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Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva

versão impressa ISSN 1517-5545

Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.9 no.2 São Paulo dez. 2007

 

ARTIGOS

 

Análise do comportamento verbal segundo B.F. Skinner: um estudo1

 

B. F. Skinner’s analysis of verbal behavior: a chronicle

 

 

Ernst A. VargasI, 2 ; Julie S. VargasI, 3; Terry J. KnappII, 4

I B. F. Skinner Foundation
II University of Nevada, Las Vegas

 

 


RESUMO

Uma linha do tempo do trabalho de Skinner em comportamento verbal deve ter como ponto de partida o princípio de sua carreira científica. Já em sua tese, Skinner estabeleceu o modelo conceitual de sua Teoria do Comportamento. Ele desenvolveu seu trabalho experimental dentro deste modelo e dependeu de resultados de pesquisa para ajustar e modificar a sua teoria. Ao mesmo tempo, ele deu início a tentativas de interpretação do comportamento verbal de acordo com suas formulações teóricas e com base nas relações operantes descobertas em laboratório. Os trabalhos em relações mediadas e não mediadas permeiam toda sua carreira. Lenta e indutivamente ele descobriu as relações verbais básicas durante um período de vinte e cinco anos de empenho.

Palavras-chave: Skinner, Comportamento verbal, História, Teoria.


ABSTRACT

A time line of Skinner’s work on verbal behavior must start at the very beginning of his scientific career. Skinner laid down the conceptual framework of his Theory of Behavior as early as his thesis. He developed his experimental work within this framework, and depended on research results to adjust and modify his theory. At the same time, he initiated efforts to interpret verbal behavior within his theoretical formulations and upon the operant relations he discovered in the laboratory. Work on both mediated and nonmediated relations entwined throughout his career. He discovered the basic verbal relations slowly and inductively over a twenty-five year span of effort.

Keywords: Skinner, Verbal behavior, History, Theory.


 

 

Introdução

Os escritos de Skinner sobre Comportamento Verbal aconteceram durante muitos anos, em ambientes diferentes e com revisões contínuas. Mas antes de tudo ocorreram dentro do modelo implícito da sua teoria comportamental, primeiramente baseado no processo de seleção comportamental.

Igualmente significante é o fato de que o seu desenvolvimento derivou de um entrelace de observações experimentais e naturalísticas. Desde o começo, a integração entre hipótese não percebida e fatos observados se mostrou consistente.

Skinner insinua a dupla presença quando no começo de Comportamento Verbal, ele afirma que: “A presente extensão do comportamento verbal é mais um exercício de interpretação do que a extrapolação quantitativa de resultados experimentais rigorosos.” (Skinner, 1957, p.11). Mais adiante , ele declara nitidamente o tipo de análise ao dizer que: “A ênfase está na disposição ordenada de fato conhecidos, de acordo com a formulação do comportamento derivado de uma análise experimental de uma forma rigorosa.” (Skinner, 1957, p.11).

Desde o começo, foi um empenho sobre o qual ele era bem explícito quando afirma em uma carta a Fred Keller, “O que eu estou fazendo é aplicar os conceitos os quais tenho trabalhado experimentalmente a esta área não experimental (mas empírica).” (Skinner, July 2,1934). Contudo as suposições diretivas da sua teoria do comportamento já estavam presentes. Com a sua tese de doutorado em 1930, o esforço teórico começou cedo e continuou até o final. Porém somente levamos a história até 1957 e apenas a respeito do seu esforço em analisar o comportamento verbal.

A figura 1 fornece uma visão geral resumida do entrelace do trabalho experimental e naturalístico dentro da sua teoria. Por toda a sua carreira, Skinner abordou temas na área de linguagem e na área do trabalho operante feito em seu laboratório. O leitor pode perceber que em 1957, o ano do seu trabalho sobre contingências das ações da linguagem, Comportamento Verbal, foi publicado também no mesmo ano em que ele, em conjunto com Charles Ferster, publicou a grande obra sobre contingências controladas em laboratório, Programas de Reforço. O leitor pode também perceber que desde o começo Skinner perseverou concomitantemente na sua analise do comportamento lingüístico e não lingüístico.

 

 

 

Trabalho Inicial: Fins dos anos 20 até meados dos anos 30

Apesar de não estar fixado de uma forma ordenada nem necessariamente de uma maneira explicita, o trabalho inicial de Skinner, incluindo a sua tese, lança as hipóteses através das quais ele mais tarde interpreta suas observações experimentais e naturalísticas. Ele é orientado por várias premissas ou temas. (Veja Holtan [1973/1988] para uma discussão técnica em como premissas guiam uma teoria científica).

Skinner faz referencias a elas mais tarde em suas interpretações das observações experimentais do comportamento e nas observações naturalísticas do comportamento verbal. Estas premissas formaram a base da estrutura da sua teoria do comportamento incompletamente articulada. Todo o seu trabalho sobre comportamento verbal se encaixou na estrutura da sua teoria.

Princípios temáticos da teoria

Skinner defendeu sua tese em dezembro de 1930. A primeira metade era teórica, e segunda experimental5. A parte teórica era na forma de uma revisão da história do reflexo.Ele apontou a idéia central para a revisão neste ponto: Todos os trabalhos pioneiros sobre reflexo, desde Descartes passando por Marshall Hall e outros,foi uma tentativa de “solucionar, por comum acordo, o conflito entre necessidade observada e pressuposição de liberdade no comportamento dos organismos” (Skinner, 1930, p.-ênfase sublinhada de Skinner). Ele apontou que a concessão seria devido a

Uma crise na história dos conceitos metafísicos que lidavam com o mesmo fenômeno6. [O] movimento de um organismo havia sido assumido como coexistente com a sua vida e necessariamente relacionado com a ação de alguma entidade , assim como a mente7. Estava explícito, por exemplo,o relacionamento necessário entre ação da mente e a contração de um músculo. Por conseqüência, foi perturbador averiguar experimentalmente , que um músculo poderia ser contraído depois de ter sido separado de um organismo vivo ou mesmo após a morte (Skinner, 1930, p.10)

Skinner rejeitou tal concessão. Desde o começo, ele desconsiderou qualquer noção de uma mente como uma força norteadora no comportamento de qualquer organismo. Trabalhos pioneiros (por exemplo, Descartes, e depois até evolucionistas como Wallace) colocaram uma linha divisória entre seres humanos e outros animais.8 Mas como Darwin, Skinner manteve a continuidade de características compartilhadas entre a espécie humana e outras espécies.

Ele estava já preparando para a noção do locutor como um lócus e não como iniciador.

Como ele mais tarde afirma no final do seu livro Comportamento verbal (p.460), “Eu acho que seja necessário de tempos em tempos questionar conceitos tradicionais que assumem um controle espontâneo sobre o ser interior chamado de locutor”.Todo o seu trabalho lidou com relações de contingências. Como esclarecimento, contingência substituiu agencia.

O termo contingência aparece apenas mais tarde, após o trabalho na sua tese.Inicialmente em sua tese, Skinner enfatizou correlação, mas não a correlação no sentido estatístico e sim relação correlativa entre dois (ou mais) eventos. Como ele explicitamente afirmou (Skinner, 1930, p.37) “...uma disciplina específica... deve descrever o evento não apenas por ele mesmo mas a sua relação [itálico acrescentado] com outros eventos.” Esta relação determina o significado de um evento pela forma de como ele conectou com outro evento. Ele forneceu um exemplo claro.

