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Revista de Etologia

Print version ISSN 1517-2805

Rev. etol. vol.13 no.2 São Paulo Dec. 2014

 

Proposta de tradução do termo mobbing para o português1

 

 

Leandro de Castro Siqueira

Centro Universitário do Distrito Federal – UDF. comportamento.animal@gmail.com

 

 


RESUMO

A adoção de definições claras e terminologias padronizadas nos estudos de comportamento animal são fundamentais para facilitar as pesquisas, evitar problemas de comunicação na comunidade científica e contribuir para a difusão de tópicos restritos aos estudos acadêmicos para a sociedade em geral. O comportamento denominado mobbing, em inglês, carece de um termo padrão que o traduza para os estudos de comportamento animal em português. Após examinar a etimologia e os sentidos em que a palavra mobbing é usada, enumerar as principais características desse tipo de comportamento nos diversos táxons nos quais ocorre, sugerir alguns termos para a tradução para o português e analisar as vantagens e desvantagens deles, este artigo propõe o uso da palavra "assédio" nos estudos em português, em substituição ao termo mobbing.

Palavras-chave: Assédio; mobbing; terminologia; comportamento animal; tradução.


ABSTRACT

Clear definitions and standardized terminology in animal behavior studies have great significance in advancing research, avoiding misunderstandings in scientific communication, and helping the dissemination of subjects confined to academic studies to a broader audience. The behavior known as mobbing in English lacks a standard term to be used in animal behavior studies written in Portuguese. After examining mobbing's etymology and meanings, enumerating the main characteristics of this behavior in the many taxa where it occurs, suggesting some Portuguese words for translation and analyzing arguments in favor of and against their use, this article proposes the use of the word "assédio" to characterize mobbing behavior in studies written in Portuguese.

Keywords: Assédio; mobbing; terminology; animal behavior; translation.


 

 

Introdução

A busca do entendimento sobre as funções, causas, evolução e mecanismos fisiológicos relacionados ao comportamento animal é intrinsecamente complexa. Uma ferramenta indispensável para a melhor compreensão desses processos é o abandono do uso de termos conceituais vagos ou informais e a adoção de definições mais consistentes e claras. Termos vagos e informais têm o potencial de gerar problemas de comunicação, tanto na comunidade científica como no ensino nas áreas de Etologia e Ecologia Comportamental (Yamamoto et al., 2002). Além disso, simplificar os termos e torná-los mais claros facilita a difusão de tópicos restritos aos estudos acadêmicos para o resto da sociedade, incluindo instituições e órgãos financiadores de pesquisa. Despertar a simpatia e o interesse populares em tais assuntos é essencial para mostrar a importância da conservação da fauna e dos estudos sobre o comportamento animal.

Ao definir uma linguagem comum para descrever o comportamento, é importante que os termos empregados para as categorias comportamentais sejam os mais descritivos e objetivos possíveis das interações dos animais com seu ambiente, evitando assim implicações sobre suas possíveis causas, finalidades ou motivações. A esse respeito, é pertinente evitar o uso de termos que incorporem ideias antropomórficas em estudos comportamentais em animais. Antropomorfismo é a tendência de atribuir características humanas a entidades não humanas, tanto animadas quanto inanimadas, e se manifesta em suposições, mesmo não deliberadas, de que o objeto antropomorfizado tenha experiências cognitivas e emocionais subjetivas e conscientes, intencionalidade, planejamento, introspecção ou outras formas de mentalismo. Esse cuidado objetiva dificultar que as opiniões e conjecturas do observador influenciem na interpretação funcional do comportamento em foco, especialmente se faltam evidências experimentais para que sejam atribuídas funções.

Allen e Bekoff (1997) destacam que a escolha da terminologia usada, geralmente feita sem maiores preocupações no início de um estudo, pode afetar seriamente o desenrolar subsequente da pesquisa. Uma escolha imprecisa de termos pode fazer o observador concentrar-se em alguns aspectos enquanto involuntariamente exclui outros aspectos igualmente importantes dos vários padrões comportamentais que os animais exibem.

