavam a parecer que eram combinados pelos gêmeos. A pesquisadora relatou que, após serem cuidados, os bebês muitas vezes adormeciam e permitiam que a mãe cuidasse do irmão. Contudo, quando esses revezamentos não ocorriam, Tavares percebeu que as mães estavam quase sempre envolvidas em situações triádicas cuidando dos dois filhos ao mesmo tempo, visto que a presença dos pais nos casos observados era rara. A partir desse relato, a autora refletiu a respeito da impossibilidade de o bebê gêmeo estar a sós com sua mãe, pois, mesmo na ausência física do irmão, quando este adormecia, por exemplo, ele permaneceria presente na mente materna.

Dentre os achados de Tavares (2007), surge o paradoxo de haver momentos em que os gêmeos aceitavam aguardar o irmão ser atendido e outros em que esta espera não era facilmente tolerada, normalmente em situações nas quais a mãe já havia terminado o cuidado com o irmão, mas seguia interagindo ludicamente com ele. Nesses momentos, os bebês chamavam a atenção das mães muitas vezes através de expressões faciais que demonstravam desagrado, as quais eram frequentemente serenadas com olhares, sorrisos e palavras maternas. Pode-se inferir que, nessas ocasiões, não é a questão da previsibilidade ou de sua falta que está em questão, mas o desejo do bebê de que a mãe interaja ludicamente apenas com ele, pois, como vimos anteriormente, existe uma necessidade de o bebê entender que tem poder sobre sua mãe e de que possui controle sobre ela, algo que Winnicott chamou de egoísmo primário (Winnicott, 1957s/1945).

Nesse sentido, Winnicott havia proposto que as mães de gêmeos verificariam que sua finalidade não é tratar cada filho de maneira idêntica, mas justamente "tratá-lo como se fosse um único" (Winnicott, 1957s/1945, p. 157), e que, assim, a mãe tentará descobrir as diferenças de cada bebê. A mãe poderá desenvolver com cada um uma relação total e irá compreender que seus filhos vivenciam experiências paralelas e possuem diferentes temperamentos, principalmente nos casos em que há uma extrema semelhança física entre eles. Nesses casos, a identificação das diferenças e o reconhecimento do sujeito que existe em cada um dos filhos se torna ainda mais primordial.

Winnicott (1957s/1945) inferiu que uma grande parte das dificuldades vivenciadas pelos gêmeos decorre do fato de eles nem sempre serem reconhecidos como diferentes um do outro, mesmo naquilo em que são realmente diferentes. Esse seria um desafio para os gêmeos, pois, para Winnicott, seria muito mais fácil tornar-se uma pessoa integral estando sozinho do que na companhia do próprio irmão gêmeo. Assim, a relevância da mãe em reconhecer a individualidade de cada filho estaria presente pelo fato de, a partir desse reconhecimento, ela poder se relacionar distintamente com cada um de seus filhos e, também, possibilitar que eles, por sua vez, possam se reconhecer como indivíduos distintos.

Há de se considerar, no entanto, outro fator mencionado anteriormente: a dedicação redobrada às tarefas que as mães de gêmeos precisam cumprir, o que, segundo Winnicott (1957s/1945), exigiria um esforço ainda maior da mãe no contexto de gemelaridade. Nesse sentido, torna-se relevante ressaltar que, além do apoio ambiental que dá suporte à mãe – função paterna –, é preciso haver da parte das mães uma aposta na capacidade de espera de seus bebês, o que só poderá surgir a partir da possibilidade de previsibilidade do que irá acontecer em seu ambiente. Conforme o tempo passa e a mãe estabelece determinados ritmos que perpassam suas reações e atividades com os bebês, constrói-se uma trama de continência que capacita cada um dos irmãos a antecipar os movimentos do ambiente e vivenciar, assim, uma experiência de continuidade, conforme exposição do psicanalista Alberto Ciccone (2015). Por exemplo, se o bebê compreender que sempre que a mãe se afastar com o irmão e ele escutar um barulho (o do banho sendo preparado), depois de alguns instantes ela retornará para buscá-lo, com o tempo ele irá cada vez mais permanecer tranquilo na ausência da mãe, pois pode prever seu retorno. Desse modo, percebe-se que é estabelecido um vínculo de confiança em que o bebê compreende as ausências maternas e a mãe, por sua vez, compreende que seu bebê poderá lhe esperar, o que possibilitará que ela se dedique totalmente ao filho que está com ela naquele momento, oferecendo-se, portanto, integralmente a cada um deles.