Quando nós dissemos... que Robert Whytt descobriu o reflexo pupilar, nós não queremos dizer que ele descobriu nem a contração da íris ou o impacto da luz na reina, mas sim que ele foi o primeiro a observar a relação necessária (nosso itálico) entre os dois eventos. (Skinner, 1930, p.24).

Em nenhum evento um estímulo é independente da sua relação com um outro evento chamado de resposta, e nenhum evento é uma resposta independente da sua relação com um outro evento chamado de estímulo. Cada um destes eventos poderia ser descrito fisicamente, e dentro de uma estrutura dimensional do sistema físico de observação. Uma luz não é um estimulo a não ser que e a menos que uma ação ocorra em relação a ela e então a ação possa designar uma resposta.Todas as relações verbais que ele mais tarde descreveu requerem uma analise similar, por exemplo, “Um mando é caracterizado por uma relação única [acrescido itálico]” (Skinner, 1957/1991, p.36). A ligação entre dois eventos caracteriza e determina a sua relação, a relação pode ser classificada de acordo com suas propriedades. A operante, sobre a qual ele construiu toda a analise recente , é a relação correlativa baseada no controle entre o posterior conjunto de eventos e um grupo de ação anterior. Relações correlativas fornecem o sistema de referência em que os eventos são interpretados.

O sistema de referência em que os eventos acontecem ,fornece o seu significado.Skinner lida com o problema de sistema de referência elipticamente, mas em relação a sua filosofia de ciência, ele insinua-se de uma forma sofisticada. “A definição de um tema delicado em qualquer ciência... é determinado enormemente pelo interesse do cientista... nós estamos interessados principalmente no movimento do organismo em um sistema de referência.” Como parte de sistema de referência, Skinner inclui eventos internos. “Nós estamos interessados em qualquer mudança interna que possa ser observada e em qualquer efeito significante sobre este movimento. Em alguns casos especiais nós estamos especificamente interessados em atividade glandular”. (Skinner, 1930, p.37). Ele continua dando ênfase ao sistema de referencia em O Comportamento dos Organismos (1938, p.6), descrevendo e ampliando o seu significado para o tema delicado de ciência do comportamento . Então por comportamento eu me refiro simplesmente ao movimento de um organismo ou as suas partes em um sistema de referencia fornecido pelo próprio organismo ou por uma variedade de objetos externos ou campos de força [itálico acrescentado]. O quadro é colocado de forma a considerar qualquer tamanho,nível e tipo de relação de contingência tanto interna o como que envolve o organismo e a interação entre estes dois ambientes. Como Vargas aponta:

A extraordinária variedade e flexibilidade do comportamento verbal ocorrem através da indução de propriedades justapostas dos eventos comportamentais, biológicos e físicos que envolvem tanto o interior quanto o exterior do corpo.A alternante variabilidade destas propriedades e desta forma, de suas relações, assegura que a relação entre os termos não seja linear e nem mecanicista; e outras ocorrências do sistema de relações verbais de Skinner também fazem a probabilística das ocorrências verbais. Os termos podem se juntar como um par ( como um operante) ou fazer parte de outras relações ( o mesmo operante dentro de uma relação de três , quatro ou N significados ) .Para que um episodio de fala aconteça, vai depender da probabilidade de ocorrência qualquer das relações agrupadas. (Vargas, 1992, p.xx)

Como a reflexão aponta, comportamento verbal é uma relação de contingência de quatro termos que se constrói baseada nos dois ou três termos anteriores.Estas relações de contingências são os pares das variáveis correlativas em que se baseia a interação lingüística.

Um sistema de referencia indica que são as categorias das variáveis que são o ponto quando se analisa comportamento, não o agente causal. Na análise do comportamento verbal, o sistema de referencia obtém seu exercício operacional através da definição de Skinner de significado. “Mas significado não é propriedade do comportamento em si ,mas de condições sob as quais o comportamento acontece. Tecnicamente, significados são encontrados entre variáveis independentes funcionais, mais do como propriedades de variáveis dependentes”. (Skinner,1957/1992,p.14). Exemplos deste tipo de sistema estão presentes em todo Comportamento Verbal . Por exemplo, a palavra fogo muda o seu significado dependendo da circunstância do discurso, um pelotão de fuzilamento ou madeira que está queimando.Trocadilhos e outros artifícios para jogos de linguagem dependem da tensão entre a topografia da variável dependente e o seu significado implícito, com o significado real dado pela circunstancia da fala. Locutores e ouvintes estão sempre presentes nestas circunstancias. Como Skinner aponta, “Quando alguém diz que pode entender o significado de uma resposta,ele quer dizer que pode inferir algumas variáveis das quais a resposta é normalmente uma função”(Skinner,1957/1992,p.14).

Função ocupa um lugar especial na analise de comportamento verbal de Skinner. Ele não atribui intenção ou padrão ou qualquer outro tipo de tom doutrinário. Como ele mais tarde afirma, “A força do comportamento foi determinada pelo que já havia acontecido do que pelo que iria acontecer no futuro”. (Skinner, 1979, p.203). É claro que há presumidamente um “que irá acontecer” pois apesar de podermos prever o futuro, não há como saber. (Infelizmente é um movimento para um significado teológico que está começando a acontecer na literatura analítica do comportamento,especialmente na literatura ligada à prática com clientes.Analistas do comportamento deveriam se opor a interpretação baseada em função do comportamento). Skinner utiliza a expressão função no mesmo sentido que ela é usada em matemática,como uma expressão de um conjunto de valores correlacionados entre variáveis dependentes e independentes.Esta definição o levou a ,ou surgiu da filosófica posição de Ernst Mach, que ele adotou inicialmente. “[N] os podemos agora assumir que... a visão explicativa e causativa que parece ter sido primeiro sugerida por Mach... onde...a explicação é reduzida a descrição... “(Skinner, 1930, p.38). Certamente aquele tipo de explicação acontece se todos os valores observados de variáveis dependentes e independentes são fornecidos e suas relações de correlacão forem especificadas.Como Skinner chama a atenção, o conceito de função fica substituído pela noção de causalidade. Ele leva o posicionamento de Mach para além. A descrição simples relata a topografia do comportamento. A explicação contudo é uma tarefa mais complexa.Ela pergunta: “quais são as condições relevantes para a ocorrência do comportamento- quais são as variáveis das quais ele é uma função?”. (Skinner, 1957/1992, p.10).Não é por coincidência que o Capítulo 1, na “Parte I : Um Programa”, seja intitulado: “Uma Analise Funcional do Comportamento Verbal”.

Dentro destes limites temáticos, todas as observações posteriores, tanto naturalísticas quanto experimentais foram no mínimo implicitamente explicadas.

O Começo experimental da teoria

A tese de Skinner começou com um exame da correlação de reflexo, mas logo foi além. A correlação de reflexo consiste em um estímulo antecedente a subseqüente resposta, e enfatizava um controle subseqüente. Ele designou uma série de experimentos que passaram por ver uma resposta a botões calibrados. Quando nada interessante aparecia, ele inutilizava o equipamento e construía outro aparato para um procedimento diferente.Um grande passo foi dado quando ele automatizou a anotação em uma plataforma retangular de forma que o organismo e não o pesquisador começava cada série. Isso permitiu a medição da freqüência da resposta, impossível em procedimentos por “tentativas”. Quando Skinner estava no segundo ano da pós-graduação, os “eventos” dispostos haviam ido de um estímulo momentâneo de um botão para horas de falta de alimento. Sua variável dependente se tornou freqüência de alimentação. Cada empurrão na porta de alimento do aparelho produzia um movimento para cima de uma agulha em cima de um papel esfumaçado que se movia regularmente. O resultado do “registro cumulativo” mostrou a freqüência sob o ângulo de uma linha. O comportamento em tempo real também foi anotado. O resultado deste aparelho deu a Skinner dados suficientes para a sua tese.