O objetivo deste trabalho é fazer uma análise elementar das manifestações comportamentais identificadas como mobbing, com as similaridades e diferenças nos grupos taxonômicos que as apresentam; indicar as características mais salientes usadas para agrupar essas manifestações sob o termo mobbing; discutir a etimologia e o sentido denotativo dessa palavra, assim como sua correspondência com os contextos nos quais ela é usada pragmaticamente; e usar esses procedimentos para fundamentar a proposta de um termo prático, apropriado e preciso para ser aplicado como equivalente do vocábulo inglês na pesquisa e na comunicação de informações em língua portuguesa.

 

O uso do termo mobbing nos estudos de comportamento animal

Mobbing é um termo usado para fazer referência a uma constelação de padrões comportamentais que envolvem animais agrupando-se em torno de um potencial predador e usando movimentos repetitivos de aproximação e afastamento, podendo evoluir de uma simples inspeção ao predador até perseguições e ataque físico ao alvo (Caro, 2005). Em alguns animais, esse comportamento é acompanhado pela emissão de vocalizações altas e repetidas, que geralmente atraem outros indivíduos que também são potenciais presas, inclusive de espécies diferentes. Esse tipo de comportamento é comum em aves, mas também já foi registrado em algumas espécies de mamíferos, de peixes e de insetos (Altmann, 1956; Balda & Bateman, 1973; Breed, Guzmán-Novoa, & Hunt, 2004; Curio, Ernst, & Vieth, 1978; Dominey, 1983; Fuchs & Tautz, 2011; Graw & Manser, 2007; Hein, 1996; Ishihara, 1987; Maklakov, 2002; Tan et al., 2012).

O mobbing tem recebido considerável atenção ao longo dos anos no estudo do comportamento animal, embora ainda precise ser muito estudado para que se elucide sua função e evolução. Curio et al. (1978), por exemplo, listam dez possíveis funções para esse comportamento. Dentre as hipóteses atuais, sugere-se que ele possa ser: uma forma de comunicação entre presa e predador (Lind, Jöngren, Nilsson, Schönberg, & Strandmark, 2005) em uma tentativa de expulsar o predador da vizinhança (Krama & Krams, 2005) ou de anunciar ao predador que ele foi avistado (Cooper, 1994); transmissão cultural de informações sobre a ameaça que um inimigo potencial representa aos indivíduos de um grupo (Vieth, Curio, & Ernst, 1980); e uma forma de cuidado parental, sendo desempenhado mais intensamente na estação reprodutiva (Shedd, 1982; Shields, 1984).

Berne (2011) menciona que muitos exemplos de comportamentos contra predadores vêm de estudos em aves, e que apesar da grande variedade de maneiras com as quais os animais confrontam potenciais predadores, há intenso foco dos pesquisadores na defesa de ninho ou de prole por meio do mobbing. Esse pesquisador destaca também que mobbing e defesa parental de ninho têm sido, de modo geral, tratados como sinônimos na literatura científica. O autor faz referência aos comportamentos de monitoramento, de mobbing e de harassment. Entre as características do mobbing, cita a produção de vocalizações altas, movimentos e posturas de ameaça ou de distração, aproximação do predador e o desempenho de vários movimentos repetitivos de aproximação e afastamento em relação ao predador. Também enfatiza que o mobbing é disparado quando há detecção de um estímulo específico (habitualmente um predador), e que pode ser desempenhado por um único indivíduo, por vários indivíduos da mesma espécie simultaneamente e de forma cooperativa, ou mesmo por indivíduos de espécies diferentes. Além disso, acrescenta descrições funcionais, afirmando que o mobbing é usado especificamente na proteção do ninho ou da prole. Ao discorrer sobre a dinâmica das várias ações similares que ocorrem em vários contextos denominados mobbing, Berne (2011) afirma que, após se aproximarem e avaliarem o nível de ameaça, os indivíduos podem repetidamente molestar (harass) e expulsar o predador, ou podem fugir para um local seguro.

