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Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva

versão impressa ISSN 1517-5545

Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.6 no.1 São Paulo jun. 2004

 

ARTIGOS

 

Questões sociais na análise do comportamento: artigos do behavior and social issues (1991 - 2000)1

 

Social issues in the analysis of behavior: articles from “behavior and social issues” (1991 – 2000)

 

 

Estevam Colacicco Holpert2

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

 

 


RESUMO

Este trabalho teve como objetivo o estudo das publicações a respeito de questões sociais abordadas pelos analistas do comportamento. Uma breve revisão da literatura buscou esclarecer as relações entre uma ciência do comportamento e as questões envolvidas na determinação de práticas sociais. A noção de seleção por conseqüências em três níveis proposta por Skinner é entendida como um aspecto fundamental para a compreensão da sociedade por parte dos analistas do comportamento. Foram lidos resumos e/ou títulos de 122 artigos publicados no periódico americano “Behavior and Social Issues” entre os anos de 1991 e 2000. A análise dos resultados indica direções em relação aos temas, problemas, objetos, natureza e resultados publicados pelos analistas do comportamento neste período. O estudo sugere o aprofundamento da investigação do tema em pesquisas futuras dada sua relevância para uma ciência do comportamento humano.

Palavras-chave: Questões sociais, Análise do comportamento, Estudo documental.


ABSTRACT

This paper had as its objective a study of the publications regarding social issues approached by the behavior analysts. A brief review of the literature tried to clarify the relations between a science of behavior and the questions involved in the determination of social practices. The notion of selection by consequences in three levels proposed by Skinner is understood as a fundamental aspect for the comprehension of societies by the behavior analysts. Abstracts and/or titles of 122 articles published between 1991 and 2000 on the American periodical “Behavior and Social Issues” were read. The analysis of the results indicates directions on themes, problems, objects, nature and results published by the behavior analysts in this period. The study suggests the deepening of the investigation about the subject on future researches due to its relevance for a science of human behavior.

Keywords: Social issues, Analysis of behavior, Documental study.


 

 

O interesse dos analistas do comportamento em compreender e solucionar questões sociais não é recente. B.F. Skinner, um dos mais experientes produtores de conhecimento na análise do comportamento, abordou este tema em diversos períodos de sua obra, em livros como “Walden Two” (1948/1972), “Ciência e Comportamento Humano” (1953/1998), “O Mito da Liberdade” (1971/1992), “Sobre o Behaviorismo” (1974/1997), “Reflections on Behaviorism and Society” (1978) e “Upon Further Reflection” (1987). Em “O Mito da Liberdade”, por exemplo, Skinner descreve o que acredita ser o papel de uma ciência do comportamento frente a problemas sociais como a superpopulação, fome, educação e a possibilidade de um holocausto nuclear:

o que precisamos é de uma tecnologia do comportamento. Poderíamos resolver nossos problemas rapidamente se pudéssemos controlar o crescimento da população mundial com a mesma precisão com que controlamos o curso de uma espaçonave; ou aperfeiçoar a agricultura e a indústria com um pouco da confiança com que aceleramos partículas de alta energia, ou caminhar para um mundo de paz com o passo seguro com que a física se aproxima do zero absoluto. Entretanto, falta uma tecnologia do comportamento comparável em poder e precisão à tecnologia física e biológica; e os que não acham tal possibilidade ridícula, provavelmente estarão mais assustados do que tranqüilos. Eis quão distantes estamos de “compreender os problemas humanos” no sentido em que a física e a biologia os entendem, e quão longe estamos de evitar a catástrofe para a qual o mundo parece inexoravelmente caminhar (Skinner, 1971/1992, p.10).

Neste segmento, Skinner parece expressar não apenas a crença na necessidade urgente de uma solução efetiva para os problemas humanos, como também sua confiança na ciência e tecnologia do comportamento para o alcance desta solução. Em “Reflections on Behaviorism and Society” (1978), o autor sugere a aplicação de princípios derivados da análise experimental do comportamento, como alternativa para a solução de problemas como a desigualdade na distribuição de renda, crime e analfabetismo. Esses princípios seriam principalmente a substituição do controle aversivo por reforçamento positivo, a preferência por reforçadores naturais, e não condicionados; a preferência por comportamentos governados por conseqüências e não por regras e a diminuição de reforços incontingentes. Também em “Upon Further Reflection” (1987), Skinner relaciona algumas atitudes das sociedades modernas com estados denominados de apatia e depressão. Estas atitudes seriam predominantemente a alienação do trabalhador com relação ao produto de seu trabalho, a delegação de funções, a institucionalização de regras sociais por meio do governo e religiões e a predominância de reforçadores condicionados e incontingentes que resultariam numa separação dos valores reforçador e prazeroso das conseqüências.

No entanto, segundo Andery (1990), há divergências entre os autores que escreveram sobre as propostas sociais de Skinner, desde os que afirmaram ser este aspecto de sua obra independente ou inferior a outros aspectos (Neal, 1973; Vorsteg, 1974; Elms, 1981, citados por Andery, 1990), até aqueles que o “tomam como absolutamente importante porque revela todo o terror que uma proposta totalitarista de sociedade pode trazer” (Andery, 1990, p.2). Ao contrário, Andery procurou, em seu trabalho, “apresentar uma análise mais abrangente deste tema de Skinner, uma análise que focalize as múltiplas relações entre as suas propostas para a sociedade a as suas concepções e propostas para a ciência do comportamento” (p.2). Para tanto, a autora realizou sucessivas leituras de 47 artigos e três livros publicados por Skinner entre os anos de 1930 e 1953. A partir deste material, tentou “encontrar as características epistemológico–ontológicas, metodológicas, conceituais que parecem marcar seu trabalho e, acompanhando seu desenvolvimento, desvendar como estas características se articulam na proposta de Skinner para o homem e a sociedade” (p.13). Desta forma, a autora pareceu tentar, não apenas esclarecer as características essenciais da proposta de Skinner para o homem e a sociedade, mas também desvendar as relações existentes entre estas e os pressupostos epistemológicos e científicos de Skinner presentes em seus trabalhos experimentais, na direção da construção de uma ciência que corresponda à complexidade característica da sociedade atual.

Segundo Andery (1990), um dos fatores que estabelecem, para Skinner, a sociedade como um objeto de estudo e intervenção científica é a compreensão desta como um fenômeno geral e natural ou uma classe de fenômenos, assim como o comportamento operante (p.324), o que, para a autora estaria de acordo com o pressuposto skinneriano da universalidade do método científico. Da mesma forma, a opção pelo estudo do grupo corresponderia a um critério natural, uma vez que o homem, enquanto espécie, sempre viveu em grupo e dele depende para a sua sobrevivência (p.325). O grupo se constitui também como um critério metodológico a partir do pressuposto de que as variáveis independentes se encontram no ambiente, fora do indivíduo.