Continuando a pesquisar, Skinner substitui a porta por uma alavanca;mudando de conferir a “ingestão” para apertar a alavanca. Com a alavanca, cada ação não mais produzia automaticamente um pouco de comida. Agora mais de uma resposta poderia ocorrer antes que a comida ficasse disponível. O significado deste procedimento começou a ficar claro quando o mecanismo de alimentação ficava preso e o animal continuava a apertar a alavanca , produzindo uma ótima curva de extinção. Não levou muito tempo para que Skinner percebesse que enquanto a terceira variável de escassez era importante, a verdadeira influência sobre a freqüência de resposta estava na relação em como os conseqüentes imediatos estavam programados. Skinner estava animado com a sua descoberta e como nitidamente ela se diferenciava da psicologia tradicional. Ele evidentemente escreveu para o seu melhor amigo Fred Keller sobre suas implicações conceituais.A carta de Skinner não existe mais. Mas Keller respondeu; “A única coisa que me incomoda sobre a sua carta muito bem vinda e cheia de noticias é a fala sobre uma nova teoria de aprendizagem”.(Keller, 2 de outubro de 1931).Com a descoberta do controle conseqüente (o “operante”, como Skinner posteriormente o denominou), o primeiro vislumbre de uma nova teoria havia sido avistado. (Como na base da “cesta”, ele depois mostrou a sua poderosa aplicação para as relações verbais).

A primeira menção a um tipo operante de relação aparece no artigo de Skinner, “Dois tipos de reflexo condicionado e pseudo - tipo” (Skinner,1935). Ele fez um rascunho provisório de uma série de distinções entre diferentes tipos de procedimentos de condicionamento, dos quais os detalhes não são de nossa preocupação no momento.Um questionamento por parte de Konorski e Miller em 1937 sobre suas considerações iniciais fez com prontamente respondesse, “As diferenças entre os tipos mencionados em meu artigo...que não precisam de ser repetidas aqui , não são mais úteis para se definir [itálico é nosso] os tipos, mas servem como marcos convenientes” (Skinner, 1937, p.274). Nesta resposta ele deu ênfase a distinção entre condicionamento responsivo e operante, e primeiramente nomeou o último de “operante”. “Eu irei chamar tal unidade de um operante e o comportamento em geral de comportamento operante” (Skinner,1937,p.274). Era o ponto de apoio da sua teoria do comportamento, pela qual ele iria interpretar todos os fenômenos de comportamento, incluindo comportamento verbal. Foi elucidado um projeto o qual ele já havia começado.

O Começo da Análise da “Linguagem”

O início específico de Skinner na linguagem se deu acidentalmente.Ele começou um sério e sistemático esforço em seguida a uma amigável e leve discussão acerca dos méritos relativos do comportamentalismo com Alfred North Whitehead9. Whitehead finalmente aquiesceu durante a discussão que o comportamentalismo poderia lidar efetivamente com todos os aspectos do comportamento com exceção de um , a linguagem. Após o jantar , eles permaneceram à mesa e Whitehead desafiou Skinner a prestar esclarecimento sobre o que Whitehead estava dizendo, “Nenhum escorpião negro está caindo sobre esta mesa”. Na manhã seguinte Skinner começou suas primeiras linhas sobre sua análise de linguagem. Era então 1934.

Nós pegamos alguns extratos dos seus esforços, e do seu entrelaçamento do trabalho experimental e de linguagem. Em 2 de julho de 1934, no meio de uma carta a Fred Keller, Skinner menciona “... fazendo um único experimento, mas antes de tudo escrevendo um livro sobre linguagem sob o ponto de vista do comportamentalismo... e agora tenho dez capítulos esboçados” (Skinner, 2 de julho de 1934). O seu procedimento era Baconiano. “Em meu quarto em Winthrop House ,eu amarrei com prendedores umas folhas grandes de cartolina e comecei a formular o que eu chamava de comportamento verbal... Eu peguei exemplos de comportamento da minha leitura e de falas que foram escutadas... e as coloquei em um estranho e constantemente mutável esquema de classificação”(Skinner, 1979, p.151). Mais ou menos um ano depois em outra carta datada de 18 de janeiro, 1935, ele escreve, “ Eu agora estou entrando em afasia , lado patológico da linguagem.” A cerca de meses mais tarde, em uma carta de 15 de março de 1935, evidentemente como resposta a um como um convite de Keller para a apresentação de um artigo, Skinner fornece uma dica sobre a complexidade do seu trabalho lingüístico, “Eu penso que o assunto deveria ser experimental. Eu não poderia falar o suficiente sobre linguagem no tempo de uma hora e conseguir me fazer entender” (Skinner, 15 de março de 1935). Ele já estava bem consciente da posição radical que ele estava tomando. Como ele afirma em outra carta a Fred Keller em 21 de junho de 1935,

O livro vai ser bom. Os lingüistas vão rir dele -a maioria deles- e os psicólogos não vão terminá-lo. Mas é bom. Por trás do que parece muita complexidade (o que não é nenhuma novidade) existem linhas de imensa simplicidade.

Ele também mencionou que naquele momento ele estava trabalhando cerca de seis horas por dia no livro. Ele sentiu que estava fazendo progresso suficiente , então poderia começar a falar sobre sua análise “Em novembro eu estava adiantado o suficiente para começar oferecer um seminário na universidade Clark sobre ‘Linguagem como Comportamento” (Skinner, 1979, p.158). Ele se envolveu não apenas com o trabalho teórico em linguagem como também empreendeu no comportamento de linguagem. Ele informou Keller em uma carta, “ Eu estou também construindo um aparelho bastante elaborado para experimentos com seres humanos. Eu o chamarei de Somador Verbal” ( Skinner, 25 de setembro de 1935). Ele posteriormente publicou um artigo baseado neste trabalho de laboratório(Skinner,1936).

Concomitantemente com seu trabalho em lingüística, Skinner prosseguiu com a sua pesquisa sobre operante. Um número de artigos baseados em trabalho experimental em relações de contingências foi publicado junto com os sobre linguagem.Ele agora tomou uma atitude que ele chamou de “estratégica”. “Eu tenho tido um longo e cansativo percurso em experimentos... muita informação nova. Em janeiro eu vou dar forma a isso junto com um esboço do livro experimental. Vou publicar este trabalho antes do livro sobre linguagem por várias razões estratégicas”.(Skinner carta para Keller, 6 de dezembro de 1936).