Altmann (1956) considerou como mobbing a movimentação de aves em torno de predadores, mesmo que estes não estivessem atacando as aves, e usou a definição de Hartley (1950) elaborada anos antes:

demonstração feita por uma ave contra um inimigo, potencial ou suposto, pertencente à outra espécie mais poderosa, é iniciada por um membro da espécie mais fraca, e não é uma reação a um ataque contra si próprio, contra seu parceiro reprodutivo, seu ninho, seus ovos ou seus filhotes. (p. 315)

Em 1963, Lorenz relatou a reação de corvos e outras aves a potenciais predadores, como corujas e gatos, usando a expressão "hassen" (entre aspas no original), que traz uma conotação bastante emotiva (odiar, abominar, detestar) (Lorenz, 2004, p. 40). Na tradução do texto para o inglês, evitou-se o uso de um termo que expressasse a conotação de profunda aversão constante da expressão alemã; a versão em inglês enfatizou o aspecto coletivo da ação, designando-a com o uso da palavra inglesa mobbing. Shields (1984) definiu o mobbing feito por aves com outros detalhes:

…aproximação em direção a um predador potencialmente perigoso (esteja ele ativamente caçando ou não), seguida de mudanças frequentes de posição, com a maioria dos movimentos centrados no predador. Exibições visuais relativamente estereotipadas e exibições vocais altas e localizáveis geralmente acompanham a locomoção. Frequentemente, o mobbing inclui arremetidas ou corridas até o potencial predador, e pode envolver ataque direto com contato físico pelo mobber. (p.132)

Com o decorrer dos anos e dos estudos da interação entre presa e predador, entretanto, o termo passou a descrever vários tipos de interação onde potenciais predadores são alvos de investidas de potenciais presas (ou mesmo quando está envolvido apenas um único indivíduo, tanto presa quanto predador), e onde as vocalizações e movimentos repetitivos de aproximação e afastamento podem estar ausentes.

 

Aves

Em aves, o repertório comportamental referido como mobbing é bastante variado, e pode ser encontrado em diversas famílias. Quando aves executam o mobbing, agregam-se em volta do predador, aproximando-se e afastando-se, e às vezes até mesmo perseguindo-o e atacando-o, seja com contato físico, defecando ou regurgitando sobre o alvo. Elas também emitem vocalizações altas e repetidas, que geralmente atraem outros indivíduos, inclusive de outras espécies de presas em potencial.

Nice e Pelkwyk (1941) descreveram as reações de Melospiza melodia a uma potencial ameaça como estágios que vão desde a fase de alarme, passando pela fase de medo, até a fase de pavor, nessa última ocorrendo fuga. As posturas na fase de alarme foram apresentadas como manifestações de excitação, com erguimento da crista, erguimento e movimentação rápida da cauda, movimentação das asas, mudança de posição contínua e vocalizações prolongadas com ritmo rápido, descritas como "reprimendas". Também foi relatado o caso em que uma ave saltitou em volta de uma serpente, dando-lhe bicadas. Na época, o termo mobbing ainda não era usado para fazer referência a esse conjunto de reações de aves a potenciais predadores. Altmann (1956) usou "reconhecimento de predador" e "comportamento de mobbing" como sinônimos em seu artigo, ressaltando que esses termos são empregados como formas abreviadas da descrição do comportamento (o número de indivíduos variava de 1 a 29 nos episódios observados). Ele descreve os padrões de "ataque" (aspas no original) usados no mobbing por algumas aves: ereção de penas, movimentos rápidos de aproximação e afastamento em relação ao seu alvo (corujas empalhadas), reunião de vários indivíduos em volta do alvo, vocalização contínua e movimentos rápidos da cauda.

Subsequentemente, o termo mobbing passou a ser mais usado, tanto quando potenciais presas avançavam em direção a um alvo estático como quando o predador era perseguido pela presa (Balda & Bateman, 1973; Betts, Hadley, & Doran, 2005; Cooper, 1994; Griesser & Ekman, 2005; Kirby & Fuller, 1978). Entretanto, o termo harass – aborrecer, atormentar, molestar, assediar (Ferreira, 1986) – é frequentemente usado quando se faz referência ao que ocorre durante o mobbing (Bildstein, 1982; Cooper, 1994). Shedd (1982) chega a afirmar que o mobbing seria uma das fases do continuum de respostas a um predador, que vai desde fugir até atacar o predador. Segundo ele, as aves executoras do mobbing às vezes interrompem subitamente o mobbing e passam a fazer voos rasantes seguidos de afastamentos abruptos a realizar ataques diretos, com golpes geralmente na cabeça ou pescoço do seu alvo. Krama e Krams (2005) também falam em harassment ao predador como um componente do mobbing, além das típicas vocalizações contínuas.