Pode-se acreditar que a unidade de critérios buscada por Skinner nestes primeiros trabalhos estudados por Andery é exposta mais claramente em um texto mais recente intitulado “Seleção por Conseqüências” (Skinner, 1987a). Nele, Skinner explicita as maneiras segundo as quais a seleção por conseqüências determina as características da espécie (o que o autor chama de nível 1), do comportamento individual (nível 2) e das práticas culturais (nível 3):

uma freqüente questão no nível 1 tem paralelos nos níveis 2 e 3. Se a seleção natural é um princípio válido, por que muitas espécies se mantêm as mesmas por milhares ou mesmo milhões de anos? Presumivelmente a resposta é tanto porque nenhuma variação ocorreu ou porque aquelas que ocorreram não foram selecionadas pelas contingências prevalecentes. Questões similares podem ser perguntadas nos níveis 2 e 3. Por que as pessoas continuam fazendo as mesmas coisas por muitos anos e por que grupos de pessoas continuam observando as mesmas práticas por séculos? As respostas são provavelmente as mesmas: tanto novas variações (novas formas de comportamento ou novas práticas) não apareceram ou aquelas que apareceram não foram selecionadas pelas contingências predominantes (de reforçamento ou de sobrevivência do grupo). Nos três níveis, uma mudança repentina, possivelmente extensa, é explicada como sendo devida a novas variações selecionadas pelas contingências ou novas contingências predominantes (Skinner, 1987a, p.56).

Neste momento, portanto, Skinner parece alcançar, com a noção de seleção por conseqüências, uma unidade conceitual e metodológica buscada desde seus primeiros trabalhos em análise do comportamento. A partir desta noção, segundo Andery (1997), Skinner compreende o comportamento humano como resultado da interação destes três níveis de seleção por conseqüência: o nível filogenético (a evolução das espécies), o nível ontogenético (o comportamento operante) e o nível cultural (a seleção das práticas culturais). Andery (1997) argumentou que a compreensão do indivíduo como um resultado da interação de três níveis de seleção por conseqüência permitiu que surgisse um novo fenômeno freqüentemente abordado pela psicologia: a subjetividade. Desta forma, a noção de seleção por conseqüência teria possibilitado a Skinner superar conceitualmente a oposição comumente estabelecida entre o indivíduo e a sociedade, característica de muitas ciências humanas. Andery (1990) encontrou esta mesma característica da proposta de Skinner com relação a seus textos publicados de 1930 a 1953:

ora, no caso de uma ciência que tem como suposto que suas variáveis independentes relevantes se encontram no ambiente, fora do sujeito, torna-se mais simples manipulá-las em defesa do grupo como um todo, ou, pelo menos, é possível assumir que esta é uma possibilidade metodológica, que a um só tempo garantiria as necessidades do grupo e satisfaria as necessidades do indivíduo. Assim, o que a natureza não foi capaz de solucionar, e muito menos a história (sempre dirigida de maneira pré-científica), pode ser resolvido pela ciência (Andery, 1990, p.327).

A importância do estudo da sociedade e das questões sociais pela análise do comportamento parece ter sido compreendida por Sigrid Glenn (1985; 1986; 1988; 1989; 1991) ao propor o conceito de “metacontingências” (1988; 1989; 1991). Este conceito estabelece que o comportamento humano seja estudado em dois níveis distintos de análise: um nível individual e um nível social. Esta distinção se dá pelo fato de que nem sempre os comportamentos individuais são mantidos pelas mesmas conseqüências resultantes das atividades do grupo. Andery e Sério (1997) apontaram uma possível contribuição do conceito de metacontingências para a compreensão de relações funcionais que extrapolam o modelo de contingência de reforço. Desta forma, o conceito de metacontingências aumentaria as possibilidades de compreensão do homem e da sociedade a partir da noção de seleção por conseqüências proposta por Skinner.

Ao descrever relações funcionais no nível cultural, o conceito de metacontingências retoma uma proposta primordial de Skinner com relação à compreensão da sociedade pela análise do comportamento: a importância de direcionar as práticas culturais para a sobrevivência da espécie. Da mesma forma como certos padrões genéticos mantêm as características de uma espécie e certas propriedades da relação resposta – conseqüência mantêm um operante, as características das relações estabelecidas entre grupos de indivíduos resultam em produtos que podem se perpetuar ou não. Nos três casos, a sobrevivência é sempre o critério.

Uma propriedade deste processo evolutivo em três níveis torna-se particularmente importante quando a questão é o controle do comportamento humano. Sabe-se que as características das espécies, as respostas emitidas por um indivíduo particular ou os resultados de uma prática cultural não têm uma finalidade, um propósito em si, ou seja, acontecem de forma aleatória e são selecionados ou não em função de sua adaptação ao meio. A evolução das espécies, do comportamento ou da cultura não têm uma direção pré-estabelecida. Da mesma forma, o primeiro nível de seleção por conseqüências (o filogenético) não aconteceu em direção ao segundo (o ontogenético), assim como este também não vai em direção ao terceiro (o cultural), de tal forma que as grandes contradições entre os níveis possivelmente correspondem a muitos dos problemas enfrentados pelo indivíduo e pela sociedade. Para uma ciência do comportamento, tornam-se particularmente importantes as contradições entre o segundo e o terceiro níveis, ou seja, as variáveis envolvidas na sobrevivência do indivíduo e aquelas envolvidas na sobrevivência da cultura. O conhecimento acumulado pela análise do comportamento possibilitou que se descrevessem com grande precisão as variáveis envolvidas na emissão de uma determinada resposta por um dado indivíduo membro de uma dada espécie. Hoje, é possível reproduzir experimentalmente a modelagem e a manutenção de uma resposta em um indivíduo, manipulando suas condições ambientais a partir do conhecimento de suas características de espécie e de sua história pessoal. Desta forma, a análise do comportamento encontra-se a poucos passos de descrever cientificamente as probabilidades de sobrevivência de um indivíduo particular. No entanto, o conhecimento das maneiras segundo as quais os indivíduos interagem e contribuem ou não para a sobrevivência da cultura, e indiretamente para sua própria sobrevivência, não corresponde à precisão dos ambientes planejados em laboratório. Embora Skinner tenha defendido a ciência do comportamento como uma prática com grande probabilidade de contribuir para a sobrevivência humana, pode-se acreditar que as sociedades atuais ainda caminham aleatoriamente. Na verdade, em “O Mito da Liberdade” (1971/1992) e em outros artigos dedicados à compreensão da sociedade, este caminho é predominantemente o do reforço imediato. Andery (1997) descreveu as contradições existentes entre os segundo e terceiro níveis de seleção por conseqüência na sociedade atual:

a cultura que emergiu do terceiro nível de seleção por conseqüências é, como não poderia deixar de ser, em certo sentido, refém de mecanismos evolucionários que, em primeiro lugar, não nos dão consciência dos processos a que estamos submetidos (como lembra Skinner, talvez o problema seja que não consigamos perceber, por conta da própria estrutura do sistema nervoso, os processos a que estamos submetidos, mas percebemos apenas os resultados destes processos – o que, aliás, desemboca com facilidade na idéia de que somos o sujeito iniciador das nossas ações), e que, em segundo lugar, nos colocam sob o império das conseqüências imediatas de nossa ação, o que levou necessariamente a uma predominância de práticas que valorizam o prazer – como conseqüência do reforçamento, e não sua ação fortalecedora. Isto é traduzido, na construção da subjetividade, em uma subjetividade que em certo sentido é sempre alienada, no sentido de que temos consciência apenas de parte de nossa ação e suas conseqüências, e de que estamos presos a esta consciência parcial, especialmente quando vivemos em uma cultura práticas culturais acabam por se caracterizar por isto (Andery, 1997, pp.207-208).

Desta forma, a tarefa que se coloca para os analistas do comportamento com relação à compreensão da sociedade é a de, num certo sentido, superar as contradições entre a sobrevivência do indivíduo e a sobrevivência da cultura, ou seja, superar a predominância do reforço imediato. Para Skinner, esta superação custa a liberdade.

Com relação às possibilidades permitidas a uma cultura de alterar suas próprias características, Skinner explica:

o paralelismo entre a evolução biológica e a cultural se rompe ao nos depararmos com a questão da transmissão. Não há nada semelhante ao mecanismo cromossomo – gene na transmissão de um costume cultural (...) Para citar um exemplo bastante conhecido, a girafa não estica o pescoço para alcançar o alimento, que de outra forma não é possível de ser obtido, mas transmite um pescoço mais longo à sua prole. (...) Uma cultura, porém, ao desenvolver uma prática que possibilite a utilização de fontes alimentares anteriormente inacessíveis, pode transmiti-la não apenas aos membros recentes, como também aos contemporâneos e aos sobreviventes da geração precedente. O mais importante é que um costume pode ser transmitido por “assimilação” a outras culturas. Imaginemos que os antílopes ao observarem a utilidade de um pescoço longo nas girafas, passassem a desenvolver um também. Mas as espécies estão isoladas entre si pela não-transmissibilidade dos caracteres genéticos, contudo não há tal isolamento com relação às culturas. Uma cultura é um conjunto de costumes passível de se mesclar aos outros (Skinner, 1971/1992, pp.99-100).

É neste sentido que a ciência do comportamento, como uma prática cultural poderia contribuir para esta superação. Assim, Andery (1990) explicitou qual seria, para Skinner, o papel de uma ciência do comportamento com relação à sociedade, papel este que a autora argumentou já estar presente nos textos iniciais de Skinner sobre a análise do comportamento entre os anos de 1930 e 1953:

para Skinner, qualquer transformação efetiva e eficiente do comportamento humano depende de que seja feita segundo padrões advindos da ciência natural. A ciência do comportamento torna-se, portanto, uma ferramenta indispensável para a transformação da sociedade e, uma vez que se reconheça esta condição, permite seu estudo e sua manipulação. O grupo torna-se, assim, meta de intervenção da ciência não apenas porque detém, em suas várias formas, o controle mais relevante do comportamento individual, tanto em termos de repertório adquirido como mantido, como também porque é sua sobrevivência que garante de cada indivíduo e das próprias práticas controladoras, garantindo, assim, a sobrevivência da espécie (Andery, 1990, p.333).

Segundo Andery (1990), Skinner não só mantinha uma ciência do comportamento como objetivo final, como também concebia esta ciência como um instrumento de previsão e controle do comportamento humano, de forma a solucionar os grandes problemas enfrentados pela sociedade:

a proposta delineada em 1931, sistematizada em 1938 e, de certo modo, amadurecida até 1947, naturalmente deveria desembocar na proposta de uma ciência do comportamento humano. Aliás, confirmação de que, desde o início de seu trabalho, esta seria sua maior meta: se Skinner sempre teve uma concepção que afirmava os fenômenos como naturais, sujeitos a leis, se afirmava a ciência como caminho para a descrição destas leis, se pretendia construir uma ciência genérica, que fosse capaz de descrever os comportamentos de todos os organismos e se seu trabalho foi capaz de originar uma sistematização teórica que formulava uma explicação abrangente do comportamento, a conseqüência natural disto seria uma nova formulação; agora envolvendo seu objeto de estudo privilegiado, que apenas por questões metodológicas não estava explicitado (Andery, 1990, p.135).

Como uma de suas hipóteses de trabalho, Andery (1990) acredita que, para Skinner, a ciência aplicada teria um duplo papel metodológico: o de teste da teoria e o de originador de questões científicas relevantes. Com relação à sociedade, a autora argumentou que este papel seria mantido:

a eficiência dirimiria qualquer problema a respeito do ‘status’ – de valor ou de lei natural – das práticas culturais cientificamente derivadas. Por mais esta via, a aplicação dos princípios científicos à cultura torna-se critério da própria ciência, além de alternativa para a humanidade enquanto espécie. Mais uma vez, pode-se perceber na concepção skinneriana uma relação muito especial entre a ciência básica e a tecnologia dele derivada: a tecnologia torna-se critério de avaliação daquilo que é até mesmo definido como lei científica e uma vez que as leis que compõem um sistema teórico só poderiam ser testadas globalmente, apenas a intervenção na cultura como um todo seria teste metodologicamente indiscutível da ciência do comportamento (Andery, 1990, pp.347-348).

Assim, acompanhando “um progressivo número de autores que vêm se interessando por questões culturais” (Martone, 2000, p.44) e, ao mesmo tempo, numa tentativa inicial de dar continuidade às propostas skinnerianas, este trabalho pretendeu identificar como os analistas do comportamento vêm abordando as questões sociais em suas publicações. Acredita-se ser este um primeiro passo na direção de concretizar aqueles ideais não somente científicos, mas também de interesse da sociedade como um todo e que talvez tenham constituído os primórdios da análise do comportamento.