Podemos apenas fazer especulações sobre o motivo. Uma noção plausível seria que ele queria estabelecer uma reputação de um cientista comprometido antes de avançar em análises altamente teóricas e com certeza controversas. Este tipo de cuidado não é incomum.Um século antes , Darwin havia encarado o mesmo problema de aceitação da sua teoria de seleção natural. Seu amigo, Joseph D. Hooker10, recomendou que ele não publicasse até que ele tivesse estabelecido uma reputação de autenticidade como renomado e comprometido biólogo por produzir um trabalho em classificação taxionômica. Hooker escreveu para Darwin, “ninguém tem o direito de examinar a questão das espécies se não tiver minuciosamente examinado várias” ( Stott, 2003, p.243). Darwin assim o fez e montou o seu trabalho, ainda canônico sobre a cirripedia . O mesmo conselho foi dado ao jovem Skinner por Crozier11, seu mentor. “ A abordagem teórica destas questões será muito mais poderosa e eficaz quando estiverem embasadas por uma análise profunda dos novos resultados experimentais”, e um dia depois escreveu, “... as pessoas provavelmente vão pensar que tal tratamento tenha sido dado para meramente representar a atividade de “outro teórico” (Crozier, 3 e 4 de junho de 1931). Obviamente Skinner aceitou o conselho de Crozier.

A análise do comportamento verbal está na base da análise de comportamento operante. Para compreender o primeiro, o segundo tem que ser conhecido.Apesar de serem os mesmos processos, a distinção crítica entre os dois é de que comportamento operante não mediado tem contato direto com o seu ambiente (interno ou externo) enquanto no comportamento verbal o contato com o meio é mediado. Como Skinner enfaticamente coloca no inicio de Comportamento Verbal, “O homem age de acordo com o mundo, e o modifica e é por sua vez modificado em conseqüência de suas ações”(Skinner, 1967, p.1). Ele compara esta descrição de comportamento operante que tem contato imediato com o ambiente com o de contato alternado do comportamento verbal na próxima pagina. “Comportamento que é efetivo apenas através da mediação de outras pessoas possui tantas propriedades diferenciadas dinâmicas e topográficas, que um tratamento especial é justificável e sem dúvida, necessário.” (Skinner, 1957, p.2).

A figura 2 resume o entrelaçamento do seu trabalho de linguagem e sem linguagem.

 

 

 

Período Médio: 1936 até o final dos anos 40

De Linguagem para Comportamento Verbal

Em 1936 e 1937, Skinner estava trabalhando em O Comportamento dos Organismos. Este trabalho apresentou os fundamentos da sua ciência. Ele não os estabeleceu já que o escopo completo da sua teoria do comportamento não foi vista, mesmo pelo próprio Skinner. (Ela foi interpretada, pelo menos por outros cientistas do comportamento, como uma das teorias sobre o aprendizado daquela época para ser tomada com seriedade junto com meia dúzia de outras). Mas ela forneceu o conceito de operante, e seus suportes experimentais . A sua teoria posteriormente relacionou esta relação conseqüente de dois termos a outros processos comportamentais tais como discriminação e indução.A relação de contingência de dois termos, com o seu controle conseqüente, mudou completamente o enfoque analítico no qual fenômenos comportamentais eram interpretados.Ela se separou radicalmente da formulação de estímulo-resposta ,baseada em controle antecedente, que havia dominado a psicologia americana. Skinner construiu ,a partir desta relação seletiva poscedente, todas as formulações posteriores, incluindo sua análise interpretativa da linguagem.

Como havia feito anteriormente, Skinner prosseguiu concomitantemente tanto os fundamentos experimentais de sua ciência quanto com o seu exame do comportamento verbal.

Evidentemente foi um esforço para ele realizar os dois ao mesmo tempo. Ele expressou certo grau de frustração por não conseguir estabelecer a formulação básica e então continuar com aplicação explicativa da linguagem. Como ele escreve a Fred Keller perto do final de O Comportamento dos Organismos, “Eu receio que vá reduzir as considerações finais por desespero para conseguir terminar o maldito livro.Eu estou muito ansioso para trabalhar com linguagem. Tive um seminário sobre isso este trimestre, e várias pessoas aqui estão interessadas”. (Skinner, 19 de abril de 1937). As ‘várias pessoas aqui’ eram evidentemente membros do seu próprio departamento em Minesota, já que no verão de 1937, o ano anterior a publicação de O Comportamento dos Organismos, e no verão de 1939 o ano seguinte a publicação de O Comportamento dos Organismos, ele deu um curso chamado “Psicologia da Literatura”. Ele parecia ter se entretido com a abordagem psicológica da linguagem. O curso conteve entre outros tópicos, “Processos fundamentais envolvidos na criação e apreciação de trabalhos literários...bases psicológicas do estilo; natureza e função da metáfora;técnicas do humor,etc.” (Skinner, 1979, p.207).Naquele verão de 1939, ele também deu um curso de radio na Psicologia da Literatura e antes disso, havia feito uma palestra no Clube das Mulheres de Mineapolis.Tal atitude aponta para um esforço de sua parte para fazer-se entender pelo público em geral.Mas ainda era amplamente um ponto de vista tradicional, pois em seus cursos e palestras ele fazia análises tais como: “O amor materno edipiano em Margaret Ogivly” e “O Ódio edipiano paterno em Os Irmãos Karamazov” (Skinner, 1979, p.208). Durante este mesmo período , ele publicou um artigo sobre a aliteração em Shakespeare (Skinner, 1939). Curiosamente, o ponto de ataque conceitual do artigo foi estatístico.Pouco aparece de seu fundamento teórico é mostrado.Poderia ter sido escrito por qualquer um que tivesse a tendência para contar o uso das palavras em discurso poético para entender o seu significado.Aparece como análise estrutural. Mas repercutiu um pouco em sua análise de comportamento verbal que é a distinção entre controle temático e formal.Ele estava tentando, como mencionou na carta para Fred Keller, “Um estudo estatístico da perseverança formal e temática.” (Skinner, 14 de novembro de 1938). Ele não foi bem sucedido.

Evidentemente havia duas forças em direções diferentes em seu repertório. Ele ainda mostrava uma tendência em analisar literatura da forma tradicional. Ao mesmo tempo, havia também seus esforços alternativos de construir um modo novo para analisar linguagem se manifestando. O dilema se refletiu claramente na sua tentativa de escrever suas palestras para o rádio e publicá-las, talvez um pequeno livro como sugerido por Harry Murray.

Apesar de não ser um material todo original, ele trabalhou bastante “e escreveu por três a quatro horas toda manhã.” (Skinner, 1979, p.243). Ele finalmente desistiu.Como ele disse em seu manuscrito:

Mas eu estava cansado daquilo. Eu havia pego da psicanálise de Lewis Carrol, J.M.Barrie, D.H.Lawrence e Dostoievski de outros autores e meu próprio trabalho em aliteração e metáfora estava preocupado mais com a decoração do que com o conteúdo do comportamento verbal... Seis meses depois ele escreveria “Eu estou quase pronto para assumir um programa de cinco anos e transformar tudo em uma completa investigação sobre Comportamento Verbal ao invés de manifestações literárias. (Skinner, 1979, p.245).

Skinner estava próximo a abandonar completamente o enfoque psicológico tradicional para a literatura. Como ele disse, “Eu estava claramente indo em direção a um livro sobre o comportamento verbal como um todo.A psicologia da literatura não era a área que eu havia me envolvido quando um iniciante...” (Skinner, 1979, p.248); ou seja, não era o tipo de análise que ele havia começado quando desafiado por Whitehead. Ele continuou ensinando no curso de língua durante o semestre regular da primavera de 1941. Mas a sua descrição agora diferia consideravelmente da anterior.