 

Mamíferos

O mobbing desempenhado por mamíferos tem registro abundante na literatura, especialmente no comportamento exibido por esquilos de chão, pertencentes à tribo Marmotini, ao se confrontarem com serpentes. Em estudos na década de 1970 com Spermophilus beecheyi, Owings e Coss (1977) referem-se às reações desses esquilos contra cobras em experimentos de laboratório como mobbing. As interações de S. columbianus (Towers & Coss, 1991) e de S. variegatus (Owings, Coss, McKernon, Rowe, & Arrowood, 2001) com serpentes mostraram-se semelhantes às de S. beecheyi, mas foram denominadas harassment. É interessante notar que Owings e Coss (2008), anos mais tarde, abandonaram a denominação de mobbing ao fazerem descrições e discussões sobre vários anos estudando o comportamento de S. beecheyi quando confrontado com serpentes. Os termos que eles passaram a usar foram harassment e confronto. Ao analisar o comportamento de Cynomys ludovicianus em confrontos com serpentes próximas a suas colônias, Loughry (1987) considera tais comportamentos como uma categoria única de atividade e a denomina harassment, não mobbing. As reações de Spermophilus beecheyi fisheri, de S. parryii ablusus, de Tamias striatus e de Sciurus carolinensis em confrontos com serpentes também foram classificadas como harassment (Clark, 2005; Goldthwaite, Coss, & Owings, 1990). Entretanto, as reações de Sciurus ingrami a um gato-maracajá (Leopardus wiedii) foram chamadas de mobbing por Solórzano-Filho (2006).

Ao estudar o comportamento de cutias (Dasyprocta punctata) quando detectam serpentes, Smythe (1978) usa o termo mobbing. Não há vocalizações, mas a cutia se põe de frente para a serpente e desfere golpes no chão com suas patas, fazendo um barulho que pode atrair outras cutias nas proximidades. Mobbing também é o termo usado em estudos de interações de mangustos amarelos (Cynictis penicillata) (Le Roux, 2007) e de suricates (Suricata suricatta) com serpentes (Graw & Manser, 2007).

Mobbing é o termo usado em geral quando primatas reagem se aproximando de potenciais predadores vocalizando repetidamente, às vezes perseguindo e atacando-os (Bartecki & Heymann, 1987; Chapman, 1986; Lloyd, Kreetiyutanont, Prabnasuk, Grassman, & Borries, 2006; Rose et al., 2003; Ross, 1993; Srivastava, 1991; Tórrez, Robles, González, & Crofoot, 2012). Entretanto, ao observar as reações de Colobus badius sendo caçados por chimpanzés (Pan troglodytes), Boesch (1994) usa o termo mobbing apenas quando os Colobus, em grupo, perseguem e atacam um chimpanzé. O termo harassment é usado nas referências tanto em relação às iniciativas das presas individualmente como em grupo. Ao descrever encontros entre um grupo de saguis (Callithrix aurita) e uma jararaca (Bothrops jararaca), Corrêa e Coutinho (1997) referem-se à ocorrência de mobbing acompanhado de vocalizações, isso é, distinguindo as vocalizações do mobbing.

Wilson (2000) considera mobbing a reação de quatis a uma jiboia, considerando-o uma forma de agressividade contra a predação. Curiosamente, também foram caracterizadas como mobbing as interações agressivas entre hienas-pintadas (Crocuta crocuta) e leões (Panthera leo), caso em que as espécies envolvidas não são predadores e presas, mas espécies competidoras que habitam a mesma região no Parque Nacional de Etosha, na Namíbia (Trinkel & Kastberger, 2005).

 

Peixes

O termo mobbing também é usado para fazer menção à reação conjunta de algumas espécies de peixes quando um potencial predador aproxima-se de seus territórios ou ninhos. Tal reação pode incluir manobras do cardume em torno do alvo, seguir de perto o alvo por um período, perseguição e ataques com mordiscadas (Dominey, 1983; Donaldson, 1984; Hein, 1996; Ishihara, 1987). Essa aproximação em relação ao indivíduo-alvo pode ser iniciada por um único peixe, e outros indivíduos, mesmo que de espécies diferentes, podem se juntar, revezando-se na ação. Algumas espécies exibem posturas corporais e movimentos repetidos com suas nadadeiras e aproximação e afastamento em relação ao alvo. Emissões acústicas foram descritas em um tipo especial de "mobbing" (aspas no original) quando o território de um indivíduo da espécie Holocentrus rufus foi invadido por uma moreia (Winn, Marshall, & Hazlett, 1964).

