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Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva

versão impressa ISSN 1517-5545

Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.5 no.1 São Paulo jun. 2003

 

EDITORIAL

 

Sempre que estive em Encontros Anuais da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental eu sai com a certeza de ter aprendido muito. O clima dos Encontros é de troca de informações, de experiências e de debate prático, teórico, filosófico e metodológico. Neles co-existem trabalhos de todos os âmbitos da terapia comportamental e cognitiva, com apresentações desde as mais avançadas até às dos iniciantes (muito bem vindas, aliás...).

Além disso, tenho notado que gradativamente os Encontros têm abarcado profissionais outros que não os estritamente (psico)terapeutas e médicos comportamentalistas; vê-se em suas atividades os trabalhos de educadores, pesquisadores básicos, filósofos, psicólogos organizacionais, os que trabalham em âmbito hospitalar, acompanhantes terapêuticos, estudantes (muitos estudantes) de psicologia. Melhor ainda, esses profissionais e estudantes têm se afiliado à ABPMC, tornando-a mais forte. Dessa forma, o nome da Associação (como de Psicoterapia e Medicina Comportamental) já não reflete mais as atuações de seus associados. Fica como uma referência nostálgica (daquelas gostosas, que a gente lembra com saudades, mas que a gente sabe que não voltam mais) de um início cada vez mais longínquo.

Um exemplo disto pode ser observado nos livros da coleção “Sobre Comportamento e Cognição”, que têm trazido para a comunidade uma série de trabalhos de todos os âmbitos profissionais. Um outro exemplo pode ser encontrado aqui, na Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. Gradativamente autores que não os estritamente “terapeutas” têm enviado seus trabalhos para publicação e têm obtido acolhimento em nossas páginas. Neste número, por exemplo, o leitor encontrará tanto artigos de terapeutas comportamentais e cognitivos apresentando trabalhos clínicos, de pesquisa com temas clínicos e psicólogos envolvidos com a questão do trabalho em ambiente médico quanto um relato de pesquisa básica com animais que tanto nos ajudam no momento de tomarmos decisões em situações para as quais não temos ainda respostas. Ainda encontrará um artigo que debate aspectos filosóficos da influência do geneticismo científico. O importante é encará-los enquanto complementares. A ciência básica de nada serviria se não fosse para ser aplicada em ambientes clínicos, médicos e outros. Os trabalhos de cunho filosófico servem também para que possamos ter maior firmeza e coerência teórica no momento de planejarmos nossa pesquisa em laboratório ou nossa atuação nos ambientes que nos solicitam. Enfim, todos eles devem compor a formação e a informação dos profissionais da área.

Outra observação importante é a notícia de que o Brasil foi escolhido para sediar o Congresso Internacional da Association for Behavior Analysis (ABA) em 2004. Essa associação, americana, congrega o maior número de analistas do comportamento do mundo, e realiza o maior congresso de análise do comportamento em âmbito mundial. A data e o local escolhidos para esse Congresso coincidirão com o Encontro Anual da ABPMC, fato que propiciará um intercâmbio especial entre os terapeutas e pesquisadores brasileiros e os nossos colegas do resto do mundo. O congresso internacional da ABA também ratificará a criação de uma divisão dessa associação no Brasil, celebrada há pouco tempo em São Paulo entre a sua diretora executiva Maria Emma Malott e vários membros da comunidade brasileira. Com isso, o Brasil afirma-se como um centro de excelência em produção científica em análise do comportamento, que segundo alguns, estaria em declínio...

O crescimento da ABPMC, tanto em número de associados quanto em número de publicações que, a cada ano só se fortalecem (vide as edições da coleção “Sobre Comportamento e Cognição”, da Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, e da Coleção de livros para a comunidade), e agora, com a criação da divisão da ABA aqui no Brasil acabam por desautorizar essa interpretação. A terapia comportamental e cognitiva está em amplo desenvolvimento, assim como todas as áreas que levam o adjetivo “comportamental” em seu nome.