Este abrangia , como Skinner afirmou, “a natureza e as formas do comportamento verbal; influências motivacionais e emocionais na emissão da fala...” (Skinner, 1979, p.248). Ele estava neste momento movendo a análise para o seu embasamento teórico.

Este rapidamente se mostrou explicitamente. Ele analisou o processo envolvido em suposições repetidas , ‘repeated guessing’, e objeta indiretamente ao estruturalismo. Ele mais tarde afirma a sua objeção explicitamente, “o Comportamento é visto como tendo certos princípios organizacionais que são usados para explicar aquele comportamento.” (Skinner,1979,p.251). O que é interessante sobre o artigo sobre “suposições” é a explicação alternativa desenvolvida por Skinner em comparação com a estruturalista. As pessoas estavam supondo padrões de probabilidade como se joga moedas. Para Skinner, “suposições eram simplesmente uma forma de comportamento verbal diferenciado pelo fato de que as respostas não estavam sob o controle de estímulos identificáveis e distintos.” (Skinner,1979,p.251). Skinner então propõe um tipo de controle de contingência sobre o comportamento de suposição. Ao invés das razões para ações estarem embutidas nas próprias ações, é o controle sobre as ações que dá origem às formas observadas.E Skinner, pela primeira vez na seção de referencia de um artigo publicado (1942), lista o manuscrito não publicado sobre Comportamento Verbal.

A curva da carreira de Skinner teve então um desvio. Os Estados Unidos entraram para a Segunda Guerra mundial em dezembro de 1941. Skinner se jogou na atividade da guerra. O Projeto “Pigeon”, um projeto para desenhar mísseis guiados para os seus alvos por pombos, consumiu o seu tempo desde o outono de 1942 até a primavera de 1944. Para a sua decepção contudo, o projeto foi interrompido. (Naquele tempo, o radar estava em desenvolvimento, mas era classificado de super secreto. Skinner não foi informado da razão da interrupção do projeto).

No entanto,o projeto mostrou aplicações bem sucedidas de engenharia dos complexos empreendimentos comportamentais originários da sua formulação científica básica. Quase meio século depois, aquela mostra ecoou no ensino da linguagem baseado em evidencia em sua formulação do comportamento verbal. Com ambos os efeitos,o imediato e depois o de engenharia, ele estava preenchendo os objetivos propostos por dois de sues mentores cientistas,Bacon e Mach – evidencia de uma ciência válida e viável foi o seu resultado.

Como o Projeto “Pigeon” perdeu a força, no verão de 1944, Skinner afirma que “me foi concedida uma licença sabatica para completar o manuscrito sobre Comportamento Verbal” (Skinner, 1944). O novo nome do trabalho demonstra um comprometimento bem mais forte com o fundamento de análise da tradicional formulação lingüística ou psicológica.

É como se o foco central agora emergisse de forma clara para ele.Logo ele está lecionando, não cursos de “psicologia da linguagem” mas curso de “comportamento verbal”,como ele fez na universidade de Indiana. Ele pegava fragmentos do que ele estava fazendo de terceiros. Em uma carta de R. M. Elliot para E. G. Boring, Eliot escreve,

É Skinner foi trabalhar no seu adiado projeto Guggenheim , o livro sobre linguagem, agora ele anunciou ser de dois volumes.Ele não fez nenhum esforço para ir para outro lugar a fim de terminá-lo,dizendo que ele poderia muito bem trabalhar nele de sua casa e evitar o tumulto dos tempos de guerra que ele encontraria nas grandes bibliotecas do país (Elliot, R. M. 9 de janeiro de 1946).

Este fato aparentemente se refere ao ano em que Skinner colocou uma escrivaninha no porão de sua casa em Minnesota.

Enquanto Skinner estava em Indiana (1945 a1948), Fred Keller convidou Skinner para dar um curso de verão na universidade de Columbia sobre comportamento verbal. Era um momento importante no empreendimento de Skinner em atingir um enunciado coerente da sua posição teórica sobre comportamento verbal. Isso proporcionou uma oportunidade de apresentar uma visão geral da sua análise de linguagem a uma audiência simpatizante e instruída; uma audiência que iria dar retorno a ele e oportunidade de conferir a firmeza das novas fundamentações das relações de linguagem que ele estava investigando. Este foi a primeira declaração pública de seu posicionamento. (O chefe do departamento de psicologia da universidade de Columbia queria chama-lo de “A psicologia da Semântica” e Skinner mudou-o para “Interpretação Psicológica do Comportamento Verbal”.) O material do curso “foi tirado dos meus cursos de Psicologia da Linguagem e Psicologia da Literatura, e também das Palestras de William James que estavam em andamento”(Skinner, 1979, p.332).Skinner palestrou baseado no seu material que estava preparado,mas não forneceu apostilas. Contudo um jovem mestrando,Ralph Hefferline conseguiu reproduzir quase na integra o que foi dito.Hefferline havia desenvolvido uma forma de escrita rápida que capturou exatamente a palestra da aula.

Pelas anotações de Hefferline (de agora em diante chamadas de Anotações) nós conseguimos observar o pensamento de Skinner sobre comportamento verbal naquele tempo, e principalmente,as mudanças que ocorreram desde esta primeira apresentação publica e a publicação dez anos mais tarde de Comportamento Verbal. Através deste espaço, as Anotações fornecem a ponte.

As Anotações de Hefferline

Como já foi dito, as Anotações (1947) foram baseadas em um curso de cinco semanas, Psicologia s247 Interpretação Psicológica do Comportamento Verbal, ministrado por Skinner na universidade de Columbia no começo de julho de 1947. No relatório de verão da universidade de Columbia ele descreveu o curso como “uma análise dos processos básicos no comportamento do locutor e do ouvinte.Contribuições lógicas, lingüísticas e literárias são consideradas...” (Skinner, verão de 1947).

Ralph Hefferline mais tarde ,teve um papel importante no desenvolvimento da gestalt terapia e na tecnologia de biofeedback (Knapp, 1986), mas ele também fez contribuições valiosas para a análise experimental do comportamento. Como Skinner explicou, “Ralph freqüentou minhas aulas sobre comportamento verbal em Columbia em 1947 e já que ele era um estenógrafo muito veloz ele fez uma completa anotação estenográfica. Ele então assimilou o material e publicou um longo resumo do meu curso” (Skinner, correspondência pessoal, 27 de janeiro de 1975).

Skinner disse que as Anotações “abrangem muito mais conteúdo do que minhas Palestras William James” (Skinner, 1979, p.332).Tal observação deve ser recompensada pelo disparate em extensão. As Palestras Willliam James possuem 176 paginas com espaço simples e as Anotações possuem 76 paginas com espaço similar. “Detalhado” deve significar, neste contexto, algo relacionado com nível de discussão ou número de exemplos por página. As Anotações não contém resumos da literatura em um sentido comum da expressão. Não existe uma citação sistemática ou referencias. Mas existe uma grande quantidade de exemplos e ilustrações de respostas verbais espalhadas pelas 30 divisões das 606 sequencialmente numeradas seções desiguais. Estas variam em tamanho desde sentenças únicas a parágrafos de diversas dúzias de sentenças. A tabela 1 apresenta os títulos de cada uma das divisões das Anotações.