 

Insetos

Estudos referem-se ao agrupamento de abelhas em torno de intrusos, tais como indivíduos de outras colônias, vespas ou outros animais potencialmente ameaçadores, como mobbing (Breed et al., 2004; Fuchs & Tautz, 2011; Tan et al., 2012). Ao perceberem uma ameaça, as abelhas reúnem-se em volta dos invasores e os atacam fisicamente (em alguns casos também com secreções).

 

Análise do termo "mobbing"

O objetivo de uma tradução é facilitar a transferência da mensagem, do significado e dos elementos culturais de uma linguagem para a outra (Nord, 2006). Não existe, até o momento, uma tradução padronizada do termo mobbing para a língua portuguesa no estudo do comportamento animal. O resultado é que os artigos publicados em português mantêm o termo em inglês ou empregam termos usados em espanhol que também são encontrados na língua portuguesa, como "tumulto" (Doran, Gulezian, & Betts, 2005; Garske & Ferreira, 2008; Motta-Junior, 2007). O termo em inglês tem o mérito de ser facilmente compreendido pelos pesquisadores, por ser habitualmente usado nas pesquisas e nos artigos em inglês sobre esse tipo de comportamento. Entretanto, não deixa de ser um jargão em língua estrangeira, cuja compreensão tende a ser reduzida quando a comunicação é feita com estudantes e, principalmente, com o público leigo. Além disso, como foi visto na seção anterior, o uso do termo em inglês também tem problemas de imprecisão, visto que mobbing é usado para fazer referência a vários comportamentos que guardam pouca semelhança entre si. Além disso, o fato de haver uma diversidade de palavras usadas atualmente para se referir a esse tipo de comportamento pode diminuir a precisão ao transmitir informações especializadas e possibilitar mal-entendidos. Esse motivo fundamenta a necessidade de padronização, com o uso de uma palavra própria.

Uma das respostas dadas à falta de consenso no uso de termos em português no estudo do comportamento animal no Brasil foi dada por Yamamoto et al. (2002), que organizaram um vocabulário para ser usado na área de Etologia. Nesse trabalho, mobbing é explicado como uma "mobilização grupal contra o predador", usando um método de tradução chamado por Klaudy (2003) de circunlocução, onde as características do termo são descritas, em vez de se usar uma palavra particular para traduzi-la para o português.

A proposta de tradução de mobbing neste trabalho busca substituir a diversidade terminológica e o método de tradução por transferência (no qual a palavra na língua de partida é transferida para a língua de chegada em sua forma original) pelo uso de um termo equivalente em português, baseado principalmente na descrição do comportamento.

Para representar satisfatoriamente o comportamento denominado mobbing, creio que o termo a ser usado em português deve satisfazer critérios relevantes para a pesquisa. O primeiro critério seria captar a essência do que é descrito nos episódios de mobbing, representando as características comuns às situações habitualmente relatadas como mobbing nas diversas categorias taxonômicas que o apresentam. Uma dessas características é a aproximação do agente em relação ao alvo; outra é o agente se movimentar e/ou emitir sons repetidamente, colocando-se em evidência e tornando clara sua presença. Outro critério importante é que o uso do termo nas frases permita que se expresse inequívoca e precisamente a ação, o agente e o alvo, facilitando tanto a elaboração de textos quanto sua compreensão de forma clara e objetiva. Esse requisito também se faz relevante quando lembramos que a produção científica também é divulgada para a sociedade leiga no assunto por meio da mídia (frequentemente por profissionais também leigos). Também é desejável que ele guarde relação com o sentido expresso pelo vocábulo inglês mobbing, ao mesmo tempo em que seja o mais descritivo possível, evitando atribuição de função, intenção ou propósito dos agentes do comportamento.