 

Método

O material utilizado neste trabalho consistiu em 122 artigos publicados no periódico “Behavior and Social Issues” entre os anos de 1991 e 2000. Trata-se de uma publicação americana que reúne trabalhos de analistas do comportamento de diferentes países, a respeito de questões sociais diversas. Após a localização de todos os artigos publicados nesse periódico durante o período mencionado, a primeira página de cada artigo foi fotocopiada e numerada de acordo com sua ordem de publicação. O Anexo I apresenta uma lista contendo todos os títulos publicados pelo periódico e seus respectivos anos de publicação.

Procedimento de Análise: uma distinção foi estabelecida entre aqueles artigos que não ofereciam um resumo (abstract) de seu conteúdo na página inicial e aqueles que ofereciam um resumo (abstract) de seu conteúdo na página inicial. Os primeiros foram estudados de acordo apenas com a categoria “Tema”, a partir das informações oferecidas em seus títulos e subtítulos, enquanto os demais artigos tiveram seus resumos lidos e incluídos nas categorias “Tema”, “Problema”, “Objeto”, “Natureza” e “Resultados”, descritas a seguir.

Os 122 artigos localizados foram analisados de acordo com a categoria “Tema”, na qual o campo de estudo central poderia ser: 1. “Ciência” (questões epistemológicas, metodológicas, conceituais e éticas); 2. “Clínica/Saúde” (questões clínicas e/ou de saúde); 3. “Educação” (questões teóricas e aplicadas sobre educação); 4. “Economia” (questões relativas ao controle econômico); 5. “Política” (sobre governo, seus correlatos e procedimentos de controle do comportamento humano).

Com relação aos 84 artigos que apresentavam um resumo (abstract) de seu conteúdo na página inicial, estes também foram classificados de acordo com as demais categorias: “Problema”, ou seja, aspectos do resumo que indicam a pergunta a qual o autor se propôs responder. Poderia referir-se a: 1. “Epistemologia” (discussão de pressupostos epistemológicos ou indicação de aproximações e/ou comparações da análise do comportamento com outras abordagens / propostas teóricas); 2. “Análise do Comportamento” (questões metodológicas, éticas ou conceituais da análise do comportamento, bem como suas possibilidades de aplicação a áreas como, por exemplo, educação, política ou saúde); 3. “Análise Aplicada ou Experimental do Comportamento” (problemas que remetem a uma questão localizada ou de origem externa à análise do comportamento).

A categoria “Objeto” leva em consideração aspectos do resumo que indicam tanto o material necessário para que o problema pudesse ser respondido, bem como quaisquer conteúdos que pudessem estar sendo colocados em questão pelo autor. Poderia ser: 1. “Análise do Comportamento” (um conceito ou procedimento derivado da análise do comportamento, ou a própria análise do comportamento como uma abordagem em si); 2. “Artigo/Livro” (um artigo ou livro específico); 3. “Autor” (produções de um autor específico); 4. “Dados de Pesquisa em Análise do Comportamento” (dados de uma pesquisa ou de um conjunto específico de pesquisas em Análise do Comportamento); 5. “Documentos” (documentos em geral como, por exemplo, dados de uma pesquisa pública ou registros originados em uma instituição específica ou empresa); 6. “Teoria” (conceitos, procedimentos, ou uma teoria, em si, externos à Análise do Comportamento).

A Categoria “Natureza” refere-se a aspectos do resumo que indicam a ação tomada na direção de solucionar o problema proposto. Poderia ser: 1. “Análise de Contingências” (o autor caracteriza no resumo ou título do artigo seu trabalho como uma análise de contingências ou comportamental); 2. “Análise de Metacontingências” (o autor caracteriza, no resumo, ou título do artigo, seu trabalho como uma análise de metacontingências); 3. “Descrição de Aplicação” (o resumo descreve uma aplicação de procedimentos comportamentais em uma determinada localidade ou instituição específicas); 4. “Discussão de Aplicação” (o resumo discute as possibilidades, características ou resultados de uma aplicação de procedimentos comportamentais ou análise de contingências em uma determinada localidade ou instituição, sem explicitar as ações diretas do autor a respeito); 5. “Discussão Teórica” (o resumo discute sobre as possibilidades ou características comportamentais de um determinado tema, conceito, teoria, procedimento ou questão social, sem referências a ações concretas); 6. ”Leitura Crítica” (o autor realiza a leitura crítica de um determinado artigo, livro, relato de pesquisa ou autor, sem qualquer outra menção às próprias ações ou metodologia adotada); 7. “Procedimentos Derivados da Análise Experimental do Comportamento” (o autor indica a utilização de procedimentos derivados da análise experimental do comportamento, como, por exemplo, equivalência de estímulos ou treinos discriminativos); 8. “Outros” (outros procedimentos como, por exemplo, entrevistas diretas ou revisão bibliográfica sobre um determinado tema).

Finalmente, a categoria “Resultados” considera aqueles aspectos do resumo que indicam possíveis conseqüências ou resultados da ação tomada em direção à solução do problema, bem como suas implicações para a disciplina da Análise do Comportamento. Estes seriam: 1. “Sugestão de Intervenção” (o resumo sugere direções para uma futura intervenção comportamental); 2. “Sugestão Metodológica / Conceitual / Teórica” (o resumo sugere direções para os produtores de conhecimento em Análise do Comportamento); 3. “Descrição de Contingências” (o resumo descreve, como resultado, as contingências que vigoram numa determinada situação como, por exemplo, numa escola ou instituição, sem direcionamento explícito); 4. “Não Especificados” (resultados não especificados no resumo).

Deve-se considerar, com relação a estas categorias que, enquanto as categorias “Tema”, “Problema” e “Resultados” são mutuamente exclusivas (ou seja, não admitem mais de uma classificação para cada resumo), as categorias “Objeto” e “Natureza” admitem que cada resumo possa ter mais de uma classificação.

 

Resultados

Dos 122 artigos localizados no período estudado, 84 apresentavam um resumo de seu conteúdo na página inicial. Os restantes 38 artigos foram analisados a partir de seus títulos apenas na categoria “Tema”. As figuras apresentadas descrevem a distribuição dos artigos nas diferentes categorias ao longo dos anos. Como pode ser observado na Figura 1, o tema “Ciência”, ou seja, questões éticas, epistemológicas, conceituais e metodológicas da análise do comportamento, foi o mais abordado pelos analistas do comportamento ao longo de todo o período aqui estudado, totalizando 60 artigos (49% do total). Em seguida, pode-se perceber uma predominância do tema “Política” até 1996, quando o tema “Educação” passa a ser igualmente abordado pelos pesquisadores, de forma que, em 2000, ambos os temas totalizam, respectivamente, 23 (19%) e 25 (20%) artigos.