Contudo, ainda que possamos inferir que a dedicação integral materna a cada gêmeo aconteça, é preciso reconhecer que essa dedicação será intermitente, visto que os cuidados ocorrerão de forma alternada para cada bebê. Os gêmeos parecem sustentar o tempo de espera da mãe a partir das possibilidades de previsibilidade e antecipação descritas acima, construindo dessa forma vivências de continuidade. A experiência materna, porém, caracteriza-se, certamente, por uma maior exigência psíquica da mulher convocada a construir em cada relação filial uma riqueza simbólica e afetiva que demanda seu total envolvimento pessoal.

 

4) Considerações finais

Como vimos, segundo a teoria winnicottiana, a maternidade gemelar traz uma tarefa extra para as mães, convocadas a identificarem-se profundamente a dois bebês ao mesmo tempo através do estado de preocupação materna primária, imprescindível para o desencadear do processo de subjetivação das crianças. Acreditamos que esse mergulho profundo em cada uma das relações é possível, embora represente uma exigência psíquica adicional à mulher, justamente porque implicará uma entrega total, no âmbito do self, a dois objetos distintos que, por sua vez, evocam nela questões subjetivas distintas.

Nesse sentido, os casos gemelares fazem da preocupação materna primária, que é em si um estado muito intenso, um fenômeno ainda mais complexo. Conforme discutido no presente artigo, pode-se inferir que na maternidade de gêmeos presenciamos o seguinte fenômeno: a mulher se desdobra em duas, vivenciado dois processos de construção da maternidade paralelamente, o que permite que ela se constitua como uma mãe diferente para cada uma de suas crianças. Dessa forma, ocorrem duas maternidades distintas simultaneamente na mesma mulher.

No entanto, como apresentado, ainda que essas mulheres tenham consciência da gestação de gêmeos, não sendo, portanto, psicóticas, elas inicialmente costumam apresentar uma resistência psíquica de assimilar seus dois, ou mais, bebês – o que é, até certo ponto, natural e esperado, uma vez que a tarefa materna nesses casos é redobrada. Ressaltamos, contudo, uma especificidade das maternidades gemelares: embora a mãe seja capaz de se entregar a esse processo singularmente com cada bebê, ela estará sempre, de certa forma, experienciando o outro mergulho em paralelo. Aqui reside o risco típico da condição gemelar: a aglutinação na psique materna de seus dois ou mais bebês. Desse modo, faz-se necessário um longo trabalho psíquico no sentido de elaborar a maternidade gemelar, possibilitando, gradualmente, o processo de percepção objetiva de cada um dos filhos, para que então a mãe seja capaz de reconhecer a individualidade e singularidade deles.

Como o processo de subjetivação do bebê se fundamenta na qualidade da relação estabelecida com a mãe quando ela apresentar-se de modo confiável, permitindo ao bebê constituir uma experiência de continuidade como base do self, na situação gemelar, cada um dos bebês torna-se capaz de desenvolver certa capacidade de espera alicerçada na previsibilidade de que, embora por vezes a mãe se ausente para ocupar-se do irmão, ela voltará em breve. Dessa forma, a mãe também, por sua vez, poderá confiar na capacidade de espera de seu filho para, então, poder se entregar ao irmão gêmeo, estando inteira nesse mesmo processo. Assim, o balé dessas duas díades encontra sua coreografia sincronizada.