Em inglês, mobbing é um termo derivado do substantivo mob, que significa grupo desorganizado, multidão, turma em desordem ou turba. Como verbo, mob refere-se ao ato de indivíduos se reunirem ou se aglomerarem formando um grupo sem organização, geralmente para o enfrentamento de algo. Mobbing é usado para fazer referência à reunião de indivíduos para importunar um indivíduo alvo, geralmente de forma rude. Etimologicamente, a palavra mob é derivada de mobile, cuja origem latina está relacionada com capacidade de movimento, deslocamento entre lugares ou mudança de uma posição para outra. A princípio, o termo inglês mob parece contemplar o fenômeno a que ele se refere, se considerarmos esse fenômeno apenas como a movimentação de um grupo de indivíduos para executarem uma ação relacionada a um alvo. Entretanto, o termo mobbing é usado também quando apenas um casal de aves, ou até mesmo uma única ave, importuna um potencial predador (K. Halupka & L. Halupka, 1997; Sordahl, 1990). De fato, até mesmo a presença de um predador não é obrigatória, visto que esse comportamento ocorre naturalmente contra indivíduos parasitas de ninho, como cucos (Welbergen & Davies, 2009), ou que não constituem potenciais ameaças aos ovos/filhotes ou aos agentes do mobbing (Castro-Siqueira, 2010). Experimentalmente, o mobbing pode ser dirigido até mesmo a uma garrafa plástica isolada da ave por um aparato (Curio et al., 1978). Essa situação problemática parece ter sido percebida por alguns pesquisadores, que usam termos mais adequados ao contexto estudado por eles em substituição a mobbing (Clark, 2005; Goldthwaite et al., 1990; Loughry, 1987; Owings & Coss, 2008). Um vocábulo habitualmente usado é harass, que significa exaurir, fatigar, incomodar repetida e persistentemente e criar uma situação hostil ou desagradável (Ferreira, 1986). Ao tomar a definição do verbete harass como se apresenta no dicionário para indicar o comportamento analisado, percebe-se que o destaque não está no agente ou nos agentes, mas na ação observada.

A seguir serão analisados termos listados a partir de uma busca em periódicos brasileiros para termos frequentemente usados para se referir ao mobbing e a partir de sugestões de alguns profissionais dedicados à área do comportamento animal. Os termos são: tumulto, mobilização, molestamento, turbação e assédio.

É comum artigos usarem "tumulto" como tradução de mobbing, tanto em português como em espanhol (Doran et al., 2005; Ficken, 1989; Franchin, Marçal Junior, & Del Claro, 2010; Motta-Junior, 2007). Tumulto é definido no dicionário como grande confusão ou desordem, desavença e agitação intensa, geralmente causada por muitas pessoas, com grande alvoroço e barulho. A descrição do efeito causado pelas repetidas vocalizações e movimentações mostra-se completamente adequada, mas esse termo não sugere, de forma alguma, o fato da ação ser dirigida a um alvo e nem a característica do agente situar-se próximo, confrontando o alvo. "Tumultuador" tem o mérito de indicar inequivocamente o agente, mas "tumultuar" insinua um efeito do comportamento sobre o alvo: tirar a tranquilidade, provocar confusão. Entretanto, apesar de ser razoável acreditar que esse efeito possa ocorrer, não se encontram relatos observacionais ou experimentais suficientes na literatura que fundamentem tais afirmações sobre os efeitos fisiológicos ou comportamentais nos alvos de mobbing. Por isso também não há conveniência quando se faz referência ao alvo, o "tumultuado", pois tal palavra indica que ele estaria confuso, desordenado, agitado.

O termo "mobilização" em português está ligado etimologicamente a mobile, palavra latina relacionada à movimentação e ao deslocamento, que descreveria convenientemente os movimentos e a agitação, além de implicitamente ter relação com o direcionamento a um alvo ou objetivo. Ainda segundo o dicionário (Ferreira 1986), é um termo usado nas referências à preparação para ação belicosa. O emprego do verbo "mobilizar", entretanto, traz uma particularidade, pois exige um objeto, mesmo que este seja o próprio agente da mobilização (nesse caso, os agentes mobilizam-se). Surge ainda uma limitação quando se quer fazer referência ao alvo da mobilização, que não pode ser denominado "indivíduo mobilizado". Apesar de "mobilização" não fazer referência à participação de vários indivíduos agentes e nem à reunião em bando, o que conta favoravelmente ao seu uso, mobilizar é usado no sentido de arregimentar um conjunto de indivíduos ou ações para um fim, enquanto mobbing é um termo também usado quando um único indivíduo desempenha esse comportamento (K. Halupka & L. Halupka, 1997; Sordahl, 1990).