 

 

As Anotações começam com um repúdio a forma tradicional de lidar com as palavras e o seu significado dualístico, e requer por sua vez, uma “abordagem naturalística” na qual “variáveis onde o comportamento verbal seja uma função” são analisadas em termos das “condições que levaram a emissão do comportamento verbal” (Anotações, p.2). Skinner então introduz as agora estabelecidas categorias de relações verbal tais como mando, tato, e intraverbal.Portanto, o que se encontra nas Anotações está mais tarde refletido no livro Comportamento Verbal (Skinner, 1957/1992). Mas existem algumas diferenças entre o conteúdo da sinopse das Anotações e o referido livro.Estas justificam um comentário. Alguns conceitos das Anotações são mais tarde renomeados, alguns são adotados com outras palavras por Skinner, e outros aparentemente foram descartados completamente. Por exemplo, em Anotações, uma grande seção (XIX) é intitulada “Comportamento Verbal Secundário” e se relaciona em parte com o que se torna auto-clítico em Comportamento Verbal. Uma outra grande seção (XXVI) discute “O controle de um individuo por ele mesmo e pela sociedade”; aqui Skinner apresenta as técnicas de autocontrole elaboradas em Ciência e Comportamento Humano (Skinner, 1953).

Os tópicos abandonados ou mudados podem ser os mais interessantes. Em Anotações, Skinner usou a expressão ouvinte ao invés da ultima interlocutor. Ele explicou a mudança em Moldando um Behaviorista (1976): “Em meus trabalhos iniciais e em meu curso em Columbia, eu usei a expressão ouvinte ao invés de interlocutor .Russell a usou na sua revisão de O significado do Significado em Dial. É um termo mais abrangente... mas é mais difícil de pronunciar e interlocutor estava se firmando.” O conceito de contrato é introduzido para explicar circunstâncias nas quais “exista a condição que requer um comportamento...Nós podemos chamar isso de contratos” (Anotações, p.40). O contrato fala sobre o comportamento esperado, mas não nos dá o comportamento. Por exemplo, “nós simplesmente queremos ser um escritor mas não temos nada a dizer ou ainda,nós queremos preencher um incomodo silencio.Não existe uma pista sobre o que deve ser dito – simplesmente a pressão por uma fala a qualquer preço” (Anotações, p.40). Uma grande parte de Anotações (XXVIII) é dedicada a “Diferenças Individuais em Comportamento Verbal”. Este assunto é completamente abandonado em Comportamento Verbal. Ele nem mesmo aparece nas Palestras de William James. Na verdade, poucas discussões sobre diferenças individuais aparecem em algum lugar do corpus do trabalho de Skinner, e por uma razão obvia:O conceito de diferenças individuais surge somente quando um organismo é comparado a outros organismos em uma característica ou traço medido por forma métrica.Quociente de Inteligência é um exemplo clássico na história da pratica psicológica.As diferenças individuais não surgem em analise experimental do comportamento,já que o comportamento contínuo do organismo individual é comparado com o seu próprio parâmetro de comportamento em um estagio anterior ou posterior. (A teoria de Skinner sobre comportamento examina as propriedades do comportamento, não dos indivíduos.) Quando Skinner se refere a locutor e interlocutor em Comportamento Verbal, ele esta se referindo as ações de um organismo individual em relação a contingências controladoras de reforço, punição, discriminação ou indução, não em relação a traços de qualidade dos locutores ou interlocutores.Em uma ampla seção de Anotações, Skinner explica, “nós poderíamos mencionar centenas de diferenças entre pessoas em relação ao comportamento verbal, para as quais testes poderiam ser programados se quisésse-mos”. (Anotações, p.70). Mas na seção anterior (XXVII) ele havia descartado a analise de correlação do comportamento verbal– defendendo, pelo contrário, a “sua análise funcional”.Esta distinção talvez tenha sido um ponto forte no repertório de Skinner da época pois um dos seus primeiros alunos, John Carroll, havia estado sob a influencia da análise de características, e por conseguinte, da análise de comportamento através de correlações múltiplas de vários testes que poderiam ser aplicados em locutores individuais (Skinner,1976, p.213-214).Apesar de ter sido através de um escrevente, Anotações (1947) fornece o primeiro registro escrito da análise funcional do comportamento verbal de Skinner.

As Anotações foram logo substituídas por Palestras de William James (Skinner, 1948). Quando um segundo registro da análise de Skinner foi publicado em um livro pioneiro da ciência do comportamento (Keller & Schoenfeld ,1950), foi Palestras de William James que constituiu a sua base.No início dos anos 50, Skinner mencionou a disponibilidade de tanto Anotações quanto de Palestras e a necessidade urgente de um livro para Ciência Natural 114 (seu curso de graduação em Harvard) como as razões para adiar uma versão final de Comportamento Verbal (Skinner, 1983, p.84). Hoje o valor de Anotações reside no seu registro da análise de Skinner e esta análise fez a transição da forma falada para a representação escrita com Comportamento Verbal 10 anos depois em 1957. A figura 3 fornece uma visão geral do trabalho no Período Médio.

 

 

 

Trabalho Final: Fim dos anos 40 até 1950

Em uma carta a Fred Keller na primavera de 1947, Skinner escreve,

Você deve ter visto uma comunicação da minha designação como palestrante William James em Harvard no próximo outono. Eu entreguei o meu laboratório para os meus assistentes de pesquisa e [sic] estou passando muitas horas por dia em minha mesa trabalhando e eu estou certo desta vez que será a versão final de Comportamento Verbal. Boring fez meia volta e está fantasticamente amigável de todas as formas.

Boring e Skinner haviam tido um relacionamento tenso quando ele era um aluno de graduação e Boring o chefe do Departamento de Psicologia.Skinner era um defensor fervoroso do comportamentalismo e Boring um defensor ardente do estruturalismo.Mas agora tudo era passado. Por mérito de Boring, ele reconheceu a contribuição de Skinner para a ciência do comportamento.Ele tomou a iniciativa de levar Skinner de volta a Harvard como membro docente e arranjar sua indicação como palestrante em William James. Era a grande oportunidade de Skinner de apresentar sua teoria de comportamento verbal para uma das mais importantes comunidades acadêmicas e intelectuais do país. Ele deu o melhor de si e fez disso o melhor conjunto de circunstancias para terminar o seu livro em Comportamento Verbal.

As palestras William James deram a Skinner a oportunidade e o incentivo para novamente mergulhar profundamente no assunto. Como ele depois escreveu em sua autobiografia, A Formação de um Behaviorista (1979), “Obviamente meu assunto seria comportamento verbal. Exceto por um seminário, eu não havia feito nenhum trabalho sobre isso desde que vim para Bloomington;” (p.324).O seminário a que ele se refere foi um que ele deu no verão anterior na Universidade de Columbia. (Bloomington se referiu a sua indicação para o Departamento de Psicologia onde ele agora era presidente). “Eu poderia me defender das exigências da presidência mas indubitavelmente eu havia divagado”(Skinner, 1979, p.324).

Em sua autobiografia , Formação de um Behaviorista (1979), Skinner descreve bem a situação:

Semana após semana eu escrevi minhas palestras, e Kitty Miler as datilografou. Eu as aderecei em sucessivas tardes de sextas-feiras. No primeiro dia minha audiência foi bastante grande , e então se acomodou a um numero característico de uma seqüência de palestras. Ivor Richards… não apenas veio como leu minhas palestras enquanto eu as ministrava. Bridgeman veio e frequentemente tinha algo a dizer depois... Edna Heidbreder veio de Wellesley e enviou um bom relatório para Mike Elliot.