Questões clínicas e/ou de saúde foram o tema de 13 artigos (11%), enquanto apenas 1 artigo teve o controle econômico como tema.

Com relação aos problemas, pode-se observar, na Figura 2, um aumento na freqüência da Análise Aplicada ou Experimental do Comportamento em 1997, resultando num total de 36 artigos (43% do total) em 2000. Em seguida, questões metodológicas, éticas ou conceituais da análise do comportamento, bem como suas possibilidades de aplicação constituíram um problema num total de 32 artigos (38%) ao final do período estudado. Por fim, 16 artigos (19%) tinham a epistemologia da análise do comportamento como um problema, em uma freqüência regularmente abaixo das demais.

Diversos tipos de objeto foram observados nos 84 resumos lidos e estão representados na Figura 3. Estes variam desde documentos referentes a instituições, amplamente utilizados (48 artigos, ou 35% do total), até a própria Análise do Comportamento como um objeto de estudo (38 artigos, 28% do total). Da mesma forma, teorias externas à Análise do Comportamento (17 artigos, 13%), dados de pesquisa em Análise do Comportamento (15 artigos, 11%), artigos específicos (12 artigos, 9%) e autores específicos (6 artigos, 4% do total) compõem o conjunto dos diferentes objetos de estudo entre 1991 e 2000.

A categoria “Natureza” apresentada na Figura 4 refere-se a aspectos do resumo que indicam uma ação tomada na direção de solucionar o problema proposto. No entanto, pode-se perceber que nem todos ou autores dos artigos estudados neste trabalho tiveram a preocupação de explicitar suas ações nos resumos dos artigos. Mesmo assim, as discussões teóricas estiveram presentes em 41 resumos (45% do total). As descrições de aplicação de procedimentos comportamentais foram observadas em 14 artigos (15% do total), com um aumento da freqüência em 1997. Em 10 (11%) dos artigos estudados, seus autores caracterizam seus trabalhos como “Análise de Contingências” ou “Análise Comportamental”. As discussões de aplicação (9 artigos, 10% do total), diferentemente da simples “descrições de aplicação de um procedimento comportamental”, incluem um posicionamento do autor com relação ao objeto estudado, dando um caráter mais crítico ao seu texto. Por outro lado, os artigos cuja natureza foi categorizada como “Leitura Crítica” (6 artigos, 9% do total) oferecem poucos dados (ou nenhum) a respeito das ações concretas ou da metodologia adotada no estudo do objeto. Cinco autores (5,43% dos artigos) indicam a utilização de procedimentos derivados da análise experimental do comportamento. Três autores caracterizam seus trabalhos como “Análise de Metacontingências”, e 4 autores indicam a utilização apenas de procedimentos como entrevistas ou revisão bibliográfica, por exemplo.

Com relação aos resultados dos trabalhos, pode-se observar, na Figura 5, que as freqüências tendem a ser regulares ao longo dos dez anos aqui abordados, com exceção do aumento na freqüência das “Descrições de Contingências” em 1997. A maior parte dos resumos lidos (28, 33% do total), no entanto, não permitiu que se registrassem quaisquer dados a respeito dos resultados do trabalho, principalmente a partir de 1998. As descrições de contingências tornam-se mais freqüentes a partir de 1997, totalizando 21 artigos (25%) em 2000. As sugestões metodológicas totalizam 20 artigos, enquanto as sugestões de intervenção foram observadas em 15 artigos em 2000 (24% e 18% do total, respectivamente).

 

Discussão

Levando em consideração a totalidade dos dados coletados neste trabalho, diferentes aspectos da relação entre a Análise do Comportamento e as questões sociais podem ser enfocados.

De início, destaca-se que, em 1997, o periódico “Behavior and Social Issues” realizou, como parte de uma de suas publicações semestrais, uma coletânea de artigos cujo tema principal foi a exposição de novos trabalhos comportamentais na área educacional [1997, “What Works in Education”, 7(1)]. Os resumos destes artigos, cujo total era dez, tinham basicamente um caráter descritivo, de acordo com o qual técnicas novas ou recentes da Análise Aplicada do Comportamento (por exemplo, “Personalized System of Instruction”) eram experimentadas em instituições educacionais diversas, com o intuito de aprimorar ou acelerar o aprendizado de conteúdos programáticos preestabelecidos. De fato, as características particulares dos artigos incluídos nessa coletânea se fizeram perceber no registro de quase todas as categorias envolvidas neste estudo. O tema “educação” refletiu esta influência com um aumento de dez artigos em 1997, uma freqüência muito maior do que nos demais anos. Da mesma forma, com relação aos problemas, a freqüência média da publicação de estudos aplicados foi de 2,6 artigos por ano, excluindo o ano de 1997 (10 artigos). Na categoria “Natureza”, o aumento de freqüência se deu com relação às “Descrições de Aplicação”, enquanto na categoria “Resultados”, as “Descrições de Contingências” refletiram a maneira como os autores tenderam a expor seus dados nesta coletânea.

Em um estudo sobre a relação entre a Análise do Comportamento e as questões sociais, Otero (2002) analisou 405 artigos publicados nos periódicos “Behaviorists for Social Action Journal” (1978-1984), Behavior Analysis and Social Action (1986-1990), Behavior and Social Issues (1991-2001) e Journal of Applied Behavior Analysis (1968-2001). Na verdade, os três primeiros periódicos citados compõem uma continuidade, como sugere suas datas de publicação, de forma que o mais novo substitui o anterior, sucessivamente. Segundo Otero, esta quebra na continuidade das publicações, diferentemente do que se observa no JABA, oferece uma antevisão da relação entre a Análise do Comportamento e as questões sociais. Como observa a autora, o JABA apresenta um fluxo contínuo de artigos, desde seu surgimento, sendo este um periódico mais estável, representativo e “com maior aceitação pela comunidade” (p.65). Por outro lado, o conjunto BSAJ/BASA/BASI sofreu modificações das entidades responsáveis por sua publicação e interrupções da produção nos anos 1981, 1985 e 1990. Como observa Otero, estas dificuldades têm sua razão no “baixo número de assinantes e baixa taxa de artigos” (p.59) enviados para apreciação dos editores.

