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Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva

versión impresa ISSN 1517-5545

Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.5 no.1 São Paulo jun. 2003

 

SOBRE LIVROS

 

“Controle de estímulos e comportamento operante: uma introdução” de Tereza M. A. P. Sério, Maria Amália Andery, Paula S. Gioia e Nilza Micheletto - São Paulo: EDUC, 2002

 

 

Nicodemos Batista Borges1

PUC - SP

 

 


 

 

A obra resenhada é de autoria de Tereza M. A. P. Sério, Maria Amália Andery, Paula S. Gioia e Nilza Micheletto. As autoras são formadas em Psicologia e doutoras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nos programas de Psicologia desta instituição, tendo a Tereza, Maria Amália e Nilza, inclusive, participado da criação do Programa de Estudos pós-graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento.

O primeiro capítulo apresenta os conceitos de discriminação e generalização. A princípio, as autoras falam, brevemente, do que denominaram como a “primeira versão” do sistema explicativo de B. F. Skinner (obra publicada em 1938, intitulada “The behavior of organisms: an experimental analysis”) e suas implicações para a Análise do Comportamento. Na seqüência, apontam a relevância que o controle de estímulos tomou nesta ciência.

Posteriormente, analisando um trecho da obra de Skinner, as autoras iniciam uma explicação extremamente didática e pontual da maneira como a Análise do Comportamento vê o seu objeto de estudo (o comportamento, explicando as relações que ocorrem neste fenômeno e como se dão).

Apesar de o objetivo do capítulo ser o de conceituar discriminação e generalização, acaba por abranger alguns outros conceitos como os de operante e tríplice contingência. Estes, somados a recursos como citações, gráficos e exemplos, tornam a leitura mais fácil e permitem a compreensão inclusive de leitores não habituados com a linguagem desta ciência.

O capítulo se encerra com dois comentários: o primeiro, de que todo comportamento é produto da relação organismo-ambiente, e o segundo, que esta história de relações é que produz o modo como o sujeito “compreende” o ambiente.

“Discriminação e Generalização: algumas extensões”, foi o nome apropriadamente escolhido pelas autoras para chamar o segundo capítulo da obra, que trata, em sua quase totalidade, de apresentar e discutir estudos que expandiram estes conceitos, inclusive revelando novos processos como ‘encadeamento’ e ‘fading’. As autoras fazem, também, algumas discussões a respeito de idéias culturalmente correntes, que são conflitantes com os conceitos de discriminação e generalização da Análise do Comportamento.

O capítulo que se sucede, inicialmente chama a atenção para a importância de se observar as duas relações envolvidas no comportamento (S – R, e R – S) e suas interligações. Em seguida, ressalta a importância e as implicações da am????'?pliação da unidade de análise para a compreensão do Comportamento, por meio de discussões e apresentações de trechos da obra de Sidman (1986).

Em um outro momento do capítulo, as autoras discutem: percepção, atenção, conhecimento, formação de conceitos e abstração, numa perspectiva da Análise do Comportamento. Para tal, utilizaram-se de pesquisas feitas com sujeitos infra-humanos e humanos, as quais serviram como base para reflexões conceituais sobre as atividades supra citadas. Encerram o capítulo com a apresentação de perguntas advindas destas novas descobertas.

Apesar de este terceiro capítulo haver recebido o nome de “Discriminação e Generalização: comportamento humano complexo”, ele pode ser utilizado também para orientar estudos e análises de sujeitos infra-humanos. O nome escolhido parece ter sido construído sob influência da cultura, que atribui as atividades nele discutidas como sendo características do ser humano.

O quarto capítulo, “discriminação condicional”, apresenta, no princípio, uma história que facilita a compreensão do conceito de discriminação condicional. Posteriormente há a definição do conceito, seu surgimento e evolução, inclusive indica e exemplifica sua variação (tipos): emparelhamento com o modelo (matching to sample), emparelhamento por singularidade (oddity) e emparelhamento arbitrário (arbitrary matching).

Em um dado momento, as autoras recorreram aos estudos de Sidman, entre outros pesquisadores, com seus experimentos de classes de estímulos equivalentes e suas relações de reflexividade, simetria e transitividade, para continuar a explanar sobre discriminação condicional. Finalizam o capítulo, sinalizando que estes conceitos são importantíssimos para a compreensão de comportamentos humanos complexos, inclusive problemas comportamentais atuais.

No quinto capítulo, “comportamento verbal”, as autoras, parafraseando a obra “Verbal Behavior” de Skinner (publicada originalmente em 1957), definem o operante verbal, diferenciam-no do operante não-verbal, apresentam suas caracterí????'?sticas e explicam a escolha deste termo em detrimento de outros como linguagem ou fala. Separadamente, apresentam e definem, brevemente, os operantes verbais primários (mando, tato, ecóico, textual, transcrição e intraverbal) e secundário (autoclítico). Encerrando o capítulo, enfatizam a multideterminação do comportamento, seja ele verbal ou instrumental.

A obra conta com um sexto capítulo, “roteiro de leitura”, que é de grande valia, pois orienta e verifica a compreensão do leitor em relação aos conteúdos de cada capítulo. Ele é dividido em grupos de questões, que se referem a cada capítulo do livro, o que facilita sua utilização no caso de estudos de capítulos individuais.

O modo como o livro está disposto permite ao leitor estudar os capítulos separadamente, não sendo necessário lê-lo em seqüência. Cada capítulo conta com referências bibliográficas, o que permite um aprofundamento dos estudos, quando desejável. A obra é escrita de forma clara e utiliza-se de muitos recursos como: citações, gráficos, figuras e exemplos, tornando ainda mais fácil a sua compreensão.

“Controle de Estímulos e Comportamento Operante: uma introdução” é uma excelente aquisição para docentes de análise do comportamento, estudantes de psicologia e possíveis interessados em análise do comportamento, mais especificamente sobre controle de estímulos.

 

 

1 Mestrando do Programa de Estudos pós-graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento da PUC-SP - Endereço para contato: nicodemosborges@uol.com.br.