Mais de doze anos depois do desafio de Whitehead, eu estava presumivelmente terminando o meu manuscrito sobre comportamento verbal, mas partindo de uma visão muito mais ampla, e escrevi minhas palestras sabendo que elas poderiam não ser publicadas tais como eram. No entanto, elas cobriram os temas principais. Quando as pessoas falaram, escreveram ou gesticularam, elas não estavam expressando idéias ou significados ou comunicando informação; eles estavam se comportando de maneiras determinadas por certas contingências de reforço mantidas por uma comunidade verbal. As contingências possuíam propriedades responsáveis pela natureza do comportamento verbal. (p.334).

No outono de 1947,ele escreve para Fred Keller outra vez,

As palestras estão indo bem.Garry está satisfeito.A minha audiência tem se mantido melhor do que as palestras de WJ, e umas tantas pessoas estão muito entusiasmadas (Larichards por exemplo [sic]). Eu estou escrevendo cerca de 10.000 palavras por semana – e indo dormir às 8:30 para dar conta. Mas eu estou com as energias revigoradas e a não ser por motivo de doença, vou terminar segundo a programação.Mais uns dois meses para ter o manuscrito pronto.

Dez anos se passariam para que ele tivesse “o manuscrito (Ms) pronto.

Boring estava satisfeito (ele exigiu a indicação de Skinner em Harvard), mas era factual sobre as palestras e o seu impacto, e o que poderia ser feito com elas.

A primeira palestra foi moderada, mas não muito bem planejada, pois a primeira parte soou como se estivesse sendo lida (e foi) e a ultima parte muito corrida pra ser compreendida.Mas o Fred é inteligente o suficiente para aprender e ele cortou cerca de vinte por cento da segunda Palestra.Leu bem devagar e teve a audiência completamente com ele.Houve uma pequena diminuição do primeiro para o segundo dia – talvez 220 na primeira vez e 210 na segunda. I. A. Richards veio e George Parker também, mas a maior parte era um grupo desconhecido que assiste palestras em Cambridge…

Ele as está deixando datilografadas e arrumadas para a publicação a medida que ele continua, e nós já conversamos com a Harvard Editora que as quer. O planejamento é fazer um livro de dez Palestras que compreenderá cerca de 80,000 palavras além de mais 20,000 palavras de artigos secundários inseridos como apêndices. (E.G. Boring, 21 de outubro de 1947).

Aparentemente o atraso não foi por falta de oportunidade para publicar. Antes,a Appleton-Century-Crofts havia mostrado interesse em publicar um livro de Skinner sobre comportamento verbal. Como Skinner (1979,p.324) descreve, “Eliot escreveu dizendo que Danna Ferrin ficaria feliz de ser liberada do compromisso implícito de publicar um livro que teria um pequeno público leitor”. Agora Harvard se interessa pela oportunidade. A primeira página do manuscrito original para o livro sobre comportamento verbal se lê:

COMPORTAMENTO VERBAL

Por

B.F. Skinner

William James lectures

Harvard University

1948

A ser publicado pela Editora da Universidade de Harvard

Reprodução com a permissão de B.F.Skinner

Atualmente não se sabe o porquê deste acordo de publicação não ter dado certo.O que é sabido é que o índice para a versão de 1948 de Comportamento Verbal difere consideravelmente da versão do final de 1947. O índice de 1948 era o seguinte:

 

 

Este Índice de 1948 difere consideravelmente do Índice da versão publicada em Comportamento Verbal de 1957.

Não foi apenas o nome dos capítulos que era diferente , também uma grande quantidade dos conteúdos.Por exemplo, a versão de 1948 começa assim:

CAPÍTULO I: Comportamento Verbal - A Idade das Palavras

Nós chamamos isso a Idade Atômica, e por uma boa razão; mas é possível que nós sejamos lembrados pela nossa preocupação com expansivo mais do que com o extremamente pequeno- por termos almejado as alturas ao invés das profundezas- e que nós estejamos vivendo na Idade das Palavras.Nada é mais característico dos nossos tempos do que o exame dos processos lingüísticos.É verdade,nós não podemos reivindicar que tenhamos descoberto nem a potência ou a perfídia das palavras,mas nós somos talvez os primeiros a aceitar as conseqüências. Não apenas reconhecemos a importância da linguagem nas relações humanas;de algum modo nós agimos de acordo. Isto é verdadeiro para todo aspecto importante do pensamento humano.

Sendo um átomo ou uma palavra, as ciências físicas tem tido um papel principal.Se o materialismo científico do século dezenove fracassou, não foi porque alguma filosofia da natureza foi desaprovada, mas porque a questão se o homem poderia compreender por inteiro a natureza nos termos de qualquer filosofia que seja, é levantada.

As exigência da prática científica trouxeram este assunto as claras como uma questão de validação de enunciados.Algumas palavras chaves – entre elas,é claro, os exemplos clássicos como “espaço” e “tempo”-haviam sido examinadas.Este foi o primeiro ataque embasado ao problema de referencia no espírito moderno.É curioso que tenha sido feito em uma área a qual deva ter parecido menos envolvida em dificuldades de linguagem. (Skinner, 1948, p.1).

Mas a primeira sentença da primeira pagina da versão publicada em 1957 de Comportamento Verbal mostrou um enfoque bem diferente, “Os homens agem no mundo e o modificam, e são modificados por sua vez pela conseqüência das suas ações” (Skinner, 1957).No primeiro capítulo agora intitulado “Uma Análise Funcional do Comportamento Verbal”, a primeira sentença anuncia a auto confiança de Skinner no seu posicionamento teórico.Ela aponta diretamente para uma análise que se foca nas contingências de seleção e que começa com a unidade operante derivada de maneira experimental.

Na primavera de 1955 Skinner se encontra em Putney,Vermont,uma pequena vila em um dos menores estados dos Estados Unidos no extremo nordestino. Nos prévios oito anos , ele havia evidentemente estado revisando suas análises anteriores de comportamento verbal. Uma carta de D. H. Ferrin – um editor da Appleton-Century-Crofts editora – para R. M. Elliot, datada de 5 de abril de 1948, fornece mínimos vislumbres isolados da sua atividade em comportamento verbal, “Na ultima sexta-feira Whitefield viu Keller e Schoenfeld e este último lhe disse que Skinner havia deixado para ele ler o que Whitefield supôs ser pelo menos o primeiro rascunho do seu falado livro sobre Comportamento Verbal.Se isso é verdade eu estou bastante surpreso já que eu não tinha conhecimento que Skinner estava trabalhando tão ativamente neste projeto". Parece provável que o que Skinner havia deixado seria uma cópia de As Palestras de William James. Nós não achamos nenhuma documentação dos seus esforços durante estes oito anos além de algumas anotações rabiscadas apressadamente em seu caderno pessoal em agosto de 1952 simplesmente mostrando seus planos de reformular o trabalho no livro de comportamento verbal.Estas mesmas anotações são aparentemente revisadas em maio de 1953 e abril de 1954 onde rabiscos indicam algum tipo de correção em andamento. Ele tirou uma licença de Harvard para terminar o manuscrito sobre comportamento verbal.No seu caderno pessoal ele escreve “5/13/55” em uma página que intitula “Inventário”:

Redigindo. Comportamento Verbal quase terminado. Mudei caps.2&3, acrescentei 21 e 22 e últimos 3, omiti epílogos, reduzi apêndices & seção em um capítulo et voila!