 

 

Referências

Aragão, R. (2007). A construção do espaço psíquico materno e seus efeitos sobre o psiquismo nascente do bebê (Dissertação de mestrado). Instituto de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil.         [ Links ]

Benjamin, W. (1987). Obras escolhidas (Vol. 2). São Paulo: Brasiliense.         [ Links ]

Bydlowski, M. (2002). O olhar interior da mulher grávida: transparência psíquica e representação do objeto interno. In L. C. Filho, M. C. Girade & P. França (Orgs.), Novos olhares sobre a gestação e a criança até os 3 anos: saúde perinatal, educação e desenvolvimento do bebê. Brasília: L. G. E. Editora.         [ Links ]

Castro, C. (2009). A arte de caçar borboletas. In S. J. Souza & S. Kramer (Orgs.), Política, cidade educação: itinerários de Walter Benjamin (pp. 205-217). Rio de Janeiro: Contraponto.         [ Links ]

Ciccone, A. (2015). Reflexões sobre a permanência e a continuidade na atenção e nos cuidados ao bebê. In II Encontro Internacional e IX Encontro Nacional sobre o Bebê. Rio de Janeiro, RJ.         [ Links ]

Corrêa Filho, L., Corrêa Girade, M. H. & França, P. (Orgs.). (2002). Novos olhares sobre a gestação e a criança até 3 anos: saúde perinatal, educação e desenvolvimento do bebê. Brasília: L. G. E. Editora.         [ Links ]

Garel, M., Salobir, C. & Blondel, B. (1997). Psychological consequences in having triplets: a 4-year follow-up study. Fertlity and Sterility, 67, 1162-1165.         [ Links ]

Klock, S. C. (2004). Psychological adjustment to twins after infertility. Best Practice and Research Clinical Obstetrics and gynaecology, 18, 645-656.         [ Links ]

Missonier, S. (2004). Le enfant du dedans et la relation d'objet virtuel. In S. Missonier, B. Golse & M. Soule, La grossesse, l'enfant virtuel et la parentalité. Paris: PUF.         [ Links ]

Naffah Neto, A. (2005). Winnicott: uma psicanálise da experiência humana em seu devir próprio. Natureza humana, 7(2).         [ Links ]

Ogden, T. (2010). Esta arte da psicanálise: sonhando sonhos não sonhados e gritos interrompidos. Porto Alegre: Artmed.         [ Links ]

Ribeiro, F. S. (2014). Gravidez múltipla concebida através de reprodução assistida: buscando uma compreensão analítica desta experiência contemporânea de concepção (Vol. 1). Saarbrücken: Núcleo de Edições Acadêmicas.         [ Links ]

Safra, G. (2006). O narrar. In G. Safra, Desvelando a memória do humano. São Paulo: Sabornost.         [ Links ]

Tavares, M. E. B. P. (2007) Situações triangulares em gêmeos durante o primeiro ano de vida: conjecturas sobre o Complexo de Édipo (Tese de doutorado). Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1993). Preocupação materna primária. In D. Winnicott (1993/1958a), Da pediatria à psicanálise. Rio de Janeiro: Francisco Alves. (Trabalho original publicado em 1958n).         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1983). Comunicação e falta de comunicação levando ao estudo de certos opostos. In D. Winnicott (1983/1965b), O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre. Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1965j).         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1945). Twins. In D. Winnicott (1945/1964a), A criança e seu mundo. Rio de Janeiro. Zahar. (Trabalho original publicado em 1957s).         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1983). A capacidade para estar só. In D. Winnicott (1983/1965b), O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1958g).         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1983). Da dependência à independência no desenvolvimento do indivíduo. In D. Winnicott (1983/1965b), O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1965r).         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Fernanda Schmitt Ribeiro
E-mail: fernandapsi_84@hotmail.com

Natália de Toni Guimarães dos Santos
E-mail: natonigui@yahoo.com.br

Silvia Maria Abu-Jamra Zornig
E-mail: silvia.zornig@terra.com.br

 

 

* Mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutoranda em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
** Doutoranda em psicologia clínica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
*** Professora doutora na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), departamento de psicologia.

Creative Commons License