No entanto, Otero (2002) conclui que “o analista do comportamento tem atuado junto às questões sociais” (p.127) de forma que se configura uma cisão dentro da área, dadas as diferentes situações das publicações estudadas. Segundo a autora, esta cisão pode ser percebida, por exemplo, pelo fato de que os autores não costumam alternar suas publicações entre os periódicos, de maneira que cada periódico apresenta textos de autores característicos, assim como a metodologia utilizada por eles. Na verdade, a metodologia adotada pelos autores também constitui um indicador da cisão apontada na área pelo estudo de Otero. No presente trabalho, as “Discussões Teóricas” constituem uma metodologia adotada pela maior parte dos autores (45%), para Otero, 80% dos artigos estudados no JABA eram do tipo “Aplicado” (como o próprio nome do periódico sugere). Já no conjunto BSAJ/BASA/BASI, 63% e 19,42% eram, respectivamente, do tipo “Interpretativo” e “Teórico”, enquanto, no JABA, este índice foi de 10,19% e 0%.

A autora acredita que o rigor metodológico do JABA “dificulta a entrada do analista do comportamento em novas áreas” (p.77). Ao mesmo tempo, ainda com relação à metodologia, Otero (2002) nota a “dificuldade de elaborar questões sociais a partir do arcabouço conceitual já elaborado pela análise do comportamento” (p.58). Este dado pode ser observado, aqui, no fato de que “questões conceituais, metodológicas e éticas da análise do comportamento”, assim como “questões epistemológicas” constituem, juntas, 57% dos problemas abordados pelo “Behavior and Social Issues”. Ao mesmo tempo, a Análise do Comportamento, como uma abordagem em si, assim como teorias externas à Análise do Comportamento foram objetos de estudo em 41% dos artigos estudados.

Estariam as propostas da Análise do Comportamento sendo colocadas em questão quando o tema abordado são as questões sociais? Pode-se acreditar que sim. Otero (2002) argumenta que “muitas vezes, críticas realizadas por pessoas não analistas do comportamento são encontradas dentro da própria abordagem em forma de discussão” (p.103). Neste sentido, poder-se-ia acreditar que uma “filosofia das ciências do comportamento”, como entendida por Skinner (1974/1997) ainda encontra seu lugar quando se pensa no papel de uma ciência do comportamento aplicada ao homem e à sociedade. Ao mesmo tempo, os questionamentos de Holland (1978) com relação aos analistas do comportamento e as questões sociais parecem ainda ser atuais.

Assim, procurou-se, na introdução deste estudo investigar a natureza da relação entre a Análise do Comportamento e a Sociedade. Por meio dos pontos de vista skinnerianos, argumentou-se que esta natureza seria fundamental, ou seja, ligada aos próprios propósitos de uma ciência do comportamento aplicada ao homem. Levando-se em consideração a literatura pesquisada, coloca-se, desta forma, a questão de qual a parcela dos analistas do comportamento está disposta a compartilhar tal ponto de vista.

 

Referências

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Andery, M.A. (1997). O modelo de seleção por conseqüências e a subjetividade. Em: R. A. Banaco (org.) Sobre Comportamento e Cognição vol.1. (pp.199-208). Santo André. Arbytes,         [ Links ]

Andery, M.A; Sério, T.M.A.P. (1997). O conceito de metacontingências: afinal, a velha contingência de reforçamento é suficiente? Em: R. A. Banaco (org.). Sobre Comportamento e Cognição vol.1 (pp.106-116). Santo André: Arbytes,         [ Links ].

Glenn, S. (1985) Some Reciprocal Roles Between Behavior Analysis and Institucional Economics in Post-Darwinian Science. The Behavior Analysist, 8, 15-27.         [ Links ]

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Glenn, S. (1991) Contingencies and Metacontingencies: Relations Among Behavioral, Cultural and Biological Evolution. In: P. A. Lamal (org.). Behavior Analysis of Societies and Cultural Practices (pp.39-73). New York: Hemiphere Publishing Corporation.         [ Links ]

Holland, J. G. (1978) Behaviorism: part of the problem or part of the solution? Journal of Applied Behavior Analysis, 11(1): 163-174.         [ Links ]

Martone, R.C. (2000). Análise cultural: um estudo preliminar sobre as possibilidades do conceito de metacontingências. Trabalho de Conclusão de Curso. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.         [ Links ]

Otero, M.R. (2002). O compromisso do analista do comportamento com as questões sociais: uma análise a partir de publicações. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.         [ Links ]

Skinner, B.F. (1972). Walden Two. São Paulo: EPU. (publicação original: 1948).         [ Links ]

Skinner, B.F. (1978). Reflections on Behaviorism and Society. Englewood Cliffs: Prentice-Hall.         [ Links ]

Skinner, B.F. (1987). What's Wrong with Daily Life in Western World? In: B. F. Skinner. Upon Further Reflection. Englewood Cliffs: Prentice-Hall.         [ Links ]

Skinner, B.F. (1987a). Selection by Consequences. In: B.F. Skinner. Upon Further Reflection Englewood Cliffs: Prentice-Hall.         [ Links ]

Skinner, B.F. (1992). O Mito da Liberdade. São Paulo: Sumus Editorial, (publicação original: 1971).         [ Links ]

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Skinner, B.F. (1998). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes (publicação original: 1953).         [ Links ]

 

 

Recebido em: 22/01/04
Primeira decisão editorial em: 30/04/04
Versão final em: 26/06/04
Aceito em: 26/06/04

 

 

1 Texto originalmente apresentado em Outubro de 2001 como exigência para a conclusão da graduação em Psicologia na Faculdade de Psicologia da PUC – SP.
2Endereço para correspondência: Rua Diana, 580, ap.51 – Perdizes, CEP 05019-000, São Paulo, SP, Fone: 38624796 / 38329595, e-mail: E-mail: estevamholp@uol.com.br

ANEXO 1: Artigos Publicados no Periódico Behavior and Social Issued entre os anos de 1991 e 2000

1991 - Spring / Summer (volume 1, número 1):

1. "Substance Abuse in Rural Alaska: A Behavior Analytic Exploration" (Mattaini, M.A)

2. "Accepting the Challenge: A Behavioral Perspective on lmproving Educational Performance” (Sulzer-Azaroff, B.)

3. "The Drug Crisis: A Description of Contingencies with a Recommendation for Regulated Legalization" (Newman, B.)

4. "Toward a Synthesis of Marx and Skinner" (Ulman, J.D)

5. "Behavior and Perestroika" (Rakos, R.F.)

6. "Three Metacontingencies in the Pre-perestroika Soviet Union" (Lamal, P.A.).

7. "Perestroika, Glasnost, and International Cooperation: A Behavior Analysis" (Rakos, R.F.).

8. “Beyond Reason and Dignity" (Epling, W.F; Cameron, J.).