A nota é quase um segredo já que é escrita para ele mesmo. Mas os dois últimos termos insinuam um tipo de alegre alivio combinado com um senso de satisfação por ter tido êxito em um desafio extraordinário.

 

Conclusão

Nós colocamos a figura 4, uma visão geral dos últimos dez anos antes da publicação de Comportamento Verbal, na conclusão para enfatizar mais uma vez o entrelaçamento do trabalho de Skinner com comportamento verbal com o trabalho em comportamento que era não mediado. Como mostrado anteriormente, o mesmo ano (1957) em que ele terminou Comportamento Verbal, ele também terminou o seu e de Ferster trabalho monumental em programas de contingências (Programas de Reforço). Skinner se envolveu e publicou outro trabalho experimental, tal qual o com Morse (Morse & Skinner, 1957a, 1957b). Além do mais, dentro do seu fundamento teórico, ele considerou uma quantidade de assuntos culturais e profissionais, por exemplo, “Liberdade e controle dos homens” (Skiner, 1955-1956) e “Crítica aos conceitos psicanalíticos” (Skinner, 1954).

Da sua teoria do comportamento, ele mais adiante estendeu as suas aplicações de engenharia, que começaram durante a segunda guerra mundial para a área de treinamento de animais – “Como ensinar os animais” (Skinner, 1959/1999), e em instituição social da educação – “ A ciência de aprender e a arte de ensinar”(Skinner, 1959/1999). O primeiro, treinamento de animais,explodiu de uma forma extraordinária em cada esfera de cuidados e treinamento com animais, de administração de zoológicos a empresas comerciais. O segundo, a extensão para a educação,especificamente começou como instrução programada. Mas os seus princípios e características se tornaram parte de toda corrente educacional tanto que aquelas fontes de instruções programadas não são mais nem reconhecidas.Instrução programada se derivou diretamente da analise de comportamento verbal de Skinner, assim como a maioria do treinamento efetivo de linguagem com crianças autistas.

O resumo acima deixa claro e nos faz pensar ,mais uma vez,que a análise de Skinner de comportamento mediado – comportamento verbal do qual formas são moldadas sob um controle específico por uma comunidade cultural – operaram dentro do seu fundamento teórico da sua teoria do comportamento; uma teoria que também compreendeu o seu trabalho com comportamento não mediado. Os dois operaram sob os mesmos princípios. O próprio Skinner mostra o seu ponto de vista não uma mas duas vezes nas páginas finais do seu livro sobre comportamento verbal.

Não há nada exclusivamente ou essencialmente verbal no material analisado neste livro. É tudo parte de um campo mais amplo (Skinner, 1957, p.452).

A principio pareceu que uma completa formulação em separado seria necessária, mas com o passar do tempo, e com trabalho simultâneo na área de comportamento geral provando ser bem sucedido, foi possível chegar a uma formulação comum (pp.454-455).

A história do trabalho de Skinner com comportamento verbal é a história de todo o seu trabalho dentro do fundamento da sua teoria do comportamento.

 

 

 

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Recebido em: 12/11/2007
Primeira decisão editorial em: 21/11/2007
Versão final em: 26/11/2007
Aceito em: 16/04/2008

 

 

1As contribuições dos autores foram feitas na ordem dada. Agradecemos em particular a revisão do manuscrito feita pelo Dr. Jerome Ulman.
2Ph.D. Vice-presidente da fundação B.F.Skinner. E-mail: eavargas@bfskinnerfoundation.org
3Ph.D. B. F. Skinner Foundation.
4 Ph.D. University of Nevada.
5Um equilíbrio similar de trabalho intelectual continuou durante toda a sua carreira científica. Para Skinner, a teoria é tão importante quanto o trabalho no laboratório, ele até mesmo escreveu um artigo (Skinner, 1950), “São as teorias sobre o aprendizado importantes?” ao qual ele responde com um ‘sim ‘ categórico. Ele enfatiza que as teorias devem ser feitas na mesma dimensão estrutural da ciência em questão de modo que, por exemplo, fenômenos comportamentais não possam ser interpretados utilizando-se explicações psicanalíticas. Qualquer representação de fenômenos comportamentais deve ser compreendida dentro do sistema de seleção de contingências, desde os eventos neurofisiológicos até os de atividade lingual de uma cultura. Apesar do conteúdo temático e empírico da sua teoria ser implícito em seus trabalhos escritos, Skinner faz caracterizações explicitas da sua teoria em artigos e livros tais como Seleção por Contingências (1981) e Contingências de Reforço, Uma Analise Teórica (1969).
6O “mesmo fenômeno” referido a movimento animal.
7Como o leitor pode notar, na análise do comportamento lingual, outros agentes redundantes continuam a ser promovidos, tais qual o “ser” ou “o locutor” ou uma construção equivalente mais sutil como “uma sentença gerando uma estrutura”. Skinner usa o termo locutor para localização. Ele não deveria ser interpretado como uma força de origem.
8René Descartes (1596-1650) o fez ao separar “mente” de “matéria”. Depois ele afirma que a qualidade da “mente” era o que separava os seres humanos dos animais, sendo os últimos nada menos do que meras máquinas complexas. Descartes definição de “mente” (e o seu dualismo associado) constituem o cerne de grande parte da ciência behaviorista atual especialmente quando se refere a assunto de linguagem. A “teoria da mente” ainda ressoa nos tempos presentes. Alfred R. Wallace (1823-1913) co- autor do processo de seleção natural que dirige a evolução, concordou com Darwin que havia uma continuidade entre a vida dos humanos e dos outros animais exceto em relação á mente humana. O leitor deste ensaio sem duvida conhece Descartes, mas para os que o estão encontrando pela primeira vez, provavelmente o melhor inicio seria com Discurso sobre o Método. Wallace assim como Darwin tem a felicidade de ser uma leitura clara e interessante. Apesar dos nomes dos lugares terem que ser mudados, O Arquipélago Malaio (1869/192) ainda agrada o leitor interessado em historia natural. Para maior informação sobre a cisão entre Darwin e Wallace no assunto continuo “cérebro e comportamento”, o leitor interessado pode começar com Richards, R.J.(1987). Para a implicação deste assunto nas ciências comportamentais veja Vargas, E.A.(1996).
9A. N. Whitehead (1861-1947) foi um renomado matemático e filósofo que ocasionalmente comparecia a jantares na Sociedade da Universidade de Havard. Ele co escreveu com Bertrand Russell, Princípios Matemáticos, um esforço em colocar os fundamentos matemáticos através de símbolos lógicos. Nos seus últimos anos (aos sessenta), ele lecionou na Universidade de Harvard . Seu reconhecimento aos méritos do comportamentalismo aparece como uma grande concessão ao jovem Skinner que parecia estar em disputa com o “processo de filosofia” de Whitehead.
10Joseph Dalton Hooker (1817-1911) foi biogeógrafo e o primeiro botânico da sua época. Como curador dos Jardins de Kew, ele foi um conhecido e importante defensor das ideias de Darwin.
11William John Crozier (1892-1955) era chefe do Laboratório de Psicologia da Universidade de Harvard na qual Skinner possuía a sua bolsa. Crozier foi a influencia mais poderosa sobre Skinner no seu começo como mestrando. Para maiores detalhes veja Skinner (1979) e Vargas (199).