"Molestar" satisfaz apropriadamente a descrição de um comportamento direcionado a um alvo, além de ter conexão com a proximidade, já que exige que o agente aborde seu alvo de alguma forma. Apesar de não dar a entender que são usados movimentos e vocalizações, tem o mérito de trazer a ideia de que algum meio é empregado para importunar o alvo, isso é, incomodá-lo com atitudes insistentes. Outra qualidade da palavra "molestar" é que permite evidenciar com exatidão e clareza a ação (molestamento/molestação), o agente (molestador) e o alvo (molestado). A escolha de uma tradução para mobbing poderia recair seguramente sobre esse vocábulo, não fosse sua definição ser de uma ação que causa mágoa, ofensa, sofrimento e aflição, que aborrece e importuna, que causa incômodo e inquietação no alvo. Mesmo sendo observado que os alvos de mobbing costumam evadir-se do local onde se encontram, é preferível evitar o uso desse vocábulo em razão de haver suposição de emoções e estados mentais. Ademais, faltam evidências de que em todos os casos referidos como mobbing os alvos estejam sendo maltratados ou de que há efeitos nocivos nos alvos. Pela mesma razão, termos com sentido semelhante, como aborrecimento, intimidação, perturbação, tormento e irritação também seriam pouco adequados para traduzir mobbing.

O termo "turbar" também foi sugerido como substituto para mobbing. Sua origem latina é a palavra turbare, que significa agitar, sacudir, confundir, causar distúrbio. Esse termo expressa bem a confusão, a desordem e a agitação presentes nos episódios de mobbing (também indicadas pelo termo "tumulto"), porém a definição de turbar na língua portuguesa lhe atribui ainda o significado de turvar, escurecer, tornar opaco (que não tem pertinência com o comportamento em questão), e de desequilibrar emocionalmente e abalar (que têm conotações antropomórficas e que se referem a aspectos fisiológicos que carecem de confirmação científica). Sua inconveniência principal, entretanto, reside em outra questão. Ao ser usado para mencionar a ação (turbação), o agente (turbador) e o alvo (turbado), o termo soa extravagante o bastante para motivar relações irônicas ou maliciosas com outras palavras, o que não é desejável.

"Assédio" é outro termo que tem sido usado na tradução de mobbing. Popularmente, já é um termo usado quando um agente (ou mais de um) comporta-se de maneira repetida e insistente para molestar um alvo. Nesse caso, um qualificativo é usado após "assédio" para determinar de que tipo de assédio se trata e para atribuir intenção ao comportamento: assédio sexual, nas circunstâncias de coação com objetivo sexual; assédio moral, nas circunstâncias em que a intenção do agente é atingir a dignidade e o autorrespeito do alvo, fazendo-o sentir desconforto quando participa de um grupo. Guimarães e Rimoli (2006) fazem uma revisão sobre o uso desse termo na literatura científica, reconhecendo que mobbing, originalmente usado em estudos sobre comportamento animal, foi tomado emprestado por pesquisadores psicossociais já na década de 1970 para descrever um comportamento hostil e continuado observado em crianças na escola. Depois, na década de 1980, essa palavra passou a se referir a uma conduta de violência psicológica sistemática e recorrente contra uma pessoa no local de trabalho. Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (Ferreira, 1986, p. 183), "assediar" é insistir de forma importuna junto a alguém, podendo se manifestar de várias maneiras. Ela deriva da palavra latina obsidere, que significa pôr-se diante, sitiar, atacar, cercar com forças hostis, agrupar-se em volta de algo. Assediar tem a mesma origem de sitiar, que é uma forma de conflito constante e de baixa intensidade, onde o alvo é cercado e sofre coação e pressão. Fazer cerco a algo envolve aproximar-se, acercar-se, posicionar-se em volta e ostentar a presença com ou sem ações intimidatórias. Ao ter relação com as manifestações repetidas (insistir) e com a exposição a um alvo (pôr-se diante), "assediar" reflete uma característica comum às várias formas de mobbing. Também traz o bônus de poder ser aplicado tanto aos casos em que um grupo cerca o alvo (agrupar-se), quanto aos casos em que um casal ou mesmo um único indivíduo desempenha o comportamento. "Assédio" também é uma palavra descritiva e não remete à existência de intenção, motivo ou emoção no padrão comportamental a que se refere.