9. "Piaget and Kohlberg Lose the Limelight: (A Review of J. Bruner and H. Haste's Making Sense, and a note on N. Eisenberg and P. Mussen's The Roots of Prosocial Behavior ln Children)” (Pratt, A. B.)

10. "Walden Two: A 1950 Review" (Dinsmoor, J.A).

 

1991 - FalI / Winter (volume 1, número 2)

11. “Process and Content in Behavioral Cultural Phenomena" (Glenn, S; Malagodi, E. F.).

12. "Only Empiricism is Compatible with Behavioral Analysis: A Response to the Socialism and Behaviorism Debate" (Newman, B.).

13. “The Teacher as Strategic Scientist: A Solution to Our Educational Crisis"? (Greer, R.D.).

14. "Consumer Cooperation as an Empowerment Technology: How Might it Be Enhanced"? (Altus, D.E; Welsh, T.M.).

15. "Walden 1.9: Successive Approximations" (Mattaini, M.A.).

16. "A Clockwork Orange: Burgess and Behavioral Interventions" (Newman, B.).

17. "A Review of Solving the Anorexia Puzzle by W. F. Epling and W. D. Pierce" (Mizes, J.S.).

 

1992 - Spring / Summer (volume 2, número 1):

18. "The Clash of Giants Over Terminological Differences" (Moerk, E. L.).

19. "The Clash of Giants Goes Beyond Terminological Differences: A Reply to Moerk" (Street, E.M.).

20. "Language Rule-Governed Behavior, and Cognitivism: On Moerk's lntegration of Skinner's and Chomsky's Approaches to Language" (Malott, R.W.).

21. Mixing Metaphors: Skinner, Chomsky, and the Analysis Events" (Hayes, S.C.; Hayes, L. J.)

22. Defeatist Xenophobia of Integrative Complexity? A Reply to the Comments About The Clash of Giants" (Moerk, E. L.)

23."Discontinuous Change" (Fish, J.M.)

24. "Congressional Metacontingencies" (Lamal, P.A.; Greenspoon,J.)

25. "B.F.Skinner: On Behalf of the Future" (Nevin,J.A.)

26. "Must People Be Forced to Use Behavior Analysis? A Review of Walden Three by Ruben Ardila" (Miller, L. K; Altus, D. E; Welsh,T. M)

 

1992 - FalI / Winter (volume 2, número 2):

27." Reflections of Cuba" (Boyle,M.E; Shanley,D)

28. "Designing a Humanitarian Culture: An Analysis of the Cuban Experiment" (Malott, M.E)

29. "Combining Moral and Material Incentives in Cuba" (Linger, E.)

30. "Observations on Malott and Linger" (Lamal, P.A)

31. "Observations on Lamal" (Ulman,J. D)

32. "Walden U: First Report of a Behaviorally - Based College" (Thyer,B.A.)

 

1993 - Double Issue (volume 3, número 1/2):

33. "Applied Behavior Analysis and Behavioral Services in Institutions for Mentally Retarded Persons: Diverging Paths" (Glenn, S; Ellis,J; Hutchinson, E)

34. "Toward Welfare that Works" (Opulente,M; Mattaini, M.A)

35. "Stimulus Control Through the Media: Propaganda and the GuIf War" (Rakos,R.F.)

36. "On Armament Traps and How to Get Out of Them: Lessons from Research on Doves" (Nevin,J.A; Fuld, K)

37. "Reflections on Behavior Analysis and Coercion" (Sidman,S.)

38. "Multiple-Body Disorder: A New Psychiatric Syndrome" (Cameron,J; Epling,W. F)

 

1994- Double Issue (volume 4, número 1/2):

39. "Behaviorological Corrections: A New Concept of Prison from a Natural Science Discipline" (Fraley, L.E)

40. "Social Determinism and Social Disobedience: A Reply to Fraley" (Cloward, R.A)

41. "Fraley's Behaviorological Corrections: Throwing the Baby with the Bath Water"(Rakos, R. F)

42. "Author's Comments on the Reviews by Cloward and Rakos" (Fraley,L.E)

43. "Introduction to Joel Greenspoon's Reminiscences" (EIIis,J)

44. "Reminiscences" (Greenspoon,J)

45. "Facilitated Communication: A Mental Miracle or Sleight of Hand" (Green,G)

46. "The Verbal Community and the Societal Construction of Consciousness" (Burton,M; Kagan,C.)

47. "Electronic Distribution of Behavioral Analytic Publications" (Ninness,C; Roberts,J; KreII,D; Richman,G)

48. "Religion and Human Behavior: A Review of William Schoenfleld's Book" (Speeth, K. R.)

 

1995 - Spring (volume 5, número 1):

49. "Does Problem Behavior Just Happen? Does it Matter?" (Fish,J.M.)

50. “Facilitating Objective-Setting In Behavior Therapy Through Social Mediation" (Ninness,C; Richman, G; Jaquess, D; Vittemberga,G)

51. "Contingency Management Retrospective" (Fuller, P.)

52. "Metabehaviors as Discriminative StimuIi" (Mawhinney,V. T)

53. "Private Events for Behavior Analysts: A Review of An Introduction to Neuroendicronology by Richard E. Brown" (Greenspoon, J)

54. "The Kitchenless House Revisited: A Review of The Grand Domestic Revolution by Dolores Hayden" (Altus, D)

 

1995 - Fall (volume 5, número 2):

55. "Why Our Schools Don't Work and What You Can Do About lt" (Bruce,G)

56. "Rational Schools: The Role of Science in Helping Education Become a Profession" (Carnine, D)

57. "Teaching Cultural Design: Shaping New Behaviorists" (Mattaini,M.A)

58. "B.F. Skinner's Radical Behaviorism: Historical Misconstructions and Grounds for Feminist Reconstructions" (Ruiz, M. R.)

59. "A Guide and Behavioral Analysis to Commencing Publication of a Periodical" (Wyatt,W. J.)

60. "Reminiscences: Excerpts from the Diary of a Behaviorist: The Search for a Science of Psychology1 The Early Years" (Sherman,J.G.)

 

1996 - Spring (volume 6, número 1):

61. "A Self-Management Approach to Reducing AIDS Risk ln Sexually Active Heterosexual College Students" Hom, P .A; Brigham, T.A)

62. "Voting: A Behavioral Analysis" (Wisser,M.)

63. "What's Wrong with Evolutionary Explanations of Human Behavior" (Schlinger, H. D.)

64. "Rethinking Behavior Analysis: A Review of Rethinking America: A New Game Plan From the America Innovators: Schools Business, People, Work" (Suizer-Azaroff, B.)

65. "Reminiscences: Fred S. Keller: An Appreciation" (Cook,D.A)

 

1996 - Fall (volume 6, número 2):

66. "Teaching About Private Events in The Classroom" (Keenam,M.)

67. "Answering Objections to Self-Management and Related Concepts" (Newman,B; Buffington,D.M; Hemmes,N.S; Rosen,D.)

68. "The Walden Fellowship Experiments" (Mattaini,M.A; Twyman,J.)

69. "Remembering: An Anecdotal Account of My Graduate Student Years" (Mabry1J.H.)

70. "A Behavior-Analytic View of Sexuality, Trans-sexuality, Homosexuality and Heterosexuality" (Malott, R.W.)

71. "Review: Daniel N. Wiener's B.F Skinner. Being Anarchist" (Thyer, B.A)

 

1997- Spring (volume 7, número 1):

72. "What Works in Education: lntroduction" (Cradall,J; Jacobson,J; Sloane,H.)

73. "Mabel B. Wesley Elementary" (Rimes,W.)

74. "Exemplary Center for Reading lnstruction (ECRI)" (Reid,E.R.)

75. "Fairbanks System of Instruction at Fairbanks Country Day" (Conard,C.J.)

76. "Morningside Academy" (Johnson, K.)

77. "Working Smart: Using What We Know" (Shaefer,E.)

78. "Four Validated Instructional Strategies" (Heward,W. L.)

79. “Classwide Peer Tutoring" (Greenspoon, C.)

80. "The Comprehensive Application of Behavior Analysis to Schooling (CABAS)" (Greer,R. D.)

81. "Princeton Child Development Institute" (McClannahan, L.E; Krantz,P.J.)

82. "The BeIl Curve: What Has Radical Behaviorism to Say About It?" (Andery,M.A; Sério,T.M.)

83. "Review of E.O. Hutchinson's The Assassination of the Black Male Image" (Adkins,V. K.)

 

1997- FalI (volume 7, número 2):

84. "Academy Home for a Natural Science" (Fraley,L.E.)

85. "Natural Science Has a Home" (Grote,I.)

86. "The Place of Behavior Analysis in the Academy" (Johnston,JM.)

87. "Moving to a New Home: WiII Anyone Live there and Who WilI Know the Address?" (Rakos, R.F.)

88. "The Exodus of Behavior Analysis: Is Splendid lsolation the Way to Go?" (Wulfert, E.)

89. "Stimulus Equivalence and Social Categorization in Northern Ireland" (McGlinchey,A; Keenan,M.)

90. "Behaviorism and Public Policy: B.F. Skinner's Views on Gambling" (Knapp,T.J.)

91. "Providing Effective Interventions May Not Be Enough: The Importance of Cost Analysis in the Behavioral Heath System" (Dams,P.)

92. "Social Validity and Naturalistic Ethics: Wolf and Quine" (Adkins,V.K.)

93. "Walden Fellowship Behavioral Workshops: Member Self-Education and Community Building" (Mattaini, M.A; Williams,G.)

94. "Review of No Virtue in Accident Behavioral Analysis and Utopian Literature, by Bobby Newman" (Thyer,B.A)

 

95. "From Candidate to Criminal: The Contingencies of Corruption in Elected Public Office" (Goldstein, M. K; Pennypacker1 H .S.)

96. "New Ethics and Practices for Death and Dying from an Analysis of the Sociolcultural Metacontingencies" (Fraley, L. E.)

97. "Pursuing and lnterpreting the Implications of a Natural Philosophy and Science with the Values Associated with Other Epistemologies" (Fraley,L.E.)

98. “Analysis of Contingencies and Metacontingencies in Private Sector Workplace" Bohrer,K; EIlis,J.)

99. "Behavior Analysis: The Discipline lts Followers Don't Want: A Reaction to Grote, Johnson, Rakos and Wulfert" (Fraley,L.E.)

100. "Review of B.F Skinner and Behaviorism in American Culture, by Lawrence D. Smith and William R. Woodward" (Thyer,B.A)

 

1998 - volume 8, pp. 101-220:

101. "Contingencies of Welfare Reform" (Nevin,J.A)

102. "Performance Management and Welfare Reform: The Three-Contingency Model of Performance Management Applied to Welfare Reform" (Malott,R.W.)

103. "Reforming Welfare Reform" (Mattaini,M.A)

104. "A Reply to Reforming Welfare Reform" (Malott,R.W.)

105. "Women and Welfare Reform: How Well Can We Fare "Without Education?" (Ruiz,M. R.)

106. "Behavioral Sexual Maladaptation Contagion In America: An Applied Theoretical AnaIysis" (Mawhinney,V. T.)

107. "Toward a More Complete Science of Human Behavior: Behaviorology Plus Institutional Economics" (Ulman,J. D.)

108. "Review of Scott GeIIer's The Psychology of Safety" (McSween,T. E.)

 

1999- volume 9, pp. 1-93:

109. "Foreword" (Ellis,J.)

110. "The Science of Sharing Power: Native American Thought and Behavior Analysis" (Lowery, C. T; Mattaini, M.A)

111. "Social Influence as Stimulus Control" (Weartherly,J.N; MilIer,K; McDonald, T.W.)

112. "The Behavior of the Scientist: Epistemological Tools Science-Makers Use and Games They Play" (Grote,l.)

113. "Meeting Life's Challenges - Strategies and Stories: A View From The Far Side (Sulzer-Azaroff, B.)

114. "Saving The World With Behavioral Comunitarianism: Los Horcones" (Malott, R.W.)

115. "'Behavior' Does Not Mean 'Behavior of the Organism': Why Conceptual Revision is Needed in Behavior Analysis" (Lee, V.)

116. "Review of 'Cultural Contingencies: Behavior Analytic Perspectives on Cultural Practices', Edited by Peter Lamal" (Morris,E.K; Zarcone,T.J.)

 

2000 - volume 10, pp. 1 - 109:

117. "Accuracy of Disclosure and Contextual Control in Child Abuse: Developing Procedures Within the Stimulus Equivalence Paradigm” (McGlinchey,A; Fairhurst, C; Dillenburger, K.)

118. "Images of Behavior Analysis: The Shaping and The Behavioral Stream (Keenan,M; Dillenburger,K.)

119. "Person-Centered Planning and Cultural Inertia in Applied Behavior Analysis" (Holbum, 5.)

120. "The Pursuit of Actual Problem-Solving Behavior: An Opportunity for Behavior Analysis" (Foxx,R.M; Faw,G.D.)

121. "Fluency ln Education" (Kubina,R. M; Morrison, R.S.)

122. "Behavioral Science In The Crosshairs: The FBI File on B.F. Skinner" (Wyatt,W. J.)