Concluindo, "assédio" parece ser adequado para refletir o comportamento mencionado, tendo características apropriadas para que seu emprego seja útil nas publicações em português sobre comportamento animal em substituição ao termo inglês mobbing. O termo não está associado exclusivamente à ideia de um grupo executando o comportamento, mas refere-se a manifestações insistentes e continuadas voltadas para um alvo, sem definir os tipos de manifestações, sejam elas com contato físico ou não. Além disso, é um termo simples, que permite distinguir claramente o agente e o alvo nas frases e não traz explicitamente uma intenção do agente nem uma reação do alvo.

Não se pode falar sobre um fenômeno comportamental de forma fácil, sem que se tenha uma palavra para se referir a ele, e para isso é necessário uma terminologia própria a ser usada no estudo do comportamento animal. O termo usado deve ser um meio confiável, útil, apropriado e significativo de falar sobre o comportamento observado. Quando o termo já existe em outra língua e queremos nos referir a esse termo em português, podemos recorrer ao empréstimo, isso é, à transferência da palavra estrangeira diretamente para os textos em português (mobbing), com todas as características insatisfatórias inerentes a esse procedimento. Alternativamente, quando se quer usar um termo que tenha efeito semelhante em português, a opção é fazer uso da tradução literal, convertendo a palavra estrangeira para um termo mais próximo e equivalente possível em português. Entretanto, quando a tradução literal não é possível, suficiente nem adequada, é conveniente recorrer à avaliação etimológica, isso é, da história do uso da palavra, somada à análise do significado e do contexto do uso da palavra na língua original, fazendo uma análise das palavras semanticamente equivalentes em português e escolhendo a considerada mais apropriada.

O objetivo deste trabalho foi propor um termo que pudesse ser adequadamente usado em substituição a mobbing na pesquisa em comportamento animal na língua portuguesa. A harmonização dos termos usados atualmente em torno de apenas uma denominação tem por propósito assegurar uniformidade na comunicação profissional e facilitar a compreensão do público não especializado. Para tanto, buscou-se fazer primeiramente um levantamento do uso do termo mobbing na literatura especializada em comportamento animal. Foram consideradas as variações denominativas e conceituais, os pontos comuns e as diferenças no uso do termo. Em seguida, foi feito um exame da etimologia e das ideias relacionadas ao mobbing, explorando relações semânticas entre as palavras analisadas.

A importância de ser preciso no uso de termos científicos comumente usados foi enfatizada. Na história da ciência, muita confusão e discussões infrutíferas foram causadas por diferentes cientistas adotando definições diferentes de um tipo particular de jargão. Apesar de jargões poderem ter uma função útil ao abreviar uma ideia complexa, é comum que a complexidade da ideia original seja esquecida, e que os cientistas gradualmente mudem a definição do termo sem perceberem. O esforço dos pesquisadores para usar palavras precisas e claras, deliberadamente evitando o uso de linguagem ambígua, não é um capricho, mas uma necessidade para o próprio bem da pesquisa na área do comportamento animal. No caso do mobbing, ou "assédio", o procedimento de unificação de termos conceituais é indispensável, dada a complexidade peculiar desse comportamento que ocorre em uma variedade de contextos, e por ser esse termo usado para designar formas variadas de manifestações comportamentais de animais, principalmente contra possíveis predadores. Dessa forma, é imprescindível a delimitação e unificação do uso dos termos em português para designar esse comportamento, como mais um passo para que se continue a avançar em seu estudo e compreensão.

 

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1 Endereço para Correspondência: Coordenação da Saúde – SGAS 903, Bloco D, Lote 79. Brasília, DF. CEP: 70.390-030. Este trabalho não foi financiado por nenhuma entidade.

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